O mês de janeiro está chegando ao fim, e com ele, começam a ser apresentados os bólidos da temporada 2012 da Fórmula 1. Por enquanto, apenas a Caterham mostrou o seu novo carro, batizado de CT-01, nomenclatura que reflete também a nova denominação da equipe, que não se chama mais Lótus. Em breve, os demais times também devem apresentar seus novos carros, embora haja escuderias que deixarão para mostrar seus novos carros apenas na segunda metade de fevereiro. Embora o cronograma destes times já apontasse para lançar seus carros mais adiante, o tempo a mais nas fábricas agora deve ser usado para corrigir possíveis modificações no sistema de freios, especialmente se os times planejavam os carros visando o sistema de freio anunciado em especial pela nova Lótus, que tinha um dispositivo que ajudava a manter a altura do assoalho do carro mesmo com a forte freada. O objetivo, lógico, era aumentar a estabilidade do monoposto. A princípio tido como legal, contudo, foi banido pela FIA em comunicado recente, obedecendo mais ao regulamento técnico, que proíbe este tipo de controle nos moldes em que estava sendo proposto o seu uso.
O carro da Caterham exibe um bico com um desnível na frente, como manda o novo regulamento, que determina uma posição de menor altura para a frente dos monopostos, de modo a dar mais segurança em caso de uma colisão lateral, onde os bicos mais altos, dependendo da batida, poderiam até acertar a cabeça do piloto. O desenho ficou meio feio, e embora cada time tenha feito sua própria versão da adequação dos bicos ao exigido pelas novas regras, não se pode negar que haverá carros que poderão ser esteticamente feios de acordo com a nova exigência. Mas, desde que o carro tenha desempenho para vencer corridas, beleza não é um fator fundamental na F-1, e não seria a primeira vez que isso aconteceria. Em 1990, o Benetton B190 tinha um visual feio na dianteira, se comparado com o modelo anterior, o B189. Contudo, o carro de 90 mostrou-se muito mais estável e veloz, a ponto de ter conseguido 2 vitórias naquele ano com Nélson Piquet e ter permitido à Benetton ter sido a 3ª colocada no campeonato de construtores.
O novo CT-01 também mostrou a volta dos escapamentos às suas antigas posições, deonde haviam sido removidos em virtude do desenvolvimento dos escapamentos soprados, colocados sob o assoalho, de forma a gerar mais downforce na traseira. O sistema havia sido proibido numa atitude descabida da FIA em Silverstone, no ano passado, para depois ser novamente permitida, acertada a sua proibição a partir desta temporada. Mas, apenas para mostrar que a FIA ainda parece meter os pés pelas mãos, a recente proibição do sistema de regulagem de altura incorporado no sistema de freios apresentado pela nova Lótus, depois de a entidade ter dado aval para o uso do dispositivo a princípio pode ter complicado alguns times, que trabalhavam para usar o artifício. Como o segredo é a alma do negócio, não dá para saber exatamente quem ficou mais comprometido com o uso do sistema, e o retorno ao freio “tradicional” pode ter significado algum atraso ou comprometimento no projeto.
Na Itália, o jornal La Gazzeta Dello Sport publicou detalhes de como deve ser o novo monoposto da Ferrari para este ano, e o carro, segundo Lucca de Montezemolo, também seria feia no visual, antes de recordar das palavras de Enzo Ferrari, que dizia que carro bonito é carro vencedor, o que indica que a estética dos modelos 2012 deve mesmo trazer alguns diferenciais em relação ao que vimos no ano passado. Não deixa de ser interessante a expectativa de imaginar como serão os novos carros. Depois de praticamente mais de dois meses sem atividades de pista, todo mundo está mais do que louco para ver os carros acelerarem novamente, e ver modelos novinhos em folha, bonitos ou feios, sempre é interessante. Que venham os novos carros...
Surgiu esta semana a notícia de que Rubens Barrichello vai fazer um teste com o carro da KV Racing semana que vem, nos Estados Unidos. A KV é o time de Tony Kanaan, que corre na Indy Racing League (IRL), que é amigo de longa data de Barrichello. Rubinho sempre disse que não correria na categoria devido ao perigo dos circuitos ovais e a pedido de sua esposa, mas este ano, estes circuitos tornaram-se minoria no calendário, havendo apenas 4 corridas programadas. Foi o suficiente para pipocarem os boatos de que Barrichello deve disputar o campeonato de monopostos dos EUA, deixando de participar apenas das etapas em pistas ovais. O patrocínio arrumado por Rubens em sua tentativa de se manter na Williams seria bem-vindo na KV, que este ano não tem mais a parceria com o Grupo Lótus, e poderia aceitar bem o reforço financeira do recordista de participações de corridas na F-1. Barrichello, que está curtindo férias com a família na Flórida, já teria visitado a sede da equipe e feito até um molde para o banco do carro, mas ainda é cedo para dizer se ele irá mesmo disputar o certame. Pode ser apenas um teste para conhecer o carro, a exemplo do que Ayrton Senna fez em fins de 1992 com a Penske, sob os olhares de Émerson Fittipaldi. Em 1993, Ayrton relutou até o último momento em acertar sua participação na F-1, visando que a McLaren lhe desse um carro mais competitivo, frente à supremacia da Williams. O teste foi visto mais como uma provocação do brasileiro à McLaren. Certo mesmo é que Senna gostou do teste, e se cogitava transferir-se para a F-Indy após encerrar sua carreira na F-1, nunca saberemos de fato, devido ao destino que se abateu sobre nosso tricampeão. Tony Kanaan já declarou que gostaria de ver seu amigo Barrichello disputando as corridas da IRL, e que ele vai mesmo fazer o teste com o modelo DW12, visando “apenas” a ajudar no desenvolvimento do novo carro, devido à sua grande experiência na F-1. Não falou sobre Rubens disputar o campeonato da categoria. Eu diria que a possibilidade até pode existir, ainda mais se Rubens firmar acordo para correr apenas nas etapas em circuitos mistos e de rua do calendário. Resta saber se tal acordo seria do interesse da KV, que graças ao empenho de Tony, cresceu muito no ano passado, a ponto de quase vencer uma ou outra corrida, pois o time poderia querer um piloto que disputasse efetivamente todo o campeonato, e não apenas algumas provas. Aguardemos para ver o que acontece...
Kimmi Raikkonen iniciou esta semana sua preparação final para voltar à F-1. O campeão de 2007 voltou a acelerar um carro da categoria, um modelo 2010 da antiga Renault, atual Lótus. O finlandês deu mais de 170 voltas com o modelo no circuito de Valência, e segundo ele próprio, o objetivo foi se reacostumar com as reações de um bólido de F-1, que não pilotava há mais de 2 anos. A equipe não divulgou o resultado do teste, mas é óbvio que ainda é cedo para fazer prognósticos de como Kimmi voltará. Mas é certo que o finlandês terá que passar por um período de readaptação, depois de 2 anos longe da categoria. Michael Schumacher que o diga, pois passou boa parte de seu ano de retorno pela Mercedes tendo de recuperar o ritmo de pilotagem. Kimmi é mais jovem que Schumacher, mas é preciso lembrar que os pilotos hoje em dia precisam estar muito afinados com os engenheiros para chegar a um bom acerto do carro, um empenho que Raikkonen nunca fez muita questão de ter, de acordo com velhos colegas na McLaren. Se Schumacher, que vivia nos boxes discutindo cada detalhe, sofreu para voltar à velha forma, Kimmi também deve sofrer para acertar sua pegada, e isso se o carro da Lótus para este ano for bom. Se o carro não ajudar, a situação do último campeão pela Ferrari na F-1 poderá ficar bem complicada. E certamente, a proibição da FIA do uso do sistema de freio com controle de altura do assoalho pode ter ajudado a dificultar mais as coisas para o time.
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