quarta-feira, 16 de março de 2011

ARQUIVO PISTA & BOX – NOVEMBRO DE 1993

            Esta foi minha segunda coluna, escrita ao fim de novembro de 93. O campeonato de F-1 tinha terminado, e vimos em Adelaide mais um show de Ayrton Senna, que venceu a corrida praticamente de ponta a ponta, encerrando um ciclo vitorioso de 6 anos na equipe McLaren, onde conquistara 3 títulos e dois vice-campeonatos. Ao se mudar para a Williams no ano seguinte, todos esperavam um novo ciclo vencedor na carreira do piloto brasileiro. Quis o destino, porém, que as brilhantes corridas feitas por Ayrton em Suzuka e Adelaide daquele ano fossem suas últimas exibições de gala na categoria. Alain Prost despediu-se por cima na F-1, com um tetracampeonato, e com uma aparente reconciliação com Senna, de quem andava de relações rompidas desde o início de 1989. Um campeonato que deu mais competição do que se imaginava. Tudo o que se esperava era que a F-1 continuasse no rumo certo do resgate da competitividade há muito perdida com as supremacias, hora de McLaren, ora de Williams.
            Bom, fiquem agora então com mais uma COLUNA PISTA & BOX da seção ARQUIVO:...

COMPARAÇÕES E EXPECTATIVAS

Adriano de Avance Moreno

            Terminou. Agora, só em 1994. Mais um ano, mais uma temporada que passa. E como passa. No início do ano, parecia uma eternidade; agora, no fim do ano, vemos e constatamos que não foi tão longo assim.
            Para avaliarmos bem a temporada deste ano, faço uma comparação, talvez meio boba, entre os campeonatos da F-1 e F-Indy com suas respectivas temporadas de 1992, para ver como se saíram, se progrediram, ou regrediram. Já de cara, podemos ver que a F-1, apesar de tudo, acabou progredindo: o campeão só foi conhecido faltando 2 provas para o encerramento da temporada; em 92, faltavam 5 corridas. Nesse quesito, a F-Indy regrediu: o título foi decidido na penúltima prova, enquanto em 92, só na última.
            Passando para outros critérios de competitividade, vamos ver se houve progressão ou regressão. No tocante a pole-positions, a F-1 ficou na mesma: apenas 3 pilotos conquistaram poles em 1993, assim como em 1992; já na F-Indy, houve regressão: apenas 6 pilotos fizeram poles em 1993, enquanto em 1992, foram 7 pilotos.
            Já quanto ao número de pilotos vencedores, a F-1 regrediu: foram apenas 4 pilotos a vencerem corridas em 93; em 92 tivemos 5 pilotos. A F-Indy continuou igual, com 6 pilotos vencedores em ambas as temporadas. Já referente ao número de equipes vencedoras, a F-1 manteve-se na mesma, com apenas 3 times a conseguirem vitórias tanto em 92 quanto em 93. A F-Indy regrediu nesse aspecto: em 92 5 equipes conseguiram vencer corridas, contra apenas 3 em 93.
            Resumindo, a F-Indy manteve-se competitiva, embora em grau ligeiramente menor do que em 92; a F-1 melhorou muito em relação a 92, mas ainda não foi o suficiente. Há de se ressaltar que, em termos de competição, houve muito mais emoção em 93 do que em 92. Para provar, cito as provas de Kyalami, Interlagos, Suzuka, Donington Park, Mônaco, Estoril e Adelaide, onde houve boas disputas.
A F-Indy mantém seu panorama de competitividade para 1994 totalmente em aberto. Já a F-1 mostra que está no caminho certo: as últimas provas deste ano mostraram que as equipes estão se aproximando, embora a Williams ainda detenha certa vantagem. Para 94 as perspectivas são animadoras: a Ferrari virá com o novo carro projetado por John Barnard, considerado o melhor projetista da F-1; a Benetton também pode incomodar, se a Ford melhorar a potência de seus motores (se trocar o V-8 por um V-10, quem sabe); mas a Williams ainda mantém o seu favoritismo, já que contará com o fabuloso motor Renault, e agora com Ayrton Senna ao volante de seus carros; a McLaren mostrará o que pode fazer com o novo chassi MP4/9, e o novo motor Peugeot; a Lótus vem novamente impulsionada pelos motores Honda, agora sob a denominação Mugen; a Ligier continua a sua evolução a melhores níveis, calcada nos motores Renault; a Sauber melhora seu staff técnico, agora com o apoio oficial da Mercedes, que com certeza deverá colocar sua equipe em um nível elevadíssimo, e etc, etc.
            Não podemos também esquecer as novas equipes que irão estrear na categoria. Apesar das dificuldades, a F-1 mais uma vez mostra sua vitalidade e sua força de sobrevivência, apesar dos desmandos e da crise de competição pelo qual passou nas últimas temporadas. Agora é esperar por 94, e torcer muito para que as previsões de um ano novo cheio de emoções e disputas venham a se concretizar. Até lá, então...

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