sexta-feira, 27 de abril de 2012

INDY NA MARGINAL


            E os carros da Indy Racing League chegaram a São Paulo, para a etapa brasileira do campeonato. Na pista, teremos 4 representantes tentando dar o melhor de si para presentear a torcida com a primeira vitória brasileira em terras tupiniquins (a vitória de André Ribeiro, em 1996, não conta aqui, porque era a F-Indy, não a IRL). Mas a maior ameaça se chama Will Power, que ganhou aqui nas ruas da capital paulista nas duas edições em que a prova foi realizada. E, a julgar pelo ritmo demonstrado pelo australiano nas últimas corridas, podem estar certos de que ele é o principal favorito. Assim como a Penske também é a equipe favorita para vencer, tendo ganho todas as corridas do ano até agora. Mas é dentro do favoritismo da Penske que os brasileiros têm sua melhor esperança de vitória, com Hélio Castro Neves, que venceu na abertura do campeonato, em São Petesburgo, na Flórida. Mas o brasileiro terá de vencer o tradicional azar que o acompanhou na prova brasileira nos dois anos em que foi realizada, quando fez apenas figuração.
            Na lista de esperanças da torcida, a KV Racing vem logo a seguir, por contar com a dupla Rubens Barrichello e Tony Kanaan. Tony fez bela prova em Long Beach, espantando um pouco o azar que o atingiu nas primeiras duas corridas, enquanto Barrichello terá um novo e mais rodado engenheiro para seu carro, Eddie Jones, oriundo da equipe Andretti, tendo trabalhado com o próprio Kanaan quando este foi campeão em 2004, e também com Dan Wheldon. Até aqui, a equipe montada para o carro de Rubens estava meio mal arrumada, e seu engenheiro era praticamente meio que um novato, o que ajudou a complicar algumas das estratégias de corrida do brasileiro neste início de campeonato. Agora contando com um engenheiro experiente, a KV quer realmente começar a melhorar sua posição no certame, que obviamente não é o que esperavam para este ano.
            O time de representantes nacionais se completa com Bia Figueiredo, que retorna ao cockpit para esta corrida e a Indy500, onde guiará um dos carros da equipe de Michael Andretti. Obter um bom resultado será vital para Bia tentar achar patrocínio para correr mais provas na temporada, mas o desafio em São Paulo será extremamente difícil: a brasileira só teve um dia de contato com o novo carro DW12, nos testes da pré-temporada, em Sebring, e vai gastar todo o seu tempo de treinos procurando achar o acerto do carro, que ainda quase não conhece, Bia confia que a melhor estrutura do time da Andretti a ajude a superar os obstáculos, uma vez que até o momento, correu em um time de menor expressão na categoria, a Dreyer & Reinbold, que no momento está penando com o motor Lótus, e que deve trocar de propulsor para o fim do campeonato, uma vez que a fábrica assumiu não ter condições de manter o fornecimento para todos os times que fecharam contrato com a fábrica malaia.
            Praticamente todos os ingressos foram vendidos este ano, em boa parte pelo anúncio de que Rubens Barrichello disputaria a categoria, após 19 anos correndo na Fórmula 1. É verdade que os resultados obtidos por Rubens até agora não empolgaram, mas ele vem crescendo de produção, e só não está melhor no campeonato porque levou um toque na volta final em Long Beach que o fez perder algumas posições. Embora não prometa vitória, Barrichello está animado em correr nas ruas de São Paulo, ao lado do Anhembi e dentro do Sambódromo.
            A organização da corrida promete que tudo estará melhor do que nunca, graças à experiência das etapas dos anos anteriores, que forneceram valiosos ensinamentos. Tomara, mas principalmente seria de bom grado que a prefeitura municipal tomasse mais jeito ao enfiar dinheiro dos contribuintes em um evento privado, mesmo com os benefícios para a cidade. E espera-se, principalmente, um pouco mais de profissionalismo e menos oba-oba por parte da Bandeirantes em sua transmissão, se bem que isso parece ser pedir demais. E, para mostrar que as esperanças parecem vãs, fiquem preparados: Téo José não vai narrar a corrida; Luciano do Valle estará de volta ao microfone. O único ponto positivo é que a corrida terá pelo menos o que deveria ser padrão para toda a temporada, transmissão na íntegra e ao vivo.
            Espera-se, também, que São Pedro não resolva comparecer, embora a previsão seja de possibilidade de chuva para o fim de semana. Para tentar evitar o problema, a organização resolveu antecipar a largada da prova, que será às 12:30 Hrs., meia hora antes do inicialmente previsto. A intenção é que, se a chuva vier, boa parte da corrida talvez já tenha sido disputada, e com isso, evitar o que ocorreu no ano passado, quando a prova ficou impossibilitada de ser finalizada no domingo e acabou sendo disputada na segunda-feira, em virtude do forte temporal que caiu na região. Mesmo assim, o sistema recebeu um belo reforço, para aumentar a vazão de água e evitar que ela fique empoçada na pista.
            E já começaram as reclamações de que o circuito de rua montado no Sambódromo e Anhembi atrapalha o trânsito nas imediações e que a corrida não deveria ser realizada ali. As reclamações tem sua lógica, mas de certo modo, não dá para se montar um circuito de rua sem atrapalhar parte do trânsito. É assim em todo o mundo, onde não feitas provas em circuitos urbanos. E não é apenas São Paulo que costuma ter um trânsito caótico. Mas, certamente, projetos melhores para contornar este inconveniente poderia tornar o incômodo menor. Infelizmente, não é de hoje que qualquer “anormalidade” no trânsito da maior cidade da América do Sul gera efeitos colaterais em uma área exponencialmente maior do que se imagina. E o pior de tudo é que o trânsito já anda complicado mesmo sem haver problemas, então, imagine ter algumas ruas fechadas para o trânsito... Para não mencionar que os “gênios” das autoridades nunca conseguem resolver o problema do trânsito a contento: sempre que arruma-se a situação de um lado, desarruma de outro, e assim vai...
            O que se espera da Prefeitura, pelo menos, é maior agilidade e competência na remoção das estruturas da corrida a partir de segunda-feira, se não houver imprevistos. Na primeira corrida, alguns guard-rails praticamente ficaram por lá o ano todo, sem terem sido devidamente retirados, atrapalhando o trânsito principalmente de pedestres. Para o público visitante, o circuito montado na região é interessante, e mesmo com algumas críticas, apesar de não ser uma maravilha, também não é uma porcaria. A pista tem a maior reta dos circuitos mistos do calendário, onde se pode ter boas disputas de posição. O problema maior é não ter como oferecer visão dessa área aos torcedores nas arquibancadas fora dos telões, uma vez que as demais pistas da Marginal Tietê estão logo ali e com trânsito normal. Os pilotos quase todos gostam da pista, mas não há como negar que o cheiro de esgoto do Tietê chega a incomodar em vários momentos.
            De minha parte, seria o máximo se os carros da categoria pudessem correr em Interlagos, mas desde que recuperassem a pista antiga: o anel externo daria um imenso oval, onde o público brasileiro poderia ir ao delírio com as altas velocidades que estes carros alcançam neste tipo de pista. Mas o traçado original está praticamente largado, e por pressão da FIA e FOM, em que digam exatamente o contrário, conspira-se para deixar o autódromo paulistano de fora desta festa.
            Os treinos começam amanhã, sábado, logo às 08h05 da manhã, com o primeiro grupo a entrar na pista. Às 11h05, os carros saem para o segundo treino livre. A classificação está programada para as 14h05. No domingo, teremos o warm-up às 8h30, e a largada da prova, às 12h30. É hora de ver a Indy na Marginal, e que venha a bandeira verde...


Semana que vem a F-1 volta às pistas, em Mugello, para 3 dias de testes. De terça a quinta-feira, todos os times (menos a Hispania, que resolveu não participar) estarão no circuito italiano para testar novidades em seus carros. Será a última sessão de testes do ano, e todos os times correm para preparar suas atualizações e aproveitar a oportunidade e testar todos os desenvolvimentos possíveis para seus monopostos, para encarar a fase européia do campeonato, que deve ser mais decisiva do que nunca, dado o equilíbrio visto nas corridas até o presente momento.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – ABRIL DE 2012

            Estamos chegando ao fim do mês de abril, e novamente é hora de termos a COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, com uma pequena análise do que se viu no mundo do esporte a motor neste mês. Como de costume, vamos às classificações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, boa leitura a todos, e até a cotação do mês que vem...



EM ALTA:

Equipe Penske: O time de Roger Penske vem ganhando todas as provas no atual campeonato da Indy Racing League, mas nem tudo tem sido fácil para o time. Em Long Beach, foi preciso um trabalho cuidadoso na estratégia para garantir a vitória, que esteve seriamente ameaçada por Simon Pagenaud. Mas Will Power ganhou a parada e a corrida, tornando-se o líder do campeonato. E, até o momento, ninguém parece conseguir desafiar abertamente a Penske, embora o time claramente não esteja exercendo um domínio avassalador.

Bruno Senna: o sobrinho do tricampeão Ayrton Senna pode não ter o mesmo talento do tio, mas tem lá seus méritos. Duas excelentes corridas na Malásia e na China garantiram a Bruno 14 pontos e uma ascenção sobre o venezuelano Pastor Maldonado, que vem sendo superado nos resultados no campeonato. Bruno ainda tem alguns reveses para corrigir, como o fato de sempre se enroscar de leve com alguém nas largadas, embora sem danificar seriamente o carro, embora seja o suficiente para deixar sua situação um pouco complicada. Mas o jovem Senna está ganhando mais ritmo a cada corrida, e melhor de tudo, está trazendo o carro inteiro para os boxes ao fim do expediente, o que conta muito para um time cujas finanças ainda estão na corda bamba. Embora no Bahrein não tenha conseguido repetir o mesmo desempenho, Bruno vai achando seu caminho, e neste ritmo pode enfim garantir seu lugar na F-1, mostrando-se uma opção sólida e confiável para 2013...

Jorge Lorenzo: O piloto espanhol estragou a festa programada pelo campeão de 2011, Casey Stoner, e mostrou que pode ser uma pedra na bota do piloto australiano na luta pelo título deste ano. Se no ano passado Stoner praticamente correu sozinho pelo título, o campeonato 2012 da MotoGP mostrou que este ano pode ser um pouco diferente. Mas o piloto espanhol vai precisar pilotar como nunca, porque a Honda não está para brincadeiras...

Campeonato da F-1 2012: Após 4 corridas, temos 4 vencedores diferentes, com 4 times também diferentes a terem vencido neste início de campeonato, algo que não se via há 29 anos na F-1. Em 1983, a F-1 também viu 4 pilotos e 4 times diferentes vencerem naquele início de campeonato. Mas naquele ano, o campeonato só foi ver um piloto repetir vitória na 6ª corrida, ou seja, o início de disputa viu nada menos do que 5 pilotos diferentes vencendo. E o campeonato atual ainda tem algumas surpresas potenciais na manga, pois dos times que andaram na frente, a Lótus ainda não venceu, mas chegou perto no Bahrein, podendo surpreender novamente a qualquer momento. E, dos times que venceram, ainda tem gente que pode vir a visitar o degrau mais alto do pódio, dependendo das circunstâncias. O reflexo se vê na classificação do campeonato, com vários pilotos separados por poucos pontos, o que indica que podemos ter algumas reviravoltas a qualquer momento, dependendo das corridas que vem por aí. Tudo indica que este ano a parada vai ser mesmo complicada de ser decidida com antecedência. Alegria para os torcedores, que poderão ter o melhor campeonato dos últimos tempos para assistir...

Nelsinho Piquet: Aos poucos, Nélson Ângelo Piquet vai construindo sua reputação nas categorias da Nascar. Na corrida do Kansas, o piloto brasileiro terminou na 4ª posição, e ocupa a 5ª colocação na classificação do campeonato da Truck Series, com apenas 23 pontos de desvantagem para Timothy Peters, o líder do certame, com 163 pontos. Aos poucos, o filho do tricampeão mundial de F-1 Nélson Piquet vai ficando mais entrosado com a competição, e poderá, muito em breve, fazer parte da elite da categoria. E vale lembrar que as categorias Nascar são muito disputadas, e não é qualquer piloto, ainda mais um estrangeiro, que consegue construir uma reputação de respeito por lá. E ainda tem gente que acha que automobilismo é apenas a Fórmula 1...





NA MESMA:

Ferrari: o time de Maranello conseguiu um resultado até inesperado na Malásia, graças à chuva e à habilidade de Fernando Alonso, mas na China e no Bahrein, os carros vermelhos mostraram novamente toda a sua limitação em termos de competitividade, e nem mesmo o talento do bicampeão espanhol foi capaz de fazer a diferença, lutando pelos últimos lugares pontuáveis. A sorte da Ferrari é que com o campeonato tão equilibrado, ninguém conseguiu disparar na frente. Agora o time tenta aprontar uma versão completamente revisada do F2012 para ver se conseguem voltar a andar para a frente...

Toro Rosso: O time “B” da Red Bull aparentemente não terá um ano muito inspirado, pelo que se viu até aqui. E sua nova dupla de pilotos, ao que tudo indica, pode começar a se preocupar com a pressão de Helmut Marko rondando suas cabeças. Daniel Ricciardo conquistou apenas 2 pontos até agora, enquanto Jean-Éric Vergne teve um pouco mais de sorte e tem 4 pontos. Mas ambos até agora estão meio que empatados em termos de performance e desempenho, o que pode ser um mal presságio... foi desse jeito que a dupla anterior acabou sendo descartada pela direção da Red Bull, sob alegação de não terem mostrado talento que os credenciasse para correr no time principal. Teremos mais uma dupla sendo despedida sem aviso prévio ao fim do ano? Ainda é cedo para dizer, mas Marko, se não achar “outro” Vettel logo, pode ficar bem impaciente...

Equipe Mercedes: Quando Nico Rosberg venceu na China, assombrando todo mundo que esperava que o time alemão fosse apenas leão de treino, muitos começaram a apostar que os carros prateados poderiam entrar na luta pelo título, e o filho de Keke, o novo “intrometido” no duelo dos gigantes da F-1. Mas na prova seguinte, no Bahrein, eis que a Mercedes voltou a ficar para trás. Nico não conseguiu repetir a proeza de Shanghai, e Michael Schumacher continuou com seu calvário de problemas, sendo eliminado no Q1 e saindo lá de trás para conquistar um minguado 10° lugar depois de muito esforço. Ainda é cedo para dizer que a Mercedes é carta fora do baralho, mas o time precisa estabilizar sua performance para começar a se empolgar na disputa do campeonato.

Dario Franchiti: o tetracampeão da IRL continua longe das primeiras colocações nesta temporada. O escocês largou na pole na corrida de Long Beach, uma vez que todos os pilotos com motor Chevrolet perderam 10 posições por troca dos propulsores, mas o atual campeão da Indy passou a corrida despencando para trás, terminando numa modesta 15ª colocação e vendo o principal rival dos últimos dois anos vencendo pela segunda vez consecutiva e assumindo a liderança do campeonato. Embora ainda mantenha a calma e a discrição, não deve ser nem um pouco agradável estar sendo, até o presente momento, um coadjuvante na classificação da IRL. Franchiti tem esperança de melhores dias, até porque seu companheiro de equipe, Scott Dixon, é o 4° colocado na classificação, embora tenha abandonado a corrida de Long Beach. Mas, enquanto estes dias melhores não chegam, a concorrência está indo embora...

Rodízio no calendário da F-1: Bernie Ecclestone anunciou que em 2013 o GP da França voltará ao calendário da categoria. Ainda não se sabe se volta Magny-Cours ou se Paul Ricard estará retornando depois de mais de 20 anos, mas o problema é que a corrida deverá ser revezada com a prova de Spa-Francorchamps. Que a França e Paul Ricard devem voltar todos concordam, mas revezar com a Bélgica, como já mencionei antes, beira a heresia, porque ambas as corridas merecem estar no calendário, mais do que muitas corridas “novas” inventadas nos últimos anos. Mas Ecclestone não perde a sede de dinheiro tão fácil, infelizmente. E ele ainda ameaça tirar mais provas da Europa, então, dali a pouco, é capaz de inventar rodízio entre outras corridas no Velho Continente...





EM BAIXA:

Cartolagem da F-1: Ao final de tudo, o Grande Prêmio do Bahrein acabou sendo disputado, mesmo com parte do país enfrentando manifestações pedindo mais liberdade e justiça para o povo. Felizmente, nada aconteceu e a corrida, bem como todo mundo, saiu de lá sem passar por nenhum sufoco. Se isso foi bom, por não ter acontecido nada de ruim, por outro lado, tem um viés bem negativo: Bernie Ecclestone e Jean Todt, que já se achavam acima de tudo e de todos, vão se achar ainda mais pelo fato de tudo ter corrido bem. Eles apostaram que nada daria errado, e acabaram ganhando a aposta, mesmo com a crítica geral de que a categoria máxima do automobilismo não deveria ter tomado parte nesta roubada. Ficou muito forte o caráter capitalista da F-1, que vai aonde houver dinheiro, e que parece viver em um mundo à parte da realidade. Fico imaginando se o ditador da Síria, de uma hora para outra, oferecer um rio de dinheiro a Ecclestone, se ele não manda todo mundo correr nas ruas de Damasco, mesmo com toda a convulsão social que o país atravessa...

Automobilismo brasileiro: O esporte a motor no Brasil vai de mal a pior. Se a Stock Car e a Fórmula Truck continuam bem, o resto está indo para o buraco. A F-3 brasileira, que já chegou a ser uma das mais importantes do mundo, agoniza com grids reduzidos, e este mês a F-Futuro, campeonato criado há 2 anos atrás com apoio e iniciativa de Felipe Massa, acaba de ser extinto oficialmente, devido à falta de apoio e competidores. Massa fez o que pode, e já foi muita coisa, mas infelizmente, a cartolagem brasileira, leia-se CBA, não ajuda e o pior de tudo, aparentemente, ninguém sentirá falta da categoria, que com isso os pilotos que saem do kart perdem a oportunidade de correrem em uma categoria que sirva de escola para os campeonatos de monoposto. As opções, infelizmente, serão ir para a boléia (a Truck), ou ir para a bolha (Stock). Depois, que não perguntem porque nosso automobilismo não revela mais craques...

Valentino Rossi: Quando trocou a Yamaha pela Ducati, todos esperavam que Rossi repetisse o feito de quando saiu da Honda para a sua maior rival japonesa. Só que na equipe italiana o buraco é muito mais embaixo do que Valentino imaginava, e se em 2011 não dava para esperar milagres, todos confiavam em uma recuperação neste ano. Mas na primeira corrida, no Qatar, Rossi reclamou muito de sua moto, dizendo que ela era impossível de se pilotar. Será mesmo? Seu companheiro de equipe, Nick Hayden, foi melhor do que Rossi em todo o final de semana de início da MotoGP 2012, e terminou a prova em 6°, enquanto seu parceiro italiano foi apenas o 10°. Será que Rossi está deixando de ser o “Doutor” que encantou o mundo da motovelocidade? A conferir neste campeonato...

Stefano Domenicalli e a Ferrari em relação a Felipe Massa: Em que pese Felipe Massa ter feito sua melhor corrida no ano  no Bahrein, eis que o chefe da escuderia vem à imprensa e fala que o piloto brasileiro não deveria tentar desafiar Fernando Alonso e compreender seu verdadeiro lugar no time italiano. Deu a entender que Felipe não deveria tentar andar na frente do espanhol, e até parece que Massa pôs Alonso em perigo na corrida barenita. Seria melhor que Domenicalli falasse logo com todas as letras que Massa é piloto acessório da escuderia e parasse com as indiretas, ainda mais porque parece que nem pilotar direito agora o brasileiro pode, e Massa vai precisar dar um basta nisto qualquer hora, se quiser mostrar que pode voltar a ser o piloto combativo que mostrou em 2008. É esquisito, para dizer o mínimo: nas duas primeiras corridas, em que Felipe teve um desempenho pífio, a Ferrari saiu em defesa do brasileiro; agora que ele está andando bem melhor, passa esse “sermão” em Massa? Nas duas últimas corridas, Felipe já se recuperou bastante, chegando bem perto do espanhol no final das corridas, respectivamente a 5s e 7s de desvantagem. Como o carro da Ferrari é uma porcaria, está se vendo que, mesmo com todo o seu talento, não é sempre que Alonso consegue fazer sua mágica, como fez na Malásia. E quanto a Massa, é bom que já pense em correr em outro time em 2013, e resolva chutar o pau da barraca e correr pra valer, se quiser mostrar que é um piloto forte, para conseguir um lugar decente no próximo ano. A Ferrari, por sua vez, que se dane...

Motores Lótus na IRL: A notícia veio apenas nestes últimos dias: a Lótus vai reduzir o número de seus carros equipados com os novos motores turbo V-6 no campeonato da Indy Racing League. A Dreyer & Reinbold e a Bryan Herta Autosport deverão passar a competir com outros propulsores a partir das 500 Milhas de Indianápolis. Os motores da Lótus mostraram-se inferiores aos Honda e Chevrolet, tanto em consumo quanto em potência, e problemas no fornecimento de peças e materiais deixou seus times praticamente sem motores de reserva para usar em caso de quebra nas primeiras corridas. HVM e Dragon continuarão utilizando os motores da fábrica malaia, mas sem maiores expectativas para o atual campeonato. Um revés inesperado para a nova era da IRL anunciada para esta temporada, quando foram adotados novo carro e novos propulsores...

sexta-feira, 20 de abril de 2012

GP DA GANÂNCIA E DA INSENSATEZ

            A Fórmula 1, enfim, retornou ao Bahrein, como muitos até temiam. Corrida cancelada no ano passado, em virtude dos protestos do povo por um governo mais justo e menos opressor, desta vez a ganância da FOM e da FIA falou mais alto, e o circo da categoria já está armado no autódromo de Sakhir, sob forte esquema de proteção, para garantir que nada dê errado, e a segurança de todos esteja assegurada.
            Se no ano passado a F-1 mostrou um raro caso de bom senso, seria demais esperar a repetição do mesmo milagre. Mas na semana passada, em pleno GP da China, Bernie Ecclestone e Jean Todt vieram a público para dizer que correriam por que correriam no Bahrein neste final de semana. Os times, receosos com a notícia, mudaram seu tom e dizem acreditar nas garantias da FIA e do governo barenita de que não haverá nada de errado por lá. E eu também acredito no coelhinho da Páscoa, e que os políticos brasileiros são honestos a toda prova...
            Pelo sim, pelo não, será a corrida mais esvaziada, em termos de profissionais da imprensa, em muitos anos. Várias emissoras que transmitem a categoria resolveram não enviar suas equipes ao Oriente Médio, preferindo fazer uma transmissão total de seus estúdios em suas respectivas sedes. Da mesma maneira, vários órgãos da imprensa escrita também não mandaram seus repórteres e fotógrafos para Sakhir. Para alguns times, ouvi algo na linha de que “seria menos gente para encher o saco”, talvez uma indireta de que os jornalistas e fotógrafos só incomodam, mas no diz-que-diz do momento, não sei se é uma declaração verídica ou apenas fofoca...
            De qualquer maneira, até o fechamento desta coluna, tudo seguia como o planejado, de modo que hoje serão disputados os primeiros treinos livres. Mas a turma que está protestando nos últimos meses vem reforçando sua hostilização, ao passo que as forças de segurança barenitas também estão aumentando a repressão brutalmente, prendendo várias pessoas potencialmente causadoras de confusão para evitar que o caos se mostre, o que é mais um mau sinal a ser carregado pela F-1. Os chefões da F-1 dizem que esporte e política não se misturam e não devem mesmo se misturar, justificando a decisão de correr no pequeno país árabe. Só que a justificativa é totalmente falsa devido ao fato de que, correndo, a F-1 já está tomando uma posição, que é a de apoio à família real barenita, ou seja, do governo, pois este é o organizador da corrida, e não uma empresa particular. Bernie Ecclestone & Cia. resolveram mandar o bom senso para as cucuias em troca dos dólares dos árabes da família Al Khalifa, e o povo, que faz até exigências legítimas de uma vida melhor, mais liberdade e justiça, que se dane, pura e simplesmente. Mas, desde quando a F-1 age de maneira sensata? O lado negócio manda, mesmo que a insensatez tenha que prevalecer.
            E mesmo que o clima até agora tenha se mostrado “calmo”, não há garantias de que vá permanecer assim. John Yates, membro do Ministério do Interior do governo barenita, já deu declarações de que o governo não é capaz de garantir segurança total para a realização do GP. Os times, por sua vez, tomaram medidas de proteção extras para seu pessoal em todo o fim de semana, desde o momento de suas chegadas a Manama. Se isso vai resolver, afirmo que é algo relativo. Se o povo resolver mostrar sua força, temo pelo pior que possa acontecer. E acreditem, o pior pode mesmo ser plausível, com direito, talvez, a bombas e invasões em larga escala. E os manifestantes estariam prometendo “três dias de fúria” nos protestos, e de hoje a domingo, são três dias... E na semana passada, os protestos já ficaram bem mais violentos, com direito a bombas e mortes, sinal de que o clima, que era indócil, estaria esquentando com a proximidade da corrida.
            Tenho receio de que, em algum momento-chave, uma multidão de pessoas invada o circuito, talvez com os carros na pista, e façam um estrago monumental, antes que qualquer força de segurança consiga botar alguma ordem no pedaço. Estamos falando de uma região do globo onde homens-bomba e atentados com bombas, muitas de alto poder explosivo, não são incomuns. Certo, o Bahrein não é a Síria, a Tunísia, o Egito ou a Líbia, mas dá para ignorar tal ameaça? E se algo assim acontecer, quero ver com que cara o pessoal da F-1 vai ficar, isso na hipótese de a corrida acabar cancelada ou anulada devido a algum atentado, e nem estou falando de alguém acabar morrendo no meio disso tudo. Pode até não acontecer nada, mas a F-1 já deu o seu recado: dinheiro na mão e dane-se todo o resto...
            Martin Witmarsh, da McLaren, disse que não vê diferença entre ir para o Bahrein ou para o Brasil, dando a entender que por aqui as coisas também são perigosas, e muito. Que a segurança em Interlagos não é lá essas coisas, para falar da situação geral de nosso país, bem, isso não é novidade nenhuma. É uma realidade, e muito vergonhosa para nosso país, diga-se, ainda mais com a impunidade e corrupção que grassam nossos poderes públicos, que a cada dia mais perdem a vergonha na cara e chegam ao cúmulo de alguns políticos admitirem na cada dura que não estão nem aí para o povo. Mas daí a comparar com um país à beira de uma guerra civil, com bombas voando para todos os lados, e um governo reprimindo manifestações até legítimas com violência, ainda não chegamos nem perto disso. Mas, por outro lado, Witmarsh é mais do que suspeito para falar algo, afinal, metade do grupo McLaren é de propriedade de um fundo de investimentos ligado ao governo barenita, então ele nunca poderia falar mal deles...
            O governo barenita, por sua vez, perdeu sua oportunidade de mostrar que está preocupado com o bem-estar de seu povo, ao iniciar a onda de repressão. País dos mais liberais no Golfo Pérsico, o Bahrein tinha tudo para efetuar algumas mudanças e dar ao povo mais liberdade e tratamento justo. É um país relativamente pequeno, onde seria fácil implantar mudanças que certamente agradariam à parcela descontente da população e até deixar a monarquia que governa o país com uma imagem positiva e popular. Mas a divisão dos sunitas e xiitas parece falar mais alto, e o governo da minoria sunita aparentemente prefere manter seu status quo de poder, enquanto a maioria do povo, que é xiita, sente-se desprezada e ignorada.
            A F-1 resolveu procurar sarna para se coçar. E vai ser bem ruim se acabar encontrando...



Nico Rosberg enfim desencantou na F-1, ao conseguir, domingo passado, sua primeira vitória na categoria, e a primeira da Mercedes como equipe de F-1 desde a década de 1950. Nico torna-se o segundo filho de campeão de F-1 a vencer na categoria, repetindo o feito de Damon Hill, filho do bicampeão Graham Hill. Keke Rosberg, pai de Nico, foi campeão pela equipe Williams em 1982. Nico chega à vitória depois de 6 temporadas e 110 corridas. A festa da equipe Mercedes só não foi mais completa porque Michael Schumacher abandonou a corrida depois de seu primeiro pit stop, em conseqüência de uma das rodas não ter sido devidamente apertada na troca de pneus, obrigando o heptacampeão a abandonar logo em seguida. Em contrapartida, o pódio de Shanghai foi todo ocupado por pilotos usando motores da Mercedes. Jenson Button e Lewis Hamilton ficaram em 2° e 3° lugares, e a McLaren usa os propulsores alemães desde 1995.



A Indy Racing League viu o australiano Will Power vencer a corrida de Long Beach na semana passada, após uma ousada corrida de estratégia do piloto da Penske, que assumiu a liderança do campeonato. E a categoria desembarca na próxima semana em São Paulo, para a prova brasileira do calendário. O circuito, mais uma vez, será na região do Anhembi. Espero que se lembrem de deixar São Pedro de fora desta vez, ao contrário dos últimos dois anos...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – OUTUBRO DE 1995 – IV

            Aqui estou eu para trazer mais uma de minhas antigas colunas. Esta foi escrita logo após o GP do Pacífico de 1995, a última corrida realizada no circuito de Aida, que despediu-se da F-1 assistindo à conquista do bicampeonato de Michael Schumacher pela equipe Benetton. Um campeonato que, ao contrário do ano anterior, não teve dúvidas para ninguém: Michael havia sido mesmo o melhor piloto do ano, embora, mais uma vez, não tivesse exatamente o melhor carro. A Williams, por sua vez, não soube capitalizar seu potencial técnico para conquistar o título, e se em 1994 ainda tinha vingado a taça dos construtores, em 1995, nem isso conseguiria.
            Mas foi também o único título de construtores conquistado pela equipe Benetton. Ao fim da temporada, Michael Schumacher se mudaria de mala e cuia para a Ferrari, e o time multicolorido nunca mais seria o mesmo, vítima de sua extrema dependência do piloto alemão. Curtam agora o texto, e até breve...

 
SCHUMACHER NÃO GANHOU, A WILLIAMS É QUE PERDEU
 
Adriano de Avance Moreno

            Michael Schumacher conquistou o seu bicampeonato com chave de ouro no GP do Pacífico. Adotando a princípio uma postura prudente e cautelosa, dizendo que iria correr pelo título, Schumacher acelerou fundo e conquistou o campeonato com uma vitória incontestável, derrotando seus pretensos adversários com facilidade até.
            Não quero discutir os méritos e o talento do alemão, mas de fato, tudo foi facilitado para ele. Não foi Schumacher que ganhou o título, mas a Williams que o perdeu. Damon Hill e David Couthard estiveram longe de aproveitar o real potencial técnico da Williams durante o campeonato, com exceção de algumas ocasiões.
            No quesito classificação, a Williams foi imbatível, com 6 poles de Hill e 5 de Couthard, contra apenas 3 de Schumacher. Mas é na corrida que tudo se decide, e nessa hora, Schumacher chegou a humilhar os pilotos do time adversário. Apenas em uma ou outra etapa o alemão acabou comendo poeira dos pilotos de Frank Williams.
            A Williams já começou meio mal o ano. Apesar de ter o melhor carro, viu Couthard se resignar a ser o 2º colocado em Interlagos. Na Argentina e em Ímola, Hill dominou a concorrência, com Schumacher caindo pelas tabelas. A partir de Barcelona, entretanto, a maré voltou-se a favor do alemão. Contribuiu para isso, as quebras de Hill em Barcelona e no Canadá. Adotando uma nova tática de corrida, o alemão surpreendeu a todos parando apenas 1 vezes nos boxes, ou 1 vez a menos que a concorrência. Foi assim na Espanha, Mônaco e França, e só não repetiu o feito no Canadá por um problema momentâneo no câmbio.
            Na Inglaterra, onde vimos um Damon Hill determinado e decidido a encarar Schumacher na base do tudo ou nada, acabou dando-se nada quando o inglês forçou uma ultrapassagem em um ponto impossível de fazê-lo e ambos acabaram fora da pista. Hill acabou se precipitando e perdeu a chance de derrotar Schumacher em uma luta direta, pois tinha o que precisava para o pressionar e passar a Benetton.
            Na Alemanha, uma derrapada e saída de pista logo ao iniciar a 2ª volta foi outro erro de Hill que facilitou as coisas e permitiu a Michael vencer pela primeira vez em Hockeinhein. Nesta corrida, Couthard também fracassou em deter o alemão, terminando na 2ª posição, logo atrás do piloto da Benetton. Se tivesse mais determinação, poderia ter vencido. Já em Silverstone, o ímpeto de Couthard lhe rendeu uma punição de 10s em virtude de excesso de velocidade nos boxes, e viu suas chances de vencer a corrida irem para Johnny Herbert.
            Na Hungria, Hill foi perfeito e nocauteou Schumacher na pista e na estratégia de corrida, mas foi sua última grande exibição. Daí em diante, ele foi perdendo Schumacher de vista na classificação, até a conquista do título de 95 domingo passado pelo alemão.
            Na Bélgica, não fosse sua punição por excesso de velocidade nos boxes, Hill talvez tivesse chance de dar mais combate a Schumacher. Apesar disso, foi uma corrida em que Damon foi agressivo e determinado, mas faltou-lhe a sorte para conseguir vencer, o que Michael teve de sobra. Em Monza, Hill se precipitou novamente, causando uma batida que deixou ele e Schumacher fora da pista. Mas desta vez, as imagens mostraram que Schumacher freou um pouco antes, após ambos ultrapassarem um retardatário. Muitos ficaram divididos neste episódio: uns acham que Hill cometeu outro erro grosseiro; outros acham que Schumacher tentou levar Hill a cometer um erro e até a sair da pista para evitar uma batida. Se foi com esta última intenção, acabou errando feio também, pois acabou sendo tirado da corrida, pois Hill não conseguiu evitar a colisão. Ninguém saberá a verdade: se de um lado Hill afirma que foi atrapalhado pelo retardatário, Schumacher nunca vai dizer que cometeu um erro tentando intimidar Hill com uma freada antecipada.
            Em Portugal e em Nurburgring, o alemão deu o seu show, e apesar da vitória de Couthard no Estoril, o escocês não conseguiu se livrar da má imagem que causou em Monza, onde rodou sozinho duas vezes: na volta de apresentação e depois quando liderava a corrida. E, da mesma maneira que ganhou em Portugal, em Nurburgring o escocês acabou levando vantagem sobre Hill apenas por causa dos erros do colega de equipe. Durante o tempo em que esteve na pista, Hill andou muito mais rápido do que Couthard. Mas uma tentativa errada de ultrapassar Jean Alesi numa curva tirou-lhe as esperanças de vencer a corrida.
            Em Aida, Schumacher deu um show, derrubando tanto Hill quanto Couthard, que tinham equipamento superior ao alemão, mas ficaram apenas na promessa. Hill ainda tinha o consolo de ter ficado um bom tempo preso no tráfego, mas ficou nítido que seu maior adversário acabou sendo sua própria equipe, que gastou preciosos segundos a mais em seus pit stops do que o pessoal da Benetton em relação a Schumacher.
            Resumindo tudo até agora, a Williams teve quase sempre o melhor carro durante toda a temporada, mas seus pilotos não conseguiram tirar proveito, ou o fizeram muito mal, desse potencial, e só não ficaram ainda pior porque a Ferrari, que no início do ano dava mostras de que poderia competir com Benetton e Williams, também caiu muito de rendimento, não correspondendo às expectativas.
            As razões para isso são muitas. Muitas razões mesmo, a começar é claro por Schumacher, cujo talento ninguém discute, mas ele mesmo não é considerado uma boa figura. Na Alemanha, sua popularidade não é lá essas coisas, e muitos o julgam um farsante e arrogante, imagem que Michael não consegue se livrar, por mais que se esforce. Outras razões foram a excelente visão estratégica da Benetton, que se mostrou superior à da Williams em diversas ocasiões, derrubando Hill e Couthard em situações que ninguém esperava ocorrerem. Hill e Couthard também tiveram sua cota de culpa por isso também. O inglês cometeu diversos erros em corrida, e o escocês chegou a abusar dos equívocos em diversas etapas. Em outras mais, ambos não conseguiram aproveitar a performance técnica das máquinas de Frank Williams. Em outras corridas, simplesmente não tiveram braço, e em outras, nem se fala. A fiabilidade mecânica também pesou contra a Williams, cujos pilotos, em especial Couthard, abandonou diversas corridas por motivo de quebra mecânica, o que só inflingiu Schumacher e sua Benetton na Hungria, e por pouco no Canadá.
            Tudo isso apenas mostra que, como em 1986, quando Nélson Piquet e Nigel Mansell perderam o título para Alain Prost, a Williams perdeu o campeonato para Michael Schumacher, e neste ano a situação é pior que a de 94, quando a escuderia conquistou, pelo menos, o título de construtores. Este ano, com 21 pontos de vantagem, a Benetton está perto de conquistar a taça dos construtores, e deixar a Williams, pela primeira vez desde 1991, com um amargo vice-campeonato para engolir...
            Isso não quer dizer que Schumacher não seria o campeão se a Williams tivesse utilizado melhor seu equipamento e seus recursos. Poderia até não ser o campeão, mas sua luta teria sido muito mais difícil, e enfrentado muito mais resistência e oposição, o que forçaria Schumacher a ter de mostrar todo o seu talento em condições mais desfavoráveis, para conquistar o título. Sua vitória, nestes termos, seria muito mais saboreada do que nas condições em que foram realmente conseguidas...



O Brasil pode acabar sediando 2 etapas da F-1 em 1996. Além do Grande Prêmio do Brasil, o nosso país pode acabar tendo também o Grande Prêmio das Américas, que poderá ser realizado no circuito de Jacarepaguá, que recebeu a F-1 até 1989.



Christian Fittipaldi já começou a treinar com sua nova equipe, a Newmann-Hass. E logo no primeiro teste, já foi mais rápido do que o primeiro piloto do time, Michael Andretti. Resta saber como vai ser o relacionamento dos dois caso o brasileiro faça o americano comer poeira na primeira ocasião em 1996. Vem briga por aí...

sexta-feira, 13 de abril de 2012

EMPURRA-EMPURRA

            Cá estamos em Shanghai para o Grande Prêmio da China de Fórmula 1, e o assunto no paddock é um só: haverá corrida no Bahrein? Desde que a corrida foi reinserida no calendário da categoria, após o seu sensato cancelamento no ano passado, Bernie Ecclestone, FIA e principalmente o governo barenita repetiam que este ano não haveriam os problemas que forçaram a etapa a não ser realizada no ano passado. E, até alguns dias atrás, todos eles, em sua grande parte do tempo, afirmavam que estaria tudo dentro dos parâmetros necessários para se reefetivar a corrida no pequeno país insular do Oriente Médio.
            Mas o que muitos temiam parece estar acontecendo: os levantes do povo estão crescendo novamente, e desta vez, já há um recado até claro de muitos dos manifestantes: a F-1 não é bem-vinda no país. Já vi fotos até de pinturas conclamando o boicote à corrida, enquanto se ouve declarações de alguns manifestantes de que a corrida está “legitimando um governo opressor que não dá ouvidos a seu povo”, entre outras afirmações. A situação parece ter ficado mesmo temerosa, a ponto de Bernie Ecclestone afirmar, esta semana, que se os times da categoria não quiserem correr, ele não os fará competirem. Mas alguém acredita nisso seriamente? No fundo, o que estamos vendo é um perfeito jogo de empurra-empurra, onde ninguém quer ser o primeiro a dar o passo inicial.
            Já fazem anos que todos os contratos da F-1 têm claúsulas sobre o rompimento de acordos. Quem não honrar seus compromissos está afeito a sofrer as conseqüências de seus atos. Ecclestone nunca escondeu sua admiração pelo autoritarismo, até porque nunca gostou de vozes dissidentes. E os times da categoria, por sua vez, também cultuam uma parte deste autoritarismo: pilotos, projetistas, etc, todos estão amarrados por contratos que prevêem conseqüências no caso de alguém resolver bancar o “rebelde”, leia-se quase sempre multas milionárias, para não falar de outras conseqüências veladas, nunca admitidas oficialmente, mas amplamente aceitas na intimidade.
            No caso da não-realização de um GP, estão em jogo as taxas de realização da corrida, participação nos prêmios decorrentes da etapa, além de custos de transporte e outros pormenores. Cada equipe que faltar a um GP perde os direitos de prêmios do campeonato referentes àquela etapa, além de ser punida com uma multa, além de outros pormenores. Pilotos que se recusarem a correr também podem ser punidos com multas, e até serem excluídos do campeonato, em casos extremos, ou suspensos, além do fato de que seus times podem demiti-los até sumariamente. Ou cada um entra na dança, ou simplesmente não dança. O jogo, infelizmente, é bruto e claro. O esporte...ora, o esporte... Desde que passou a movimentar enormes somas de dinheiro que os negócios passaram a ditar os rumos da categoria, e ninguém quer deixar de ganhar uma porção da fatia deste bolo.
            No caso do cancelamento da prova barenita, já tem muita gente querendo o cancelamento da corrida, passando por times, pilotos, jornalistas, etc. O problema é quem vai dar o passo inicial e cair fora desta que já está sendo considerada a grande roubada do ano da categoria. No ano passado, o governo barenita deu o aval para o cancelamento da corrida, aceitando que não havia condições, àquela altura, de sediar a corrida com total normalidade e segurança. Quando é o organizador que assume que não há condições de promover a corrida, normalmente ele perde o dinheiro da taxa que paga para poder sediar o GP, que no caso do Bahrein, dizem ultrapassar os trinta milhões de euros. Se fosse a FIA ou a FOM, este dinheiro teria de ser devolvido aos organizadores, pois a quebra do contrato não seria deles. Da mesma maneira, se o cancelamento partir das escuderias, que poderiam se recusar a correr no Bahrein, elas estariam sujeitas a perda dos direitos de premiação relativas a corrida, além de multas por falta de cumprimento de suas obrigações, entre as quais estarem presentes obrigatoriamente a todas as corridas. E essa falta ao GP poderia sujeitar os times a sofrerem outras punições, como suspensão, perda de pontos, e outros castigos.
            Para se cancelar uma corrida assim, de modo a ninguém, ou melhor, a saírem perdendo o mínimo possível, todos têm de entrar em acordo para decidir que não haverá GP. O problema é obter essa união na categoria. O exemplo da Fota está aí para nos mostrar que as escuderias puxam a sardinha para o seu lado conforme a necessidade, e ninguém concorda com nada se não for ter uma compensação pela sua concordância. Assim, até o presente momento em que esta coluna está sendo finalizada, todos querem sair desta roubada, mas ninguém quer assumir a dianteira na decisão, por causa das implicações contratuais em que estão metidos.
            Do lado de “fora”, há ouve vozes fortes contra a prova: Damon Hill, do BRDC, disse que se a F-1 correr por lá, será apenas pelo dinheiro, e que a situação é preocupante. Um Ministro do Interior do Bahrein declarou que pode ser perigosa a realização da corrida, especialmente se os protestantes resolverem invadir o circuito, e por tabela, a pista, durante a realização da prova. John Yates afirmou que para ter segurança mesmo, só realizando um verdadeiro cerco militar, o que iria prejudicar e muito a imagem da corrida, e da própria F-1. O que está se afirmando é que não há como prever se a corrida agirá como um verdadeiro estopim para colocar o Bahrein em ebulição total. A cada dia que se aproxima a data da prova, manifestações crescem no pequeno país. E se os manifestantes resolverem fazer uma verdadeira invasão em massa do autódromo, ninguém sabe o que poderá acontecer. A Primavera Árabe já mostrou que o Oriente Médio pode explodir muito facilmente. A F-1 vai querer correr este risco?
            É esperada uma reunião para amanhã, sábado, com participação de todos os times, Bernie Ecclestone e Jean Todt, para decidir o que será feito em relação ao Bahrein. Os times teriam pedido o cancelamento da corrida, preocupadas com a segurança. Mas Bernie Ecclestone nega que os times tenham feito tal pedido, e o governo barenita, por sua vez, garante que será providenciadas todas as medidas necessárias para a corrida transcorrer em absoluta normalidade. No ano passado, a F-1, em um raro momento de lucidez, resolveu que não haveria corrida. Ainda está em tempo de mostrar que ainda tem alguma lucidez de pensamento e preocupar-se com a integridade de seus membros, e deixar de lado, ainda que momentaneamente, a questão financeira.
            Ecclestone parece teimoso em aceitar que a situação pode ser potencialmente perigosa, e ainda afirma que, segundo suas informações, não há todos estes embates que a imprensa anda noticiando por lá. O governo barenita, por sua vez, reclama das “distorções” cometidas pela imprensa mundial, que estaria pintando um quadro negro da situação do país, quando ela na verdade está bem calma e serena. Segundo alguns, a reunião de amanhã seria mais uma tentativa de convencer as escuderias de que tudo está normal por lá e que é seguro correr a prova.
            Da minha parte, repito o que já disse aqui no ano passado: a prova barenita não fará a mínima falta. O autódromo, em que pese sua excelente infra-estrutura, tem um traçado monótono e sem charme. Foi interessante nos primeiros anos, mas a corrida por lá nunca foi um primor, sendo mais um lamentável resultado da política de Ecclestone de faturar em cima de governos que querem apenas divulgar seu país, sem terem o carisma e charme para motivarem os fãs do esporte a motor, enquanto pistas na Europa estão sendo rifadas apenas porque não concordam em pagar as altas taxas da FOM, apesar dos inúmeros torcedores de corridas que o Velho Continente abriga.
            Espero estar aqui novamente na próxima semana, com algo melhor para comentar sobre este assunto. Se for para comentar sobre algo ainda pior, a discussão irá muuuito longe...


Em tempo: a última corrida de F-1 cancelada em cima da hora foi o GP da Bélgica de 1985. A prova acabou cancelada praticamente no fim de semana da corrida, depois dos primeiros treinos, porque o asfalto da pista de Spa-Francochamps literalmente se desfazia com a passagem dos carros, trazendo perigo para os pilotos. A corrida acabou remarcada e realizada alguns meses depois.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – OUTUBRO DE 1995 - III

            Voltando a apresentar minhas antigas colunas, esta foi lançada no dia 19 de outubro de 1995, quando estávamos prestes a embarcar para as corridas finais do campeonato de F-1, que na época, eram no Extremo Oriente, mais precisamente as provas do Japão e da Austrália, sendo que esta ainda era disputada em sua primeira pista, o circuito urbano de Adelaide. Mas havia também o GP do Pacífico, disputado no pequeno autódromo de Ainda, situado em um fim de mundo próximo a Tsuyama, pequena cidade ao sul da principal ilha do arquipélago japonês, uma viagem digna de qualquer aventura de Indiana Jones que hoje pode até soar folclórica. Curtam agora o texto de uma época que já vai longe, nos lembrando de como o tempo voa...

 
E VAMOS PARA O ORIENTE
Adriano de Avance Moreno

            Chegou as horas de fazer as malas e partir para o outro lado do mundo. Com as 3 últimas etapas a serem disputadas em terras do Oriente, a F-1 despediu-se da Europa para prosseguir o seu campeonato, em sua fase final. Desde o ano passado que 3 etapas são disputadas no Oriente. Este ano, por motivos inesperados, ficou até melhor para as equipes: será apenas 1 viagem da Europa até o outro lado do mundo. Em 94, foram 2 viagens, já que o GP do Pacífico foi a segunda prova da temporada, enquanto os GPS do Japão e da Austrália foram as últimas.
            A vantagem é no campo econômico. As equipes médias e pequenas irão gastar menos na viagem. Já as equipes de ponta não sofrem este problema. É claro que há o inconveniente técnico: problemas graves só poderão ser remediados, já que as sedes das escuderias encontram-se do outro lado do planeta. Peças de reposição e outros pequenos detalhes técnicos poderão vir a ser um problema caso haja algum acidente forte com os carros.
            Para os pilotos, o mais difícil é se adaptar ao horário local, e 12 horas de diferença no fuso horário não é brincadeira. Alguns pilotos, como Rubens Barrichello, chegam com alguns dias de folga, e malham um pouco para se aclimatarem mais rápido. O piloto brasileiro, por exemplo, depois de chegar ao Japão, nem pensou em tirar um ronco: foi a um parque de diversões e só saiu de lá quando a noite vinha chegando, indo dormir no mesmo horário dos japoneses. Segundo ele, é a melhor forma de se ajustar ao horário local.
            As corridas em terras orientais têm sempre um lado curioso e característico. Para nós, brasileiros, é hora de assistir as corridas em plena madrugada, depois de as vermos pelo resto do ano de manhã ou à tarde. Para os europeus, é ver as corridas de manhã cedinho no domingo, quando eles tradicionalmente assistem à tarde. É divertido até.
            E nossa primeira parada é o circuito de Aida, onde será disputado o Grande Prêmio do Pacífico de F-1. Os japoneses são, assim, nesta temporada, ao lado de italianos e alemães, os únicos a terem 2 GPs de F-1 em seu território. E os japoneses são loucos pela F-1, e este ano terão em dose dupla: apenas 7 dias depois do GP do Pacífico, será a vez do GP do Japão, em Suzuka. Só para se ter uma dimensão da paixão dos japoneses pela F-1, saiba que os ingressos para os GPS são vendidos na base do sorteio: cerca de 1 milhão de pretendentes (geralmente muito mais ainda) disputam o privilégio de serem um dos 200 mil contemplados para assistir o GP no autódromo de Suzuka (lotação máxima), e cerca de 80 mil em Ainda (também lotação máxima). Só por isso já se pode perceber o fanatismo dos japoneses pela categoria.
            Agora, chegar a Aida para ver ou cobrir o GP do Pacífico já é uma aventura. O circuito, localizado a 800 Km de Tóquio, tem o nome de uma pequena vila de cerca de 4 mil habitantes. Por incrível que pareça, este circuito fica no meio de lugar nenhum, o que é um espanto em se tratando do Japão, um dos países mais densamente populosos do mundo. O único acesso a Ainda é uma estrada asfaltada bem estreita, que serpenteia pelos vales e planícies agrícolas das redondezas até chegar ao autódromo. A cidade mais próxima, Tsuyama, fica a quase 1 hora de viagem do circuito.
            Para os estrangeiros, o ponto de chegada no Japão é a cidade de Nagoya, de onde se toma um dos trens-bala até Okayama. Essa parte da viagem ainda é agradável, onde se pode desfrutar da mais alta tecnologia no setor de viagens. Os problemas começam ao chegar em Okayama, onde tem se de tomar outro trem que, por incrível que pareça, quase fica a dever até aos trens brasileiros. É incrível que, num país como o Japão, coexistam trens que são a última palavra em tecnologia com sucatas ultrapassadas. E não é só: se chegar muito em cima da hora, corre-se o risco de ter de viajar de pé (geralmente estes trens andam lotados). Para complicar, ninguém na estação fala inglês, e os repórteres raramente são versados em língua japonesa. Provavelmente, só os repórteres japoneses escapam desse suplício...
            Chega-se a Tsuyama. Destino final? Nada disso! O circuito fica a praticamente 1 hora de viagem de carro. E andando em uma estrada que não permite passagem folgada de 2 carros ao mesmo tempo. A paisagem é boa, mas o cansaço a esta altura da viagem já é nocauteante. A estrutura do lugar beira a zero: não há hotéis; as pensões são insuficientes, e não existem restaurantes por perto. Para os aventureiros e saudosistas da F-1 de 30 anos atrás, não há problema: é só levantar a cabeça e partir para o desafio de cobrir e/ou acompanhar esta etapa, e ainda ter disposição para assistir a corrida.
            Sem hotéis, boa parte dos pilotos dorme no próprio circuito. São instalados conteiners especiais que são verdadeiros quartos de hotel em miniatura, com cerca de 9 metros quadrados de área, incluindo um pequeno banheiro particular. É montado um grande restaurante para alimentar a todos e vários cozinheiros também dormem nestes conteiners, para poderem iniciar desde cedo o seu trabalho, que não é pouco pois os expectadores da corrida também precisam comer. Ao longo da estrada que conduz ao circuito também são colocados containers de até 90 metros quadrados, onde se podem alojar cerca de 30 pessoas. São alugados especialmente para o público que vem de longe assistir a esta corrida. Rubens Barrichello confessa que é até divertido dormir em um destes conteiners. De fato, muitos devem ter a sensação de estarem em um acampamento, ao invés de um circuito que está recebendo a F-1.
            E, afinal, como é que a F-1 veio parar neste lugar perto do fim do mundo? A resposta são cerca de US$ 5 milhões pagos pelo seu proprietário, Rajime Tanaka, um próspero empresário japonês e um entusiasta pelo automobilismo, à FOCA, para realizar um GP aqui, que leva o título de GP do Pacífico apenas porque seria impensável tirar o GP do Japão de Suzuka. O título de GP do Pacífico não é de agora: há algum tempo atrás, o grupo japonês Autopolis, que patrocinava a Benetton, planejava a construção de um circuito para abrigar uma segunda corrida de F-1 em terras japonesas, e que seria batizado de GP do Pacífico. O grupo acabou falindo, e a idéia parou por aí, até Tanaka se oferecer para sediar o GP do Pacífico em seu circuito particular. Tanaka, às vezes, também dá suas voltas na pista: ele tem 3 carros Tyrrel de F-1, e seu “recorde oficial”ficou na casa de 1min26s...
            Bem, isto é Aida e o GP do Pacífico. Semana que vem, a F-1 desembarca em Suzuka e aí sim o clima é bem melhor. Mas melhor ainda é na Austrália, onde a F-1 termina o ano e o GP é sempre disputado em um clima festivo e descontraído...


Mais uma tragédia ceifou a vida de um piloto brasileiro. Marco Campos morreu esta semana depois de sofrer um violento acidente em uma disputa de posição na última volta da última etapa do campeonato de F-3000 deste ano, no circuito de Magny-Cours, na França. Seu carro capotou várias vezes e o jovem piloto, de apenas 19 anos, sofreu um grave traumatismo craniano, sofrendo morte cerebral pouco depois, tal como Ayrton Senna. A ironia: para 96, vão vigorar uma série de novas regras para aumentar a segurança dos carros desta categoria. Campos morreu na última volta da última corrida de 95 e foi a primeira vítima fatal deste campeonato desde que ele foi criado em meados da década de 1980...

sexta-feira, 6 de abril de 2012

PANORAMA SIMILAR...

            Decorridas as primeiras duas corridas do campeonato 2012 da Indy Racing League, o que se pode verificar até o momento é que, apesar de todo o novo pacote técnico, o panorama da categoria parece ter se mantido praticamente inalterado. Carros e motores novos, com velhos conhecidos dando as cartas neste início de campeonato, sem apresentar tantas surpresas como alguns esperavam ver em virtude da adoção dos novos carros e motores utilizados.
            É verdade que muitos pilotos e equipes ainda não se acharam completamente com o novo carro fabricado pela Dallara, o modelo DW12, e ainda estão por descobrir as reais potencialidades do chassi. Da mesma maneira, os novos motores turbo adotados ainda tem algumas particularidades a serem melhor exploradas, mas alguns indícios já podem ser confirmados depois destas duas corridas disputadas.
            Quem esperava que o novo carro pudesse embaralhar um pouco a relação de forças se decepcionou. Penske e Ganassi, os times mais poderosos da categoria, saíram novamente na frente, e já mostraram sua força tanto em São Petesburgo quanto em Barber. A maior estrutura dos dois times lhes dá uma vantagem significativa na luta para descobrir os melhores ajustes e potencialidades dos novos equipamentos. Os times menores, que não dispõem de tantos recursos, já ficaram um pouco para trás, o que sugere que eles poderão surpreender apenas ocasionalmente em algumas corridas, dependendo de circunstâncias anormais ou estratégias diferenciadas de corrida que porventura sejam bem-sucedidas. O fato do carro ser o mesmo para todos não implica em terem a mesma performance, mas é inegável que esta é muito menos desnivelada do que na F-1, onde o fato de cada time produzir seu próprio monoposto resulta em performances muitas vezes desiguais entre as escuderias.
            Entre os motores, o Chevrolet parece estar na dianteira, superando o Honda especialmente no quesito consumo de combustível, ainda que por uma margem relativamente pequena, mas suficiente para fazer a diferença se bem aproveitada na estratégia de corrida. Confirmaram-se as dúvidas a respeito dos motores Lótus, que terão muito trabalho para conseguir apresentar o mesmo rendimento dos rivais, pra não mencionar na disponibilidade de equipamento, um problema adicional que poderá deixar vários pilotos na corda bamba. Sebástien Bourdais, por exemplo, por pouco não ficou sem motor para disputar a corrida no Alabama. Piloto e equipe acharam que o propulsor havia quebrado nos treinos, e não havia nenhum motor reserva disponível. A sorte da escuderia e do francês foi que o defeito no motor não era o que pensavam, e após o conserto, Bourdais pôde disputar a corrida normalmente. Mas, devido à falta de propulsores, as escuderias equipadas com os Lótus não puderam participar da sessão de treinos especiais desta semana em Indianápolis, onde seriam testados os kits aerodinâmicos do novo carro pela primeira vez no superspeedway mais famoso do mundo.
            A Penske saiu na dianteira no campeonato, fazendo as duas poles nas corridas e vencendo ambas, mas com pilotos diferentes: Hélio Castro Neves venceu na Flórida e foi pole em Barber, enquanto Will Power largou na frente em São Petesburgo e vencer a corrida no Alabama. Helinho lidera o campeonato, e parece estar deixando a má fase dos últimos dois anos para trás, mas ainda é muito cedo para comemorar. A maior ameaça ao piloto brasileiro encontra-se na garagem ao lado, dentro de sua própria equipe: Will Power tem sido o principal nome da Penske nos últimos dois anos, e mostrou no Alabama que virá com tudo para tentar enfim ser campeão da categoria, após bater na trave em 2010 e 2011. Há praticamente 13 anos na escuderia, Helinho nunca conquistou um título, seja na antiga F-Indy, seja na IRL. Seu trunfo foram 3 vitórias na Indy500, o que não é pouco, mas o título ainda lhe foge, e vai encontrar em Power um adversário duríssimo.
            Para sorte de Power, seu maior rival na luta pelo título nos últimos dois anos, Dario Franchitti, está tendo um péssimo início de campeonato. Tetracampeão da categoria, o piloto escocês fez corridas apáticas nas duas primeiras provas, ocupando apenas a 10ª posição, com 37 pontos. Mas a Ganassi não pode ser subestimada, e a prova é que Scott Dixon ocupa a 2ª posição na classificação, com 84 pontos, apenas 2 atrás de Hélio Castro Neves, e 7 à frente de Will Power. Dixon fez corridas sólidas em ambas as provas, subindo em ambas ao pódio, e mostrando que o motor Honda pode dar trabalho aos Chevrolet, assim como a Ganassi estar mais do que à altura de encarar o poderio da Penske. Se Franchitti reencontrar o rumo, tem todas as condições de virar o jogo, como aconteceu nos últimos dois anos, quando parecia que a Penske venceria, mas o título acabou nas mãos do escocês.
            Um pouco atrás, a Andretti Motorsport pode se intrometer na briga das duas superpotências da Indy, mas ainda não dá para esperar que um de seus pilotos entre firme na luta pelo título, que ao que tudo indica, deve ficar novamente restrita aos pilotos do duo Penske-Ganassi. E se esperava mais da KV Racing, time que cresceu bastante no ano passado, com a contratação de Tony Kanaan, que terminou o campeonato em 5° lugar, estando sempre entre os primeiros na classificação. Mas, não se iludam: apesar dos bons resultados, o piloto baiano nunca esteve na disputa pelo título, e conseguiu se manter entre os líderes graças a muita constância e shows de pilotagem em algumas corridas.
            A tendência era a KV mostrar maior crescimento neste ano, ainda mais com o reforço de Rubens Barrichello. Mas a estrutura da KV, por melhor que seja hoje, ainda não se pode comparar à uma Penske ou Ganassi, estando até um pouco abaixo da Andretti. E isso se refletiu no trabalho de desenvolvimento do novo carro, que até agora não alcançou a fiabilidade necessária para dar a seus pilotos melhores chances de resultados significativos. Rubens Barrichello enfrentou problemas nos treinos em São Petesburgo, e Tony Kanaan viu suas corridas arruinadas por problemas mecânicos nas duas oportunidades. Ernesto Viso, por sua vez, não é lá o que pode chamar de piloto de encher os olhos, então... Após as duas provas, Barrichello é o melhor piloto da KV no campeonato, em 11°, com 37 pontos. Viso é o 12°, com 36, e Kanaan está apenas em 26° com 22 pontos...
            Enquanto a tendência é de se repetir a disputa pelo título entre Penske e Ganassi, no resto do pelotão as disputas prometem muito equilíbrio. Alguns pilotos andaram muito bem nas corridas iniciais, embora o resultado final não tenha sido muito justo ao que mostraram durante a prova. O equilíbrio maior que a categoria desfruta permite que surpresas possam ocorrer, mas ainda não será desta vez que veremos novidades na disputa pelo título.
            Outro fator que deve ser analisado é a redução das provas em pistas ovais, que são minoria nesta temporada. Isso por si só já deve dar maior favoritismo a Will Power, que nunca conseguiu ser dominante nestas pistas como consegue ser nos circuitos de rua e mistos. As corridas em oval eram o terreno mais favorável à Chip Ganassi, que certamente terá de encarar um terreno mais complicado para seus pilotos nas pistas urbanas e mistas, mas que não pode ser subestimada, como Dixon mostrou até agora.
            Para os brasileiros, as esperanças de título resumem-se a Helinho na Penske, enquanto na KV tanto Barrichello quanto Kanaan lutarão pelos melhores resultados que puderem, no máximo um ou outro pódio. Uma vitória de algum deles já será um resultado extraordinário. E na corrida de São Paulo e Indianápolis, haverá mais um piloto nacional no grid: Bia Figueiredo acertou com a Andretti para correr estas duas provas, e anda busca patrocínio para conseguir disputar mais algumas corridas nesta temporada.
            A direção da Indycar fez vários esforços para que este campeonato seja encarado como um renascimento da categoria. O novo carro e a volta da diversidade de motores foram boas iniciativas e trouxeram maior interesse pela disputa. E para o ano que vem, algumas pistas da antiga F-Indy devem estrear no campeonato, ajudando a melhorar ainda mais o campeonato. Este, por enquanto, ainda não apresenta maiores novidades, mas ainda tem muito chão pela frente, então, vamos para a próxima corrida e esperemos o que pode acontecer na pista.