E
os carros da Indy Racing League chegaram a São Paulo, para a etapa brasileira
do campeonato. Na pista, teremos 4 representantes tentando dar o melhor de si
para presentear a torcida com a primeira vitória brasileira em terras tupiniquins
(a vitória de André Ribeiro, em 1996, não conta aqui, porque era a F-Indy, não
a IRL). Mas a maior ameaça se chama Will Power, que ganhou aqui nas ruas da
capital paulista nas duas edições em que a prova foi realizada. E, a julgar
pelo ritmo demonstrado pelo australiano nas últimas corridas, podem estar
certos de que ele é o principal favorito. Assim como a Penske também é a equipe
favorita para vencer, tendo ganho todas as corridas do ano até agora. Mas é
dentro do favoritismo da Penske que os brasileiros têm sua melhor esperança de
vitória, com Hélio Castro Neves, que venceu na abertura do campeonato, em São
Petesburgo, na Flórida. Mas o brasileiro terá de vencer o tradicional azar que
o acompanhou na prova brasileira nos dois anos em que foi realizada, quando fez
apenas figuração.
Na
lista de esperanças da torcida, a KV Racing vem logo a seguir, por contar com a
dupla Rubens Barrichello e Tony Kanaan. Tony fez bela prova em Long Beach,
espantando um pouco o azar que o atingiu nas primeiras duas corridas, enquanto
Barrichello terá um novo e mais rodado engenheiro para seu carro, Eddie Jones,
oriundo da equipe Andretti, tendo trabalhado com o próprio Kanaan quando este
foi campeão em 2004, e também com Dan Wheldon. Até aqui, a equipe montada para o
carro de Rubens estava meio mal arrumada, e seu engenheiro era praticamente
meio que um novato, o que ajudou a complicar algumas das estratégias de corrida
do brasileiro neste início de campeonato. Agora contando com um engenheiro
experiente, a KV quer realmente começar a melhorar sua posição no certame, que
obviamente não é o que esperavam para este ano.
O
time de representantes nacionais se completa com Bia Figueiredo, que retorna ao
cockpit para esta corrida e a Indy500, onde guiará um dos carros da equipe de
Michael Andretti. Obter um bom resultado será vital para Bia tentar achar
patrocínio para correr mais provas na temporada, mas o desafio em São Paulo
será extremamente difícil: a brasileira só teve um dia de contato com o novo
carro DW12, nos testes da pré-temporada, em Sebring, e vai gastar todo o seu
tempo de treinos procurando achar o acerto do carro, que ainda quase não
conhece, Bia confia que a melhor estrutura do time da Andretti a ajude a
superar os obstáculos, uma vez que até o momento, correu em um time de menor
expressão na categoria, a Dreyer & Reinbold, que no momento está penando
com o motor Lótus, e que deve trocar de propulsor para o fim do campeonato, uma
vez que a fábrica assumiu não ter condições de manter o fornecimento para todos
os times que fecharam contrato com a fábrica malaia.
Praticamente
todos os ingressos foram vendidos este ano, em boa parte pelo anúncio de que
Rubens Barrichello disputaria a categoria, após 19 anos correndo na Fórmula 1.
É verdade que os resultados obtidos por Rubens até agora não empolgaram, mas
ele vem crescendo de produção, e só não está melhor no campeonato porque levou
um toque na volta final em Long Beach que o fez perder algumas posições. Embora
não prometa vitória, Barrichello está animado em correr nas ruas de São Paulo,
ao lado do Anhembi e dentro do Sambódromo.
A
organização da corrida promete que tudo estará melhor do que nunca, graças à
experiência das etapas dos anos anteriores, que forneceram valiosos
ensinamentos. Tomara, mas principalmente seria de bom grado que a prefeitura
municipal tomasse mais jeito ao enfiar dinheiro dos contribuintes em um evento
privado, mesmo com os benefícios para a cidade. E espera-se, principalmente, um
pouco mais de profissionalismo e menos oba-oba por parte da Bandeirantes em sua
transmissão, se bem que isso parece ser pedir demais. E, para mostrar que as
esperanças parecem vãs, fiquem preparados: Téo José não vai narrar a corrida;
Luciano do Valle estará de volta ao microfone. O único ponto positivo é que a corrida
terá pelo menos o que deveria ser padrão para toda a temporada, transmissão na
íntegra e ao vivo.
Espera-se,
também, que São Pedro não resolva comparecer, embora a previsão seja de
possibilidade de chuva para o fim de semana. Para tentar evitar o problema, a
organização resolveu antecipar a largada da prova, que será às 12:30 Hrs., meia
hora antes do inicialmente previsto. A intenção é que, se a chuva vier, boa
parte da corrida talvez já tenha sido disputada, e com isso, evitar o que
ocorreu no ano passado, quando a prova ficou impossibilitada de ser finalizada
no domingo e acabou sendo disputada na segunda-feira, em virtude do forte
temporal que caiu na região. Mesmo assim, o sistema recebeu um belo reforço,
para aumentar a vazão de água e evitar que ela fique empoçada na pista.
E
já começaram as reclamações de que o circuito de rua montado no Sambódromo e
Anhembi atrapalha o trânsito nas imediações e que a corrida não deveria ser
realizada ali. As reclamações tem sua lógica, mas de certo modo, não dá para se
montar um circuito de rua sem atrapalhar parte do trânsito. É assim em todo o
mundo, onde não feitas provas em circuitos urbanos. E não é apenas São Paulo
que costuma ter um trânsito caótico. Mas, certamente, projetos melhores para
contornar este inconveniente poderia tornar o incômodo menor. Infelizmente, não
é de hoje que qualquer “anormalidade” no trânsito da maior cidade da América do
Sul gera efeitos colaterais em uma área exponencialmente maior do que se
imagina. E o pior de tudo é que o trânsito já anda complicado mesmo sem haver
problemas, então, imagine ter algumas ruas fechadas para o trânsito... Para não
mencionar que os “gênios” das autoridades nunca conseguem resolver o problema
do trânsito a contento: sempre que arruma-se a situação de um lado, desarruma
de outro, e assim vai...
O
que se espera da Prefeitura, pelo menos, é maior agilidade e competência na
remoção das estruturas da corrida a partir de segunda-feira, se não houver
imprevistos. Na primeira corrida, alguns guard-rails praticamente ficaram por
lá o ano todo, sem terem sido devidamente retirados, atrapalhando o trânsito
principalmente de pedestres. Para o público visitante, o circuito montado na
região é interessante, e mesmo com algumas críticas, apesar de não ser uma maravilha,
também não é uma porcaria. A pista tem a maior reta dos circuitos mistos do
calendário, onde se pode ter boas disputas de posição. O problema maior é não
ter como oferecer visão dessa área aos torcedores nas arquibancadas fora dos
telões, uma vez que as demais pistas da Marginal Tietê estão logo ali e com
trânsito normal. Os pilotos quase todos gostam da pista, mas não há como negar
que o cheiro de esgoto do Tietê chega a incomodar em vários momentos.
De
minha parte, seria o máximo se os carros da categoria pudessem correr em
Interlagos, mas desde que recuperassem a pista antiga: o anel externo daria um
imenso oval, onde o público brasileiro poderia ir ao delírio com as altas
velocidades que estes carros alcançam neste tipo de pista. Mas o traçado original
está praticamente largado, e por pressão da FIA e FOM, em que digam exatamente
o contrário, conspira-se para deixar o autódromo paulistano de fora desta
festa.
Os
treinos começam amanhã, sábado, logo às 08h05 da manhã, com o primeiro grupo a
entrar na pista. Às 11h05, os carros saem para o segundo treino livre. A
classificação está programada para as 14h05. No domingo, teremos o warm-up às 8h30,
e a largada da prova, às 12h30. É hora de ver a Indy na Marginal, e que venha a
bandeira verde...
Semana que vem a F-1 volta às pistas, em Mugello, para 3 dias de
testes. De terça a quinta-feira, todos os times (menos a Hispania, que resolveu
não participar) estarão no circuito italiano para testar novidades em seus
carros. Será a última sessão de testes do ano, e todos os times correm para
preparar suas atualizações e aproveitar a oportunidade e testar todos os
desenvolvimentos possíveis para seus monopostos, para encarar a fase européia
do campeonato, que deve ser mais decisiva do que nunca, dado o equilíbrio visto
nas corridas até o presente momento.