sexta-feira, 18 de novembro de 2011

QUAL O DESTINO DE BARRICHELLO?

            Depois de uma semana nos Emirados Árabes Unidos, onde tivemos a penúltima corrida de Fórmula 1 da temporada, o circo da categoria começa a chegar ao Brasil para a prova de encerramento do certame, que ocorre semana que vem, em Interlagos. E, no apagar das luzes do campeonato deste ano, temos a dúvida maior dos torcedores brasileiros sobre a categoria: qual o destino de Rubens Barrichello em 2012? Continuará na F-1, ou enfim dará por encerrada sua participação na categoria máxima do automobilismo?
            O nome do piloto brasileiro, recordista de participações na categoria, se alinhar em 2012, disputará sua 20ª temporada na F-1, mas sua permanência está na corda bamba, ainda que sua situação seja, no momento, teoricamente mais favorável do que a enfrentada no fim de 2008, quando já era dada sua aposentadoria no circo da F-1. Mas, com a saída da Honda, seu time naquele ano, toda a estrutura da escuderia foi mantida por Ross Brawn em um acordo com os japoneses para quitar todos os débitos pendentes da liquidação do time. Sem muitos recursos, Brawn manteve os pilotos, Jenson Button e Rubens Barrichello, e com um carro incrível, eles renasceram na categoria. Button deu mais sorte e sagrou-se campeão, enquanto Barrichello foi 3° colocado no campeonato. Acertou com a Williams ao fim da fase européia naquele ano, o que muitos consideram hoje precipitado e um erro, pois algum tempo após, o brasileiro foi procurado pela McLaren, mas já tendo firmado acordo com a Williams, Rubens manteve o contrato assinado. Button, segunda opção do time de Ron Dennis, foi para a McLaren, onde está brilhando nesta temporada, sendo o mais cotado para ser vice-campeão. Naquele ano, já se especulava que a Williams era uma opção que não daria mais a Rubens a oportunidade de grandes resultados, mesmo com as hipóteses de o time enfim, melhorar, uma expectativa até aceitável, visto que a escuderia ainda conseguia alguns brilhos ocasionais.
            Rubens fez uma temporada sólida em 2010, ganhando vários elogios de todo o staff técnico do time, e da direção da escuderia. Mas as finanças apertaram, dispensaram Nico Hulkenberg em favor de Pastor Maldonado, que trazia um polpudo patrocínio da PDVSA, e mantiveram Barrichello por sua capacidade técnica, algo imprescindível para nortear o desenvolvimento do carro. Tudo indicava que 2011 poderia ser um pouco melhor. Só que cometeram um erro crasso no FW33, e quando um carro nasce ruim, corrigir o problema é muito difícil. Pior ainda, é não conseguir dar uma evolução técnica ao carro, que apesar dos muitos esforços da área técnica, e da experiência de Barrichello, foi fazendo o carro ficar cada vez mais para traz enquanto outros times evoluíam e deixavam a escuderia de Grove à frente apenas das 3 equipes “novatas”: Lótus, Virgin e Hispania.
            Melhores ares são vislumbrados para 2012. Saem os motores Cosworths, entram os Renault, atuais campeões do mundo com a Red Bull. Motor não é tudo, mas na balança geral, os propulsores franceses são melhores do que os ingleses, possuindo mais dirigibilidade e potência em regimes variáveis, em que pese percam em potência bruta para os Mercedes e Ferrari, até para os Cosworth, segundo alguns. Boa parte da área técnica foi reformulada, com novos engenheiros e técnicos que já estão trabalhando a pleno vapor no projeto do FW34. Mas, e quanto aos pilotos do time? Maldonado fica, para manter o patrocínio da PDVSA, no momento a maior fonte de renda do time. E Barrichello? Aí, a coisa fica mais complicada, pois surgiu, nas últimas semanas, a especulação sobre Kimmi Raikkonen voltar à F-1, e justamente na Williams, no lugar de Barrichello. A informação já teria sido até ventilada por alguns nomes ligados ao piloto e imprensa finlandesa, de que o campeão de 2007 já teria até assinado com Grove, e que o anúncio seria feito no último final de semana em Abu Dhabi, onde Kimmi seria o responsável por trazer ao time um patrocínio milionário do Qatar que não apenas bancaria um salário milionário ao finlandês como sobraria uma parte significativa para ajudar a tirar as finanças da Williams do buraco. E, no meio disso, em boa parte do tempo, o piloto brasileiro foi ficando sem resposta de seu time sobre sua permanência ou não, que o motivou até a reclamar de que merecia mais respeito.
            E com razão, afinal, se a equipe tem planos de outros pilotos, tem pelo menos a obrigação moral de comunicar isso a seus atuais pilotos, liberando-os, discretamente, como manda parte do figurino da categoria, para buscarem outras opções para competir. Manter o piloto no escuro, é realmente uma falta de respeito e de consideração, mas se lembrarmos do histórico da Williams, Barrichello não seria o primeiro, e provavelmente não será o último, piloto a ser maltratado pelo time de Grove.
            Pelo sim, pelo não, Barrichello já iniciou conversas com pelo menos mais dois times, além de continuar negociando com a Williams, que segundo fontes seguras, ainda não fecharam realmente nada com Kimmi Raikkonen. E, depois da bela performance de domingo passado, onde Rubinho largou em último para terminar em 12°, sempre no ataque, é mais do que visível que o brasileiro ainda tem muita lenha para queimar na F-1, mantendo-se veloz e motivado. Mantê-lo seria algo lógico para a Williams, pois ele é um piloto barato, em que pese não trazer patrocínios para o time. Raikkonen, pelo esquema divulgado, traria um patrocínio relevante de um banco árabe, mas metade dessa bolada seria para pagar seu salário, e como Frank Williams é um pão-duro inveterado, fica a dúvida se tal acordo seria viável. Ainda mais devido ao fato de Raikkonen não se envolver muito no desenvolvimento de um carro, por vezes, mostrar desinteresse com os demais compromissos de um piloto, como eventos e encontros com patrocinadores. E levando-se em conta a forma como Schumacher voltou, sem mostrar a mesma desenvoltura de antigamente, Raikkonen também não voltaria andando mais rápido do que os atuais pilotos do time.
            Entre as opções viáveis, Barrichello poderia ter dois destinos em 2012: a Force Índia, e a Renault, que passará a se chamar Lótus no ano que vem. A hipótese da Force Índia é remota, pois o time deve manter Paul Di Resta, e efetivar Nico Hulkenberg, atual piloto reserva, a titular. Ou mesmo manter a dupla atual, Di Resta e Adrian Sutil, mas há quem afirme que Hulkenberg já está confirmado como titular, esperando apenas ser oficialmente divulgado. O piloto brasileiro, nessa situação, seria uma contratação muito inesperada. Mas é claro que na F-1, ocasionalmente ocorrem situações assim. Mas não vejo Rubens correndo pelo time indiano no próximo ano. Curiosamente, a Force Índia é remanescente da escuderia pela qual o brasileiro estreou na F-1 em 1993, a Jordan, que na década passada mudou de nome e de donos, virando Midland, chamando-se Spyker, e finalmente, tornando-se a Force India.
            Melhores chances Rubens encontra na Renault, onde é cada vez mais evidente que Robert Kubica não deve mesmo voltar no próximo ano, pelo menos não no seu início. Eric Boullier não confirma, mas a experiência do brasileiro poderia ser vital para o time reencontrar o seu desenvolvimento, perdido desde o acidente de Kubica na pré-temporada em uma prova de rali. Vitaly Petrov tem bons patrocínios russos, e deve permanecer. Já Bruno Senna ainda é uma incógnita, não tendo apresentado performances destacadas até agora, tendo como trunfo alguns patrocínios na manga. E Romain Grossjean também é um nome cogitado, com forte ligação à Renault, que apesar de não ser mais dona da escuderia, poderia acenar com preços promocionais na cessão de seus motores se o time preferir Grossjean, um alívio financeiro que certamente seria desejável. A hipótese de o time utilizar um piloto “tampão” até o retorno de Kubica certamente complica os planos tanto de Bruno quanto de Rubens, que não estariam exatamente dispostos a aceitar serem sacados tão logo o polonês demonstrasse condições de voltar ao cockpit de um F-1. Por outro lado, há pouco a revista Autosport de Portugal veiculou uma hipótese de que Kubica poderia muito bem protelar seu retorno para 2013, onde ele já estaria sendo visado para ocupar o lugar de Felipe Massa na Ferrari, sendo companheiro de Fernando Alonso. Entre a possibilidade de retornar a um time que certamente iria precisar readquirir ritmo, com expectativas incertas de competitividade, e poder retornar, com um tempo maior de recuperação, e mais preparado, logo em um time de ponta, com chances de poder vencer corridas, a hipótese tem sua lógica, ainda mais que o time italiano nunca escondeu certa admiração pelo piloto polonês. E como Massa já é dado como carta fora depois do ano que vem, a Renault, futura nova Lótus torna-se uma possibilidade atraente para Barrichello. Mas Bruno Senna, e Grossjean continuam no páreo.
            E não se pode descartar a possibilidade do brasileiro continuar na Williams, caso as negociações com Raikkonen fracassarem, ou se mostrarem uma aposta com mais reveses do que prós. O time teria confirmado ao brasileiro que a situação ainda está indefinida, e é por isso que Barrichello, até o momento, está quieto e sem se pronunciar, como manda o protocolo. Sua confiança de que estará no grid em 2012 poderia ser um sinal de que sua situação está melhor do que aparenta ser, como pode ser também apenas um despiste para não revelar detalhes de um acordo que porventura já esteja bem encaminhado e aguardando apenas o momento certo e possível de ser anunciado. Geralmente, muita coisa acontece nos bastidores que muitos ficam sabendo pelas entrelinhas, só podendo ser confirmadas após períodos determinados por ambas as partes. Por este raciocínio, poderíamos já considerar a volta certa de Raikkonen pela Williams no próximo ano, embora nada esteja acertado. Mas, surpresas também podem acontecer, e assim como vimos na passagem de 2008 para 2009, quando a Honda fechou seu time na F-1, e Barrichello permaneceu “sem lugar” durante mais de dois meses, até ser confirmado na Brawn GP, e o brasileiro mostrava-se tranqüilo quanto à situação, podemos talvez ainda contar com Rubens no grid em 2012 com relativa certeza e tranqüilidade.
            Nos fóruns e salas de discussões da net, as opiniões se dividem, com os anti-Barrichello aproveitando novamente para descarregar todas as suas frustrações e mágoas com o conterrâneo, com muitos o chamando de “tartaruga”, “fracassado”, “pior piloto que a F-1 já teve”, entre outros adjetivos menos elogiosos, e nem um pouco respeitosos, numa demonstração de que boa parte de nossa torcida só enxerga mesmo os vencedores, de preferência campeões. Rubens não conquistou um título na F-1, e talvez nunca venha a ganhar, mas merece respeito, e dignidade, como a que recebe por boa parte do pessoal da F-1. Que ele possa continuar a acelerar na categoria enquanto mostrar que tem motivação e velocidade para isso...

12 comentários:

Anônimo disse...

Barrichello vai está no grid da F1 em 2012 e merece um carro melhor. Poderia trocar de lugar com Sutil na Force India, mas sua preferência é permanecer na Willians. Com a notícia, não oficial, de Kubica se preparar em 2012 e retornar em 2013 numa equipe de ponta, as chance de Barrichello assumir a vaga de 1º piloto na Lotus é uma boa opção. Tanto Lotus e Willians tem condições de fazer uma carro bom e brigar por pódios em 2012. #Tamojunto em 2012 Barrichello. Márcio, Joinville-SC

João Carlos disse...

Belo texto.. concordo com tudo!!

Anônimo disse...

Parabéns Adriano!
Belo blog e análises.
Já favoritei.

fabio frire disse...

parabéns muito bom.

Anderson Ramos disse...

Olá Adriano, seu texto tem algumas variáveis...mas tudo bem.

Para mim o Barrichello já era, em 2008 ele conseguiu só atrapalhar a estréia do Bruno Senna em um carro de ponta. Os numeros jogam a meu favor, com um super carro Rubinho venceu só duas corridas, e o Button ganhou Seis...e ainda foi o campeão. Já Barrichello nem Vice-campeão ele foi com essa carrão da Brawn.

Bruno Senna vai continuar na Lotus em 2012, 1º tem grandes apoiadores na sua carreira, 2º você deve ter reparado que a Lotus ganhou muito mais visibilidade com ele na equipe, Tv, jornais e etc.... 3º o nome Senna faz bem a F1 pelo mundo.

Finalizando, o Rubinho teve 19 anos de F1 para tentar um titulo e não conseguiu nem de Ferrari e nem com a super Brawn, por isso digo, ele já era, não se iludam mais ok.

Anônimo disse...

Não há dúvidas que ele (Rubens) ainda tem lenha para queimar e já que chegou até aqui seria interessante completar uma 20.ª temporada. Mas que ninguém se admire que o automobilismo brasileiro não tenha renovação. É impossível haver renovação quando um piloto continua na F1 durante duas décadas. A culpa não é do piloto, mas sim das circunstâncias que o favoreceram. Bruno Senna devia ter assumido o lugar na Honda em 2009 e isso seria o mais lógico. Não aconteceu porque a Honda abandonou e sem testes foi quase inevitável a aposta de Ross Brawn num piloto muito experiente e que já conhecia bem dos tempos da Ferrari.

A F1 mudou, sem testes os jovens perderam espaço e isso deu a alguns veteranos a possibilidade de prolongar as suas carreiras para lá do que seria razoável. Barrichello é o caso mais evidente e continua em forma, pois esteve 19 anos seguidos a fazer o que gosta. Ele não esteve três anos de fora como Schumacher e por isso esteve sempre no ritmo. Tem mérito em manter uma boa velocidade após tantos anos de F1 mas não acho que a sua permanência seja boa para a categoria. Barrichello nunca foi um fora de série, apenas um excelente piloto, capaz de ombrear com os melhores ocasionalmente. O Brasil devia orgulhar-se dele, nem todos podem ser Fittipaldi, Piquet ou Senna. Mas entre uma 20.ª temporada de Barrichello e uma primeira temporada completa de Bruno Senna com a futura Lotus, não há comparação possível. O veterano pode até ser mais útil à equipa graças á enorme experiência que acumulou e por eventualmente manter ainda o entusiasmo de um jovem. Mas para o Brasil será infinitamente melhor que Bruno Senna possa continuar, pois é jovem e tem todo um futuro pela frente. O veterano pode ser até melhor neste momento mas o mais jovem tem potencial para vir a ser ainda melhor do que o Rubinho alguma vez foi, se tiver a oportunidade de desenvolver-se na F1.

Leonardo disse...

Excelente o blog e as análises! Parabéns pelo belo trabalho!

Marcos Caiafa disse...

Ótimo blog, excelente textos !
Obrigado por 'linkar' o meu blog (Beco da Gasolina), Adriano !

Anônimo disse...

perdi meu tempo lendo essa porcaria.... vc não entende nada de F1, é apenas um puxa-saco do barrichello, pilotinho mercenário e meia boca

Leonardo disse...

O futuro do Barrichello?? que rque eu diga? é ficar em casa cuidando dos seus filhos e jogando videogame. Será que no videogame ele ganha algo?

Gildo disse...

Rubens Barrichello = carta fora do baralho.
Mesmo que venha a correr em 2012, vai estar num equipe intermediaria, e vai colocar toda a culpa no seu carro chamando-o de PORCARIA.

Rick disse...

muito completa a análise, parabéns pelo blog