
Lando Norris: da pole-position à vitória, um triunfo impecável, e a liderança do campeonato mundial de F-1 em sua reta final.
Se a McLaren precisava
dar uma resposta à perigosa aproximação de MaX Verstappen nas últimas etapas do
campeonato, colocando em xeque potencial o título de pilotos que deveria ficar
unicamente entre a dupla do time de Woking, a resposta foi dada domingo passado
na etapa do México, onde o time inglês retornou ao degrau mais alto do pódio
com uma atuação exuberante, com Lando Norris a conquistar seu melhor desempenho
em todo o ano de 2025. E, de quebra, assumir a liderança do campeonato,
destituindo Oscar Piastri da posição que o australiano ocupava desde o GP da
Arábia Saudita.
A McLaren nunca deixou de ter o melhor carro da competição, mesmo encerrando as evoluções do modelo MCL39, para se concentrar no novo carro de 2026, que terá regras técnicas completamente diferentes. O time inglês já tinha garantido o título de construtores, e até a etapa da Holanda, a conquista do título de pilotos parecia mera formalidade. Parecia…
E de repente, Max Verstappen engata uma série de bons resultados, fazendo quase parecer estar de novo com o melhor carro, fazendo poles e vencendo com autoridade, chegando a 5 vitórias, e colocando a dupla papaia na mira na classificação do campeonato, ainda que a desvantagem de pontos indicasse que seria difícil promover uma reviravolta na situação, com os mais céticos apontando isso como praticamente uma impossibilidade. Mas, é claro que não se podia ignorar os fatos ocorridos desde a etapa da Itália, quando Max voltou ao topo do pódio. Não bastava a McLaren ainda ter o melhor carro, se não conseguia obter sinergia nos boxes e na pista para fazer valer o seu potencial, enquanto a Red Bull é praticamente um time de um só piloto: Verstappen, e o holandês mostrando-se muito mais capaz de aproveitar todas as oportunidades que aparecem à sua frente.

Apesar da forte pressão na largada, Norris não desperdiçou sua pole-position e manteve a dianteira para vencer com autoridade a prova mexicana.
E esse vinha sendo o
problema: Lando Norris e Oscar Piastri simplesmente não estavam conseguindo
criar as oportunidades, e muito menos aproveitá-las efetivamente. E quando você
não aproveita a chance, outros o fazem, e era isso o que vinha ocorrendo. Mas
no México, apareceu a oportunidade. Mas só Lando Norris conseguiu aproveitá-la
devidamente. O inglês arrancou uma pole-position em um circuito onde as
ultrapassagens são complicadas, e mais importante, não vacilou na largada,
mesmo sob forte pressão de Charles LeClerc, Lewis Hamilton, e de Max
Verstappen, com os quatro pilotos praticamente emparelhados na freada da
primeira curva. Mas Norris conseguiu se manter na frente, e dali em diante, se
não cometesse um erro, dificilmente perderia a corrida, só se tivesse novamente
percalços além de seu controle.
Mas desta vez Lando não errou, e não surgiu nada incomum com ele durante a prova inteira, e o resultado foi um triunfo com cerca de 30s de vantagem, mostrando-se, enfim como um legítimo postulante ao título da temporada 2025 da Fórmula 1. Até então, era Oscar Piastri quem vinha se mostrando com mais fibra na disputa para ser campeão, e mesmo nos triunfos de Norris no ano, ele ainda não havia conseguido mostrar a firmeza e determinação que vimos no Autódromo Hermanos Rodriguez. Quando já se imaginava que a Ferrari iria ocupar a primeira fila, Norris veio com tudo para uma pole demolidora, e isso mudaria toda a dinâmica potencial da corrida, desde que ele soubesse aproveitar a chance… E ele aproveito muito bem…
Em compensação, Piastri vacilou, de novo. O australiano não só não conseguiu disputar a pole, como ainda perdeu posições na largada. Não foi nada catastrófico, mas o suficiente para complicar a situação de Oscar, que ficou boa parte da corrida emperrado atrás de carros mais lentos, e tendo enorme dificuldade para superá-los, deixando alguns até confabulando as famosas “teorias da conspiração”, de que a McLaren começou a agir para favorecer Norris na disputa pelo título. Fofocas e boatos à parte, Piastri teve de ir à luta, e se queria mostrar determinação de se manter na disputa pela liderança do campeonato, o esforço ficou incompleto, a ponto de não ter conseguido nem encostar na Haas de Oliver Bearman na briga pelo 4º lugar, com o piloto do time de Gene Haas obtendo sua melhor classificação em um GP de F-1, e sendo o destaque da corrida mexicana. Isso deixou Piastri rebaixado para a vice-liderança, em que pese a diferença ser de apenas 1 pontos, mas posição é posição. E, mesmo com a demonstração de força de Norris, o perigo segue à espreita: Max Verstappen, em uma pista onde ele mesmo admitiu que a Red Bull não estaria da mesma forma como nas corridas anteriores, ainda assim subiu ao pódio, em 3º, e por pouco não foi 2º colocado, e como resultado, a dupla de pilotos da McLaren continua com o holandês no retrovisor na tabela de pontos, mostrando que qualquer deslize pode ser fatal nesta disputa.

Oscar Piastri: erro na classificação e largada falha obrigaram o piloto a uma corrida de recuperação para minimizar os prejuízos, e mesmo assim, perdeu a liderança do campeonato.
Um levantamento do
portal Motorsport indicou que as provas recentes foram de resultados inferiores
de Piastri na temporada de 2024, indicando que, apesar das melhoras do
australiano este ano, em relação ao ano passado, ele ainda enfrentou
dificuldades nas corridas este ano. Mas, com um ano a mais de experiência, e
com um carro ainda superior em mãos, o resultado, embora possa ser lógico e
coerente, não livra Oscar da responsabilidade de ter tido um desempenho aquém
do esperado, ainda mais se ele quer ser campeão do mundo, tendo que partir para
o vai ou racha em determinados momentos, se não quiser pipocar no momento
decisivo da disputa. O mesmo levantamento indica que as pistas restantes podem
ser mais favoráveis a Piastri, diante de seu retrospecto de 2024, mas isso não
é garantia de nada, muito pelo contrário. Oscar precisará reencontrar a forma
com que vinha se portando até Zandvoort, se não quiser ser jogado para
escanteio, e até superado por Verstappen, que apesar de tudo, bem chegando cada
vez mais perto.
Ainda temos 4 provas pela frente, e duas delas com corridas sprint, e em tese, por mais que seja difícil, Max Verstappen segue no encalço. A temporada dos pilotos da McLaren tem sido marcada por fases, com Norris indo melhor inicialmente, depois Piastri assumindo as rédeas, e se colocando quase como favorito isolado ao título, até o australiano começar a colocar quase tudo a perder, como ocorreu no México, vendo sua liderança ir para o colega de time. E nada impede que ele consiga de fato reagir, o que é obrigatório se almeja de fato ser campeão da F-1, até porque, com o novo regulamento técnico sendo implantado em 2026, não há garantias de que a McLaren vá conseguir manter a supremacia exibida neste último ano e meio, então, seja para Piastri, seja para Norris, o ambiente é na base do “agora ou nunca”, pois pode ser que não surjam outras oportunidades válidas, ou pelo menos tão favoráveis como foram neste ano, e que já poderiam até ter sido liquidadas, não fossem os tropeços cometidos nas últimas provas.
Com apenas 1 ponto de desvantagem, Piastri tem tudo para, teoricamente, promover nova reviravolta para retomar a dianteira e tentar conquistar o título. O espaço para erros de ambos já se esgotou, e a partir de agora, cada passo em falso pode ser crucial para a perda da posição na classificação do Mundial de Pilotos. Não interessa se Verstappen está com uma desvantagem ainda razoável: o holandês voltou ao jogo, mesmo com poucas chances, e isso é o suficiente para colocar uma pressão que até então não existia na dupla da McLaren, que podia se dar ao luxo de decidir tudo entre eles. Norris conseguiu sua reviravolta, e perto do fim do campeonato, mas ainda com muito chão pela frente, e possibilidades de vermos nova reviravolta entre ele e Piastri. Se o inglês deu domingo a prova que precisava para se credenciar de fato a ser campeão, Piastri precisa mostrar que pode reagir no mesmo nível. Eles só não podem bater um no outro, porque aí vamos ver o provérbio “enquanto dois brigam o terceiro sai lucrando”, porque isso significaria Max Verstappen podendo dar o bote fulminante em ambos, e sair campeão em um ano onde ninguém esperava por isso, nem o próprio holandês.

Max Verstappen: mesmo sem conseguir discutir a vitória, foi novamente ao pódio, e vai se aproximando da dupla da McLaren na classificação.
E enquanto Verstappen
corre praticamente como franco atirador, Piastri e Norris precisam tomar
cuidado em sua luta particular para que justamente o holandês não saia vencedor.
No México, Lando fez a sua parte e venceu com categoria. Piastri vacilou e não
conseguiu impedir a perda de sua liderança, embora tenha minimizado o prejuízo.
Mas tudo ainda pode acontecer nas etapas restantes, e o que era uma disputa a
dois virou uma disputa a três. E não há dúvida de que isso poderá mexer com a
cabeça da dupla da escuderia inglesa. Se no ano passado Norris pipocou em
diversos momentos no duelo mano-a-mano com Verstappen, ele ainda não voltou a
ter um confronto deste tipo no ano. E Piastri? É uma boa pergunta. E
Verstappen, por sua vez, vem como uma percepção mais “realista”, dizendo que a
luta para tentar o título ainda é muito difícil, dada a desvantagem de
pontuação, mas claramente jogando o favoritismo, e a pressão, para a dupla da
McLaren, teoricamente a grande favorita destacada, ainda. Um jogo psicológico,
claro, porque ninguém é ingênuo de imaginar que o holandês não irá para cima,
se vislumbrar uma oportunidade. Helmut Marko, consultor da Red Bull, por sua
vez, nem esconde isso, ao declarar que seu piloto irá para cima, e acredita
piamente nas chances de título, lembrando de como Max sempre se comporta nas
corridas, onde “acomodado” é um adjetivo que Verstappen praticamente
desconhece. Ele não tem nada a perder, e irá sim para cima. Se vai conseguir ou
não, é outra história.
Lando Norris se disse mais confiante após o triunfo na Cidade do México, mas resta saber se o inglês assumirá de vez a condição de protagonista na briga pelo título na pista, o que exige, claro, novas performances como a que vimos domingo passado. E o histórico de Lando até aqui joga contra, o que não significa que ele não vá conseguir. Pelo sim, pelo não, Norris tenta manter prudência, e evitar o salto alto, o que faz bem, mas ciente do que precisa, e deve fazer. Piastri, depois de comandar a temporada com autoridade, mais do que nunca precisa dar uma resposta, tentar promover nova reviravolta, ou amargar a derrota, ainda mais quando tinha tudo para vencer, e o pior, talvez não ser nem o vice-campeão, na pior das hipóteses.
Para quem achava que a temporada seria monótona, a exemplo do que pensávamos que ocorreria no ano passado, 2025 caminha para nos permitir sonhar com mais uma decisão tensa e empolgante, nos oferecendo emoções inesperadas, ainda mais neste momento final da temporada. Vamos ver que sairá por cima, e quem amargará a derrota...
Liam Lawson, da Racing Bulls, passou por um tremendo susto no início do GP do México, quando, em um setor de bandeira amarela dupla, deu de cara com fiscais recolhendo detritos da pista, o que fez o neozelandês ficar assustado com o ocorrido. Felizmente, nada aconteceu, e o mais curioso é que os fiscais recolhiam da pista detritos decorrentes de um toque ocorrido entre o próprio Lawson e o espanhol Carlos Sainz Jr., da Williams, que haviam se tocado no ponto, e com os danos ocorridos nos carros, pedaços da carenagem ter caído na pista, o que motivou a bandeira amarela dupla no trecho. Lawson tinha ido ao box trocar a asa dianteira, e ao retornar à pista, de acordo com um relatório da direção de prova do México, o piloto deveria ter desacelerado fortemente para passar pelo trecho, uma vez que a sinalização de bandeira amarela dupla indica perigo na pista, e Lawson se aproximou do setor em velocidade alta. A FIA, claro, está investigando a situação, e se o piloto da Racing Bulls foi imprudente ao manter a velocidade em alta no trecho, mesmo com o aviso, pode tomar uma punição, como multa financeira, além de pontos na carteira da sua Superlicença…
Gabriel Bortoleto fez uma bela corrida no México, apesar da péssima posição de largada, em 16º, acabando por terminar em 10º lugar, e marcando mais um ponto. O brasileiro não tinha conseguido aproveitar as oportunidades de ter um carro mais competitivo, como comprovou a quase ida de Nico Hulkenberg ao Q3, embora também tenha caído no Q2, mas mesmo assim, Gabriel conseguiu ter um desempenho de prova mais sólido, diante das possibilidades, enquanto seu companheiro alemão ficou pelo meio do caminho com problemas mecânicos. Apesar disso, Bortoleto é o último piloto na classificação do campeonato com pontos marcados, 19 até o presente momento, e ocupando justamente a 19ª posição, ficando à frente apenas de Franco Colapinto e Jack Doohan, sendo que este já nem está mais no grid da competição…
Começaram em Londres as primeiras audiências do processo movido por Felipe Massa contra a Fórmula 1, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e até Bernie Ecclestone, ex-chefão da categoria, na Superior Corte de Justiça de Londres, com o objetivo de determinar se o caso avançará para a fase de coleta de provas e respectivo julgamento, algo que os três réus, obviamente, pretendem impedir que se concretize. O caso refere-se ao escândalo ocorrido no GP de Singapura de 2008, quando a Renault mandou que Nelsinho Piquet batesse propositalmente seu carro para beneficiar Fernando Alonso, que então venceu a corrida com a intervenção do Safety Car naquele momento específico da corrida. Massa, então correndo pela Ferrari, liderava a prova no momento do acidente, mas com uma confusão no pit stop do time italiano, ele caiu para as últimas posições, terminando apenas em 13º e, no fim da temporada, perdeu o título para Lewis Hamilton pela diferença de apenas 1 ponto. No ano seguinte, essa verdade da batida premeditada veio à tona, no que se chamou de escândalo do “Crashgate”, pouco tempo depois de Piquet ser demitido da Renault. Tanto Flavio Briatore, chefe de equipe, quanto Pat Symonds, diretor de engenharia, foram considerados culpados e banidos da F1, mas tempos depois acabaram revertendo a decisão na corte francesa e até retornaram à competição, sendo que Briatore é o atual diretor da Alpine, não por acaso, a antiga equipe Renault à época do incidente. Na época, Felipe chegou a tencionou pedir para que o resultado do GP de Singapura fosse anulado, mas o estatuto da FIA tornou a opção impossível, já que segundo o Código Internacional Esportivo, a decisão do campeonato não poderia ser alterada após a cerimônia de premiação do órgão. Posterior investigação da entidade também não apontou evidências de que Alonso e a maior parte da equipe francesa sabiam do plano ou que ajudaram na execução, o que na visão do órgão dirigente, seria injusto mudar o resultado da prova. O caso teria ficado esquecido definitivamente, até que em 2023, uma entrevista de Ecclestone ao site alemão F1 Insider, onde revelou que já sabia do escândalo do “Crashgate”, em Singapura, ainda em 2008, e que decidiu não expor a informação, para não prejudicar o esporte, e ainda considerando o brasileiro como o legítimo campeão mundial, fez Felipe voltar à carga para exigir o que considera seus direitos sobre o caso, considerando-se deliberadamente prejudicado. Inicialmente, a equipe jurídica de Felipe enviou uma carta à FIA e à F1, em que detalhou os fatos e provas. Claro que a FOM e a FIA teriam se recusado a falar sobre a questão, apesar da confissão de Ecclestone para não aplicar os regulamentos adequadamente. Entrevistas gravadas à época com Max Mosley, então presidente da FIA, e Charlie Whiting, então diretor de corridas da F1, ambos já falecidos, confirmam a declaração de Ecclestone, que agora, simplesmente minimiza a relevância do processo movido pelo brasileiro e até desmente que tenha assumido que o caso foi acobertado pelas entidades que regem o esporte a motor, ao ponto de ainda negar que tenha feito tal afirmação, colocando a interpretação do sentido de sua declaração na conta do idioma. As audiências preliminares do caso nesta semana, atendem a um pedido de rejeição sumária feito pela F1, pela FIA e por Bernie Ecclestone visando impedir que o caso avance para uma audiência completa, o que envolveria a apresentação de argumentos iniciais, assim como testemunhos e provas. Além do reconhecimento como campeão mundial, ao lado de Lewis Hamilton, o campeão coroado, Massa solicita uma indenização financeira de até US$ 82 milhões por perdas estimadas por ter sido apenas vice-campeão em 2008, alegando que isso prejudicou inquestionavelmente sua carreira dali em diante na F-1. Vamos ver como o caso se desenrola daqui em diante...
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| Felipe Massa: piloto brasileiro quer ser reconhecido também como campeão de 2008 devido ao "Crashgate" em Singapura. |

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