quarta-feira, 30 de maio de 2012

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – MAIO DE 2012


            Mais um mês se vai, e aqui estamos novamente com a COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, dando uma avaliada e analisada no que aconteceu no esporte a motor nos últimos 30 dias. E vamos às classificações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, boa leitura a todos, e até o mês que vem, quando teremos mais uma edição da cotação automobilística...



EM ALTA:

Campeonato 2012 da Fórmula 1: Ninguém pode reclamar da disputa da F-1 este ano: ao fim do GP de Mônaco, tivemos 6 pilotos diferentes vencendo as 6 primeiras corridas do atual campeonato. E olha que ainda tempos mais pilotos como prováveis potenciais vencedores de corridas no atual campeonato, que está se mostrando mais equilibrado e concorrido do que todos imaginavam. Está todo mundo embolado, e detalhes podem fazer toda a diferença. Quem errar menos deve levar o título de 2012, mas como num passe de mágica, depois de 6 provas de um total esperado de 20, não dá para fazer nenhuma previsão de quem será o campeão da temporada. A performance de times e pilotos está variando de prova a prova, de modo que nem as escuderias conseguem prever direito como a situação do campeonato pode se desenhar. Para os fãs das corridas, é o máximo, e a emoção só tende a aumentar ainda mais, até porque a próxima corrida é no Canadá, em uma pista onde tradicionalmente já acontecem provas que costumam fugir da rotina geral, como se viu no ano passado, onde a chuva embaralhou pilotos e times. Será que veremos o 7° vencedor diferente em 7 corridas? O atual campeonato já conseguiu bater o recorde da história, enfileirando 6 em 6. Se encaixar 7 em 7, vai ser ainda melhor. E viva o atual campeonato...

Fernando Alonso: o bicampeão espanhol está conseguindo proezas no campeonato deste ano da F-1. Sem dispor de um carro vencedor, está aproveitando todas as oportunidades que aparecem para pontuar bem, e graças ao equilíbrio inesperado da competição, voltou à liderança do campeonato após a corrida de Mônaco. É cedo e até prematuro dizer que o espanhol é o mais cotado para faturar o título, uma vez que o carro da Ferrari, se melhorou bem, ainda não é a maravilha que o asturiano gostaria que fosse, para lhe dar plenas condições de vencer corridas. Mas marcando pontos com constância e regularidade, Alonso espera poder repetir o feito de Keke Rosberg, campeão em 1982 com apenas 1 vitória, mas que conseguiu aproveitar as oportunidades para chegar lá, enquanto a concorrência se digladiava entre si, especialmente os pilotos da Ferrari, que tinha tudo para levar o título com facilidade naquele ano.

Equipe Red Bull: o time das bebidas energéticas mostra que, se não tem mais um carro dominador como no ano passado, está sabendo manter-se competitiva, ainda mais no disputado campeonato deste ano, e tornou-se o primeiro time a repetir vitória em 2012, com o triunfo de Mark Webber em Mônaco. Com uma estratégia caprichada, conseguiu ainda colocar Sebastian Vettel entre os primeiros na prova monegasca, depois de uma classificação mediana do bicampeão alemão. O time está dando mostras de saber utilizar os recursos que tem à disposição para começar a ter alguma ascendência na disputa do certame de 2012, onde qualquer detalhe e ponto a mais podem fazer a diferença...

Dario Franchiti: o atual campeão da Indy Racing League pode não estar fazendo o seu melhor campeonato dos últimos tempos, mas conseguiu vencer pela terceira vez as 500 Milhas de Indianápolis, tornando-se o maior vencedor da prova atualmente, ao lado de Hélio Castro Neves, e faturou cerca de US$ 2,5 milhões pelo triunfo no circuito oval mais famoso do mundo. E, para muitos, vencer na Indy500 é até mais significativo do que ganhar o título da categoria IRL. Mas o campeonato ainda tem muitas etapas pela frente, e Dario pretende fazer da vitória em Indiana o seu verdadeiro “recomeço” de campeonato para a luta pelo título deste ano...

Casey Stoner: Atual campeão da MotoGP, o australiano está firme na luta pelo título da categoria este ano, e embora tenha perdido a prova em Le Mans para o rival Jorge Lorenzo, tem motivação extra para encerrar o ano com mais um caneco: Stoner anunciou que estará aposentando o capacete ao final da atual temporada. Segundo ele, a MotoGP atualmente não é mais a categoria que ele se apaixonou anos atrás, e criticou várias posturas adotadas recentemente pela Dorna, que administra e promove o campeonato. Sobre o que fará da vida depois disso, nem mesmo Casey sabe dizer o que fará, pois é ainda muito jovem, e muito provavelmente tentará seguir em algum outro certame. Alguns apostam que ele deve disputar a V-8 Supercars australiana, onde já fez um teste e gostou do carro, mas ele prefere não prometer nada. Se para muitos Stoner está cometendo um erro, abandonando uma carreira vitoriosa ainda no auge, pelo contrário, deve-se admirar sua postura e franqueza nas razões de por que está deixando a MotoGP. Mais do que tudo, Stoner é uma pessoa, e se a categoria já não o empolga, muito pelo contrário, o decepciona, Le tem todo o direito de pular fora, ao contrário de muitos pilotos que fingem gostar de muita coisa, quando na verdade estão se lixando para tudo. Para seus fãs, Stoner está sendo honesto, e se ele diz que vai parar por isso e aquilo, e estiver sendo sincero sobre a situação, seus fãs precisarão compreender, e respeitar sua decisão. E há vida em muitos outros lugares no mundo das corridas, e nada impede que ele siga carreira em outro certame.




NA MESMA:

Pastor Maldonado: O piloto venezuelano assombrou a todos na F-1 na etapa de Barcelona, largando na pole-position após uma exibição espetacular nos treinos, e teve uma postura impecável na corrida, sabendo conservar o equipamento e dominando a prova espanhola, e conseguindo tirar a Williams de um jejum de vitórias que vinha desde 2004. Isso encheu o piloto de moral na equipe, ainda mais para a prova de Mônaco, onde Maldonado já havia dado show no ano passado com aquele carro medonho que o time havia produzido em 2011. Mas eis que no Principado Pastor voltou a aprontar das suas, dando uma fechada em Sérgio Perez, e tomando uma punição de 10 posições a menos no grid. Largando lá atrás, aproveitou para trocar o câmbio, e todos esperavam até uma prova de recuperação do venezuelano. Infelizmente, a corrida dele em Mônaco este ano foi bem curta, se enroscando logo na saída e praticamente abandonando a prova logo na primeira volta. Se Maldonado mostrou em Barcelona que pode ser uma das estrelas da categoria, em Mônaco, fez valer o apelido jocoso de “Maldanado” que alguns lhe impuseram. E as batidas com o carro infelizmente custam caro, e isso certamente é prejudicial para as finanças de seu time.

Michael Schumacher: O heptacampeão alemão não conseguiu mostrar a que veio desde que cancelou sua aposentadoria como piloto. Com um carro mais competitivo este ano, Michael até tem ensaiado voltar aos bons tempos, mas vem encontrando um enguiço atrás do outro, quando não comete erros bizarros. Em Barcelona, errou feio a freada numa disputa de posição do Bruno Senna no fim da reta dos boxes e atingiu em cheio o carro do brasileiro, a quem tachou de “idiota”. Dispondo de pneus novos contra os velhos de Bruno, Michael só precisava ser um pouco mais paciente para superar Bruno. Isso lhe valeu uma punição de perder 5 posições no grid em Mônaco, e no circuito citadino monegasco, isso praticamente arruinou suas chances de, enfim, voltar a vencer: ele fez a pole em uma performance como a dos bons tempos, mas teve de largar em 6°, onde ficou entalado no decorrer da prova, ainda tendo sorte no toque que sofreu com Romain Grossjean logo na largada, que tirou o franco-suíço de combate. E, num circuito onde o talento dos pilotos costuma se sobressair, nem assim Schumacher conseguiu se recuperar, e amargou mais um abandono, faltando 14 voltas para encerrar a corrida, devido a um problema na bomba de óleo. Pior ainda, foi ver Nico Rosberg terminar em 2°, posição em que largou, e se distanciar ainda mais no campeonato, com 59 pontos, contra apenas 2 de si próprio. A Mercedes desconversa quando o assunto é a renovação do contrato de Michael, que vence ao fim desta temporada...

Rede Globo: A emissora “oficial” da F-1 no Brasil resolveu investir mais na sua exploração da categoria máxima do automobilismo: iniciou em Mônaco uma transmissão com mais 20 minutos de duração, no sábado, e mais 20 minutos, no domingo, mostrando os preparativos da corrida, com matérias e reportagens feitas pela sua equipe presente na prova. Se ainda não é a maravilha de transmissões como as da BBC, que começam e terminam praticamente 1 hora após o início e fim das corridas, já é um avanço, e talvez a emissora tenha se convencido de que vale a pena investir no fã que curte verdadeiramente as corridas, numa forma de fidelizar a audiência, e não ficar fazendo apenas oba-oba em cima de nossos representantes na categoria, que infelizmente, não poderão repetir os anos gloriosos das eras Fittipaldi-Piquet-Senna. Capacidade para isso a Globo tem de sobra, vamos ver se terá a vontade necessária para levar o projeto adiante e melhorar de vez as transmissões, algo que muitos fãs cobram há anos.

Takuma Sato: o intrépido piloto japonês que há alguns anos atrás deixou saudades na F-1 pela postura atrevida e decidida como batalhava por posições mostrou que continua acelerando forte na IRL, e infelizmente, ainda exagera um pouco na dose. Na volta final da Indy500 deste ano, Sato foi com tudo para cima de Dario Franchiti, na disputa pela vitória da prova mais famosa do automobilismo americano. O atual campeão da categoria não deu mole para Takuma, e com os dois a não aliviarem no acelerador, acabou sobrando para o piloto japonês, que rodou e acertou o muro do circuito oval, felizmente sem sofrer ferimentos. Numa hora dessas, fica-se sempre na dúvida se vale a pena arriscar tudo pela vitória ou garantir a posição. E não se pode dizer que haja uma resposta “certa” ou “errada”, depende de como alguém encara a situação. Takuma vem fazendo um campeonato bom este ano, obtendo resultados que poucos esperavam em um time que já teve dias muito melhores na categoria, mas precisa acertar um pouco a dosagem do pé direito para não jogar resultados potenciais demais pela janela.

Novo circuito em Deodoro: Entra conversa e sai conversa, e a situação do prometido “novo” autódromo fluminense, que substituirá a pista de Jacarepaguá, há alguns anos alijada por políticos cretinos do COB e seus “capangas”, permanece ainda indefinida. A novidade na conversa é que o governo federal promete assumir a obra, e a licitação deve sair ainda este ano. Como este “desgoverno” é uma maravilha de competência para tocar obras, saber que ainda não há nenhum projeto pronto para o novo autódromo não chega a ser surpresa alguma, e para variar, parece que agora, a questão de licenças ambientais prometem esquentar a discussão sobre o assunto, pois a área onde deve ser construído o completo automobilístico ficaria em área de preservação ambiental. Esse assunto ainda vai muuuito longe, e enquanto isso, Jacarepaguá, que já foi nosso princpal autódromo, padece em quase ruínas no Rio de Janeiro, vítima de políticos inescrupulosos que não estão nem aí para as coisas sérias deste país...




EM BAIXA:

Jenson Button: o campeão de 2009 começou o ano em alta, vencendo na Austrália, e dando a pinta de que poderia conduzir a McLaren ao título este ano, mas nas últimas corridas, Jenson não tem conseguido se encontrar com o carro, está deixando de marcar pontos importantes, e tem sido superado por Lewis Hamilton, ficando para trás na classificação. Especialista em administrar situações complicadas, Button também não fica muito à vontade quando as coisas não dão certo, e num momento onde seu time precisaria dele mais do que nunca, o piloto inglês parece estar mais perdido que cego em tiroteio. Para sua sorte, o campeonato está tão equilibrado que bastará alguns bons resultados para voltar ao páreo, mas o problema é que não há nenhuma garantia de que isso vá acontecer. E enquanto não consegue dar uma reviravolta na situação, Jenson vai virando coadjuvante momentâneo no campeonato.

Equipe McLaren: o time inglês mostrou boa forma na corrida inaugural, dando a sensação de que poderia ser a escuderia a ser batida no campeonato de 2012. As corridas seguintes, contudo, desmentiram o fato, para felicidade da torcida da categoria, que não está conseguindo ver um time dominar, como aconteceu no ano passado. Mas a McLaren parece estar caindo pelas tabelas, sem conseguir reencontrar a forma demonstrada em Melbourne. Pior do que isso, é que aparentemente não há nada de errado com os carros, e isso está deixando o time confuso, sem saber exatamente o que precisa ser melhorado. Lewis Hamilton, quem diria, é o melhor piloto do time, fazendo uso da constância e regularidade para marcar pontos importantes nas corridas, e com isso manter-se na disputa pelo título, mas Button vem tendo desempenhos pra lá de apagados nas últimas corridas, e para piorar, a escuderia não parece estar mais em condições de vencer provas, tendo sido superada até pela Ferrari, que tinha o carro mais problemático entre os times de ponta. Ou o time inglês reencontra o rumo, ou vai ficar como coadjuvante na disputa pelo título. E, para melhorar o astral da escuderia, Hamilton já fala que poderia procurar “novos ares” em breve...

Bruno Senna: Algumas provas sem pontuar, enquanto via o companheiro Maldonado vencer a corrida espanhola de forma até surpreendente deixaram o brasileiro Bruno Senna em baixa no time de Frank Williams. Não que ele esteja fazendo exatamente feio na equipe, mas por parte da torcida, as cobranças ficam ainda maiores, pois se Maldonado conseguiu vencer um GP, teoricamente o brasileiro tem de mostrar serviço parecido, ou no mínimo, próximo, e até agora, se levarmos em conta as qualificações de Bruno, em condições normais, ele tem sido praticamente quase sempre mais lento que o venezuelano. Bruno consegue compensar parcialmente nas corridas, onde quase sempre consegue trazer o carro inteiro para os boxes após a prova, salvo exceções, e ele próprio admite que precisa ser mais arrojado nas qualificações para que possa traçar estratégias de corrida melhores. O 10° lugar em Mônaco, enquanto via Maldonado abandonar logo de cara com mais um acidente, ajuda a livrar um pouco da pressão sob Bruno, mas ele precisa melhorar sua performance. O ponto positivo do jovem Senna é que sua vaga é totalmente garantida até o fim do campeonato, graças ao patrocínios que traz ao time, o que espanta as especulações mais pessimistas de que seria substituído por Valtteri Bottas ainda nesta temporada. Mas Bruno tem de começar a traçar sua estratégia para permanecer na categoria em 2013, mesmo que não seja na Williams, e para isso, precisa conseguir mais resultados. Nem é preciso dizer que a categoria ainda mais impaciente do que nunca ultimamente...

Motores Lótus na IRL: Desde que anunciou seus projetos de investir de maneira mais abrangente no automobilismo mundial, o Grupo Lótus imaginava ressuscitar a mítica que o nome já teve um dia no automobilismo. Mas, pelo que se vê este ano, tem tudo para se tornar um dos maiores micos da área, e a última palahçada aconteceu durante a Indy500: Simona di Silvestro e Jean Alesi, cujos carros eram equipados com os propulsores da empresa malaia, foram “retirados” da prova devido à falta de ritmo, pois andavam tão lentos que poderiam causar um acidente quando fossem ultrapassados. Nem é preciso dizer que as reações de ambos não foram das melhores, e depois dessa, ninguém vai querer ver motores da marca em competições nem pintados na categoria...

Luciano do Valle narrando corridas: Por piores que sejam os críticos com relação às narrações de F-1 feitas por Galvão Bueno na TV Globo, está virando unanimidade quase nacional que Luciano do Valle está se tornando um desastre ao microfone nos últimos tempos quando o assunto é corrida. O veterano locutor brindou a todos com sua participação na cobertura da Indy500 com um festival de gafes e nomes errados, precisando ser várias vezes corrigido por Felipe Giaffone, que tentava administrar a situação. Téo José, que narrou a corrida por muitos anos desde 1993, quando a F-Indy original passou a ser transmitida por outro canal, é o nome favorito dos torcedores para asumir o microfone, mas infelizmente a TV Bandeirantes mostra que não sabe ouvir os anseios de seu público. E olha que nem mencionei que, terminada a prova, a emissora paulista cortou a imagem quase imediatamente para entrar com o futebol, num tremendo desrespeito (mais um) com o torcedor da velocidade...

sexta-feira, 25 de maio de 2012

UMA NOVA SURPRESA?


            Ontem começaram os treinos oficiais para o Grande Prêmio de Mônaco, o mais charmoso GP da temporada de F-1, e nas ruas do pequeno Principado, a pergunta que todos fazem é: teremos um 6º vencedor diferente no domingo, uma nova surpresa no atual campeonato, ou enfim alguém conseguirá quebrar a escrita vista até agora, e repetir uma vitória? Mônaco é uma pista onde, tradicionalmente, as corridas podem ser bem chatas, mas a julgar pelo que anda acontecendo este ano, podem surgir surpresas, e quando isso acontece, as ruas de Monte Carlo costumam presenciar disputas eletrizantes.
            No ano passado, a interrupção da corrida a poucas voltas do fim abortou o que prometia ser um duelo épico pela vitória da prova, quando Sebastian Vettel, com seus pneus em estado terminal, lutava para resistir ã pressão de Fernando Alonso e Jenson Button, colados na caixa de câmbio do piloto da Red Bull. A interrupção permitiu que Vettel largasse para as voltas finais calçado com pneus novos, e isso matou as chances de Button e Alonso, que não tiveram como manter a forte pressão que colocavam no jovem campeão alemão. No ano passado, os pneus da Pirelli, aliados aos recursos da asa móvel traseira e ao kers, já deram um tempero extra à prova monegasca, e este ano, os pneus italianos estão se mostrando uma charada mais complicada do que equipes e pilotos imaginavam, tanto que até agora ninguém conseguiu decifrar direito como os pneus se comportam, o que tem proporcionado corridas e um campeonato dos mais equilibrados dos últimos tempos, e talvez, até de toda a história da categoria.
            Dos times que tem andado com consistência entre os primeiros, a Lótus é a candidata natural a se tornar o 6º time diferente a vencer, o que por tabela, já daria um 6º vencedor diferente. Em 1983, a sexta corrida enfim mostrou um vencedor repetindo vitória, Alain Prost, da equipe Renault. Curiosamente, será que agora a escuderia que até o ano passado ostentava o nome da Renault será quem manterá a escrita de vermos novos vencedores na temporada? É a torcida de muitos, e tanto Kimmi Raikkonen quanto Romain Grossjean podem aumentar de fato o leque de vencedores na atual temporada.
            Mas, mesmo que não tenhamos um novo time vencendo, ainda poderemos ver novos pilotos chegando em primeiro. Neste caso, a conta aumenta muito pouco: Lewis Hamilton, da McLaren, é um piloto que pode muito bem vencer nas ruas do Principado, ainda mais tendo o bom carro da McLaren à mão. O campeão de 2008 vem mantendo uma boa regularidade este ano, mas anda com a falta de uma vitória entalada na garganta, ainda mais depois de ver Jenson Button sair na frente na Austrália, vencendo a primeira prova do ano. A melhora da Ferrari, vista em Barcelona, credencia Fernando Alonso como um dos mais prováveis pilotos a repetir a vitória, e o espanhol, tido como melhor piloto da categoria atualmente, pode muito bem querer aprontar em Monte Carlo, e do jeito que a competição está equilibrada, Alonso é o nome que pode fazer a diferença, se o carro permitir.
            Mas, quem também pode surpreender em Mônaco é Pastor Maldonado. O piloto venezuelano fez aqui nas ruas monegascas uma exibição muito boa no ano passado, e vinha para um 6º lugar certo até ser colocado fora da corrida por um afoito Lewis Hamilton. Maldonado, que vem de uma vitória surpreendente em Barcelona, pode muito bem ser uma nova surpresa em Monte Carlo, e até repetir a vitória. Alguns mais otimistas até colocam Bruno Senna nesta situação, pois o sobrinho de Ayrton Senna já conseguiu vencer no Principado, quando correu na GP2, mas Bruno vai precisar fazer a exibição de sua vida para conseguir repetir tal feito agora na F-1, ainda mais porque Maldonado está cheio de moral e confiança no time. Por outro lado, ninguém sabe se incêndio que tomou os boxes do time inglês em Barcelona prejudicou muito os equipamentos e dados da escuderia, que tentava providenciar peças de reposição para esta corrida com a máxima urgência.
            Dos times grandes, ainda há dois pilotos que, pelo retrospecto recente, infelizmente não devem dar esperanças de entrarem na luta por uma vitória e ajudar a apimentar o campeonato. Felipe Massa está em queda livre na Ferrari, incapaz de acompanhar o ritmo de seu companheiro de equipe com a regularidade necessária, e precisaria de um tremendo golpe de sorte, ou uma mudança de postura radical, para inverter a situação. Quem também fica meio fora de combate é Michael Schumacher, que embora esteja até andando bem nos treinos, vem enfrentando vários percalços nas corridas, como no GP da Espanha, onde abalroou de maneira grosseira o carro de Bruno Senna em uma disputa de posição no fim do retão do circuito. Considerado culpado pelo acidente, o heptacampeão perderá 5 posições no grid por causa da barbeiragem, e dependendo do resultado disso, pode acabar ficando totalmente de fora da briga pelas primeiras posições, pois largar na frente nas ruas de Monte Carlo continua sendo essencial para se almejar bons resultados.
            Mas o que ninguém pode prever é como os atuais pneus da Pirelli poderão se comportar em Mônaco. Por mais que os times façam previsões do que já viram nas corridas iniciais, as ruas de Monte Carlo são um caso à parte. A velocidade de ponta é baixa, e a necessidade de arrasto aerodinâmico para otimizar a tração nas reacelerações e freadas nas fechadas curvas impõem um desgaste que precisa ser bem calculado. Se no ano passado a corrida já foi interessante, ainda mais que por volta daquela etapa os times começam a pegar o jeito de como lidar com os compostos, mesmo assim houve boas disputas, este ano, onde a situação é mais complicada ainda, tudo aponta para uma corrida a princípio imprevisível. Mais do que nunca, os treinos livres serão cruciais para se tentar descobrir qual a melhor estratégia de uso dos pneus. Como esta coluna foi fechada antes do início dos treinos de ontem, é provável que no momento em que estiver sendo publicada e lida já tenhamos alguma idéia do que esperar para a classificação de amanhã.
            Mas, por outro lado, como até agora em 2012 nem mesmo os treinos livres tem dado indícios exatos do que se esperar na corrida, com algumas exceções, podemos estar diante de um panorama incerto para a corrida. E não podemos esquecer também que Mônaco costuma ser um circuito que não perdoa erros, e que por volta e meia, impõe um desgaste anormal aos carros. Se as disputas se avolumarem durante a corrida, como tem ocorrido nas demais etapas deste ano, podemos ver algumas brigas por posições bem ferrenhas, e com alguns competidores ficando pelo meio do caminho.
            Que venha a corrida então, e possivelmente, uma nova surpresa no atual campeonato...



Domingo é dia da edição 2012 das 500 Milhas de Indianápolis, prova válida pelo campeonato da Indy Racing League. No grid, 4 brasileiros tentarão sua sorte na mais prestigiada corrida do automobilismo americano. Hélio Castro Neves é quem tem maiores chances: além de correr por um time de ponta, a Penske, Helinho já faturou 3 vezes a Indy500, e segue em busca da 4ª vitória, o que o igualaria a nomes míticos como A. J. Foyt, Al Unser e Rick Mears, os maiores vencedores da corrida, com 4 triunfos cada um. Tony Kanan larga em 8º, e também busca chegar à vitória, que seria sua primeira no superoval de Indiana. Rubens Barrichello, fazendo enfim sua estréia nas pistas ovais da categoria, larga na 10ª colocação. E Bia Figueiredo parte em 13º. Todos eles tem boas chances de conseguirem fazer bonito. Tradicionalmente, a Indy500 pode ser uma grande loteria, com possibilidades de resultados totalmente inesperados, como se viu ano passado, quando J.R. Hildebrand vinha para vencer a corrida e bateu na última curva na última volta, entregando a vitória a Dan Wheldon. Quem conseguir se manter inteiro durante as 200 voltas, e estiver com o carro rápido na parte final poderá ter boas chances de se tornar mais um vencedor da corrida. A Bandeirantes transmite a corrida ao vivo (enfim), a partir das 12:30. Fica o receio se vai transmitir até o fim, pois dependendo do andamento da corrida, ela pode demorar a se encerrar, e quero ver quando chegar a hora do futebol...

quarta-feira, 23 de maio de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – NOVEMBRO DE 1995 – 17.11.1995


            E aqui estou novamente com mais uma coluna da seção Arquivo. Esta foi escrita logo após o GP da Austrália, que encerrou a temporada de 1995. Foi o adeus à cidade de Adelaide, que sediara pela última vez a corrida australiana. No ano seguinte, Melbourne passaria a ser a nova sede do GP, que se mantém até hoje no Albert Park. A corrida mostrou a vitória mais fácil da carreira de Damon Hill, que chegou com duas voltas de vantagem para Olivier Panis, da Ligier. Todos os demais oponentes de peso ficaram pelo meio do caminho. Uma corrida de despedida tranqüila e sem maiores confusões. Uma boa leitura para todos, e em breve, mais colunas de antigamente por aqui...



ADEUS A ADELAIDE


Adriano de Avance Moreno



            A última prova de F-1 que a cidade de Adelaide promoveu bateu todos os recordes de público da categoria: cerca de 520 mil pessoas estiveram presentes em todo o fim de semana, sendo que só no dia da corrida foram cerca de 230 mil expectadores, uma cifra considerável para a última corrida do ano. Vou sentir saudades deste circuito, assim como todos os pilotos e equipes, que sempre viram nesta prova uma etapa mais descontraída e relaxada, depois de um campeonato duro e tenso.
            A prova deste ano teve muita emoção, apesar de ter sido a mais fácil vitória já conquistada por Damon Hill em sua carreira. Todos os pilotos que poderiam lhe complicar as coisas ficaram pelo caminho. Para a Benetton, esta prova foi um descalabro: Michael Schumacher enroscou-se com Jean Alesi na disputa pela 2ª posição, enquanto Johnny Herbert viu suas expectativas de pódio virarem fumaça quando seu motor estourou. A Ferrari viveu o mesmo drama: Alesi ficou no enrosco com Schumacher, e Gerhard Berger também ficou pelo caminho com o motor estourado. Já David Couthard protagonizou outra cena cômica, batendo no muro de entrada do pit Lane logo ao entrar nos boxes para sua primeira parada. A entrada do box, aliás, parecia bem traiçoeira: Roberto Moreno bateu de traseira ao entrar ali, destruindo a suspensão traseira, enquanto Herbert simplesmente seguiu reto ao entrar no box, mas conseguiu desviar o carro e voltar à pista externa por sorte, parando desta vez sem problemas, na volta seguinte. Outra cena curiosa foi Olivier Panis, que cruzou a linha de chegada em 2º lugar com o motor fumegando nas 3 voltas finais. Foi um toque de emoção, pois tudo indicava que a Ligier iria ficar pelo caminho, mas Panis enfim conseguiu o seu 2º pódio na F-1.
            O clima de Adelaide estava mais descontraído do que nunca, pois os títulos de pilotos e de construtores já havia sido decidido, e com o fato de que esta seria a última prova de F-1 disputada em Adelaide, todos trataram de aproveitar ao máximo possível. A farra de todos ao fim da noite nos tradicionais pontos de encontro que o pessoal costuma freqüentar todos os anos foi ainda melhor. Lembro-me que Schumacher, em 94, tomou um tremendo porre numa boate perto do circuito, saindo totalmente grogue no dia seguinte, numa farra que não parou antes das 5 da madrugada de segunda-feira. Desta vez o ânimo não foi assim tão grande, mas todos caíram numa folia merecida, depois de uma temporada difícil e trabalhosa.
            A única tensão do GP foi o acidente de Mika Hakkinem no treino de sexta, mas apesar do susto, o piloto já está consciente e fora de perigo. Outro acidente feio desses era tudo que a F-1 não precisava. Felizmente, foi tudo mais um susto, apesar de Hakkinem ter passado a noite de sexta-feira em coma no Hospital Real de Adelaide. O piloto da McLaren fica no hospital até o fim de semana que vem, só por precaução, mas todos estão confiantes em seu retorno às pistas já em dezembro, nos testes coletivos do circuito do Estoril, em Portugal.
            O GP da Austrália sempre teve suas peculiaridades, algumas por ser um GP em terras localizadas do outro lado do mundo, outras por ser a última corrida do ano. A bandeirada do vencedor, por exemplo, sempre é dada com muito entusiasmo pelo diretor de prova australiano, às vezes até com alguns malabarismos. E tem razão de ser especial: ela encerra a temporada, e por méritos, tem todo o direito de ser mais alegre e festiva. Outras peculiaridades são as festas promovidas durante todo o fim de semana, sem falar na farra e bagunça que alguns pilotos e equipes promovem para celebrar o fim do campeonato.
            Nélson Piquet, por exemplo, famoso por suas piadas e declarações inflamadas, fez uma farra clássica aqui em 1985, quando disputou sua última corrida pela Brabham. Piquet juntou os jornalistas em frente aos boxes de sua equipe e disse que iriam ter uma surpresa. Ele e os mecânicos entraram no box, fecharam a porta, e depois de um minuto de mistério, abriram as portas: todos os mecânicos e Piquet estavam de costas para os fotógrafos, e com as calças arriadas. O ruído das máquinas fotográficas encheu o ar, resultando em uma imagem célebre. Não vi a danada, mas quem viu garante que é um desses momentos tremendos de furos “quentes”do folclore da Fórmula 1.
            Outra particularidade do GP australiano é que geralmente aqui os pilotos costumam dar tudo o que podem na pista, pois estão mais descontraídos e geralmente revigorados depois de uma semana de férias nos paraísos tropicais de Bali, Queensland e Indonésia. E, sem a obrigação de provar mais nada, eles vão à luta apenas pelo prazer de pilotar, o que é uma ocasião rara na F-1 hoje em dia. Apenas alguns pilotos ainda disputam posições de monta, assim como algumas equipes, mas mesmo com toda esta disputa, o clima é bem mais amigável. Esta prova deveria servir de modelo para todo o campeonato.
            Espero que, no futuro, Adelaide tenha a honra de servir novamente como palco para a F-1. Agora, os carros mais rápidos do mundo passarão a correr em Melbourne, em um circuito que está sendo montado num dos parques do centro da cidade. Todos aguardam com ansiedade este novo circuito, que irá dar o pontapé inicial para a temporada de 1996, mas em uma coisa todos concordam: não será nunca igual à corrida de Adelaide, por melhor que seja. Todo o circo da F-1 deixou a cidade australiana, de volta à Europa, certo de que esta pista deixa saudades para todos. Para alguns, na verdade, já está deixando. Mas o tempo para curtir esta saudade é curto. Ainda ontem, a Ferrari já fez sua apresentação oficial de seus pilotos para a temporada 96, com Michael Schumacher e Eddie Irvinne. Berger e Alesi já partiram para a Benetton. McLaren, Jordan e Sauber já estão com seus cronogramas de testes para o fim de novembro e o mês de dezembro preparados e prontos para seguir em frente. A F-1 nunca pára, nem mesmo pela saudade que muitos irão sentir de um agradável circuito de seu calendário. Um circuito que, na minha opinião, foi o melhor circuito de rua já usado até hoje pela F-1...
            Por tudo o que pudemos ver nestes 11 anos, adeus, Adelaide!


No último fim de semana, Émerson Fittipaldi apresentou oficialmente em São Paulo a sua nova equipe para 96 na F-Indy, a Penske/Hogan Racing, onde será o único piloto da escuderia. “Emmo” também aproveitou para mostrar como será o seu novo carro para a próxima temporada, e todos ficaram impressionados: o carro será todo vermelho, com os logotipos da Marlboro e Móbil pintados em branco. Émerson usará o número 9 em seu bólido. “Legal, vamos todos de vermelho!”, disparou o sobrinho de Émerson, Christian, que também correrá com um carro totalmente vermelho pela equipe Newmann-Hass em 1996.

 

A Marlboro, satisfeita com os resultados do Marlboro Brazilian Team, agora ampliou o projeto para Latin Team, patrocinando jovens e talentosos pilotos do restante da América Latina. Brasileiros, argentinos e outros jovens de talento terão apoio oficial da Marlboro.



Para quem gosta de detalhes interessantes, o pódio de Gianni Morbidelli em Adelaide, foi o seu primeiro na F-1. Foi também o primeiro pódio da equipe Arrows desde o GP dos Estados Unidos de 1989, quando Eddie Cheever também chegou em 3º lugar. O piloto, aliás, por coincidência, subiu ao pódio em Phoenix, cidade onde foi disputado o GP naquele ano, e onde ele nasceu.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

O MELHOR PRESENTE


            Quem diria que, ao final das 66 voltas do Grande Prêmio da Espanha de Fórmula 1, disputado domingo passado, teríamos a grata surpresa de ver a Williams voltar a vencer uma corrida? Pois foi o que aconteceu, e Pastor Maldonado escreveu seu nome na categoria ao ser o primeiro venezuelano a subir ao degrau mais alto do pódio na F-1, e ajudar a dar ao atual campeonato o melhor presente possível: 5° vencedor diferente em 5 corridas, e 5 escuderias a vencer uma prova este ano, repetindo um feito que só foi visto pela última vez em 1983. E olhe que o campeonato ainda pode ter um vencedor diferente na próxima corrida, que será em Mônaco, na próxima semana. A Lótus anda batendo na trave nas duas últimas corridas, e pode faturar uma corrida a qualquer momento. Se tivermos um novo vencedor e um novo time na frente nas ruas de Monte Carlo, será a glória para a categoria, que certamente está mostrando ter o melhor campeonato em mais de 30 anos.
            O equilíbrio está sendo o ponto forte da categoria este ano, e o maior mérito é dos pneus da Pirelli, que estão deixando os times até perplexos, pois até o presente momento ninguém conseguiu se entender direito com os novos compostos de pneus criados este ano. Na Espanha, por exemplo, os pneus duros se comportaram melhor durante a corrida do que os pneus macios, algo que ninguém esperava, visto que a diferença de performance entre eles era considerável. A vitória da Williams surpreendeu muita gente, e embora a escuderia tenha dito não ter se surpreendido, é claro que foi um triunfo bem-vindo, e até inesperado, pois o ritmo do carro, todos sabiam, ainda não era exatamente forte o bastante para desafiar carros como McLaren, Lótus, e até Red Bull. Mas a McLaren não se achou direito no fim de semana: um erro crucial na quantidade de combustível no carro de Lewis Hamilton fez o inglês perder sua pole na corrida, e com isso, Maldonado acabou ganhando a primeira posição do grid de presente. Largando em último, Hamilton estava fora do páreo, e embora tenha lutado bastante, ficou em um modesto 8° lugar. Partindo na frente, Maldonado tinha boas chances de vencer, desde que conseguisse manter sob controle Fernando Alonso, que largava então em 2°, e as duas Lótus logo atrás. E ele o conseguiu com notável maestria, ainda que tenha passado o início da corrida atrás da Ferrari, que largou melhor. Já Jenson Button, com a outra McLaren, não se achou na prova espanhola, e terminou sem pontuar, o mesmo valendo para Mark Webber. Nico Rosberg e Sebastian Vettel fizeram o que podiam, mas não tiveram nem chance de pódio nesta prova.
            Seria bom se Maldonado conseguisse também entrar na luta pelo título, mas aí pode ser até sonhar um pouco alto demais. Só que, a esta altura do campeonato, quem pode apostar que não continuaremos assistindo a surpresas? O campeonato está totalmente imprevisível, e a tabela de pontuação mostra os pilotos muito próximos uns dos outros. Sebastian Vettel, mesmo sem dispor de um carro dominante como em 2011, lidera o campeonato com 61 pontos, a mesma pontuação de, vejam só, Fernando Alonso, que tem conseguido milagres com a Ferrari este ano, em que pese o F2012 ter melhorado bastante de ritmo. Na 3ª posição vem Lewis Hamilton, com 53 pontos, e que pode vencer a qualquer momento. Um pouco mais atrás vem Kimmi Raikkonen, com 49 pontos, Mark Webber (46), Jenson Button (45), e Nico Rosberg (41). Nada menos do que 7 pilotos separados por 20 pontos. Dos times de ponta que subiram ao pódio, as decepções são Michael Schumacher e Felipe Massa. O heptacampeão alemão não consegue escapar dos problemas este ano, alguns fora de seu controle, outros totalmente por culpa própria, como a batida em Bruno Senna no circuito de Barcelona. Já Felipe Massa tem o seu pior ano na F-1, sendo incapaz de conseguir manter o ritmo de Alonso com o outro carro da Ferrari, e vendo o companheiro não apenas tendo vencido uma prova como ainda liderar o campeonato. Seria muito bom se ambos conseguissem acabar com a zica que os está afetando e entrassem pra valer na luta por lugares no pódio. Seria o melhor presente para a torcida, que está mesmo em estado de êxtase com o que se viu até agora. E os torcedores não estão tendo do que reclamar, pois o que está se vendo este ano é que as posições de largada, ao mesmo tempo em que podem ser cruciais, também podem não valer muita coisa, dependendo de onde se larga e da estratégia de corrida. Enquanto alguns largam na frente e despencam para trás, outros conseguem largar lá de trás e chegar à frente, e ainda temos quem larga no meio do pelotão e de lá não consegue sair. A disputa de posições anda brava, e com muitos pilotos andando em ritmos parecidos, das duas uma: ou eles partem para cima com tudo na disputa de ultrapassagens, ou simplesmente ficam empacados onde estão. Há quem esteja conseguindo se adaptar a esta situação, e há quem esteja perdido no meio do bolo de disputas que há tanto tempo não se via na categoria. Ruim para os pilotos, claro, mas um delírio para o público, no autódromo e pela TV, que estão vendo disputas em praticamente todos os pelotões da prova. Pode haver presente melhor para revigorar a imagem de disputa da categoria?
            Mas o melhor presente mesmo, em Barcelona, ficou para Frank Williams, que na festa de seus 70 anos, comemorados em uma bela festa no paddock na tarde de sábado, comemorando àquela altura a 2ª posição de Maldonado no grid – que depois viraria a pole, viu seu piloto tirar o time de um jejum de quase 8 anos: a última vitória da equipe Williams havia sido aqui no Brasil, em Interlagos, no distante ano de 2004, encerrando o campeonato daquele ano, com Juan Pablo Montoya. A vitória de Pastor encheu todos no time de alegria, ainda mais depois de a escuderia ter tido em 2011 o pior ano de sua história, com apenas 5 pontos marcados devido ao projeto catastrófico do FW33. O carro deste ano, todos esperavam, seria melhor, e até o presente momento, parece estar saindo melhor do que a encomenda.
            Frank, o último dos garagistas da categoria que ainda está presente de forma integral nos GPs (Ron Dennis, outro da mesma estirpe, só aparece em uma ou outra corrida, acompanhando seu time, a McLaren), merecia muito ver seu time vencer novamente. Ao lado da McLaren e da Ferrari, a Williams é o time mais tradicional da F-1 atualmente, ainda mais porque a atual Lótus ostenta apenas o nome, uma vez que a célebre escuderia de Colin Chapman desapareceu ao fim de 1994, e não pode ser considerada “tradicional” (em que pese o time já ter mais 30 anos, nascido com o nome Toleman, no início dos anos 1980, mas que depois de tantas mudanças de nome, não se pode dizer ter alguma “tradição” propriamente, depois de tantas mudanças de dono). E olhe que no início do ano, tendo que optar pela primeira vez em mais de 30 anos, por pilotos exclusivamente pagantes, muitos achavam que faltaria pouco para o time inglês seguir o caminho da decadência que ceifou outros times saudosos como Tyrrel e Brabham. Felizmente, a aposta está dando certo até o momento, e o futuro da escuderia, que poderia ser a extinção até mesmo no fim deste ano para os mais pessimistas, já não se apresenta tão negro assim...
            É um campeonato que está saindo melhor do que a encomenda. Claro que há gente reclamando, e há vários pilotos, como Michael Schumacher, que viraram críticos ferozes dos novos pneus da Pirelli, com os quais não está se entendendo, e reclamando que, com estes compostos, não podem acelerar tudo o que podem. São críticas até compreensíveis, mas as regras estão valendo para todos, então o jeito é entrar na dança e tentar se adaptar. Adaptar-se, por sinal, tem sido o maior dilema das escuderias, que até agora não conseguiram encontrar parâmetros totalmente confiáveis para entender como os pneus estão se comportando. E quanto mais eles demorarem para dominar este setor, melhor para a competição, que continuará brindando o público com surpresas que até o mais cético fã nem esperaria.
            A alma maior da competição, afinal, é a imprevisibilidade dos resultados. E assistir corridas sabendo de antemão quem vai chegar na frente tem muito menos apelo e graça do que o quadro atual que estamos vendo em 2012. Que ele perdure por um bom tempo...



Um incêndio surgiu nos boxes da Williams durante a festa de comemoração da vitória de Maldonado em Barcelona. Apesar de violento, ele foi logo contido, mas algumas pessoas ficaram levemente feridas, a maior parte por intoxicação pela fumaça, que cobriu todo o box. Felizmente, não ocorreu o pior, embora tenha havido um tremendo corre-corre na hora. A Williams tenta contabilizar as perdas do incêndio, que quase destruiu o carro de Bruno Senna. Algumas peças não conseguirão ser repostas a tempo para a prova de Mônaco, já na semana que vem, e não se sabe o quanto isso poderá afetar o desempenho do time.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – NOVEMBRO DE 1995 – 09.11.1995


            Trazendo mais uma coluna na seção Arquivo, esta foi escrita logo às vésperas do Grande Prêmio da Austrália, na época disputado na cidade de Adelaide, em uma pista montada nas ruas da cidade. Foi a última corrida disputada ali, e também a última vez que a Austrália encerrava o campeonato. A partir do ano seguinte, a prova mudaria para Melbourne, onde está até hoje, e passaria a ser a primeira, se não uma das primeiras, do campeonato, invertendo de posição na ordem do campeonato.
            A coluna fala um pouco da história da corrida até aquele ano, sendo uma das mais festivas do campeonato. Hoje, continua sendo uma das mais festivas e bem-organizadas, embora o clima de festa tenha diminuído um pouco pelo fato de já começar a disputa feroz na pista, algo que, até 1995, era apenas ocasional, uma vez que raramente os títulos eram decididos ali, ocorrendo apenas duas vezes até então. Uma boa leitura para todos...

 
HISTÓRIAS DA AUSTRÁLIA

Adriano de Avance Moreno
               Enfim, chegamos ao último GP do ano, o da Austrália, que será disputado no belo circuito citadino de Adelaide, cidade situada ao sul de Sidney. O GP da Austrália é sempre um dos mais organizados da temporada. Desde sua estréia no mundial de F-1 há 11 anos, este GP sempre tem sido disputado de maneira descontraída e com boas disputas na pista, salvo raras exceções. O fato de ser a etapa final do campeonato também ajuda a dar a esta prova o clima de fim de ano, numa espécie de etapa “natalina”. Como o campeonato, geralmente, já foi decidido, todos ficam um pouco mais relaxados e correm mais pelo prazer de correr. Lógico que ainda há disputas e algumas são bem acirradas, mas são casos isolados no bloco intermediário, quase sempre.
            O GP da Austrália sempre tem sido marcado por disputas animadas e com boas doses de emoção. A primeira corrida disputada aqui neste circuito foi excelente, não só no nível da organização, como no nível esportivo. Lembro-me das cenas antológicas protagonizadas por Ayrton Sennaao volante do célebre Lótus negro na disputa pela liderança da corrida com o finlandês Keke Rosberg. O piloto da Williams venceu a parada e foi o primeiro vencedor nas ruas de Adelaide. Ayrton abandonou com quebra de motor, mas deu o seu show.
            Dos vários vencedores do GP da Austrália, o destaque maior vai para Ayrton Senna, que conquistou o maior número de poles nesta pista, ocupando a posição de honra em 1985, 1988, 1989, 1990, 1991, e 1993. Nigel Mansell foi o pole em 1986, 1992 e 1994. Gerhard Berger largou na frente em 1987. Berger, Senna, e Alain Prost dividem entre si o fato de serem os únicos a vencerem por 2 vezes a prova australiana. Senna venceu em 91, com McLaren MP4/6 Honda; e em 1993, com McLaren MP4/8 Ford, naquela que foi sua última vitória na F-1. Prost faturou a corrida em 86, com McLaren MP4/2-C TAG-Porshe turbo; e em 88, guiando o McLaren MP4/4 Honda turbo, última corrida com motores turbo. Berger venceu em 87, com a Ferrari f1/87 turbo, e em 92, com McLaren MP4/7 Honda. A Ferrari até hoje só conseguiu 1 vitória na Austrália. A McLaren venceu mais: 5 vitórias no total. Os demais pilotos venceram apenas 1 vez: Rosberg em 1985; Thierrt Boutsen em 1989; Nélson Piquet em 1990; e Nigel Mansell em 1994. A Williams conseguiu 3 vitórias em Adelaide, sendo que em 94, Mansell fez a pole e venceu a corrida. A Benetton também venceu na Austrália, numa corrida magistral de Nélson Piquet em 90.
            Apenas em duas ocasiões o GP da Austrália assistiu à decisão do título mundial de F-1. A primeira foi em 1986, onde Alain Prost, em uma corrida estratégica e inteligente, faturou a corrida, derrubando os demais favoritos ao título, que eram os pilotos da Williams, Nélson Piquet e Nigel Mansell. Foi uma prova onde todos estiveram tensos, cujo resultado final só se decidiu na bandeirada a Alain Prost. Mansell tinha ficado pelo meio da corrida, ao cometer o erro de não trocar os pneus, e abandonou quando um deles estourou em plena reta, dando adeus ao título. Mas o suspense continuou: Piquet ainda estava em prova, e apesar de não cair no mesmo erro de Mansell, acabou ficando em 3º no campeonato, cruzando a linha de chegada apenas 4s depois de Prost ganhar a corrida.
            Em 1994, a disputa chegou a Adelaide depois de vários malabarismos políticos da FIA, que aplicou algumas punições pesadas a Michael Schumacher (suspensão por 2 GPs, e duas desclassificações em outras corridas), e acabou estendendo a disputa do título até Adelaide. Schumacher ganhou, mas numa manobra muito questionável, ao jogar o carro em cima de Damon Hill na curva East Terrace, alegando não ter visto o piloto inglês.
            Em todas as corridas, a emoção e disputa estiveram presentes no GP da Austrália. Pegas disputados e lances emocionantes nunca faltaram. Em 85, foi o show de Senna para tentar acompanhar o ritmo da Williams de Rosberg. Em 86, foi a disputa do título entre 3 pilotos, numa prova empolgante até o final. Em 87, Berger brindou a todos com uma performance magnífica da Ferrari. Em 88, o show ficou por conta novamente do austríaco, que disputou a liderança com Prost, até ficar fora de combate, com a vitória ficando para o francês da McLaren. Em 89, uma vitória competente de Thierry Boutsen numa prova marcada por vários acidentes causados pela chuva torrencial. Em 1990, uma disputa espetacular nas voltas finais entre Mansell e Piquet, com vitória do brasileiro. Em 91, triunfo de Senna, numa corrida marcada por uma chuva sem proporções e inúmeros acidentes. Em 92, Berger venceu no show de Michael Schumacher nas voltas finais. Em 93, uma grande exibição de Ayrton Senna, na última vitória de sua carreira na F-1. Em 94, duas disputas empolgantes: Hill e Schumacher, na primeira metade da corrida; e a de Mansell e Berger na parte final, com vitória apertada de Mansell. Em todos estes anos, muita emoção e disputas.
            Em 1990, o GP da Austrália foi ainda mais festivo. Nesta etapa, a F-1 atingiu a histórica marca de 500 GPs disputados. As comemorações reuniram todos os grandes campeões da história da categoria: Juan Manuel Fangio, Jack Brabham, Jackie Stewart e Niki Lauda (antigos campeões); Ayrton Senna e Nélson Piquet (atuais). Alain Prost não participou das festividades, irritado com o que acontecera em Suzuka, duas semanas antes, onde uma batida entre ele e Senna definiu o título em favor do piloto brasileiro. A disputa na corrida estava boa no início, entre Mansell e Senna. Nigel ficou para trás, e Ayrton acabou batendo numa curva, alegando falha nos freios. Nélson Piquet, que fazia uma prova combativa, assumiu o comando, e nas últimas 4 voltas, deu um show de pilotagem, ao ser pressionado pela Ferrari de Mansell, numa disputa que durou até o fim da última volta, com disputas de freadas que deixaram todos os expectadores da corrida gelados. Uma prova digna de ser o 500º GP da F-1.
            Em 1991, a prova acabou sendo a mais curta da história da categoria. Inundado por uma chuva torrencial, o circuito estava totalmente alagado. A corrida foi iniciada, mas depois de 16 voltas, com inúmeros acidentes, a prova foi declarada encerrada com apenas 14 voltas oficializadas.
            Algumas situações curiosas já aconteceram neste GP. Ayrton Senna, considerado o maior piloto da F-1 em pista molhada, acabou sofrendo um acidente aqui em 1989, ao acertar a traseira da Brabham de Martin Brundle em plena reta do circuito. Senna tinha acabado de ultrapassar um retardatário e acabou não vendo Brundle. Senna chegou ao Box em apenas 3 rodas. Na mesma corrida, Satoru Nakajima, o primeiro piloto japonês da F-1, fez uma exibição espetacular, rodando na primeira volta, caindo para último lugar, e fazendo uma vertiginosa recuperação até o 4º lugar, fazendo inclusive a volta mais rápida da corrida. Nigel Mansell pode ser considerado o piloto mais azarado da história deste circuito. Em 4 corridas (86, 90, 91 e 92) estava com chances reais de vencer e não conseguiu. Só desencanou mesmo em 94.
            Estas são algumas das histórias de Adelaide. Vejamos o que nos reserva esta nova edição da corrida. Com certeza, mais algumas histórias para os anais do automobilismo, esperemos...


Christian Fittipaldi mostrou anteontem o seu novo visual para a temporada de 1996 da F-Indy, agora como piloto da Newmann-Hass. Seu novo Lola/Ford é totalmente vermelho, cor do patrocinador, a cerveja Budweiser. O macacão de Christian também é totalmente vermelho, assim como seu capacete, por imposição do patrocinador, colocando a nova cor no lugar do tradicional amarelo. O sobrinho de Émerson Fittipaldi relutou na mudança, mas no fim reagiu com bom humor: “Esta cor me dá sorte.”, afirmou. E deu mesmo: nos primeiros dias de testes em Homestead, na Flórida, foi o piloto mais rápido, marcando o tempo de 29s6...


Nos mesmos testes da F-Indy, Gil de Ferran foi o segundo mais rápido, testando seu Reynard equipado com motor Honda, fazendo 29s8, mas seu tempo pode ser considerado mais expressivo, porque seu carro já estava com a configuração aerodinâmica para 96, bem mais lenta do que a de 95, com a qual Christian Fittipaldi marcou seu tempo.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

30 ANOS SEM GILLES

            Esta semana, no último dia 8, completou-se nada menos do que 30 anos da morte de um dos pilotos mais apaixonantes da história da Fórmula 1. Foi no dia 8 de maio de 1982, em treinos para o Grande Prêmio da Bélgica, na pista de Zolder, que Gilles Villeneuve perdia a vida em um pavoroso acidente onde seu carro literalmente partiu-se ao meio, jogando o piloto longe ainda amarrado ao que sobrou de seu banco. O piloto canadense, que havia estreado em 1977 no GP da Inglaterra, correndo com um terceiro carro da McLaren, foi talvez um dos maiores showmans da categoria, aquela classe de piloto que levanta a torcida com suas performances na pista, sejam elas boas ou totalmente loucas, para se dizer o mínimo. Villeneuve era um cara que pilotava com a paixão ardente no coração, e por isso, acabou se tornando praticamente “imortal” na história do automobilismo. Hoje, 30 anos depois, seu mito continua mais vivo do que nunca, e mais saudoso também, ainda mais se levarmos em conta a asséptica F-1 dos dias de hoje.
            E a Ferrari, o time em que Gilles criou essa aura mítica, lhe prestou uma merecida homenagem na pista de Fiorano: convidou seu filho Jacques Villeneuve para pilotar o modelo 312 T4, com o qual seu pai foi vice-campeão em 1979, ano em que a Ferrari dominou a temporada, com Jody Schekter, colega de Gilles, conquistando o campeonato. Jacques, sempre arredio ao falar de seu pai, com quem pouco conviveu, desta vez ficou realmente emocionado com o momento, e falou como foi incrível pilotar o carro que um dia foi de seu pai. O momento foi acompanhado pelos atuais pilotos da Ferrari, Felipe Massa e Fernando Alonso, além de Luca de Montezemolo, e mecânicos que cuidaram do carro de Gilles na época, e também Mauro Forghieri, que foi o projetista do carro. E nem é preciso dizer que milhares de torcedores compareceram ao circuito para assistir à homenagem, e ficaram igualmente comovidos quando viram o modelo de 1979 acelerar fundo na pista de Fiorano, conduzido por Jacques. Foi um destes momentos onde a F-1 parece mostrar que ainda tem alma, ao contrário do que se vê na maioria das corridas da categoria hoje em dia.
            Os números de Gilles em sua carreira na categoria máxima do automobilismo são modestos: 67 GPs, com apenas 101 pontos conquistados, com 2 poles, 6 vitórias, e 13 pódios, além de um vice-campeonato. Mas, se Gilles não foi mais longe nas estatísticas, isso infelizmente era decorrente de seu próprio estilo de competição: shows na pista raramente se convertem exatamente em bons resultados, e Villeneuve infelizmente confirmou a regra: suas estripulias na pista, às vezes beirando a irresponsabilidade, o faziam ser o maior adversário de si próprio. Não raro, forçava tanto o carro que muitas vezes não conseguia terminar a corrida. Não é por menos que, de suas 67 provas, tenha abandonado 26, mais de um terço. E isso custava vários bons resultados. Mas sua pilotagem, sempre nos extremos, até quando o carro se desmanchava pela pista enquanto ele continuava acelerando, conquistou os fãs de Maranello, que o veneram até hoje. E Gilles conquistou até mesmo Enzo Ferrari, o que não era fácil. Por isso mesmo, sua morte deixou cicatrizes até hoje expostas em quem conheceu de perto o intrépido piloto canadense.
            É claro que Villeneuve sem sempre agradou: seu estilo não era unanimidade, e por vezes, até causou acidentes desnecessários. Em seu melhor ano, 1979, Gilles foi vice-campeão, respeitando a hierarquia da equipe Ferrari, que ditava que Schekter era o primeiro piloto. O canadense sabia que sua hora chegaria, e à sua maneira, foi paciente. Mas a Ferrari não se acertaria nos dois anos seguintes, ficando relegada a segundo escalão na disputa da F-1. No ano de 1982, tudo parecia que ia se encaixar: o carro era bom, competitivo, e o time italiano tinha além de Gilles, Didier Pironi, uma dupla que podia mostrar do que era capaz. Infelizmente, a disputa entre ambos se incendiou, e o que prometia ser uma temporada de vitórias acabou se tornando uma temporada de desastres. Depois de uma batalha ferrenha entre Pironi e Villeneuve no GP de San Marino, ganha pelo francês, tudo indicava que o clima na escuderia ia degringolar. A rivalidade entre os dois pilotos de Maranello já não ficaria restrita à pista, e prometia ser um dos espetáculos do campeonato. Muitos achavam que a hora de Gilles era esta, em que pese aqueles que torciam por Pironi. Na corrida seguinte, na Bélgica, infelizmente a carreira, e a vida de Gilles, terminaram no violento acidente no sábado.
            Todos no autódromo ficaram transtornados com o falecimento do canadense. Foi um impacto terrível para pilotos, equipes, jornalistas e público. Um sentimento similar ao que se viu 12 anos depois em Ímola, na morte de Ayrton Senna. A Ferrari, por sua vez, viu o que restava de bom na sua temporada desandar de vez apenas 3 meses depois, em Hockenhein: Pironi sofreu um violento acidente após colidir com Alain Prost nos treinos debaixo de chuva, capotando de forma similar à do companheiro de equipe. Pironi teve mais sorte que Gilles: ele sobreviveu ao seu acidente, mas nunca mais seria o mesmo. Ele ficou de fora do restante do campeonato, e com isso, acabou superado no final da competição por Keke Rosberg, da Williams, que conquistou assim seu único título, tendo vencido apenas 1 corrida. Sobraria para a Ferrari o consolo de ainda ser campeã de construtores daquele ano, tamanho era o seu avanço, e de como a concorrência era fraca, dispersando os resultados entre vários times.
            Muitos se perguntam o que Gilles, caso não tivesse morrido, ainda conseguiria na F-1. Pilotos que eram show e arrojo puro, como Nigel Mansell, e o próprio Ayrton Senna, tiveram evolução em suas carreiras, chegando a ser mais comedidos na pista, e a dosar o arrojo na medida da necessidade sem comprometer bons resultados. Villeneuve teria chegado a tal nível? Alguns dizem que sim, outros dizem que não. E a pergunta mais curiosa: se tivesse se tornado mais cauteloso em algumas de suas atitudes, será que continuaria sendo o piloto que despertou tantas paixões nos torcedores? Para alguns, sim, para outros, talvez deixasse de ser aquele piloto que tanto os cativava e empolgava com suas estripulias. Nunca saberemos.
            O fato é que Gilles deixou saudades. E a F-1, infelizmente, hoje em dia não se permite mais ter pilotos com a ousadia que o canadense tinha na pista. Se na época Villeneuve já era polêmico na pista, hoje praticamente seria taxado de herege, e os fiscais nunca o deixariam pilotar como pilotava: para eles, seria um louco desvairado na pista, colocando a tudo e a todos em perigo. Exagero? Nem tanto... Gilles viveu em uma época onde a F-1 ainda se permitia ser mais autêntica, e liberal, não a camisa de força que é hoje em dia, onde equipes, dirigentes, e pilotos tem de seguir um script politicamente correto e todo certinho, onde um simples xingamento pode significar multa e olhe lá, até suspensão de corrida, dependendo da situação.
            Não é apenas Gilles Villeneuve que deixou saudades. Gilles virou mito. E o mito, hoje, mostra-se eterno...



Hoje começam os treinos oficiais para o Grande Prêmio da Espanha. O palco é o mais do que manjado circuito de Barcelona, onde todos os times conhecem a pista de cor e salteado, o que teoricamente faz deste GP o mais previsível da temporada. Nos testes de Mugello, semana passada, a Lótus foi o time que mais bem andou, e pode até ser a surpresa deste fim de semana. Será que veremos um 5° vencedor diferente este ano nesta prova, piloto e equipe? O campeonato está prometendo, e ninguém vai achar ruim entrar mais gente na parada. Para alguns, é agora que o campeonato começa de fato, com o início da fase européia, e com os times apresentando muitas novidades em seus carros. Vamos ver quem vai nos surpreender desta vez na pista...

quarta-feira, 9 de maio de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – NOVEMBRO DE 1995 - 02.11.1995


            Volto com a seção arquivo, para trazer a primeira coluna do mês de novembro de 1995. Coluna escrita logo após o Grande Prêmio do Japão daquele ano, disputado apenas uma semana depois do Grande Prêmio do Pacífico, sediado também no Japão, no circuito de Ainda. E os japoneses viram decisões em dobro: se em Ainda Michael Schumacher havia conquistado o bicampeonato mundial, em Suzuka foi seu time, a Benetton, que conquistou o troféu de construtores daquela temporada. Foi o primeiro e último título de construtores da equipe multicolorida, pois como todos sabem, Schumacher e mandou de mala e cuia para a Ferrari no ano seguinte, e a Benetton nunca mais foi a mesma, apesar das falácias de Flavio Briatore de que a saída do alemão não faria a menor diferença.

            Uma boa leitura a todos...

 
BENETTON, A CAMPEÃ DO ANO
 
Adriano de Avance Moreno

            Não há dúvidas: a Benetton, que conquistou em Suzuka o seu primeiro campeonato mundial de construtores, o mereceu este ano. Foi o time que mais venceu, e o que melhor planejou cada uma de suas corridas. Pode até não ser a melhor nas qualificações, mas e daí? O que importa são as corridas, e aí sim, nesta hora, a Benetton mostrou combate, principalmente com seu piloto Nº 1, Michael Schumacher, que igualou no Grande Prêmio do Japão o recorde de 9 vitórias em uma mesma temporada, que era de Nigel Mansell, em 1992. E ele promete bater este recorde em Adelaide, na Austrália, etapa de encerramento do mundial 95.
            A Benetton conquistou 11 vitórias este ano, sendo 9 com Schumacher, e 2 com Johnny Herbert, que praticamente herdou os triunfos em Silverstone, onde uma punição tirou a vitória que seria de David Couthard; e em Monza, onde a quebra de Jean Alesi a poucas voltas do final lhe deu outra vitória. Enquanto Schumacher muda-se para a Ferrari, Herbert ainda está à procura de emprego para 96. Tyrrel e Sauber são suas opções, mas são incertas.
            Flavio Briatore, o grande vitorioso do ano, já lançou o desafio para 96, o de que a Benetton manterá o seu nível vitorioso, agora contando com Jean Alesi e Gerhard Berger. Briatore quer mostrar que as vitórias da Benetton são também resultado do trabalho da equipe, e não apenas de Michael Schumacher.
            A Benetton, porém, vai ter de repensar seus carros. Não é segredo que, desde 1993, o time constrói seus carros direcionados para o estilo de pilotagem de Schumacher, o que sempre acabou prejudicando os outros pilotos do time. Isso seria em parte a razão de Herbert não conseguir acompanhar o alemão na maioria das provas: o carro é “regulado” de nascença para o estilo de pilotagem de Schumacher. Com Berger e Alesi, dois bons pilotos, e de considerável combatividade e competência, a Benetton terá de rever essa sua forma de concepção de seus carros. Será preciso que os monopostos sejam bons com ambos os pilotos, e não apenas com 1 só.
            Fim de prova em Suzuka, uma pergunta no ar no paddock: o que será de Damon Hill na Williams? Apesar de ter contrato para 96, há quem garanta que Hill não fica no time após o encerramento desta temporada, na Austrália. Boato ou certeza, ninguém sabe ao certo. A única verdade é que a Williams entrou em crise com a derrota de Suzuka, uma derrota que começou já no treino de sábado para a formação do grid, quando ambas as Williams foram superadas por Mika Hakkinem, da McLaren, pela primeira vez em 2 anos. A última vez tinha sido na Austrália, em 93, por Ayrton Senna, naquela que foi a última pole da McLaren, e também a última vitória do time até o momento. A boa exibição em Suzuka indica boas perspectivas para a equipe de Ron Dennis em 96.
            Para Rubens Barrichello, foi mais um GP azarado. Nitidamente mais rápido que Eddie Irvinne, ele foi pego pelo azar na tentativa de ultrapassagem sobre seu colega de equipe. Seu carro pegou uma das poucas poças de água existentes no circuito e deu uma chicotadas, perdendo o controle e saindo da pista e da prova. Ele estava confiante em chegar ao pódio, e seu ritmo de corrida mostrava que ele não estava sonhando tão alto assim. Ele vinha mais rápido que Herbert, que terminou em 3º. Irvinne teve toda a sorte que faltou ao brasileiro: foi tocado forte duas vezes, rodou, voltou à corrida e terminou em 4º. Nada mal.
            O desgosto maior foi de Alesi. O francês foi traído pelo motor de sua Ferrari no momento mais emocionante da prova. Esta a menos de 2s de Schumacher, e fazendo muita pressão no alemão. Era incrível o ritmo do francês: Alesi tinha sido punido por queimar a largada com uma parada de 10s no box; depois de ultrapassar um retardatário, saiu da pista, controlou o carro, voltou ao traçado, deu um cavalo de pau, corrigiu o rumo e retomou a corrida, fazendo voltas mais rápidas inúmeras vezes. Não fosse o seu abandono, Schumacher poderia não estar comemorando sua 9ª vitória no campeonato.
            Uma ironia: na Tyrrel e na Ligier, os pilotos nipônicos não conseguiram nada no GP de seu país, ao contrário de seus colegas de equipe europeus. Olivier Panis foi um bom 5º lugar, enquanto Aguri Suzuki bateu forte no treino de sábado, quebrou uma costela e deu adeus à sua participação na corrida; Mika Salo foi o 6º, enquanto Ukyo Katayama também bateu, só que durante a corrida. O último piloto japonês, Taki Inoue, ficou em último na bandeirada. Não foi mesmo o dia dos japoneses...
            Terminado o GP, é hora de se aprontar para a próxima corrida, na Austrália. Para os pilotos, é hora de aproveitar umas pequenas férias de alguns dias apenas. Barrichello, por exemplo, voou para Bangcoc. Todo o pessoal das equipes também curte uns dias de folga. Tudo termina na próxima terça-feira, quando recomeça o trabalho em Adelaide, onde será disputado o último GP do ano. Até lá, então...



Algumas curiosidades sobre a nova pista oval que está sendo construída no Rio de Janeiro: segundo especulações, os carros da F-Indy serão capazes de atingir 360 Km/h na reta. Com isso, seria o 3º circuito oval mais rápido do campeonato, perdendo apenas para Michigan e Indianápolis. Com cerca de 3 Km de extensão, será também o 3º maior circuito oval, ficando novamente atrás de Indianápolis (4 Km) e Michigan (3,2 Km). A prova brasileira irá se chamar RIO 500, mas serão 500 Km, e não 500 milhas.


 
Émerson Fittipaldi terá um time exclusivo para si no ano que vem. A Penske vai ficar com Al Unser Jr. E Paul Tracy como pilotos “oficiais”. Émerson será o piloto de Carl Hogan, ex-sócio de Bobby Rahal, que resolveu partir para a criação de sua própria escuderia. O seu time será uma filial oficial da Penske. Émerson terá todo o apoio técnico do time de Roger Penske, bem como seus melhores mecânicos. O piloto brasileiro terá à sua disposição chassis Penske oficiais, bem como motores Mercedes de fábrica. A separação foi uma forma de acalmar os ânimos na Penske, que andam ruins pelo fato de a equipe ter apoiado Al Unser Jr. E deixado Émerson em segundo plano a partir de Indianápolis. Mas há que se frisar que, apesar das equipes serem diferentes, na prática, Émerson continua com Roger Penske. A nova equipe será “gerenciada” por Carl Hogan em parceria com Roger Penske.


 
Quem gosta de uma boa piada da F-Indy, eis uma que surgiu há algum tempo atrás sobre Hiro Matsushita: a de que o piloto japonês, famoso pelas barbaridades que comete como retardatário na hora de ser ultrapassado pelos líderes, agora faz parte “oficialmente” dos circuitos da categoria, como “chicane móvel”...


 
Apesar do que dizem que a F-1 está perdendo o interesse, é cada vez maior o número de países pretendentes a sediar um GP da categoria: China, Holanda, Áustria, Rússia, Indonésia, Finlândia, e até a Nova Zelândia. A FIA já estuda há algum tempo o aumento de 16 para 18 GPs por temporada. Este ano, chegamos perto, com 17 corridas...


 
Schumacher já tem data para estrear na Ferrari: 17 de novembro, no circuito de Estoril, em Portugal, onde o time italiano deve fazer os primeiros testes visando já a temporada de 96. E a Benetton avisa: até 6 de janeiro de 96 já coloca o seu novo carro, o B196, na pista para os primeiros testes. Rapidez é a ordem do momento na F-1...