E eis que estamos chegando ao fim de janeiro. E, enquanto as atividades de pista ainda se encontram em temperatura morna, fiquem com mais uma de minhas antigas colunas. Esta foi escrita em agosto de 1995, após a disputa do GP da Alemanha daquele ano, e enfocava o fato de Michael Schumacher praticamente correr sozinho rumo ao título, sem ter quem realmente incomodasse a supremacia do piloto alemão. Boa leitura, pessoal...
PROCURAM-SE ADVERSÁRIOS PARA SCHUMACHER
Adriano de Avance Moreno
Mais uma etapa se passou no campeonato mundial de F-1, e a pergunta que todos fazem agora é: há algum adversário para enfrentar Michael Schumacher? Se há, parece que ele foi nocauteado por si mesmo, como se pode ver em Damon Hill , que fez um excelente treino de classificação, mas acabou jogando fora a sua chance de conseguir finalmente derrubar Schumacher, ainda mais em sua casa, a Alemanha. O GP da Alemanha fez juz à sua fama de “demolidor”. Devido às suas longas retas, que exigem muito dos motores, e a alta temperatura, apenas 8 carros cruzaram a linha de chegada em Hockeinhein. Em 1994, apenas 7 carros conseguiram isso. Alguns pilotos, como Hill, ficaram pelo caminho por culpa deles mesmos, sem que seus carros pudessem deixá-los na mão. Rubens Barrichello e Eddie Irvinne, da Jordan; Mika Hakkinem e Mark Blundell, da McLaren; Jean Alei, da Ferrari, foram outros que acabaram nocauteados por seus carros.
O que prometia ser uma corrida emocionante resumiu-se a mais um passeio de Schumacher. Nem um esperado duelo com David Couthard chegou a acontecer. O escocês tinha carro para atacar o alemão, mas parece ter faltado garra. Justo ele, já considerado em 94 como piloto muito melhor do que Hill! O que acontece agora? Parece que na Williams, Hill é o único piloto a conseguir extrair mais do carro. E isso não quer dizer muita coisa: a Williams tem o melhor carro, mas a Benetton tem o melhor piloto, e no momento, ele está fazendo toda a diferença no campeonato. Outros pilotos com potencial para enfrentar o piloto alemão estão sem equipamento à altura para consegui-lo. Alesi e Barrichello são 2 nomes desta lista. Mas os carros de que dispõem no momento não lhes permite pensar nisso. Rubinho mostrou seu talento em Hockeinhein e teria um pódio certo, mas o motor o deixou pelo caminho. Com Alesi, a coisa foi ainda pior. O francês comeu poeira de seu companheiro de equipe Gerhard Berger, que mesmo com uma punição por ter queimado a largada, conseguiu terminar no pódio, graças à quebradeira dos pilotos à sua frente na pista.
A onda da boataria estourou com tudo em Hockeinhein. Comenta-se que Hill e Couthard levarão bilhete azul na próxima temporada, e a Williams já teria outros nomes para substituí-los, entre os quais Jacques Villeneuve e Heinz-Harald Frentzen. Schumacher estaria indo para a Ferrari, que ficaria com Berger, enquanto Alesi seria despachado para a Benetton. Barrichello poderia ir para a McLaren, como companheiro de Mika Hakkinem. A Ford, que está trabalhando num novo motor V-10, poderia ser fornecedora da Williams, que daria um chute na Renault. A Mercedes e a Peugeot estariam ampliando significativamente seus esforços para a próxima temporada, e por aí vai. Ninguém sabe ao certo onde todos vão parar, mas a decisão inicial deve ficar por conta de Schumacher. Depois que ele decidir onde vai correr em 96, todos os outros pilotos deverão a se ajeitar.
Mas a pergunta sobre a temporada atual continua: quem pode parar Michael Schumacher? À primeira vista, ninguém parece capaz de brecar o alemão. Damon Hill, que parecia ser o homem destinado a bater Michael, acaba tropeçando nos próprios erros, e quando não faz isso, acaba chegando atrás da Benetton de Schumacher. Em classificação, Hill já parece ser o novo pole-man da F-1. É capaz de dar tudo numa volta; na corrida, entretanto, as coisas não andam no mesmo nível. Hill evoluiu muito desde o ano passado, é verdade, mas parece já ter atingido o seu limite como piloto. Couthard parecia ser um piloto melhor do que o inglês, mas parece ter perdido a determinação. Neste ano, andou à frente de Hill apenas na Argentina. Daí em diante, Hill largou poeira em cima do escocês, que ficou mesmo relegado a segundo plano na Williams. Jean Alesi, outro adversário em potencial, é vítima de seus erros de pilotagem, e muito mais das condições técnicas da Ferrari. Se o carro que tem nas mãos é bom, o francês tira mais do que o carro pode dar, como Schumacher. Mas a diferença para a Benetton é grande, e Alesi não pode fazer milagres. Berger, vez ou outra, é outro candidato a adversário mortal, mas a sua irregularidade, também somada ao fraco suporte técnico da Ferrari, acabam tirando o austríaco do páreo.
Rubens Barrichello é outro adversário que, no lugar certo, poderia complicar a vida do piloto alemão. Rubinho, entretanto, sofre da falta de um equipamento mais competitivo, apesar de a Jordan este ano estar em um nível bem mais elevado. O piloto brasileiro já declarou que não tem medo do alemão, e que só precisa de um carro à sua altura para mostrar o que pode fazer. Nas raras chances em que conseguiu fazê-lo, deu um show de pilotagem. O caso da Alemanha foi um exemplo, onde ele teria o 3º lugar garantido, mas uma quebra de motor acabou com suas esperanças. Já seu companheiro Eddie Irvinne, cuja cotação subiu muito no início do ano devido ao fato de andar à frente de seu colega brasileiro na equipe, parece ter sido remetido de volta ao seu lugar de praxe nas últimas corridas. Irvinne perdeu os duelos com seu colega nas provas desee o Canadá, que mostraram Rubinho de volta à sua melhor forma. Outro potencial adversário é Heinz-Harald Frentzen, da Sauber. Quando ambos corriam juntos pela Mercedes no mundial de Esporte-Protótipos, Frentzen era bem mais rápido do que Schumacher. Agora, infelizmente, devido ao equipamento que tem, não pode mostrar isso nas pistas. Mas seu nome é cogitado para a McLaren no próximo ano. Vontade de bater Schumacher em seu devido lugar não falta a Frentzen, a começar pelo fato de que o piloto da Benetton roubou sua namorada, com quem vai se casar agora em agosto.
Mika Hakkinem é outro adversário perigoso, mas vai precisar de uma melhorasubstancial da McLaren para poder fazer frente ao alemão, o que conseguiu nas 3 provas em que fez pela McLaren em 93. Naquelas corridas, enquanto esteve na pista, foi sempre à frente de Schuamcher. Mas atualmente...
Sem um adversário à altura, em termos de talento e equipamento, a F-1 parece destinada a agüentar as vitórias de Schumacher, que exibe um estilo arrogante que não agrada nem um pouco à categoria. Bons são os pilotos que, com suas manobras arrojadas e audaciosas, e seu estilo “coração”de pilotar, fazem a torcida delirar. É disto que a F-1 precisa atualmente...
Só para lembrar: em minha última coluna, escrevi que os pilotos brasileiros da F-Indy estão sendo derrotados pelo azar e não pela concorrência. Pois é, em Michigan, outra vez nossos pilotos sofreram com o maldito azar. André Ribeiro, que liderava a corrida e tinha tudo para vencer com folga, devido à potência do seu motor Honda, ficou pelo caminho por causa de um reles fio queimado no propulsor. Émerson, com um carro desequilibrado, teve de se contentar com um 5º lugar, enquanto via seu colega Al Unser Jr., com um carro excelente, perder a corrida por meio carro de vantagem de Scott Pruett, o mesmo piloto que tirou Gil de Ferran da corrida em Cleveland e o fez perder a chance de obter sua primeira vitória na Indy. Gugelmim, Gil e Christian, apesar de batalhadores, tiveram de se contentar com posições medíocres na pontuação, mais uma vez nocauteados pelo azar. Raul Boesel ficou fora de combate antes mesmo que pudesse aspirar a algum resultado concreto, e Marco Greco, coitado, acabou levando uma rasteira de sua equipe, e nem pôde correr...
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