sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

MAIS RESPEITO COM BARRICHELLO

            Encerrou-se a “novela” da equipe Williams envolvendo quem seria o companheiro de Pastor Maldonado em 2012 no time inglês. A força da grana venceu a parada, e Bruno Senna garantiu seu lugar no time onde seu tio, 18 anos atrás, infelizmente perdeu a vida. O time, claro, garante que decidiu-se por Bruno não apenas por seu dinheiro, mas as afirmativas da equipe, infelizmente, não convencem nem um pouco. Ainda mais depois que se verifica que as últimas tentativas do time de atrair patrocinadores do Qatar resultaram em nada. A Williams vai em 2012 com dois pilotos pagantes, sim. Um tremendo demérito para um time que tem muita história na Fórmula 1, mas que nos últimos tempos, estava apenas virando história.
            A Williams faz uma aposta de risco calculada com Bruno. O sobrinho de Ayrton Senna tem talento e mérito para ser piloto da F-1, sim. Mas, infelizmente, nos últimos tempos, a ganância por patrocínios em uma categoria que teima em encarar a dura realidade econômica fez da grande maioria dos times do grid um grupo de sorvedores de pilotos pagantes. A figura do piloto pagante não é nenhuma novidade, existindo há tempos na F-1. E ganhou até um aspecto pejorativo, no sentido de que tais pilotos são apenas “braços duros” que nunca conseguiriam um carro para competir se não fossem o dinheiro que trazem. O problema é que, dos 12 times do grid atualmente, praticamente 8 deles exigiram dinheiro dos pilotos contratados, um nível alarmante e preocupante. Bruno Senna perdeu seu lugar na Renault, atual nova Lótus, não exatamente por falta de talento, mas por um conjunto de patrocínios, e também um pouco de politicagem, uma vez que Romain Grosjean tem sua carreira gerenciada por Eric Boullier, o atual mandachuva da equipe que levava o nome da Renault. Pesou contra Bruno as corridas irregulares que fez, na comparação com Vitaly Petrov. A nova Lótus resolveu dar um passo ousado para este ano, chamando Kimmi Raikkonem de volta à F-1, e também Grosjean. Infelizmente, Bruno foi um dos sacrificados neste processo, e merecia melhor sorte. Até porque, no atual momento, a nova Lótus tem melhores condições de competitividade do que a Williams, e se fosse companheiro de Kimmi, com certeza sua performance ganharia um referencial de comparação bem mais qualitativo. Independente de como voltar, Raikkonem ainda é um campeão mundial, e isso tem peso.
            Assim como Rubens Barrichello também merecia melhor sorte. Com a paixão que tem pela velocidade, excelente feedback técnico, e pela motivação que ainda ostenta, deveria ter sido mais respeitado pela Williams, que deveria ter lhe informado, há tempos, seus planos, ainda que iniciais, de não contar mais com seus serviços. Barrichello, por outro lado, repetiu o erro cometido em 2008, quando não saiu a campo para contatar outros times até ser tarde demais para se lançar de forma satisfatória no mercado. Salvo à última hora no início de 2009, desta vez a sorte não sorriu para o brasileiro, que acalentava pelo menos o sonho de disputar uma 20ª, e certamente última temporada na categoria. Ele merecia ter tido a oportunidade de fazer uma despedida decente. E, claro, merece muito mais respeito por parte de muitos “torcedores” brasileiros que estão praticamente quase soltando rojões de alegria por ver sua carreira na F-1 chegar ao fim.
            Estes, a turma Anti-Barrichello, encheram diversos locais de postagem de opiniões sobre a notícia na net, bem como fóruns, blogs e sites especializados, comemorando a contratação de Bruno e o “fim” da era Barrichello na categoria máxima do automobilismo. Não faltaram as tradicionais expressões depreciativas, como “tartaruga”, “lerdo”, “fracassado”, “vergonha nacional”, “maior vexame da F-1”, entre diversos tipos de comentários nem um pouco elogiosos. Gente que parece ter feito de sua vida o objetivo de defenestrar o melhor piloto que tivemos na F-1 depois de Ayrton Senna, e que passaram a considerar sua carreira o maior “exemplo” de como ser um fracassado na vida. Um clássico exemplo de como nosso país ainda tem muito a crescer moralmente para nos considerarmos uma nação decente, só para dizer o mínimo. Aliás, essa parece ser uma tônica de muitos conterrâneos, que entram na maior briga por motivos aparentemente fúteis – como por exemplo discussões e brigas de torcidas organizadas quando o time de futebol perde um jogo, e ficam passivos diante de assuntos realmente importantes – como por exemplo aprender a votar e cobrar direito nossa classe política, que está batendo recordes de baixaria e corrupção a cada ano que passa. E ainda se perguntam porque o Brasil não vai para a frente?
            Mas felizmente, vi também um grande número de opiniões mostrando o devido respeito para com Rubens, as quais eram a grande maioria. Muitos que não eram torcedores de Barrichello, mas demonstravam compreender a situação, e o que ele passou por estes 19 anos em que participou da F-1. Muitas pessoas que mostraram equilíbrio, gratidão, reconhecimento, e educação para com nosso recordista de GPs disputados. E, claro, os comentários de sua imensa legião de torcedores, dos mais recatados aos mais exagerados, que chegaram a fazer observações até descabidas. Será que é tão difícil assim manifestar um pouco de respeito por alguém? Estas pessoas mostraram que não é, basta apenas ter a decência, e o caráter de fazê-lo. De minha parte, nunca forcei ninguém a torcer por Barrichello, e também nunca critiquei ninguém por não ser torcedor de pilotos brasileiros. Cada um torce para quem quiser, o mundo é livre. Uma piada aqui e ali, não vejo nada demais. Mas no caso de Barrichello, tudo parecia ficar no 8 ou 80, sem direito a meio-termo. Aliás, claro que existia o meio-termo, mas as discussões anti, e pró-Rubinho eram sempre tão intensas que a turma do meio parecia até nem existir. De um lado, gente que dizia até que Barrichello era o culpado por tudo de errado que acontecia no Brasil; do outro, gente falando asneiras igualmente imbecis na defesa do piloto.
            Barrichello não teve uma carreira das melhores gerenciadas. Olhando para trás, os erros parecem óbvios e simples de terem sido evitados. Mas, na época, quem garante que Rubens não imaginou estar tomando a decisão correta? Tudo eram apostas. Se tudo corresse bem, seria tachado de gênio, ou outro adjetivo elogioso. Mas, como as coisas não se mostraram favoráveis ao brasileiro, eis outra fonte aparentemente inesgotável de críticas. Nélson Piquet e Émerson Fittipaldi, dois de nossos grandes campeões, fizeram apostas erradas também. Ninguém é infalível. Mas, no esporte, a “massa” de torcedores brasileiros só aceita mesmo a vitória, e nada abaixo disso é tolerável. O seu time de futebol pode ganhar 20 partidas seguidas; na primeira que perde, lá vem as críticas, xinga-se o técnico, jogador X, Y, ou todo o elenco, e por aí vai.
            Encerra-se a carreira de Barrichello, inicia-se um momento crucial na de Bruno Senna. Contratado apenas por um ano, e com cerca de 15 treinos em GPs já comprometidos para dar lugar a Valteri Bottas, que deve assumir um lugar de titular em 2013, o jovem Senna precisará mais do que nunca fazer juz ao sobrenome do tio famoso. O confronto com Maldonado será arriscado, pois o venezuelano não é visto como um piloto de quilate. É apenas muito rápido, apesar de ter sido campeão da GP2. Bruno tem a seu favor seu bom feedback técnico, algo que será imprescindível para o time tentar nortear o desenvolvimento do novo FW34, e com isso tentar assumir uma liderança técnica na escuderia, pavimentando um possível novo contrato para 2013. Bruno tem consciência do desafio que terá pela frente, e sabe que não terá um ano fácil.
            Se perder o confronto com Maldonado, Bruno verá contra si a “torcida” brasileira que já defenestrou Barrichello, e atualmente também critica Felipe Massa, chamando-o de “Barrichello II” e outros apelidos. Bruno será acusado de “envergonhar” o nome “Senna”, assim como será acusado por muitos de ser mais um fracassado e perdedor. Mas o risco maior será perder a melhor oportunidade da carreira na F-1 para mostrar que merece estar lá por si mesmo, e não pelo sobrenome que possui. Será sua primeira temporada “completa” e de fato, pois sua estréia pela Hispania foi um verdadeiro calvário, e menos de meia temporada em 2011 entrando com o campeonato em andamento, e com um carro que já não andava na sua melhor forma não foi exatamente o melhor cartão de visitas.
            Bruno agora vai testar na pré-temporada, e poderá participar ativamente do desenvolvimento do carro desde o primeiro dia de pista. Se a Williams não tiver cometido outro erro crasso no FW34, Bruno Senna dependerá apenas de si mesmo para aproveitar este ano na F-1. Boa sorte Bruno!

2 comentários:

J S Pents disse...

Veja bem, o ciclo de Rubens acabou, como acaba todo piloto na F1. Ele teve tempo pra mostrar tudo que sabe, e realmente oportunidades em grandes carros. Surgiu ate uma ultima oportunidade quando seu fim de carreira ja estava decretada no fim de 2008. A Brawn era sim a ultima chance de se fazer campeao, de se tornar um grande e botar seu nome de maneira clara entre os GRANDES. Nao deu. Na Williams nao fez nada demais, mas uma vez o carro nao evoluiu , pelo contrario involuiu e se repetiu a historia na Honda com um péssimo ano. So que desta vez a historia da Brawn nao se repete t e ele ficou sem carro. Ele nao nunca foi um piloto ruim, pelo contrario mas tambem nao foi ,digamos, UM CRAQUE como Senna nem ao menos um piloto agressivo e espetacular como Gilles. Suas declaracoes tambem lhe deram fama de chorão no Brazil assim como seus rompantes de otimismo nao confirmado em resultados.
Ele deixou seu nome na historia na f1 com suas vitorias e outros bons resultados. Agora o que ele faria em mais um ano de diferente, na Williams? Certamente nao lutaria pelo titulo, e nem por vitorias, talvez por um raro podio e olhe la... entao este ano nao acrescentaria muito na sua carreira. Assim é bom que de a vaga a pilotos mais novos que tem ainda o que mostrar , afinal a FILA ANDA e o sol brilha pra todos..

Anônimo disse...

Só existe uma coisa pior do que ser um perdedor maricas como o Barrimerda: ser um puxa-saco de perdedor maricas.

Vai trabalhar, vagabundo.