sexta-feira, 7 de março de 2025

PALPITES PARA A F-1 2025

A F-1 promete um campeonato bem disputado em 2025, mas será que as expectativas irão se confirmar, ou alguém ira desequilibrar a equação?

            A Fórmula 1 está embarcando neste final de semana para a Austrália, onde no próximo final de semana dá a largada para a temporada de 2025. É uma longa viagem até Melbourne, e o circuito do Albert Park está pronto para receber a categoria máxima do automobilismo, que vive uma grande expectativa do que poderá oferecer este ano. Mas tem muita gente que já este de olho em 2026, onde o regulamento técnico muda de novo, com novas regras tanto para os carros como para as unidades de potência, que ficarão mais simples, mas lança no ar uma pergunta mais do que pertinente: com os times começando a entender melhor o novo regulamento que estreou em 2022, para quê ficar mudando de novo? Periga ocorrer o que tivemos naquele ano, com um time se dando melhor que os outros, e deixando a competição menos equilibrada. Mas a F-1 inicia o ano do jeito que dá, e se teima em cometer os mesmos erros, que se vire com isso.

            A começar, novamente, pela pífia pré-temporada. Eu sei que posso parecer chato reclamando disso, mas não sou o único. Times e pilotos também tem suas queixas sobre ter uma pré-temporada tão esdrúxula de míseros três dias, e Carlos Sainz Jr. foi o mais enfático, ao dizer que ele e seu novo time, a Williams, não puderam fazer tudo o que planejavam. Pelo menos, parece que vão corrigir isso para 2026, até porque, com o novo regulamento técnico, seria idéia de jerico repetir a pré-temporada como foi este ano, se bem que a FIA e a F-1, por incrível que pareça, costumam se esmerar em ver quem parece mais idiota no que tange a alguns assuntos, então...

            Que o diga a regra de fazer dois pit stops obrigatórios em Mônaco para tentar dar algum tempero a uma corrida que há tempos é a mais sem sal do calendário. Lógico que o circuito tem sua parte de culpa, mas no caso da F-1, o problema mesmo são os carros. Afinal, a Formula-E tem corrido no mesmo traçado do Principado utilizado pela categoria máxima do automobilismo, e tem conseguido dar show, com muitas disputas de posição, ultrapassagens, e imprevisibilidade. Já vi sugestões de mudança do traçado, algo complicado diante de se tratar de uma pista de rua, ainda mais por ser onde é, mas nunca parecem levar estas idéias a sério, preferindo idéias menos inspiradas, e com tendência a dar em nada. Dá a impressão de que, se acatarem as sugestões, e as coisas derem certo, eles ficarão com cara de tacho, e aí o orgulho sobe nas alturas, ou talvez seja a ignorância da cartolagem que rege o automobilismo mundial, que já começou 2025 fazendo asneira, como a nova regra “anti-boca suja” descida talo abaixo pelo presidente da FIA, que a cada dia que passa, parece até o Lula, sem idéias práticas, mas tentando dar uma de gostosão e mostrar que é o rei da cocada preta... O mundo anda intragável nestes últimos tempos, e agora ainda temos um aloprado na presidência dos Estados Unidos contribuindo para deixar tudo ainda mais bagunçado do que já era... Parece que 2025 vai ser mesmo dose... Haja paciência para aturar tanta pasmaceira...

Max Verstappen está pronto para brigar por mais um título, mas precisará que o novo carro corresponda às necessidades do piloto.

            Por isso mesmo, a expectativa de que tenhamos um campeonato bem disputado na F-1, até para fazer a gente esquecer tanta imbecilidade no dia-a-dia, anda em alta, mas resta saber se ela irá se cumprir. Há razões para otimismo, mas o pessimismo não precisa de convite para entrar na festa, e podemos ter de tudo um pouco, dependendo do foco. Por exemplo, parece consenso de que Mercedes, McLaren, Red Bull e Ferrari poderão se digladiar nas pistas este ano, na briga pelas vitórias, talvez com maior intensidade do que vimos em 2024. Mas, falta combinar com os rivais, e neste ponto, cada um parece puxar a sardinha para seu lado, de forma mais ou menos crível. Na McLaren, por exemplo, temos a unanimidade de que pode ser o carro a ser batido no ano, especialmente pelo ritmo demonstrado em simulação de corrida na pista de Sakhir, o que deixou os rivais alvoroçados, ou seria melhor dizer, arrepiados? Fica a dúvida de qual será a real força dos carros de Woking, até porque, nos treinos, eles tiveram dificuldades para esconder o jogo, mas bem que tentaram parecer não tão bons quanto realmente podem ser. Campeã de construtores do ano passado, podemos dizer que a escuderia inglesa é favorita ao título? Depende.

            Por mais que Lando Norris e Oscar Piastri sejam uma dupla talentosa, ambos saíram depreciados em 2024 por desperdiçarem muitas chances quando tinham o melhor carro da competição. Ambos possuem velocidade e capacidade, mas isso não basta para vencer o campeonato. Mas não só a dupla de pilotos precisa se esmerar, o time também precisa readquirir o ritmo de equipe vencedora, algo que também ficou faltando em várias provas da última temporada, o que atrapalhou os resultados de Norris e Piastri, que poderiam ter almejado posições melhores em diversos momentos, se o time fosse mais preciso fora da pista. Resta saber se a lição foi devidamente assimilada, e que tais erros, se não desaparecerem, sejam minimizados. Com a parte técnica produzindo o que pode ser o melhor carro do campeonato, resta ao time focar nos pontos fracos já identificados em 2024, e partir para cima da concorrência, na tática da melhor defesa ser o ataque, para deixar os rivais desnorteados, se o carro for assim tão bom como se espera. E Norris precisará se dedicar para não deixar Piastri questionar sua posição de líder do time na pista. O australiano, dizem, comemorou discretamente a “derrota” do colega por Verstappen em 2024, de modo que o time inglês manterá sua política de disputa livre na pista, algo que poderia ser mudado, caso Lando tivesse sido campeão. Resta saber se Oscar irá ser mesmo uma ameaça ao inglês, ou ficará pelo meio do caminho, brilhando apenas ocasionalmente.

A Ferrari promete brigar, mas ao mesmo tempo, fala que precisa trabalhar mais, o que indica que precisa melhorar o desempenho.

            E quem vai ser o principal rival dos carros laranjas? Aqui a situação parece se dividir um pouco, com Ferrari e Red Bull disputando a posição de primazia na briga. Pelo lado do time dos energéticos, há um misto de satisfação e preocupação. O novo modelo RB21, dizem, corrigiu parte dos problemas apresentados pelo modelo RB20, o que significa que alguns problemas ainda não foram solucionados. A performance melhorou, mas o ritmo de corrida preocupa, até porque não conseguiram fazer uma simulação a contento que satisfizesse o time, que por sua vez, enfrentou alguns problemas, especialmente no segundo dia, com Liam Lawson, relacionado à unidade de potência. Não por acaso, a Red Bull foi a escuderia com a menor quilometragem dos testes, o que pode não ser um bom sinal. E agora, acima de tudo, não tem mais Adrian Newey coordenando a área técnica para achar soluções para os problemas. O trunfo do time dos energéticos é Max Verstappen, o atual tetracampeão do mundo, que no ano passado mostrou sua capacidade segurando a barra do time quando as coisas desandaram. Mas mesmo o braço e talento do holandês tem seus limites, e especialmente, sua paciência. Ele cometeu algumas estripulias no ano passado, diante da incapacidade de conseguir vencer na segunda metade da temporada, mas conseguiu manter as coisas sob controle na maioria dos momentos difíceis. Mas, se as coisas se complicarem novamente este ano, desde o início da competição, como ficará a relação do piloto com o time é uma incógnita. Não seria de bom tom, porém, subestimar tanto Verstappen quanto a Red Bull, mas Helmut Marko tem mostrado certa inquietação, como prova de que nem tudo está saindo conforme o planejado nas garagens de Milton Keynes.

Andrea Kimi Antonelli: aposta da Mercedes terá um batismo de fogo estreando logo em um time de ponta que quer voltar a brigar na frente.

            Além, disso, a Red Bull terá que ver também como Liam Lawson irá se comportar como companheiro de Verstappen. Não se espera que ele dificulte as coisas para o holandês, mas por outro lado, o time quer que ele se saia melhor que Sergio Perez, que infelizmente sucumbiu aos desaires do modelo RB20, com o próprio Max saindo em defesa do mexicano. Resta saber se a escuderia irá queimar Lawson, ou lhe dar a merecida paciência de aguentar as pressões que um time de ponta pode exercer. Mas como o time austríaco também quer dar a volta por cima em relação ao campeonato de construtores, um mal desempenho do piloto pode não ser muito positivo tanto para Liam quanto para a própria Red Bull, em sua política de concentrar esforços unicamente em Verstappen, o que pode deixar o tetracampeão tendo novamente que lutar sozinho contra os rivais na pista, algo que ele não apreciou no ano passado.

            E a Ferrari? O time de Maranello fez bons tempos, e apresentou boa performance em simulação de corrida, mas a própria escuderia reconhece que apesar dos resultados animadores, precisará de mais se quiser ser campeã este ano. O carro é quase inteiramente novo, e há alguns desequilíbrios que precisam ser corrigidos, além de obter maior velocidade e melhorar a fiabilidade e o desgaste de pneus, que segundo eles, ainda é ligeiramente superior ao da McLaren. O que pode ajudar é a motivação da dupla de pilotos, talvez a mais forte da F-1 atual, com o talentoso Charles LeClerc, talvez o mais veloz piloto do grid em classificação, além do cultuado heptacampeão mundial Lewis Hamilton, que entra na fase final de sua carreira decidido a mostrar que ainda não chegou a hora de pendurar o capacete, e pelo menos logo de cara parece ter gostado do estilo de condução que o novo SF-75 solicita. Frederic Vasseur colocou a casa em ordem em 2024, mas o time poderia ter ido melhor se não fosse uma atualização equivocada do carro que fez a escuderia perder potenciais bons resultados a meio do ano, permitindo à McLaren passar à frente na disputa pelos construtores, e até de pilotos. No final, o time de Maranello apertou o time laranja, mas ficou com o vice-campeonato de construtores, e deixando Lando Norris com o vice-campeonato de pilotos. O desafio será manter a linha de evolução do carro sempre positiva, evitando que a McLaren dispare na frente, ou que Max Verstappen coloque-se na briga com vantagem, apesar dos possíveis dilemas que o time rubrotaurino possa passar. E, claro, também impedir um duelo potencialmente fraticida entre sua dupla, já que nem um nem outro irá querer ficar atrás no grid. Os ferraristas estão empolgados como há muito não se via, mas a apaixonada torcida rossa sempre pode passar da idolatria ao desprezo e crucificação se sentir que seus pilotos não estão “honrando” a camisa vermelha de Maranello. Por enquanto, a relação é de amor para com a dupla de pilotos, em especial Hamilton, que chegou encantando a todos, mas precisará mostrar resultados na pista, se não quiser ser engolido pelas cobranças dos fãs, e claro, por LeClerc.

O novo carro da McLaren promete arrepiar a concorrência. Resta o time e seus pilotos não repetirem os erros de 2024 para batalharem firme pelo título deste ano.

            A Mercedes, claramente, parece ter concebido um bom carro. Mas, quão bom? O modelo W15 começou mal o ano, melhorou a meio do campeonato, e depois despencou de novo, recuperando um pouco da performance nas etapas finais, deixando o time apenas como 4ª força. O novo W16 é a promessa do time voltar às posições de frente, mas claramente o bólido ainda precisa melhorar sua performance de corrida, algo que já foi objetivo de discussão em parte da temporada passada, e que agora precisa ser conferido se foi corrigido a contento, a fim de que o carro ofereça uma expectativa de desempenho mais uniforme entre as corridas. Neste ponto, pelo menos o novo carro mostrou-se estável e confiável, a ponto de a Mercedes ter sido o time que mais rodou na pré-temporada. Apesar de Russell ter terminado o último dia com o melhor tempo, será preciso conferir a medição a fundo com os rivais quando a temporada começar, e ver se o time irá pelo menos tentar se embrenhar no duelo já esperado entre Ferrari e Red Bull. A escuderia já começa tendo que se preocupar em dar a Andrea Kimi Antonelli o ar necessário para respirar em sua chegada à F-1, ainda mais em um time de ponta como o de Brackley, que busca voltar a ser a referência na competição como foi na década passada. O novato andou forte e sem cometer erros na pré-temporada, mas e quando a competição começar com tudo, e sentindo a pressão? Erros naturalmente virão, e será preciso relativizar esses momentos, até para não melindrar o garoto. Resta saber se a Mercedes conseguirá manter essa promessa, ainda mais se Antonelli não mostrar performance logo de cara, mesmo com todas as benesses que o time pode lhe dar nesta área. Substituindo Hamilton no time prateado, é claro que os olhares estarão sobre o piloto, que precisa achar o seu espaço, até porque será inevitavelmente comparado com os outros novatos do grid, todos muito promissores, ainda que estejam defendendo posições diferentes no grid devido aos times que defendem. Mas quem também será cobrado é George Russell, agora na posição que sempre quis, de líder efetivo do time, que é quem terá a maior responsabilidade de liderar a esquadra germânica na pista. E, no que depender de Russell, ele irá partir para cima dos adversários, em especial Max Verstappen, com quem andou discutindo recentemente a cerca dos modos pouco educados do tetracampeão na pista, e prometendo não dar mole nas próximas disputas. Uma disputa que, nos poucos momentos em que se encontraram na pista até aqui, mostrou que o inglês pode ser sim um rival duro para o holandês, e que dá aos torcedores a expectativa de termos disputas bem acaloradas, que é o que todos querem ver.

            Quais palpites se confirmarão? A resposta, semana que vem, em Melbourne...

 

 

Listas dos “melhores” de todos os tempos sempre costumam sair com alguma frequência em muitos assuntos, e no automobilismo não é diferente. E a F-1, claro, ajuda a engrossar a lista de discussões sobre quão válidas são essas relações, que levam com frequência a muitas discussões, por vezes acaloradas, entre fãs, e até mesmo entre profissionais do ramo. A lista dos “melhores” 20 pilotos divulgada recentemente, mesmo sem apresentar uma ordem clara, já comete erros crassos em excluir dois brasileiros desta relação: Nélson Piquet e Émerson Fittipaldi, respectivamente um tricampeão e um bicampeão do mundo, incluindo pilotos que nem sequer foram campeões da competição. Por mais subjetivos que possam ser alguns parâmetros, como o lance de reconhecer o talento de alguns pilotos que, por azares ou problemas alheios a seu controle, nunca conquistaram um merecido título, a listagem continua sendo equivocada. Um critério mais correto seria incluir na listagem todo e qualquer piloto que tenha conseguido pelo menos dois títulos mundiais na competição, o que já os diferencia do restante de pilotos campeões. E o Brasil não é o único país “injustiçado” nessa listagem dos 20 melhores pilotos: a Finlândia também não viu Mika Hakkinen na lista, que incluiu Kimi Raikkonen. Nada contra Raikkonen, mas pelo currículo, Hakkinen, que foi bicampeão, teve mais méritos na sua carreira na F-1. Nigel Mansell, que foi campeão apenas uma vez, e em um ano onde não teve praticamente concorrentes à altura, mostra pachequismo de quem fez a listagem, justamente por ignorar Piquet, que foi 3 vezes campeão, por dois times diferentes, e em duas ocasiões, sem ter o melhor carro da disputa. E Émerson Fittipaldi, claro, foi um dos gigantes dos anos 1970, ao lado de Jackie Stewart e Niki Lauda. Talvez a única inclusão mais justa nesta listagem seja Stirling Moss, que foi nada menos que quatro vezes vice-campeão, e é reverenciado até hoje pelos ingleses como o “campeão sem título”, alegando que o piloto possuía um talento fenomenal, mas nunca deu sorte de conquistar um título por alguém estar no seu caminho. Pode até ser verdade, mas ainda assim, não confere maior credibilidade à listagem, que virou motivo de piada para muita gente, em um momento onde a FIA não anda gozando de muita credibilidade, especialmente seu presidente, em um momento onde se começam os planejamentos para a eleição do próximo presidente da entidade, que ocorre este ano.

quarta-feira, 5 de março de 2025

ESPECIAL MOTOGP 2025

            O mês de março começou, e com ele, alguns dos mais conhecidos campeonatos do mundo do esporte a motor. E, quem também deu a largada foi a MotoGP, com a etapa da Tailândia abrindo pela primeira vez a competição da classe rainha do motociclismo e suas categorias de acesso, a Moto3 e a Moto2. Mas é inegável que os holofotes estiveram voltados unicamente para a Ducati, que entrou em 2025 mantendo o favoritismo já exibido nos dois últimos anos, mas agora concentrado no seu time de fábrica. Para tanto, vamos a um pequeno texto explicando como deverá ser a temporada da competição nas duas rodas da competição sênior do motociclismo mundial. Uma boa leitura a todos...

 

MOTOGP 2025

 

Classe rainha do motociclismo mundial inicia mais uma temporada onde a Ducati é a grande favorita, mas os rivais tentarão dificultar as coisas para a marca italiana

 

Adriano de Avance Moreno

A MotoGP deu a largada para a temporada 2025, com a Ducati mantendo a primazia na competição.

 

         A MotoGP inicia mais uma temporada na expectativa de um grande duelo pelo título, mais uma vez, dentro da Ducati, marca que tem dominado a competição nos últimos dois anos, monopolizando a competição. Mas, se em 2023 e 2024 a disputa teve como tempero o duelo entre o time oficial da marca de Borgo Panigale e um time satélite, desta vez a briga deve se dar dentro do time de fábrica.

         Francesco “Pecco” Bagnaia foi o grande nome da Ducati nos últimos anos, tendo conquistado o título nas temporadas de 2022 e 2023, e sido o vice-campeão no ano passado, perdendo o duelo para Jorge Martin, que foi campeão com uma Ducati do time satélite Pramac, que incendiou a disputa nos dois últimos anos, e levantou a torcida durante quase toda a temporada, já que a concorrência não conseguiu oferecer resistência relevante e se intrometer na disputa.

         Mas agora, a briga deve se dar mesmo é dentro do time de fábrica da marca italiana, que terá, ao lado do bicampeão Bagnaia, ninguém menos que Marc Márquez, a “Formiga Atômica”, hexacampeão da competição, e ávido para recuperar o protagonismo perdido nos últimos anos, diante de problemas físicos e da crise de competitividade enfrentada pela Honda, seu antigo time. No ano passado, Márquez fez uma aposta ousada, deixando a marca japonesa onde brilhou na década passada, para tentar se reinventar na Gresini, time satélite da Ducati. A aposta se pagou, e Márquez voltou a ser protagonista na competição, ainda que tenha ficado fora da briga pelo título, mas sua capacidade e currículo o levaram a ser contratado para o time oficial da marca italiana. E Márquez, apesar de saber que Bagnaia é o líder atual da Ducati, vem para contestar essa liderança, e já marcou presença neste sentido na pré-temporada, especialmente na última seção de testes, na Tailândia, enquanto “Pecco” não teve o mesmo protagonismo. Por enquanto, a convivência de ambos tem sido cordial, e os dois vem trabalhando firme para oferecerem o melhor feedback à escuderia, que aliás, ficou surpresa em ver que ambos os pilotos forneceram impressões bem similares a respeito do comportamento da nova GP25, mesmo trabalhando em separado, sem combinar as impressões obtidas por cada um.

         Este feedback foi bem apreciado pelos técnicos e pela direção da escuderia, por fornecer uma direção mais centralizada no desenvolvimento do equipamento, o que foi algo inesperado, mas bem-vindo. Mas a Ducati acabou esbarrando em outro problema: o motor. O novo propulsor foi elogiado tanto por Bagnaia quanto por Márquez, mas o comportamento do novo equipamento, no balanço geral, proporcionava alguns reveses que não existiam no propulsor de 2024. Depois de vários testes comparativos do equipamento, a Ducati acabou por escolher manter o propulsor do ano passado, diante das incertezas que ainda pesam sobre o novo motor, que dependendo das circunstâncias, não poderia ser trabalhado adequadamente diante das novas regras de congelamento dos propulsores, que obriga que os times utilizem os propulsores homologados nas temporadas de 2025 e 2026, com poucas alterações sendo permitidas neste período, o que poderia complicar a situação, caso o novo equipamento precisasse de muitas mudanças. O motor de 2024 já é amplamente testado, confiável, e de boa performance, restando à Ducati esperar que a vantagem de desempenho exibida no ano passado seja suficiente para não ficarem vulneráveis à evolução da concorrência, que tentará usar todas as evoluções para tentar desbancar os italianos. Em 2027 a categoria mudará seus propulsores, que ficarão menores, passando dos atuais 1.000cc para 850cc. Por isso, a implantação da regra de congelamento dos atuais motores para contenção de gastos na competição. Mas, contrariando o que havia divulgado, a Ducati confirmou que metade de sua frota no grid estava utilizando um novo propulsor, enquanto o restante ficou com o motor “padrão” do ano passado. Marc Márquez, Francesco Bagnaia, e Fabio Di Giannantonio usaram uma nova especificação do propulsor, embora a Ducati tenha afirmado ainda ser o mesmo motor, mas com algumas melhorias, aproveitando algumas inovações testadas para o propulsor de 2025. Pode até ser, se levarmos em conta que Álex Márquez e Franco Morbidelli, mesmo com os motores 2024 “padrão” fizeram excelentes corridas no fim de semana. O tempo dirá quão diferente estes motores poderão ser, já que com a homologação da primeira corrida, deverão ser usados até o fim da temporada do ano que vem. Somente Honda e Yamaha, pelo regime de concessões por terem sido as últimas colocadas no ano passado, poderão efetuar melhorias efetivas em seus propulsores.

O pódio das duas corridas do primeiro final de semana da temporada 2025 foi igual, com Marc Márquez dando as cartas, à frente de seu irmão Álex, e de Francesco Bagnaia, que fechou ambos os pódios.

         Já com relação ao duelo interno, poderemos ver enfim como se medirá a relação de forças entre os dois pilotos, algo que não ocorreu dentro da Ducati de fábrica nos últimos anos. Em 2023, esperava-se um grande duelo entre Bagnaia e Enea Bastianini, que havia feito uma temporada impressionante em 2022 com o time satélite da Gresini. Mas um acidente sofrido por Enea logo na primeira etapa de 2023 o alijou da disputa, perdendo várias etapas, e mesmo em seu retorno, ainda sentindo as sequelas do acidente, não pode mostrar toda a sua capacidade. No ano passado, já recuperado, Bastianini não correspondeu às expectativas, e perdeu seu lugar no time de fábrica para Marc Márquez, que agora pode enfim cumprir as possibilidades de vermos um duelo firme dentro do time de fábrica da Ducati, algo que pode ser bom ou ruim para a marca, e também para a concorrência.

         Márquez elogiou Bagnaia por sua postura calma e centrada, não procurando criar turbulências no ambiente do time, mas ressaltou que, na pista, ele é extremamente competitivo, e é lá que o duelo será travado, não levando picuinhas para dentro dos boxes. Para a concorrência, um duelo entre os dois campeões poderia abrir brechas para eles se  aproveitarem da situação, com Márquez e Bagnaia tirando pontos e chances um do outro, apostando em rinhas na pista entre os dois, com potenciais quedas em duelos mano a mano, algo que realmente pode acontecer, tirando ambos da disputa, enquanto os rivais poderiam colher os triunfos. Mas pode ocorrer o contrário, com ambos dando tudo de si, e abrirem vantagem tão grande que eles fiquem com menos chances ainda de poderem superar a dupla na pista em condições normais, se ambos mantiverem um duelo civilizado e sem percalços. Qual panorama irá prevalecer? Só saberemos na pista, e nas corridas.

         A julgar pelo resultado da primeira etapa, Bagnaia que se cuide, pois Marc Márquez marcou a pole-position e venceu tanto a corrida sprint quanto a corrida principal, acumulando a pontuação máxima do final de semana, enquanto “Pecco”, contendo os prejuízos, foi apenas 3º colocado nas duas provas, não tendo achado o acerto ideal para ambas as corridas, e procurando minimizar os riscos de forçar um ritmo que não era o ideal. O resultado é relevante para Marc Márquez, que liderou pela última vez o campeonato da MotoGP em 2019, quando conquistou seu 6º e último título. De lá para cá, o piloto experimentou o calvário de se acidentar logo na primeira prova de 2020, e enfrentar uma recuperação das mais complicadas, em parte por culpa própria, tentando forçar um retorno rápido e só deixando tudo pior. Mas, uma vez recuperado, agora era a Honda que não lhe fornecia um equipamento à altura, razão pela qual ele rescindiu seu contrato para defender a Gresini, equipe satélite da Ducato no ano passado, vindo para o time de fábrica este ano, e já mostrando as garras logo na primeira prova, como era de se esperar.

         Em relação a 2024, não há dúvidas de que a Ducati, mesmo sendo a grande campeã, e de ainda manter o favoritismo para a temporada deste ano, teve suas perdas. A maior dela, obviamente, foi de Jorge Martin, o novo campeão mundial. O espanhol, inconformado por ter sido novamente preterido na promoção para o time de fábrica, cumpriu sua ameaça, e foi ter uma moto oficial em uma marca concorrente, no caso, a Aprilia. Mas não ficou apenas nisso: a Pramac, até então o principal time satélite da marca de Bolonha, meio que tomou as dores do piloto, e rompeu com a Ducati, encerrando um relacionamento de décadas, indo assumir este ano como time satélite da Yamaha, que estava desfalcada no grid de uma segunda equipe desde que a SRT fechou as portas.

Marc Márquez, agora no time oficial da Ducati, dominou as corridas do primeiro fim de semana da temporada 2025. Os rivais que se preparem...

         Isso fez com que a VR46, o time de Valentino Rossi, passasse a ser o principal time satélite da Ducati, e mesmo assim, tendo apenas uma moto do ano, de modo que seus pilotos terão à disposição motos diferentes. Com a Gresini não sofrendo mudanças, a Ducati terá este ano seis motos no grid, ainda o maior plantel, é verdade, mas tendo menos presença do que em 2024, quando tinha oito motos na competição, sendo metade do modelo mais novo, enquanto os demais competiam com a moto do ano anterior. Mas, ter menos motos no grid fará bem para a concorrência? Em termos.

         Se o duelo do time de fábrica se der no sentido positivo, poderá ser um massacre da Ducati em cima dos rivais, com Bagnaia e Márquez arrasando a oposição sem dó nem piedade, a menos que esta se mostre forte o bastante para se intrometer na briga por vitórias. A questão é: quem está mais apto a enfrentar a Ducati na temporada de 2025? No ano passado não houve praticamente concorrência, com a marca italiana deitando e rolando em cima dos rivais, e para este ano, a esperança é de que tal situação não se repita. Mas desejar e conseguir são coisas diferentes, e alguns times podem ter perdido força em relação ao ano passado, enquanto para outros, o reforço ainda precisa mostrar a que veio.

         Assim sendo, a Gresini e a VR46 mostraram suas cartas na Tailândia. Álex Márquez fez duas corridas fortes, tanto na sprint quanto na prova principal, sendo que nesta, chegou até mesmo a liderar boa parte da corrida, antes de sucumbir ao ataque de seu irmão mais velho parte final da competição. Mas o irmão mais novo da família Márquez foi o 2º colocado nas duas provas do final de semana, com um desempenho sólido, que em tese o credencia a sonhar com sua primeira vitória em corridas principais na classe rainha do motociclismo. Já pelo lado da VR46, foi Franco Morbidelli quem marcou presença, com o ítalo-brasileiro terminando em 5º lugar a corrida sprint, e terminando a corrida principal em 4º lugar, com performances firmes e decididas, no melhor desempenho do piloto em muito tempo, ajudado agora pelo fato de contar com a mesma moto que pilotou em 2024, na Pramac, e que agora tem à disposição no time de Valentino Rossi, o que segundo o piloto, lhe deu uma sensação de estabilidade que há muito faltava para ir em busca de resultados de monta.

Álex Márquez (Gresini) subiu ao pódio nas duas provas do fim de semana na pista de Chang, na 2ª posição.

         Desse modo, podemos ver o quanto a Ducati ainda dá as cartas no grid. A expectativa de um ano mais equilibrado ficou mais restrita aos treinos, onde as equipes concorrentes até deram o ar da graça, mas não conseguiram manter o ritmo na corrida. Por outro lado, é importante frisar que, como os últimos treinos da pré-temporada foram realizados na pista de Chang, a corrida repetiu parte do desempenho que pilotos e times haviam conseguido demonstrar nos testes. Por isso, Marc Márquez, que tinha terminado os testes no circuito na frente, se mostrou superior à concorrência logo de cara, deixando inclusive Bagnaia na sobra na etapa inaugural da temporada. A opção da Ducati em manter o motor de 2024 também ajuda os pilotos que competem com as motos do ano passado, já que a nova moto de 2025, apesar de melhor, não terá vantagem no propulsor, deixando os duelos entre o time de fábrica e as satélites da marca teoricamente mais niveladas. E pelo menos na Tailândia, Álex Márquez fez bom uso do seu equipamento, assim como Franco Morbidelli.

         Os rivais, claro, não ficaram parados, mas pelo menos na primeira etapa, a Ducati sobrou. Os concorrentes podem até ter andado perto, mas não conseguiram ameaçar como se esperava, sendo que nas duas provas do fim de semana o trio da classificação foi inteiramente da marca de Borgo Panigale, fazendo 4 posições entre os cinco primeiros colocados no sábado e no domingo. Alguns times estão melhores do que no ano passado, enquanto outros, piores.

         Por este último aspecto, a Pramac é quem perdeu mais força em relação a 2024. Não apenas deixou Martin ir embora, como se desentendeu com a Ducati, e este ano irá contar com as motos da Yamaha, que veio de duas temporadas horríveis na competição, e batalha para se reerguer. Os dados da pré-temporada indicam que a marca de Hamamatsu parece estar no caminho certo para voltar a ser competitiva, embora ainda seja cedo para comemorar as marcas obtidas nos testes. Fora isso, a escuderia ainda tem de lidar com uma nova dupla de pilotos, que busca recuperar seu protagonismo. Jack Miller já havia saído por baixo da Ducati, e não teve melhor sorte na KTM. Agora em um novo time, pelo menos o australiano parece ter se adaptado bem à M1 da Yamaha, o que pode ser um sinal positivo para que ele reencontre a velha e boa forma. O mesmo vale para Miguel Oliveira, que já teve dias melhores na competição, mas sofreu no ano passado com a Trackhouse, e deu azar de ficar várias provas de fora devido a um acidente sofrido na segunda metade da competição, e quer recuperar o tempo perdido no novo time. Na primeira etapa da temporada, contudo, Jack Miller foi o primeiro piloto a cair da moto no ano, na prova sprint, e no domingo, pelo menos não repetiu o resultado. Porém, o ritmo com as novas motos nipônicas nem de longe lembra o das Ducatis usadas até 2024. Miller terminou a corrida de domingo apenas em 11º, enquanto Oliveira foi apenas o 14º.

Agora no time de fábrica da KTM, Pedro Acosta continua rápido, e abusado, e já levou seu primeiro tombo em corrida no ano, precisando dosar um pouco sua agressividade.

         Quem inicia o ano pressionada é a KTM, não tanto pelos resultados de pista, mas pela péssima situação financeira do grupo como um todo, em estado pré-falimentar, com dívidas estrondosas que fizeram a marca até interromper a produção nas fábricas da Europa para poder desovar os estoques de motos nas concessionárias da marca. A KTM garantiu que as dificuldades financeiras do grupo, que às vésperas do início da temporada conseguiu efetuar importante acordo com os credores, afastando o perigo de uma declaração de falência, não iria afetar seu envolvimento com a MotoGP, mas é inegável que, com as finanças combalidas, os esforços de desenvolvimento do equipamento certamente seriam afetados, e que a performance poderia ficar comprometida conforme a temporada avançasse, diante da evolução de desempenho dos rivais. Mesmo assim, a marca ainda acredita que possa fazer um campeonato melhor do que o do ano passado, apostando na experiência de Brad Binder, e na sua nova estrela Pedro Acosta, que foi uma das sensações do campeonato de 2024 pela sua incrível velocidade e arrojo, embora em alguns momentos, o espanhol tenha sido agressivo até demais, perdendo a chance de bons resultados se fosse um pouco menos afoito. Enquanto isso, no time satélite da marca austríaca, a Tech2, a perspectiva é de evolução, com a nova dupla de pilotos, egressa de times de fábrica. Maverick Viñalez deixou a Aprilia e tentará uma nova fase da carreira na equipe, enquanto Enea Bastianini, também tendo deixado o time de fábrica da Ducati, precisa mais do que nunca reacertar o passo na competição. No time de fábrica, Pedro Acosta não perdeu sua grande velocidade, mas também não deixou de ser arrojado até demais. Se por um lado ele fez uma boa prova sprint, onde terminou em 6º lugar, enquanto Brad Binder foi o 8º colocado, por outro lado na corrida principal, no domingo, o espanhol foi demasiado ao ataque e caiu, dando adeus a qualquer bom resultado na prova. Ele ainda conseguiu voltar à corrida, mas terminando apenas em 19º, enquanto Binder foi novamente 8º colocado. Já a Tech3, pelo menos nessa primeira corrida teve resultados variados, indo mal na corrida sprint, mas recuperando-se um pouco na corrida principal, onde Bastianini foi um encorajador 9º lugar.

Franco Morbidelli (acima), com a VR46, e Ai Ogura (abaixo), com a Trackhouse foram os destaques da corrida em Buriram, com excelentes performances de ambos em seus respectivos times.


         Já a Aprilia entra em 2025 precisando se reafirmar. A marca de Noale chegou a tentar o título há algum tempo atrás, mas na hora de confirmar que havia de fato evoluído para se colocar como postulante ao título, eles decaíram. No ano passado, a Aprilia foi a única que conseguiu vencer uma corrida fora a sua compatriota rival Ducati, o que foi muito pouco para as pretensões da marca, que resolveu renovar completamente sua dupla de pilotos, em especial contando com o atual campeão mundial Jorge Martin, além de Marco Bezzecchi, para recuperar o rumo de desenvolvimento perdido nos dois últimos anos. Só que a equipe já começou mal a pré-temporada, com Martin se acidentando, sofrendo fraturas que precisaram ser submetidas a cirurgias, e por isso ficando fora de todos os testes da pré-temporada. Mesmo não sendo graves, a recuperação podia colocar sua participação na primeira corrida do ano em dúvida, e se não fosse para tanto, certamente complicariam sua necessidade de adaptação ao equipamento, uma vez que até o ano passado Jorge competiu unicamente com motos da Ducati, precisando se ambientar com o comportamento da RS-GP25. Mas, como desgraça pouca é bobagem, Martin, que havia recebido a autorização para participar da prova de estréia da temporada, mostrando estar minimamente recuperado, acabou sofrendo nova queda e nova fratura nos treinos que realizava para se preparar para a corrida, acabando por desfalcar a Aprilia logo na primeira prova, e perdendo uma oportunidade valiosa de se inteirar com seu novo equipamento. Ficou a expectativa se Martin iria perder apenas a corrida de estréia da temporada, mas a Aprilia já informou que a situação é mais delicada, de modo que o atual campeão irá perder também a chance de participar da segunda corrida, em Termas de Rio Hondo, na Argentina, sendo substituído em ambas por Lorenzo Savadori. Isso representa um revés significativo para Jorge Martin, que larga em franca desvantagem na temporada, já que acaba perdendo um tempo necessário muito importante para se adaptar e entrar no ritmo do novo equipamento, enquanto os rivais já largaram para a competição, saindo bem na frente.

          Em compensação, o time satélite da marca, a Trackhouse segue com Raul Fernandez, e conta com o novato Ai Ogura, que já de cara foi a sensação da primeira etapa da competição, na Tailândia, impressionando logo de cara. O japonês fez uma excelente corrida sprint, terminando na 4ª posição, e fechando a corrida de domingo com um também respeitável 5º lugar, trazendo raios de esperança para a Aprilia no que tange à competitividade de sua nova moto. Neste aspecto, o time principal ficou devendo para seu time satélite, diante da performance de Ogura. Marco Bezzecchi, no time de fábrica, teve um desempenho menos vistoso, tendo sido 12º na sprint, mas um encorajador 6º lugar na corrida de domingo. Até aqui, no cômputo geral, pelo menos a Aprilia parece melhor do que a KTM, mas ambas ainda insuficientes na performance necessária para desafiar a hegemonia da Ducati na pista. Mas, precisamos ver como ambas as marcas evoluirão durante o ano.

Fabio Quartararo mostrou alguma evolução com a Yamaha, mas a marca japonesa ainda está devendo melhorias para voltar a brigar na frente.

         E os times japoneses? A Honda teve sua pior temporada na história da motovelocidade desde que estreou na competição, e precisou se mexer para tentar melhorar sua RC213V enfim, de forma a torná-la compatível com seus pilotos atuais, uma vez que o equipamento ainda padecia dos problemas de vários anos, que se acumularam a tal ponto que até mesmo Marc Márquez não conseguia mais extrair performance do protótipo, preferindo ir para outro time, encerrando seu contrato antes da hora. Houve modificações tanto na equipe quanto na parte técnica da moto, que apresentaram melhoras significativas em relação à performance de 2024, o que poderia animar os pilotos da marca, tanto do time de fábrica, quanto da satélite LCR, mas o problema é que todos evoluíram, de modo que o progresso da marca da asa dourada pode ter sido insuficiente para recuperar terreno na relação de forças da categoria. Na pior das hipóteses, a melhoria poderia não dar em nada, com ambos os times ficando nas mesmas posições de 2024, um resultado que não seria nada agradável para ambas, que dominaram a competição por muitos anos.

          Pelo lado da Honda, realmente houve evolução, uma vez que a marca japonesa, que em 2024 ficou nas últimas colocações, voltou pelo menos ao meio do pelotão na primeira prova do ano. Joan Mir foi o 9º colocado na prova sprint, mas no domingo caiu e deixou a corrida. Johann Zarco, da satélite LCR, fez um combativo 10º posto na sprint, e um motivador 7º lugar na corrida principal. Luca Marini, do time de fábrica, foi um distante 15º colocado na prova curta, e terminou em 12º na prova longa. Já Somkiat Chantra chamou mais atenção por seu o primeiro tailandês a competir na classe rainha do motociclismo, chamando as atenções da torcida por estar na corrida de seu país, mas terminando lá atrás, em 19º e 18º, respectivamente, no sábado e no domingo. Mas vai precisar melhorar bastante, se quiser permanecer no grid em 2026.

Johaan Zarco, da LCR, mostra que a Honda melhorou, mas ainda tem muito trabalho pela frente.

         A Yamaha, por sua vez, recuperou um pouco de seu status ao firmar parceria com a Pramac para ser seu novo time satélite, já que nos dois últimos anos, ficou sozinha na competição, sem ter ajuda para desenvolver seu equipamento. Fabio Quartararo quase não renovou com o time, mas acabou convencido de que os esforços para levantar a performance da M1 seriam feitos, e permaneceu no time, ao lado de Álex Rins, que não teve um bom ano em 2024. Só que o time de fábrica brilhou apenas na prova sprint, com Quartararo terminando em um bom 7º lugar, enquanto na corrida o piloto foi apenas o 15ºcolocado. Álex Rins foi 17º nas duas provas. O desempenho da M1 pode render mais, como a Pramac demonstrou com sua dupla de pilotos, que no cômputo geral do final de semana, se deu melhor na pista de Chang, mas ainda demonstrando que serão necessários muitos trabalhos até que a Yamaha volte a brigar pelas primeiras colocações, uma observação que também vale para a Honda.

         No que tange ao calendário, a prova da Argentina está de volta, depois de ficar de fora na temporada passada. E quem também retorna à classe rainha do motociclismo é a pista de Brno, na República Tcheca. A Índia de fato não agradou, e os problemas burocráticos com o governo também não ajudaram na manutenção da corrida na pista de Buddh, assim como a prova da Finlândia também não conseguiu viabilizar sua entrada na competição, e o Kazaquistão também não permaneceu no certame. Em compensação, a Hungria finalmente fará sua estréia na MotoGP, no novo circuito de Balaton Park, que fará sua primeira prova de competição internacional, acabando com a exclusividade da pista de Hungaroring neste cenário no país. O campeonato terá 22 provas, e será o mais longo da história, mas nem tudo são flores neste aspecto aparentemente positivo.

         Em primeiro lugar, o circuito de Balaton Park, que fará sua estréia na competição, ainda não tem o aval da FIM para realizar a corrida, procedimento que espera-se seja resolvido até a data da corrida. A pista húngara foi cogitada para substituir a etapa da Índia no ano passado, quando a prova de Buddh foi cancelada, mas a pista de Balaton não estava finalizada ainda, com obras do circuito ainda precisando ser completadas, além da já mencionada licença para sediar corridas da MotoGP. E é preciso lembrar que o campeonato, na prática, é 50% maior, já que continua a usar o esquema das corridas sprints em cada fim de semana, com cada corrida no sábado sendo disputada na metade do percurso da corrida de domingo. Assim, com 22 corridas no ano, com todas elas tendo suas corridas sprints no sábado, na prática é como se tivéssemos 33 corridas, algo que muitos times e pilotos já começam a reclamar do cansaço oriundo de disputar provas no sábado e no domingo.

A nova pista de Balaton Park, na Hungria, é a novidade da temporada, mas ainda precisa ser homologada pela FIM.

         A Dorna, claro, fala do sucesso da MotoGP, alardeando que tem vários lugares interessados em sediar novos GPs, mas como arrumar vaga para tantas provas. Falou-se em 28 locais de competição, mas com “apenas” 22 etapas, claro que não vai dar para acomodar todo mundo nisso, e novos aumentos do número de corridas podem ser contraproducentes, com times e pilotos podendo rejeitar competir em um certame maior do que o deste ano. E, na dança das cadeiras das etapas, já se falou em limar corridas na Espanha, país que sedia o maior número de corridas do campeonato, com nada menos que 4 etapas: Jerez de La Frontera, Barcelona, Aragón, e Valência. Destas pistas, Barcelona tem presença garantida até 2031, o que coloca em risco as demais pistas, que poderiam ser rifadas para a entrada de novas etapas. Neste aspecto, poderia sobrar também para a Itália, que tem as corridas de Mugello e Misano em seu território, com uma delas sendo substituída por alguma nova prova. As discussões sobre isso apenas começaram, obviamente, e certamente darão muito pano para a manga.

 

EQUIPES E PILOTOS

 

EQUIPE

MODELO

PILOTOS (Nº)

Aprilia Racing

RS-GP25

Jorge Martin (1)

Marco Bezzecchi (72)

Lenovo Ducati Team

GP25

Francesco Bagnaia (63)

Marc Márquez (93)

Red Bull KTM Tech3

RC16

Maverick Viñalez (12)

Enea Bastianini (23)

Gresini Racing MotoGP

GP24

Fermín Aldeguer (54)

Álex Márquez (73)

LCR Honda

RC213V

Johann Zarco (5)

Somkiat Chantra (35)

Monster Energy Yamaha MotoGP Team

YZR-M1

Fabio Quartararo (20)

Álex Rins (42)

Mooney VR46 Racing Team

GP25/GP24

Fabio Di Giannantonio (49)

Franco Morbidelli (21)

Prima Pramac Yamaha Racing

YZR-M1

Jack Miller (43)

Miguel Oliveira (88)

Red Bull KTM Factory Racing

RC16

Brad Binder (33)

Pedro Acosta (31)

Honda Team

RC213V

Luca Marini (10)

Joan Mir (36)

Trackhouse MotoGP Team

RS-GP25

Raul Fernandez (25)

Ai Ogura (79)

 

CALENDÁRIO

 

DATA

ETAPA

CIRCUITO

02.03

Grande Prêmio da Tailândia

Chang

16.03

Grande Prêmio da Argentina

Thermas de Rio Hondo

30.03

Grande Prêmio das Américas

Circuito das Américas (Austin)

13.04

Grande Prêmio do Qatar

Losail

27.04

Grande Prêmio da Espanha

Jerez de La Fronteira

11.05

Grande Prêmio da França

Le Mans

25.05

Grande Prêmio da Inglaterra

Silverstone

08.06

Grande Prêmio de Aragón

Aragón

22.06

Grande Prêmio da Itália

Mugello

29.06

Grande Prêmio da Holanda

Assen

13.07

Grande Prêmio da Alemanha

Sachsenring

20.07

Grande Prêmio da República Tcheca

Brno

17.08

Grande Prêmio da Áustria

Zeltweg

24.08

Grande Prêmio da Hungria

Balaton Park

07.09

Grande Prêmio da Catalunha

Barcelona

14.09

Grande Prêmio de San Marino

Misano

28.09

Grande Prêmio do Japão

Motegi

05.10

Grande Prêmio da Indonésia

Mandalika

19.10

Grande Prêmio da Austrália

Phillip Island

26.10

Grande Prêmio da Malásia

Sepang

09.11

Grande Prêmio de Portugal

Portimão

16.11

Grande Prêmio da Comunidade Valenciana

Valência

Palco do GP da República Tcheca, Brno está de volta ao calendário da MotoGP.

 

TRANSMISSÃO NO BRASIL

 

         Os fãs da MotoGP continuarão a poder apreciar as disputas da classe rainha, bem como das categorias de acesso Moto2 e Moto3 através do Grupo Disney, com transmissão dos treinos e corridas ao vivo nos canais da ESPN da TV por assinatura, bem como pelo sistema de streaming Disney+, como já tem sido praxe nos últimos anos. A expectativa maior é pela volta do Brasil ao calendário da competição, o que deve acontecer no próximo ano, com a pista de Goiânia tendo firmado acordo para receber o campeonato da MotoGP, que voltará a ter uma etapa no Brasil depois de mais de trinta anos, tendo sua última corrida aqui disputada em 1992, na pista de Interlagos, com vitória de Wayne Rainey, pela Yamaha. A pista de Goiânia, aliás, foi palco do GP Brasil de Motovelocidade nas temporadas de 1987, 1988, e 1989.

No primeiro duelo interno na Ducati de fábrica, deu Márquez. Bagnaia que se cuide...

 
A Aprilia já ficou desfalcada do atual campeão, Jorge Martin, que ficará de fora das duas primeiras corridas da temporada,

Honda: tentando escapar da rabeira em 2025.

Tentando escapar da crise e da falência, a KTM tenta se manter firme, ao lado de seu time satélite Tech3.

Pramac: agora time satélite da Yamaha, pelo menos pareceu andar melhor que o time de fábrica japonês.

VR46 é a chance de Franco Morbidelli se reencontrar na competição.

Yamaha: tentando voltar para o topo, mas o desafio é grande.