sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – ABRIL DE 1996 – 12.04.1996


            Fechando as postagens de 2012, trago mais uma antiga coluna na seção Arquivo. Esta, lançada em 12 de abril de 1996, fazia um pequeno balanço do campeonato de Fórmula 1 daquele ano, após as 3 corridas iniciais da temporada terem sido disputadas. Haviam sido realizados os GPs da Austrália, do Brasil, e da Argentina. E Damon Hill havia ganho todos eles. Verdade que a Williams, naqueles tempos, era o time a ser batido, mas Hill também teve méritos de cumprir o que se esperava dele, é verdade. Fiquem agora com o texto, e até 2013, com novas postagens aqui no Blog PISTA & BOX. Boas festas de fim de ano para todos, e grato por todos os leitores que estiveram por aqui. Agradeço a visita de todos vocês, e os convido a retornarem no próximo ano...


F-1 OU F-HILL?

            Terminada a primeira fase do campeonato de F-1 de 1996, é hora de fazer alguns balanços e considerações sobre estas 3 primeiras etapas, e traçar um horizonte do que ocorreu até agora. A primeira nota é, obviamente, a superioridade da Williams até o momento. E não é uma superioridade tão manifesta como em anos de 92 ou 93, mas é clara. E, como não poderia deixar de ser, Damon Hill é o centro das atenções do campeonato. O piloto inglês averbou em Buenos Aires a sua 3ª vitória consecutiva no campeonato, em 3 provas disputadas, e se contarmos com a última corrida de 95, o GP da Austrália, Hill passa a contabilizar 4 vitórias consecutivas. Todos já esperavam que a Williams saísse na frente na disputa pelo campeonato deste ano, e até se previa que Hill teria a sua melhor chance de ser campeão. Pelo visto até aqui, Hill vem cumprindo o roteiro com tal perfeição que chega até a assustar.
            Um dos maiores jornais argentinos estampou a seguinte manchete na cobertura do GP de seu país: “Ninguém pode deter Hill.” A hipótese de Jacques Villeneuve ser o maior adversário do inglês na luta pelo título, após seu impressionante desempenho em Melbourne perdeu força depois da fraca atuação em Interlagos e Buenos Aires. E a próxima corrida é em Nurburgring, outro circuito desconhecido para o jovem canadense, o que joga todo o favoritismo de novo em Hill.
            A Benetton até o momento parece a maior adversária da Williams. Jean Alesi fez provas arrojadas e subiu ao pódio nas duas últimas corridas, e só não ficou em 2º na Argentina por um pit stop ruim na parte final da prova. Flavio Briatore declarou no início do ano que a Benetton continua a ser uma equipe de ponta, mesmo sem Michael Schumacher. Quem conhece Briatore sabe que ele não costuma se superestimar à toa. E, para provar isso, a Benetton também começou o campeonato de 95 bem inferior à Williams, mas depois cresceu bastante no certame e levou ambos os títulos de pilotos e construtores. E até o momento, a Benetton vem superando a Ferrari em corrida e pode voltar a surpreender a Williams. É esperar pra ver.
            A Ferrari está com a crise na vizinhança, novamente. Michael Schumacher não esconde que não está contente com o carro e tenta fazer o que pode. Em breve, a situação pode piorar. Se a Ferrari continuar do jeito que está, não vai demorar para a torcida italiana “cair” em cima da escuderia. E quando isso acontece, é duro superar a crise. Schumacher até que conseguiu pressionar Hill em Buenos Aires, mas acabou ficando pelo caminho, enquanto Irvinne chegava em 5º lugar. Resultado: o piloto irlandês já tem 6 pontos no mundial, enquanto o bicampeão alemão conta com apenas 4 pontos. Vamos ver até quando Schumacher leva na esportiva esta situação de ficar atrás do companheiro de equipe...
            Na McLaren, um misto de decepção e otimismo. A decepção, em maior parte, Fica pelo fato de a equipe não conseguir disputar a ponta com a Williams, Ferrari e Benetton. Em 95, ficou patente que a McLaren tinha mais motor que carro. Este ano, a situação parece ter se invertido. O chassi MP4/11 já mostrou ter qualidade de renome, mas o propulsor alemão não parece corresponder às expectativas. No que tange ao otimismo, Mika Hakkinem mostra que está guiando como nunca, apesar de ainda não estar totalmente recuperado fisicamente do acidente sofrido em Adelaide, em novembro passado. Espera-se que, estando 100%, Hakkinem seja ainda mais rápido. Já Couthard não vem correspondendo às expectativas: foi mais lento que Hakkinem em todas as ocasiões, com exceção do GP argentino, onde andou à frente do finlandês, mas não conseguiu chegar nos pontos. Couthard vem alegando que a McLaren está favorecendo o finlandês, mas à vista de seu desempenho, o escocês não está sendo mesmo lá essas coisas.
            Destaque positivo para a Jordan, que mostra estar atingindo o nível de próxima escuderia de ponta da categoria. Rubens Barrichello andou muito bem em Interlagos, desafiando Williams, Benetton e Ferrari. Independentemente da rodada do piloto brasileiro no circuito paulistano, todas as outras equipes ficaram impressionadas com o desempenho da escuderia de Eddie Jordan. Na Argentina, ciente de que não poderia discutir as primeiras posições, Rubinho correu com a cabeça, marcando seus primeiros pontos no campeonato e pronto para alçar vôos mais altos este ano.
            Quem também merece um ponto positivo é a Arrows, que com um orçamento limitado, está conseguindo um elevado índice de competitividade. Jos Verstappen, de novo em seus melhores dias, exibe a velocidade que lhe valeu o apelido de “a besta holandesa” nos campeonatos europeus de acesso à F-1. Verstappen deu um show em Interlagos até abandonar por quebra mecânica, e repetiu a dose na Argentina, desafiando até a Ferrari de Eddie Irvinne e andando sempre no ritmo das McLaren e até batendo-as. Desta vez o piloto holandês conseguiu cruzar a linha de chegada antes do motor quebrar.
            Das outras equipes, destaque para a Tyrrel, que pontuou duas vezes com Mika Salo e mostra ter potencial para mais. A Sauber ainda não se acertou direito, mas assim que o fizer, Heinz-Harald Frentzen e Johnny Herbert irão mostrar do que são capazes. A Minardi tenta competir com o que pode, enquanto a Forti tenta se manter na competição. A Ligier também mostra potencial, tanto com Olivier Panis como com Pedro Paulo Diniz.
            Agora, é nos prepararmos para a fase européia do campeonato. Apesar do domínio de Hill até agora, a emoção está presente, e tende a aumentar. Vamos conferir...


Este não é bem o assunto que costumo tratar nesta coluna, mas devo parabenizar o excelente desempenho do piloto brasileiro Alexandre Barros neste início do campeonato do Mundial de Motovelocidad, categoria 500cc. Com dois segundos lugares nas duas etapas disputadas até agora, Barros ocupa a liderança do campeonato. Continue a brilhar, Alexandre!



A F-Indy volta a se reunir este fim de semana. O palco é a cidade de Long Beach, na costa da Califórnia, e marca o retorno da categoria aos Estados Unidos, depois de duas etapas realizadas no Hemisfério Sul. Na pauta, a concorrência pretende ir à forra contra a Honda e a Firestone, cujos motores e pneus equipam os carros que venceram todas as corridas até agora...



Nas palavras de Francisco Santos, este será o ano do “vai ou racha” para a equipe Sauber. Já está acertado que a futura equipe de Jackie Stewart será a nova escuderia oficial da Ford na F-1, em 1997. Se a Sauber não mostrar serviço nesta temporada, perde os motores da fábrica americana. Na melhor das hipóteses, continua com os motores Ford, mas terá de pagar por eles, tornando-se uma simples equipe cliente...



São cada vez mais fortes os rumores de que a Bridgestone entrará na F-1 em 97, através da marca Firestone. A julgar pelo desempenho dos pneus da marca na F-Indy, a Goodyear terá sérios problemas pela frente também na F-1...



A situação de Schumacher tende a ficar complicada nas próximas duas etapas da F-1. O GP da Europa, próxima corrida, será em Nurburgring, na Alemanha, e a torcida vai cobrar um vitória de seu campeão a qualquer custo; depois, é a vez de San Marino, em Ímola, onde a fanática torcida italiana poderá “pedir a cabeça” do piloto alemão se Damon Hill continuar ganhando tudo até lá...

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – ABRIL DE 1996 – 04.04.1996


            Passado o Natal, trago mais uma de minhas antigas colunas na seção Arquivo. O texto de hoje foi publicado no dia 4 de abril de 1996, e o assunto era as emoções vividas no Grande Prêmio do Brasil daquele ano, que no domingo anterior, havia deixado a multidão presente em Interlagos bem empolgada com as disputas. A vitória havia sido de Damon Hill, e pelo carro superior que a Williams tinha, isso foi até óbvio. Mas fora a vitória do piloto inglês, no restante do grid houve bastante briga e disputa. Fiquem agora com o texto, e boa leitura para relembrar daqueles tempos...


EMOÇÃO EM ALTA


            O público do Grande Prêmio do Brasil de F-1 desta vez não teve do que reclamar: a corrida deste ano foi muito melhor que a de 95 e uma das melhores dos últimos anos. Emoção, grandes pegas, incertezas, rodadas, tudo esteve presente no último domingo para fazer do 25º GP do Brasil de F-1 um belo show de pilotagem e disputa. As novidades começaram já nos treinos livres. Apesar de saber que treino é uma coisa e corrida é outra, dá para se divertir e se emocionar. Há também muita diferença entre os treinos livres e o treino de classificação. Houve surpresas, desilusões, confirmações e boatos a rodo. Devo admitir que os treinos foram entusiasmantes desde a manhã de sexta-feira. Fazia tempo que eu não acompanhava os treinos com tanta expectativa, tais eram os rumos que eles tomavam.
            Na sexta-feira, a Benetton deu as cartas, ou parecia dar. Jean Alesi e Gerhard Berger andaram na frente o tempo todo. Com a McLaren, foi a mesma coisa, com Mika Hakkinem e David Couthard a se posicionarem logo atrás das Benetton. Damon Hill, que ficara em 5º, não estava preocupado, e com razão. Já Jacques Villeneuve mostrou como ainda fica vulnerável em um circuito desconhecido. Desta vez, a vantagem de Hill conhecer Interlagos mostrou-se considerável. O canadense ficara na 15ª posição, aprendendo o circuito. Rubens Barrichello e a Jordan também se mostravam otimistas. De realçar também a competitividade dos pilotos brasileiros em relação a seus companheiros de equipe: Tarso Marques estreava na Minardi, e de cara, já fazia 1s4 à frente de seu companheiro de equipe Pedro Lamy. Ricardo Rosset e Pedro Paulo Diniz também não decepcionaram frente a seus colegas de time.
            Na classificação, Villeneuve recuperou-se; Benetton e McLaren caíram de rendimento. Michael Schumacher salvou a 4ª posição no grid com uma volta suicida. A surpresa foi a Jordan com Rubens Barrichello: 2ª posição no grid e promessa de vôos à altura no domingo.
            De fato, a corrida teve briga em todas as posições. Com exceção de Hill que largou da pole e disparou na liderança, todos os demais pilotos passaram a disputar ferozmente as demais posições. Villeneuve arrancou para a 2ª posição na largada, e teve de aturar atrás de si nada menos do que 4 pilotos bons de chuva: Jean Alesi, Rubens Barrichello, Michael Schumacher e Heinz-Harald Frentzen. Inexperiente em piso molhado, Villeneuve capitulou ao ataque de Alesi e deu adeus à corrida. Alesi, aliás, por pouco não ficou fora da pista, e Schumacher teve a corrida mais dura dos últimos tempos. Primeiro foi Frentzen a ameaçar o bicampeão mundial; na parte final da prova, o tormento era Rubinho. Não fosse o despite do brasileiro e o alemão não teria subido ao pódio.
            Lá atrás, a situação não era menos calma: Jos Verstappen, em excelente dia, batia ambas as McLaren e andava em um ritmo impressionante até quebrar, infelizmente; Ricardo Rosset ia bem até ser vítima de uma pequena irregularidade da pista e bater no guard-rail; Tarso Marques fez uma largada relâmpago, ganhando 5 ou 6 posições, para abandonar logo em seguida. Tivemos até briga finlandesa: Mika Salo e Mika Hakkinem duelaram por boa parte da corrida. Hakkinem, com a McLaren, venceu a parada. Já Pedro Paulo Diniz viu sua boa corrida perder parte do brilho por um erro da equipe, que o mandou de volta à pista com pneus de chuva ao invés dos slicks, com o traçado já praticamente seco.
            A chuva que desabou sobre Interlagos cerca de 45 minutos antes da prova ajudou a tornar a disputa ainda mais emocionante. Todos ficaram na dúvida sobre os acertos para molhado, já que todos os treinos foram feitos com tempo seco. Dava para sentir a incerteza dos pilotos e engenheiros. No fim, todos largaram e o resultado todos já conhecem.
            O público presente a Interlagos foi excelente, e pela primeira vez desde 94, a torcida vibrava com um brasileiro na pista. Rubens Barrichello disputou a corrida sempre no pelotão da frente, desafiando Williams, Benetton e Ferrari. Rubinho acabou decepcionando no final, ao rodar, vítima de um pequeno erro de pilotagem, mas a torcida não se abateu: na volta para os boxes, o brasileiro foi aclamado de pé pela torcida.
            Independente de Barrichello ter errado ou não, o desempenho da Jordan em Interlagos foi digno de nota. Ponto para a equipe, que conseguiu acertar de maneira exemplar o carro, dando-lhe grande tração e estabilidade; ponto para a Peugeot, que parece estar bem próxima da performance dos motores Renault; e ponto para Barrichello, que guiou como nunca, desafiando pilotos muito mais experientes. Rubinho chegou a ultrapassar os adversários várias vezes, mas nunca conseguia manter a posição, levando verdadeiras lições dos velozes Alesi e Schumacher. Barrichello admitiu que errou depois de a corrida acabar, e esse é o primeiro passo para se procurar não cometer o mesmo erro novamente. Barrichello ainda é bem novo, tem só 23 anos e ainda muito tempo pela frente. Todos os grandes pilotos já passaram por isso no início de suas carreiras.
            Damon Hill simplesmente passeou em Interlagos: abriu logo 15s de vantagem e passou a administrar a prova. Tática inteligente e segura: não havia necessidade de forçar o ritmo naquele momento. De fato, só na parte final da corrida, com a pista já totalmente seca, Hill voltou a andar rápido, precavendo-se dos ataques de Jean Alesi. Hill agora é o favorito ao título, mas tal qual em 95, será preciso esperar para ver isso se confirmar...



A Honda averbou, em Surfer’s Paradise, sua 3ª vitória consecutiva no campeonato da F-Indy, dominando completamente o certame até aqui. Também se confirmou a superioridade dos pneus da Firestone, cujos compostos equiparam os carros que venceram todas as corridas do ano até aqui.



Paul Tracy e Michael Andretti protagonizaram um acidente curioso em Surfer’s Paradise: na disputa por posição, Michael acertou o Penske de Tracy, empurrando-o contra os muros e tirando-o da corrida. Na volta seguinte, Paul Tracy fez sinal de “dar uma banana” quando Andretti cruzou o local. O piloto canadense não poupou adjetivos pouco educados ao piloto da Newmann-Hass.



Paul Tracy parece ter memória curta: em Long Beach, no ano passado, ele prensou Gil de Ferran contra o muro, causando o abandono de ambos; em Cleveland, André Ribeiro foi a vítima do canadense, que jogou o brasileiro fora da pista.



Destaques da Jordan em Interlagos: Rubinho era o segundo mais rápido na corrida na área da linha de chegada, onde a cronometragem apontou a Jordan do brasileiro a 300 Km/h naquele ponto. O mais rápido? Damon Hill, da Williams, com 302 Km/h. Barrichello fez a volta mais rápida da corrida cerca de 3 vezes, virando no mesmo ritmo da Williams de Hill e da Benetton de Alesi.



Neste fim de semana, mais velocidade: vai ser disputado o Grande Prêmio da Argentina. Damon Hill, mais uma vez, é o favorito disparado. Jacques Villeneuve não conhece o circuito argentino, e se for como em 95, vai enfrentar dificuldades maiores ainda. Hill venceu a corrida no ano passado, que foi disputada debaixo de chuva...



Semana passada, o campeonato da IRL (Indy Racing League) teve sua segunda prova, as 200 Milhas de Phoenix. O vencedor foi o holandês Arie Luyendick, que já participou da F-Indy...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – MARÇO DE 1996 – 29.03.1996


            Voltando com a seção Arquivo, trago hoje a coluna escrita para o dia 29 de março de 1996, a sexta-feira de treinos do Grande Prêmio do Brasil daquele ano, que comemorava 25 anos da existência de nossa corrida de F-1, saga iniciada lá nos anos 1970, quando Émerson Fittipaldi se tornava o novo astro da categoria, rivalizando com o grande nome da época, Jackie Stewart. A coluna relata algumas curiosidades e fatos da história de nossa corrida até aquele ano. A prova segue firme até hoje no calendário da categoria, em que pesem as ameaças e cobranças de melhorias em Interlagos, uma vez que a F-1 ficou mal acostumada com os novos autódromos faraônicos que vem sendo construídos desde 1998, e que viraram moda desde então. Curtam agora o texto, e um feliz Natal para todos os leitores...


GP BRASIL: 25 ANOS DE EMOÇÃO E VELOCIDADE!

            Neste domingo, mais uma vez, o autódromo de Interlagos será palco de uma etapa do campeonato mundial de F-1. Mais uma vez, todas as emoções do maior campeonato de automobilismo do mundo estarão voltadas para os 4,325 Km do circuito José Carlos Pace, no bairro de Interlagos, na Zona Sul de São Paulo. Mas, mais do que sediar, mais uma vez, uma prova de F-1, a etapa deste ano tem muito mais atração e significado: será a 25ª edição do Grande Prêmio do Brasil de F-1. Nosso grande prêmio atinge seu jubileu de prata no circuito mundial do automobilismo com honras e méritos e é o GP em disputa há mais tempo no hemisfério sul assim que a prova se realizar (O GP da África do Sul também foi realizada 24 vezes até agora).
            Tudo começou no dia 30 de março de 1972, uma quinta-feira, quando Interlagos sediou pela primeira vez uma etapa da F-1. A corrida, extra-campeonato, algo comum naquela época, foi vencida por Carlos Reutemann com a Brabham. Mas em 1973, já como etapa oficial do campeonato de F-1, as honras da vitória couberam a Émerson Fittipaldi, ao volante do lendário Lótus 72D. Émerson repetiria a dose em 74, agora com o também célebre McLaren M23. José Carlos Pace conseguiu aqui perante o seu público a sua única vitória na F-1, em 1975. Apenas em 1976 um piloto “estrangeiro” conseguiria vencer pela primeira em Interlagos contando pontos para o mundial. A honra coube a ninguém menos que Niki Lauda, com a Ferrari.
            Nélson Piquet venceu a prova em 1983, agora no autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, dando sua arrancada para o bicampeonato. Piquet repetiria a dose em 1986, com a Williams. Já Ayrton Senna só conseguiu vencer em 1991 e 1993. Senna, aliás, acumulou inúmeros abandonos no GP do Brasil: fora as 2 vitórias, só pontuou outras 2 vezes, em 1986 (2º lugar), e 1990 (3º lugar).
            Em matéria de vitórias, Alain Prost foi o grande dominador, vencendo 6 vezes nosso GP, o que lhe valeu o apelido de “Rei do Rio”, onde a prova era realizada na década de 1980, mas o intrépido francês venceu também em Interlagos, em 1990. O GP do Brasil, aliás, viu de tudo nestes últimos 25 anos: por aqui correram grandes pilotos e grandes campeões mundiais. A lista é grande e de respeito: Jackie Stewart, Émerson Fittipaldi, Niki Lauda, Graham Hill, Nélson Piquet, Alain Prost, Ayrton Senna, Nigel Mansell, Mario Andretti, só para citar os que foram campeões. Mas marcaram presença inúmeros outros, como Ronnie Peterson, Keke Rosberg, Jack Ickx, Clay Regazzoni, Carlos Reutemann, Alan Jones, James Hunt, entre outros mais. Além dos pilotos, os brasileiros também viram a evolução dos carros: do clássico Lótus 72D, passamos para os carros-asa, e daí em diante até a evolução atual dos monopostos. No campo dos motores, começamos com os célebres Cosworth DFV V-8. Veio então os poderosos motores turbo lançados pela Renault. Tivemos a Era Turbo e, recentemente, vimos o renascer os motores aspirados.
            Tudo cativou os brasileiros que, com o sucesso de nossos pilotos, passaram a se interessar ainda mais pelo automobilismo. E mais: principalmente em Interlagos, a emoção e o circuito é um desafio aos pilotos. Jacarepaguá, apesar de não ter a mesma classe de Interlagos, também tinha suas manhas. O circuito original de Interlagos era incomparável: quase 8 Km de pista com tudo o que se pudesse desejar em um circuito: retas, curvas de alta, curvas de baixa, etc. Como diziam, era um circuito “de macho”. A reforma em 1990 reduziu o traçado quase à metade, mas conseguiram manter parte do carisma e desafio que o circuito paulistano conseguia impor. Os brasileiros viram disputas memoráveis, proporcionadas por grandes pilotos, situações dramáticas, acidentes espetaculares, entre outras coisas.
            Na sua 25ª edição, o Grande Prêmio do Brasil é um sucesso: o público está presente mais do que nunca. A paixão do torcedor pela velocidade está no auge. Nossos pilotos podem não estar no topo como há algum tempo atrás, mas isso não desanima tanto. Já tivemos períodos de vacas magras em termos de resultados na F-1. Mas o torcedor estará presente, sempre apoiando nossos pilotos. O GP Brasil firma-se junto ao restante do calendário da F-1. Emoção, grandes disputas, bom público, tudo isso é o Grande Prêmio do Brasil de F-1. Parabéns pelos 25 anos, e que os próximos 25 sejam tão bons quanto foram os 25 primeiros!


Na madrugada deste sábado para domingo os carros da F-Indy aceleram fundo no Grande Prêmio da Austrália, em Surfer’s Paradise. Todas as expectativas até agora devem ser esquecidas: as primeiras duas provas foram em circuitos ovais. Agora é a vez de um circuito urbano. É hora de ver se a Honda consegue impor o seu domínio neste tipo de circuito.



Mark Blundell não corre na Austrália. O piloto da equipe PacWest quebrou um dedo do pé na forte batida que sofreu na curva 4 durante o GP do Brasil de F-Indy em Jacarepaguá. Já Scott Goodyear, que bateu forte nos treinos livres, no mesmo local, deverá ficar no estaleiro por dois meses, sem competir: ele fraturou uma vértebra cervical.



Eis alguns acidentes dignos de nota na história do Grande Prêmio do Brasil de F-1: em 1993, Michael Andretti e Gerhard Berger se enroscaram na largada e protagonizaram um acidente pavoroso, com o carro de Andretti voando por cima da Ferrari do austríaco. Já em 1994, um acidente ainda mais pavoroso, no fim da reta oposta, quando Eddie Irvinne, em uma tentativa de ultrapassagem, causou um acidente múltiplo, envolvendo ele próprio, Jos Verstappen, Martin Brundle e Eric Bernard. O carro de Verstappen decolou por cima dos demais e felizmente, ninguém saiu ferido.



Um detalhe sobre o circuito de Interlagos que ajuda a dar mais emoção e dificuldade para os pilotos: É a única prova do campeonato, ao lado da etapa de San Marino, que é disputada no circuito anti-horário. Isso costuma forçar bem mais a musculatura do pescoço no lado esquerdo, geralmente menos desenvolvida. No circuito antigo, de quase 8 Km, a força G era tão forte em algumas curvas que os pilotos prendiam molas nos capacetes para tentar firmar o pescoço.



Nélson Piquet irá participar das comemorações do 25º GP do Brasil. Está prevista uma exibição de Piquet, onde ele dará várias voltas no circuito ao volante de seu Brabham/BMW BT53, com o qual ele conquistou o bicampeonato mundial, em 1983.



Curiosidade: foi no GP do Brasil de 1978, disputado em Jacarepaguá que a equipe Copersucar, primeiro e único time brasileiro até hoje na F-1, obteve o seu melhor resultado na categoria. Émerson Fittipaldi foi o 2º colocado na prova.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – MARÇO DE 1996 – 22.03.1996


            Por motivos de agenda, estou colocando hoje a postagem do meio da semana, em mais um texto da seção Arquivo. Este foi escrito na semana seguinte ao primeiro Grande Prêmio Brasil de F-Indy, disputado na pista oval construída dentro de Jacarepaguá, que hoje foi totalmente destruída pelos interesses cretinos de políticos e cartolas do “esporte”. A corrida foi vencida por André Ribeiro, que guardadas as proporções em relação à F-1, deixou o público eufórico com o feito, após uma corrida cheia de alternativas. Podia-se dizer que Indy chegava ao Brasil com o pé direito, e a categoria fincava sua bandeira por estas paragens, para desgosto de Bernie Ecclestone, pois na época a categoria americana chegava a causar alguns incômodos, mesmo nunca tendo ameaçado os índices de audiência e influência da F-1. Pena que o bom momento vivido naquele GP não tenha durado tanto quanto se imaginava. Os anos seguintes se mostraram mais complicados, especialmente para as expectativas de vitórias de nossos pilotos na categoria americana. Bom, fiquem com o texto, e na sexta-feira, vem mais uma antiga coluna, para relembrar tempos hoje distantes, mas que deixam boas saudades...

 
VALEU, ANDRÉ!
            O primeiro Grande Prêmio do Brasil de F-Indy pode não ter sido o sucesso de público que se esperava, mas não deixou de satisfazer os torcedores com aquilo que eles mais queriam: um vencedor brasileiro no lugar mais alto do pódio. André Ribeiro, como boa parte da imprensa já se referiu no início da semana, lavou a alma do torcedor brasileiro, que desde 1993, quando Ayrton Senna venceu em Interlagos, não via um piloto brasileiro vencer uma prova de uma categoria internacional em terras brasileiras. Houve até quem comparasse André com Ayrton, mas o próprio piloto evitou fazer comparações deste tipo.
            A corrida mostrou muito mais emoção do que na prova de estréia do campeonato, em Miami. A longa reta dos boxes proporcionou várias ultrapassagens, para delírio do público. Ao contrário do que se previa, a curva 1 não trouxe problemas para os pilotos. A curva 4, entretanto, mostrou-se mais favorável às ultrapassagens, e foi nesse ponto que ocorreram os lances mais perigosos, como a violenta batida de Mark Blundell, na corrida; e o acidente de Scott Goodyear, nos treinos livres. Mais do que isso, contornar bem a curva 4 era fator decisivo para se fazer bem a reta dos boxes. Ficou nítido durante a corrida que aqueles que faziam a curva sem muita precisão tinha o seu rendimento na reta prejudicado. Isso deu origem a várias ultrapassagens, de quem vinha de trás, aproveitando-se o vácuo dos carros.
            As ondulações da pista diminuíram, mas ainda foi um desafio para todos, que tinham de conciliar o acerto do carro com mais este detalhe. Os ajustes variaram: alguns priorizaram o rendimento nas retas, como André Ribeiro, para aproveitar a maior velocidade, enquanto outros preferiram maior apoio para ganhar terreno nas curvas, tencionando ganhar estabilidade em eventuais ultrapassagens.
            A velocidade estimada acabou ficando aquém do esperado: a maior velocidade em reta ficou na casa dos 330 Km/h, com os motores Honda. Até a velocidade média foi menor: na casa dos 265 Km/h. Mas a força dos motores Honda ditou o ritmo nos treinos livres e na classificação. Alessandro Zanardi e Jimmy Vasser, da equipe Chip Ganassi, ficaram sempre com os melhores tempos, e o italiano conquistou a pole-position para a corrida. André Ribeiro veio logo a seguir, e conforme já avisava, a posição De largada não era tão importante, pois na corrida a situação seria outra. Dito e feito: Christian Fittipaldi, que largou em último, chegou em 5º lugar. Raul Boesel, que também saiu lá atrás, chegou a ocupar a 4ª posição, mas problemas nos pneus impediram um melhor rendimento e posicionamento, terminando na 7ª posição.
            Além da emoção da corrida, o resultado não poderia ser melhor para a torcida: todos os pilotos brasileiros marcaram pontos, à exceção de Maurício Gugelmim, que abandonou a prova devido a problemas nos freios, o mesmo defeito que provocou a batida de seu companheiro Blundell no muro. Assim que a corrida terminou, houve até invasão da pista pelos torcedores, que cercaram os carros e o vencedor da prova.
            Para melhorar o clima, a declaração oficial da CART de que a corrida de 97 já está nos planos da entidade, e com vistas a aumentar ainda mais. Deverá ser agora uma prova de 500 Km, e não 400, como foi a deste ano. Então, seja bem-vindo ao Campeonato Mundial da F-Indy, Brasil!
O público do Grande Prêmio do Brasil de F-Indy não foi o esperado: cerca de 35 mil pessoas assistiram a corrida nas arquibancadas. A organização da prova diz ter vendido 52 mil ingressos. Esperava-se lotação completa do circuito: 70 mil pessoas.

Nélson Piquet foi uma atração à parte no paddock de Jacarepaguá: deu autógrafos, entrevistas, conversou com os pilotos e fãs e brindou a todos com sua irreverência e simpatia. E, para delírio da torcida, deu a ordem aos pilotos para ligarem seus motores, em inglês e português.

Eis aí uma comparação de preços para quem quiser entender: em Miami, o ingresso mais barato custava cerca de US$ 40, e o mais caro, o PIT SPASS, que ainda dava acesso aos boxes, US$ 120. Aqui no Brasil, os mesmos custavam, respectivamente, R$ 90 e R$ 300...

Quem apostava que, com a vinda da F-Indy para o Brasil, a F-1 perderia o interesse, deu com os burros n’água: enquanto sobraram ingressos para o GP da Indy, os organizadores da prova de F-1 já tencionam colocar mais 10 mil lugares em Interlagos, sendo que algumas arquibancadas já estão quase esgotadas.

Gil de Ferran e Émerson Fittipaldi não tiveram muito o que comemorar no GP do Brasil de F-Indy. Ambos tiveram suas corridas arruinadas pela falta de metanol em seus carros. Émerson teve pane seca, enquanto Gil sofreu situação quase idêntica, causada por um defeito no pescador de combustível de seu carro. Ambos perderam 2 voltas em relação aos líderes por causa disso.

Para Gil de Ferran, foi o inferno: ele liderava a corrida e tinha feito a melhor volta da prova. Já Émerson fazia uma recuperação espetacular, e já estava em 11º lugar, depois de perder quase 1 volta nos boxes para mudar a regulagem do carro.

Aviso de amigo: quem estiver conversando com Émerson Fittipaldi deve evitar mencionar a palavra “decadência”, do contrário...

Semana que vem, emoção em dose dupla: Grande Prêmio de Surfer’s Paradise, pela F-Indy; e o Grande Prêmio do Brasil de F-1. Até lá, então...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

DESTINO 2013: STOCK CAR


            Depois de participar das 3 últimas etapas do campeonato deste ano da Stock Car, eis que Rubens Barrichello já teria anunciado que ficará em definitivo por lá. Ainda falta o tradicional “anúncio oficial”, mas praticamente já está sacramentada a ida do recordista de participações da F-1 para a categoria nacional no ano que vem. Era um destino que muitos já davam como certo, faltava apenas saber quando. Veio antes do que todo mundo esperava, até mesmo na minha opinião.
            Quem ainda imaginava que o piloto manteria firme a esperança de continuar em uma categoria TOP ficou dividido entre a decepção, e o conformismo. Muitos esperavam revê-lo no campeonato 2013 da Indy Racing League, onde mais experiente, e já conhecendo a dinâmica da competição, poderia render mais, competindo por um time mais bem estruturado. A Sam Schmidt afirmou que esperava ainda acertar um contrato com Barrichello, mas entende a decisão do brasileiro de ficar por aqui, e até ainda deixa em aberto a possibilidade de Rubens disputar algumas corridas “avulsas” em 2013, embora eu ache difícil isso acontecer. O maior entrave para Rubens se manter na IRL no próximo ano era estritamente financeiro: era preciso levar grana, e mesmo não sendo uma quantia absurda como a exigida pela F-1, a categoria americana nunca emplacou por aqui, ao contrário da F-Indy, e para piorar a situação, a maneira como a Bandeirantes exibe o certame só ajuda a piorar a situação, a ponto de o principal patrocinador de Barrichello este ano, a BMC, reclamar que a operação não deu retorno. E vale lembrar que Tony Kanaan, mesmo tendo um título de campeão da categoria, penou um bocado para conseguir patrocinador por estas hostes.
            Na Stock, pelo acordo firmado, Barrichello terá aporte garantido da Medley. Aliás, Rubens conseguiu um belo feito, pois a farmacêutica ia pular fora da categoria, mas o retorno da contratação de Rubens foi tão positivo que a empresa não apenas mudou de idéia quanto a sair, quanto irá continuar firme na equipe Full Time, que irá contar com Rubens por todo o campeonato de 2013. Do ponto de vista financeiro, ótimo. Do ponto de vista esportivo, é bom para a Stock, que ganha um nome de peso para o próximo ano, ainda mais em um momento em que a Vicar tenta demover a Globo de sua decisão de passar na TV aberta apenas uma ou outra corrida, e relegar todo o restante do campeonato aos canais pagos do SporTV.
            Do ponto de vista profissional, a decisão pode ser vista como o fim da carreira de piloto internacional de Barrichello. Como já afirmei, muitos ainda esperavam vê-lo continuar na IRL, onde ainda poderia render muito por alguns anos. Alguns ainda forçosamente esperavam até vê-lo de volta à F-1, para pelo menos disputar mais uma temporada e completar 20 anos de competição. Mas Rubens já estava vendo que, infelizmente, sua vida na F-1 ficou para trás. A IRL seria uma opção mais plausível, mas a necessidade de correr atrás de patrocínio e a pouca receptividade das empresas nacionais em investir nisso com certeza devem tê-lo feito considerar, até antes do que pensava, a opção da Stock. E a Medley não perdeu tempo em fazer um belo acordo, que será benéfico para ambos.
            Confesso que, de minha parte, gostaria de ver Barrichello ainda competindo lá fora, mostrando todo o talento que tem, em alguma categoria de renome. A Stock Car, na minha opinião, sinaliza o fim de sua carreira como piloto internacional. Poderá correr uns bons anos por aqui, e quem sabe, fazer sucesso nos carrões. Seu desempenho nas 3 corridas que disputou não empolgou muito nas provas, mas mostrou inegável adaptação nas classificações, mostrando que pegou o jeito da coisa. Se vai disputar o título de 2013, é muito cedo para dizer, mas nada impede que ele surpreenda e entre na luta pelo caneco. O tempo irá dizer.
            Mas para Rubens, um dado muito importante é sua família. Pai de dois filhos, e muito bem casado, mudar-se para a Stock Car significa ficar perto da esposa e filhos, e dar um basta na vida de cidadão itinerante que ele foi e é desde 1990, quando partiu para a Europa para disputar seu primeiro ano em uma categoria no Velho Continente, no caso, a F-Opel. O último campeonato nacional disputado por Barrichello foi a F-Ford em 1989, e de lá para cá, o então jovem piloto nacional passou a andar pelo mundo afora, primeiro na Europa, e desde 1993 viajando o mundo inteiro com a F-1. Neste ano, ficou nos Estados Unidos, Canadá e Brasil, seguindo a caravana da IRL. Ele passou mais da metade de seus quase 41 anos viajando pelos campeonatos que disputou, e tem todo o direito de se estabelecer novamente no Brasil. Seus filhos estão entrando na adolescência, e Rubens quer dar a eles um pai em período mais integral. Já está mais do que realizado financeiramente. No campo esportivo, pode até não ter conquistado tudo o que gostaria, mas teve uma carreira que pode se orgulhar, mesmo com algumas decisões erradas em momentos-chave de sua condução.
            Ao mesmo tempo, ele continuará competindo, adaptando-se a uma nova categoria, e se preparando paulatinamente para o dia em que irá pendurar mesmo o capacete. Dizem que ele pode voltar à F-1 ano que vem como parte da equipe da Globo, depois de sua excelente atuação em Interlagos este ano dando uma de repórter. Seria muito bom. Luciano Burti tem suas qualidades na transmissão da emissora, mas Barrichello, por ter tido 19 temporadas na competição, tem muito mais quilometragem e intimidade com tudo e todos, e seria um reforço considerável, ajudando a elevar e muito o nível das informações nas transmissões.
            O conhecimento técnico de Rubens também poderá ser útil na Stock Car, que poderia se beneficiar muito de alguém com sua experiência e cacife adquiridos nos quase 20 anos de participação da F-1. E a Stock, diga-se de passagem, precisa de gente com mais conhecimento de causa do que aqueles que têm atualmente. A direção e organização da categoria precisam melhorar muita coisa no certame para que ele tenha um nível melhor, não apenas técnico como esportivo e gerencial. Todos podem sair ganhando com esta nova direção na carreira de Rubens.
            Que Barrichello seja feliz e bem-sucedido em sua nova vida na Stock Car. E ele bem que merece...


Cacá Bueno teve um final de corrida dramático domingo passado em Interlagos. Acabou perdendo a corrida na reta de chegada, com a pane seca que enfrentou, mas o 3° lugar foi mais do que suficiente para coroar o seu 5° título na Stock Car brasileira, ficando agora atrás apenas de Ingo Hoffman como piloto mais vitorioso da história da categoria, com 12 títulos. A vitória da corrida ficou com Thiago Camilo, que conquistou pela segunda vez a “Corrida do Milhão”, prova que já havia vencido no ano passado. Na 2ª posição ficou o piloto Ricardo Maurício. O pódio garantiu o vice-campeonato para Maurício, que terminou a competição com 189 pontos, 6 a menos do que o campeão de 2012, Cacá Bueno. Átila Abreu finalizou o certame em 3° lugar, com 175 pontos, ao ficar apenas em 8° lugar em Interlagos. Dos pilotos “convidados” quem fez bonito na corrida foi Rafael Matos, que terminou a corrida em 9° lugar, depois de largar em 23°. Rubens Barrichello, por sua vez, depois de surpreender na classificação para largar em 7°, finalizou apenas em 22° lugar. Tony Kanaan, 26° no grid, abandonou a corrida depois de alguns toques mais agressivos que recebeu; e Hélio Castro Neves, saindo da 22ª colocação, terminou recebendo a bandeirada em 14°.


Com esta coluna, encerro os textos de 2012. Agora é curtir um pouco o final de ano, com o Natal e as festas de réveillon. E até 2013, pronto para mais um ano no mundo da velocidade. BOAS FESTAS! FELIZ NATAL! E que venha 2013!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – MARÇO DE 1996 – 15.03.1996


            Voltando com a seção Arquivo, trago hoje a coluna publicada no dia 15 de março de 1996, cujo assunto era a estréia da F-Indy no Brasil (a verdadeira e original, não esta “sobra” que é a atual IRL), no belo circuito oval construído dentro do autódromo de Jacarepaguá, que lamentavelmente hoje encontra-se praticamente destruído, por obra e desgraça dos patifes políticos cariocas e cartolas do COB, entre outros. Naqueles tempos, quem acreditaria que pouco mais de 15 anos depois tudo estaria destruído e acabado por causa da corja que assola nossos governos, que fazem e desfazem, e fica por isso mesmo. A chegada da nova categoria era uma festa, e por algum tempo, deu muito certo. Hoje, infelizmente, só deixa saudades, e uma raiva justificável contra aqueles miseráveis que deixaram com que o autódromo do Rio se acabasse. Fiquem agora com o texto, e boa leitura, de uma época onde tudo parecia ser mais positivo do que hoje em dia...


FINALMENTE, A INDY NO BRASIL!


            Neste fim de semana, pela primeira vez em toda a sua história, a F-Indy irá acelerar em terras tupiniquins. O Grande Prêmio do Brasil de F-Indy finalmente tornou-se realidade, depois de várias tentativas frustradas. A corrida, que leva o nome oficial de Rio 400, será disputada no novíssimo circuito oval construído dentro do autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
            Desde 1990 que Émerson Fittipaldi sonhava com a realização de um GP de F-Indy no Brasil. Várias tentativas foram feitas para que o Brasil fosse incluído no campeonato, ou mesmo que fosse palco de uma prova extra-campeonato, tal como aconteceu com o primeiro GP do Brasil de F-1, que depois passou a integrar oficialmente o calendário da F-1.
            Contatos eram feitos, idéias surgiam. Houve até uma proposta de utilizar o circuito externo de Interlagos, que tem forma semelhante a um oval, para a realização da F-Indy. Depois, outra proposta veio do empresário Beto Carreiro, que pretendia construir um circuito oval ao lado de seu parque de diversões, o Beto Carrero World, no Estado de Santa Catarina, mas nenhuma destas idéias vingou. Só no ano passado as negociações ficaram firmes, e finalmente a CART decidiu incluir o Brasil em seu calendário. Colaborou também o fato de que o número de pilotos brasileiros na categoria era o maior depois dos americanos. Sem perda de tempo, começaram os estudos para a criação do circuito, que originalmente, teria 2 Km de extensão. Depois, ao ser levantado um detalhe de um acordo da CART com a FIA, o circuito teve de ser ampliado para 3 Km. Mas tudo correu bem, mesmo com alguns pequenos problemas, e o resultado está aí, e nesta tarde de domingo, os bólidos da F-Indy estarão acelerando a mais de 340 Km/h no oval que passa a levar o nome de nosso primeiro campeão de F-1 e até o momento o único brasileiro campeão da F-Indy: Émerson Fittipaldi.
            O circuito impressiona: a reta dos boxes tem cerca de 1,1 Km de extensão, onde os carros deverão chegar próximos aos 375 Km/h. Mas este também é um circuito inédito na Indy: além da maior reta entre todos os circuitos do calendário, será também o único circuito oval onde os pilotos terão de trocar marchas e fazer freadas fortes durante a corrida. Em todas as demais pistas ovais, os pilotos só trocam as marchas para entrar e sair dos boxes, e as curvas são feitas aliviando-se o pé do acelerador. A forma trapezoidal do circuito faz com que as curvas 1 e 4 sejam bem fechadas, o que vai exigir uma forte freada e muita troca de marcha para reduzir a velocidade, e após contornar a curva, acelerar com tudo, pois o ângulo das curvas 2 e 3 faz prever que serão feitas com o pé embaixo. Os pilotos brasileiros foram unânimes em dizer que as curvas fechadas serão ótimos pontos de ultrapassagem, e pela largura da pista, não será surpresa se 3 ou 4 carros tentarem tais manobras ao mesmo tempo. Christian Fittipaldi foi categórico nesta questão: “Quem não se cuidar neste local vai encontrar o muro pela frente”, declarou referindo-se não só às tentativa de ultrapassagem, mas também àqueles que exagerarem na velocidade com que tentarão fazer a curva. “Vai ser uma corrida com muita briga”, prevê o melhor piloto brasileiro no campeonato, Gil de Ferran.
            O circuito brasileiro é o 2º maior oval do campeonato, só ficando atrás de Michigan (3,2 Km) e também deverá ser o 2º mais rápido, perdendo apenas para Michigan, também. Devido às suas características especiais, a regulagem dos carros deverá exigir um bom trabalho das equipes. Todos estão cientes disso e o assunto é segredo de Estado entre todas as escuderias.
            E quem é o favorito para vencer a corrida? Não dá para saber, mas podem apostar, nossos pilotos estarão nessa briga. Que venha a bandeira verde!


 

A F-1 começa bem o ano. O Grande Prêmio da Austrália, disputado na nova e excelente pista de Melbourne, foi digna de atenção. Conforme já se previa, Jacques Villeneuve vai brilhar muito na F-1. Não foi nenhuma surpresa para mim o seu excelente desempenho durante os treinos e a corrida. O campeão da F-Indy andou forte o tempo todo e liderou a maior parte da prova, mostrando seu arrojo e competência, como se fosse um veterano na categoria. Em parte, Villeneuve não pode ser considerado um “novato” para a F-1, pois o filho do lendário Gilles, desde setembro do ano passado, fez mais de 6 mil Km de testes com o carro da Williams, e já pode se considerar íntimo do bólido que pilota. Jacques fez de tudo, treinos de classificação, corridas e tudo o mais, em simulações que visaram prepará-lo adequadamente para o Mundial de 96. E ele aprendeu a lição sem maiores problemas. Isso não tira o brilho com que comandou a prova da Austrália, apenas confirma o seu enorme talento. E quem mostrou também uma excelente corrida foi Damon Hill, que não cometeu nenhum erro e durante a corrida inteira esteve colado na traseira de Villeneuve. Hill também suportou muito bem a pressão de Michael Schumacher na parte inicial da corrida, quando o bicampeão conseguiu acompanhar de perto as Williams. Hill, mais do que uma corrida segura e firme, também soube poupar seu equipamento, o que acabou sendo o ponto decisivo contra Villeneuve, cujo ritmo fortíssimo acabou provocando a queda da pressão de óleo do motor de seu carro, obrigando-o a diminuir muito o ritmo para conseguir terminar a corrida e permitindo a Hill disparar na frente. Assim que sanar esta pequena deficiência, o canadense será um páreo duríssimo na briga pelo título. E a Ferrari, como eu já dizia, não pode ser subestimada. Irvinne subiu ao pódio, e Michael Schumacher pressionou as Williams no início da corrida. E levando-se em conta que o time italiano nem testou direito o novo F-310, pode-se esperar um desempenho bem mais forte em Interlagos, daqui a 2 semanas. E Irvinne já confirma que pode bagunçar a situação em relação a Schumacher. O irlandês foi mais rápido que o alemão na classificação e chegou em 3º lugar, enquanto Schumacher amargava um abandono. Por enquanto, o ambiente entre os dois é cordial, mas pode vir tempestade por aí...



A segurança dos carros de F-1 foi mais uma vez posta à prova, em Melbourne. Martin Brundle saiu intacto depois de decolar e capotar, devido à fechada de David Couthard na freada para uma curva. A Jordan partiu-se ao meio, sendo que a traseira chegou a dobrar sobre si mesma. Foi uma cena impressionante ver o que sobrou do carro. Felizmente, foi apenas um susto, sem maiores conseqüências.



Rubens Barrichello está perdendo a paciência com a Peugeot. Depois de tantos testes sem nenhum problema, o propulsor, sem mais nem menos, deixou o brasileiro a pé durante o GP da Austrália. Rubinho disputava a 5ª posição com Mika Hakkinem, da McLaren. O bate boca no Box da Jordan não foi dos mais calmos e amigáveis...

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A GUERRA DO MILHÃO


            O campeonato nacional da Stock Car está em Interlagos para a disputa da etapa final da temporada, que como atrativo especial, também será a “Corrida do Milhão”, a etapa do calendário que premiará o seu vencedor com a quantia de R$ 1 milhão, o que por si só já dá um grande atrativo à corrida, a ponto de, para muitos, fazer sombra até mesmo na decisão do título da categoria, onde ainda temos 7 pilotos com chances matemáticas de levar o caneco, embora saibamos, na prática, que a disputa pelo título deve se resumir a menos gente.
            O que não quer dizer que não possamos ver surpresas em Interlagos. A premiação especial da corrida tem o dom de fazer alguns pilotos acelerarem mais, pela chance de conquistar o polpudo prêmio, e fazer a corrida este ano justamente no encerramento do campeonato ajuda os pilotos a acirrarem ainda mais os ânimos dentro da pista. Muitos deles, já sem compromissos ou sem perspectivas de melhorarem na classificação, vão para a pista na base do tudo ou nada. Pra não mencionar que o prêmio pode dar um bela turbinada na conta daqueles que correm em busca de um lugar no próximo campeonato. Mas tem outro detalhe que pode dar uma bela engordada na classificação para alguns pilotos: por ser uma etapa especial, a pontuação da corrida é dobrada para todos os pilotos. Quem vencer, por exemplo, ganhará 44 pontos, em vez dos tradicionais 22. E é por essa pontuação especial que temos 7 pilotos com chances matemáticas de levar o título. A pontuação vai do 1° ao 20° colocado, sendo que este último receberá 2 pontos, ao invés de 1, como de costume.
            E, na luta pelo caneco, mais uma vez um dos grandes favoritos é Cacá Bueno, que pra variar, chegou a Interlagos liderando o campeonato, com 159 pontos. Na sua cola, em 2° lugar, estão Átila Abreu, Daniel Serra, e Ricardo Maurício, todos com 149 pontos, o que já dá uma idéia de como parada vai ser complicada. Qualquer um deles que vencer a corrida tem boas chances de faturar o título da temporada, desde que Cacá não termine pelo menos em 4° lugar. Pela pontuação dobrada, Cacá faturaria 34 pontos com a 4ª colocação, e se algum dos seus perseguidores diretos vencesse, ganhando os 44 pontos, acabaria empatando na pontuação, com 193 pontos. Mas Cacá levaria o título no desempate por vitórias: o filho de Galvão Bueno contabiliza 3 vitórias na atual temporada, contra apenas 1 de Átila Abreu e Daniel Serra, enquanto Ricardo Maurício não venceu nenhuma corrida em 2012, chegando à disputa na base da constância e regularidade. Mas não pensem que, por precisar apenas de um 4° lugar para conquistar o título, a situação de Cacá está tranqüila e folgada: basta vermos o que aconteceu em Interlagos na semana retrasada, quando Sebastian Vettel, na luta pelo título da F-1, também não precisava chegar exatamente na frente para ser campeão, e teve uma corrida dramática e tensa do começo ao fim. Nada impede Cacá de ter uma corrida nervosa e tensa no domingo, com possibilidade de perder o título por qualquer erro bobo ou situação inusitada que surgir, embora as circunstâncias climáticas que fizeram a corrida de F-1 sair do script tradicional não estejam em vias de se repetir. Mas, quem pode garantir que Interlagos não veja uma corrida cheia de alternativas no domingo?
            Logo atrás desta turma, Max Wilson vem com 138 pontos, e a tarefa de vencer o campeonato já é mais complicada, ainda mais tendo vencido apenas 1 vez na temporada. E Wilson tem de se preocupar com sua posição no campeonato, pois Valdeno Brito está apenas 1 ponto atrás dele, e ambos ainda estão na alça de mira de Nono Figueiredo, com 130 pontos, que quer terminar o ano com alguma satisfação. Isso já dá para imaginar que a briga está garantida dentro da pista.
            Mas, além dos competidores regulares da Stock Car, esta etapa também contará com “convidados especiais”. Se no ano passado a corrida contou com a presença do ex-campeão de Fórmula 1 Jacques Villeneuve, este ano haverá 4 pilotos participando da prova. Dois deles já estrearam nas últimas corridas, visando se adaptar melhor ao equipamento e tentar não fazer feio na corrida milionária: Rubens Barrichello e Tony Kanaan. E, domingo, estarão na pista mais duas feras brasileiras: Hélio Castro Neves e Rafael Matos. E, visando dar uma melhor oportunidade deles oferecerem um melhor espetáculo ao público, ontem os 4 pilotos tiveram o privilégio de testar por 3 horas no circuito de Interlagos, visando conhecer melhor os limites e comportamento do carro da categoria. A partir de hoje, eles se juntam aos 28 pilotos regulares da Stock para os treinos livres. A corrida será transmitida domingo ao vivo na TV Globo, às 9:30 horas da manhã.
            Aplaudida por muitos e criticada por outros, a presença de convidados “especiais” na corrida divide opiniões. Ao mesmo tempo em que eles muito provavelmente não terão muitas chances de repetir na Stock a forma com que se exibem nos campeonatos de monopostos, e possam até atrapalhar aqueles que estão correndo “a sério” o campeonato, por outro lado é uma bela chance de promover e aumentar o interesse pela corrida. E Barrichello, Kanaan, Helinho e Rafael sabem que suas chances podem ser até remotas, mas não estão lá apenas por diversão: eles são pilotos profissionais, e mesmo que seja apenas uma participação, estão encarando a situação com todo o profissionalismo e dedicação que tem em seus respectivos campeonatos de disputa tradicionais. Barrichello ainda procurou ganhar alguma experiência, participando das 2 últimas etapas do campeonato, para se enturmar e conhecer melhor as reações do equipamento, que são muito diferentes das de um monoposto. Kanaan também fez isso, tendo participado da última corrida. Já Helinho e Rafael apenas ontem sentiram o gosto de pilotar pra valer, mas nem por isso darão menos de si a partir de hoje. E o fazem pelo respeito ao público, sendo que muitos deles virão especialmente para vê-los em ação nos carros da Stock. E, sobre “atrapalhar” os pilotos “da casa”, bem, é uma corrida, e em corrida, você não corre com um: corre contra todos, não importa de onde eles venham. Quem quiser ser campeão tem que encarar o que vier pela frente, e ter talento, garra, e jogo de cintura para superar o que aparecer pela frente na corrida.
            A direção da Stock Car também aproveitou a semana que antecede a corrida de encerramento do campeonato 2012 para anunciar o calendário do próximo ano. Serão 12 etapas, que terão início novamente aqui em Interlagos, no dia 3 de março de 2013. E com encerramento no dia 15 de dezembro, que novamente será a Corrida do Milhão do ano que vem, repetindo o que está sendo feito este ano. Uma das novidades do próximo ano é a volta de Goiânia ao calendário, mas essa etapa ainda precisa de confirmação, uma vez que o autódromo precisará passar por obras de adequação.
            Mas, isso é atração para 2013. No momento, ainda temos um campeonato por decidir. E a dúvida de saber quem vai embolsar o milhão de reais domingo ao fim da corrida no tradicional autódromo José Carlos Pace, em Interlagos. Amantes da velocidade, preparem-se para o espetáculo da velocidade da Stock Car...


Depois das confirmações de Esteban Gutiérrez na Sauber, e de Charles Pic na Caterham, quem parece estar com o lugar a perigo é Romain Grossjean. A Lótus pode ter um novo dono em 2013, uma vez que, apesar do bom ano do time, com vitória e 3° lugar de Kimmi Raikkonem no campeonato, ainda está com a situação financeira meio abalada. O grupo Geni, que adquiriu o time da Renault há poucas temporadas, está estudando opções para o próximo ano, e se pintar um novo dono, o lugar do franco-suíço poderia ir para o espaço, dependendo dos gostos do novo proprietário. Ainda assim, o que pesa contra Grossejan é o seu histórico de acidentes e batidas nesta temporada, onde foi o piloto que mais confusões arrumou dentro da pista, tendo sido até suspenso de um GP por isso. Apesar do apoio da petrolífera Total, e de Eric Bouiller, chefe da escuderia, o futuro de Grossjean está pendente para 2013...