sexta-feira, 27 de setembro de 2024

O ANO DA INDYCAR 2024

A Indycar teve mais um ano de boas disputas dentro da pista.

            A grosso modo, a temporada 2024 da Indycar foi um pouco mais do mesmo de sempre. Não que tenha sido ruim, muito pelo contrário. Tivemos algumas disputas acirradas, brigas equilibradas, e com alguns pilotos mostrando o que conseguem fazer diante da competição forte que a categoria de monopostos dos Estados Unidos costuma proporcionar. Mas nada de novidade além disso. Mais uma vez, o duelo acabou restrito, na maior parte do tempo, aos times da Ganassi e da Penske, como vem acontecendo na última década, e mais uma vez, o time de Chip Ganassi levou a melhor, com Álex Palou mostrando sua categoria, e leando seu terceiro título em quatro temporadas defendendo a escuderia, o que é digno de elogios.

            Palou não foi o maior vencedor do ano, mas o que mais constância apresentou nos resultados da temporada, conseguindo maximizar sempre as oportunidades na pista para alcançar sempre os melhores resultados, e claro, errando menos que os rivais, e conseguindo, acima de tudo, ficar longe das encrencas nas corridas, quando estas apareciam, não se envolvendo em quase nenhuma confusão durante todo o ano. Palou teve a sorte que faltou aos rivais, mas também teve a competência que lhes faltou em diversas oportunidades. O espanhol se firma na Ganassi como o seu principal nome para a próxima década, conseguindo suplantar até mesmo o grande nome da escuderia nas últimas duas décadas, Scott Dixon, que mais uma vez fez um bom ano na competição, venceu corridas, mas acabou superado pelo jovem companheiro de equipe, que parece ter aprendido muito bem os truques e macetes com os quais o neozelandês fez grandes campanhas na categoria, que o levaram a conquistar seis vezes o título. Em 2024, Dixon bem que tentou, mas azares alheios a seu controle, além de prestações abaixo do seu costumeiro nível o fizeram encerrar o ano apenas em 6º lugar. Mesmo assim, não se pode dizer que Dixon esteja morto na competição, e para 2025, seu nome não pode ser desconsiderado em hipótese alguma entre os postulantes ao título. Mas Palou, seu companheiro de time, por outro lado, já é considerado o grande favorito para a temporada de 2025, e se os rivais não se aprumarem, poderão facilitar um eventual tetracampeonato de Álex, que certamente não desperdiçará as oportunidades que aparecerem na sua frente. E, claro, a Ganassi, grande vencedora de 2024, é candidata, mais uma vez, a batalhar pelo título no próximo ano, nunca descansando sobre os louros conquistados.

Scott McLaughlin (acima) e Will Power (abaixo) bem que tentaram chegar ao título, mas fracassaram, apesar de terem vencido várias corridas.


            Com duas estrelas do naipe de Palou e Dixon, muitos esquecem até que a Ganassi teve outros pilotos na competição. Mas, comparados a estes dois, Linus Lindqvist, Marcus Armstrong, e Kyffin Simpson pouco fizeram, especialmente este último. Com Armstrong já fechado com a Meyer Shank para 2025, Lindqvist deve ser mantido no novo esquema de três carros da escuderia para o próximo ano.

            A grande derrotada, como não poderia deixar de ser, foi a Penske. O time de Roger Penske foi o que mais venceu no ano, com oito triunfos, mas novamente, seus pilotos viveram de altos e baixos mais do que seria aceitável numa disputa pelo título. Will Power e Scott McLaughlin até chegaram à última etapa em condições de discutir a taça, mas como azarões, precisando mais de um azar desgraçado de Palou do que de seus próprios resultados.

            E que azar incrível foi o de Power, ao se ver com o cinto de segurança solto no carro, o que o fez perder cinco voltas nos boxes até que o time apertasse tudo? Ali, o australiano já não tinha mais chances de nada, e completou a prova para pelo menos tentar ser o vice-campeão, o que nem isso conseguiu. Mas é verdade que não foi apenas aquele azar que fez naufragar as chances do bicampeão. Se em Gateway ele acabou atingido por Rossi numa relargada meio confusa proporcionada por Josef Newgarden, tirando-o de uma corrida onde ele poderia no mínimo ter ido ao pódio, por outro lado o australiano acabou se enrolando sozinho em Toronto numa ultrapassagem forçada sobre McLaughlin que lhe rendeu uma punição e a perda de um resultado mais positivo na etapa. Assim, entre erros próprios e azares alheios, Power viu passar a chance de finalmente chegar ao tricampeonato. Mas quem já vinha dando o australiano como dispensável na competição, diante da temporada morna de 2023, Will já disse que seus planos de aposentadoria da Indycar não estão ainda no horizonte, e bem ou mal, a temporada de 2024 provou que ele ainda tem muita lenha para queimar.

            Scott McLaughlin, por sua vez, padeceu da mesma situação de Power, sofrendo alguns erros próprios, e acabando por ser vítima de problemas que fizeram diferença no ano. A desclassificação em São Petesburgo certamente foi um golpe forte, mas o abandono sofrido pelo toque sofrido por Power em Toronto também. Restou o consolo de terminar o ano em 3º lugar, enquanto o australiano, de provável vice-campeão, despencou para 4º ao encerramento da etapa final de Nashville. Mas, se teve um piloto que fez um ano para esquecer, foi Josef Newgarden, que começou a temporada na frente, até ser desclassificado pelo uso irregular do push-to-pass, assim como McLaughlin. O único ponto positivo do ano foi a segunda vitória na Indy500, mas fora isso, apenas em Gateway Newgarden averbou uma vitória, e ainda assim, não isenta de polêmica, como uma relargada meio vai-não-vai, que fez com que Alexander Rossi não conseguisse evitar de provocar um acidente mais atrás, que acabou tirando Will Power da corrida, e colaborou para a fama de “bad boy” do estadunidense do time de Roger Penske, que teve mais baixos que altos no restante do campeonato, finalizando o ano apenas em 8º lugar, ficando bem atrás de seus colegas de time, que chegaram à última etapa ainda tentando disputar o título, algo que Josef passou longe em 2024. Melhor sorte em 2025.

Álex Palou manteve a constância, e usou a cabeça e o talento para maximizar resultados nas provas quando não dava para vencer, e acima de tudo, tratou de ficar longe de encrencas na pista.

            Para a Penske, a desclassificação de dois de seus pilotos da dobradinha conquistada na primeira corrida foi um duro golpe na lisura de reputação da escuderia, algo que nunca havia ocorrido antes, e que certamente gerou desgaste não apenas entre os pilotos, mas também perante a imagem do time na competição. Por mais que tenha sido um erro de percurso, leva tempo até se recuperar a reputação arranhada, e pelo menos, nada mais houve de anormal no time no restante do ano, mostrando como foi algo esporádico o ocorrido. Mesmo assim, algo que poderia ter sido evitado, dada a reputação de perfeccionismo que faz parte do histórico da Penske em décadas de competição no automobilismo.

            Tirando então Ganassi e Penske, que juntos abocanharam 12 vitórias no ano, sobrou até pouco para os outros times mostrarem alguma coisa. McLaren e Andretti foram os únicos times que também conseguiram vencer no ano, com altos e baixos de cada um deles, mostrando que poderiam ter conseguido mais, porém ficaram novamente no “poderia”. Mesmo assim, fizeram sua parte com mais competência que os outros times, que ficaram em branco mais uma vez, sem conseguirem brilhar mesmo ocasionalmente, o que indica que a temporada foi difícil, e mesmo o maior equilíbrio da competição não significa que vencer seja mais fácil.

            A McLaren, mais uma vez, tentou chegar ao título, e novamente, ficou pelo meio do caminho. A uma vitória herdada em São Petesburgo pela desclassificação da Penske, o time pelo menos teve uma vitória legítima em Mid-Ohio, e em determinado momento, Patricio O’Ward chegou a se intrometer na luta pelo título, antes que time e piloto perdessem o fôlego e as chances mais uma vez, passando mais um ano onde poderiam ter ido mais longe com um pouco mais de sorte e empenho, mas que ficou a desejar. Se O’Ward continuou sendo a estrela do time, Alexander Rossi infelizmente não conseguiu desencantar na escuderia, sendo dispensado para 2025. Em contrapartida, o time se enrolou na situação do terceiro carro, que deveria ser de David Malukas, mas que acabou ficando de fora por um acidente sofrido antes da temporada começar. Após um rodízio com alguns nomes, Nolan Siegel acabou definido no carro, depois de uma dispensa polêmica de Théo Pourchaire, ainda que até o fim da temporada o piloto ainda não tivesse mostrado efetivamente a que veio, mostrando ter merecido a chance, numa aposta que foi bancada por Tony Kanaan, que espera que Siegel comece a mostrar suas qualidades efetivamente no próximo ano.

            Se a temporada de 2024 não foi o renascimento da Andretti, também não foi o seu ocaso. O time de Michael Andretti teve um ano bem melhor que os anteriores, mas faltou gás para entrar com firmeza na briga pelo título, e o ponto positivo foi ver Colton Herta encerrar o seu jejum de vitórias, e colocar um pouco a cabeça no lugar, ainda que tenha tido dificuldade de se livrar de sofrer alguns acidentes por excesso de vontade na pilotagem, ou azares alheios a seu controle, como a roda que se soltou de seu carro após um pit stop em Milwaukee. Mesmo assim, o vice-campeonato, ainda que em parte pelos problemas dos adversários mais fortes da Penske, não pode ser desprezado, e quem sabe, voltando a ser o grande protagonista da escuderia na pista, Herta esteja pronto para voltar a brigar firme na frente, e disputar seu lugar de direito como estrela da competição junto a outros competidores na pista, como Palou e O’Ward. Herta fez um ano bem constante, e se conseguir melhorar mais um pouco, certamente terá tudo para brigar pelo campeonato. Kyle Kirkwood, depois de ser o principal piloto do time em 2023, acabou superado por Herta, apesar de ter feito um ano bem satisfatório, mas insuficiente para brigar mais à frente, como seu colega conseguiu. Já Marcus Ericsson, apesar de não decepcionar, também não empolgou, sendo que poderia ter rendido mais na escuderia, mas alguns azares foram cruciais em algumas provas, especialmente em Indianápolis, onde o piloto poderia ter conseguido melhor resultado. Com a casa ficando mais em ordem, a Andretti tem boas chances de vir ainda mais forte em 2025, ainda mais se Herta manter a boa forma exibida neste fim de temporada, e ainda contando com um Kirkwood que pode mostrar bons resultados na pista se tiver um carro à altura.

            Estes foram os times que conseguiram vencer na temporada 2024 da Indycar. Todos os demais times infelizmente fizeram apenas figuração, apesar de um bom resultado aqui e ali. Destes demais times, Santino Ferrucci, da Foyt, foi o destaque, terminando o ano em 9º lugar, chegando a fazer um ano melhor que alguns pilotos com carros e equipes melhores. Meyer Shank e Rahal/Letterman/Lanigan também não renderam o que esperavam, bem como a Dale Coye, a Carpenter, e a Juncos.

            Tivemos boas corridas, com muitas brigas, e claro, alguns acidentes, mas felizmente nada sério, apesar de alguns sustos, e prejuízos materiais para os times na hora de ter de reparar os carros batidos. Em algumas provas, como em Detroit, rolou muita confusão na pista diante das disputas entre os pilotos, com alguns exagerando na dose, enquanto outros tentavam sobreviver ao caos das bandeiras amarelas desencadeadas pelos acidentes. E os comissários, por sua vez, também andaram abusando das punições em alguns momentos, ajudando a tumultuar o clima na pista, mostrando que precisam ser mais comedidos e objetivos em aplicar punições aos pilotos, a fim de evitar que estas acabem banalizadas pelo uso indiscriminado.

            Em termos de campeonato, a Indycar prosseguiu com sua política de não confrontar outros torneios esportivos, e mais uma vez encerrou sua temporada em meados de setembro, sem confiar mais no seu próprio taco. Entre as provas do calendário de 2024, os únicos pontos positivos foi a troca do circuito urbano de Nashville pelo circuito oval na mesma cidade, que há tempos não fazia parte da competição, e que proporcionou uma corrida bem mais disputada do que poderia ter sido uma corrida com um traçado improvisado no centro da cidade; e claro, a volta do icônico circuito de Milwaukee ao calendário de uma categoria Indy. Mas times e pilotos continuam se ressentindo deste fim precoce da temporada ainda em setembro, quando o campeonato poderia se estender por pelo menos mais um mês, e com isso, ajudar a espaçar as etapas, e desgastar menos os times com algumas corridas que foram realizadas em fins de semana consecutivos, algo que é cansativo para todos.

            Mas, numa tentativa de inovar, e ao mesmo tempo preencher o grande intervalo entre São Petesburgo e Alabama, a direção da competição inventou de fazer uma corrida extra-campeonato no circuito privado do Thermal Club, na Califórnia, o que poderia ter sido algo positivo, não fosse a tentativa de fazer um evento diferente, com regras completamente diferentes, que deixou todo mundo insatisfeito, e a audiência televisiva, mais ainda, numa prova que se revelou confusa, sem atrativos, e com os pilotos tendo de se prestar àquela demonstração improvisada de se experimentar algo sem uma discussão mais profunda do que fazer no fim de semana. Pelo menos ficou a lição, e em 2025, o Thermal Club estará de volta, mas agora como etapa regular do campeonato, e com as mesmas regras de todas as corridas, o que deve corrigir as bobagens da edição deste ano.

            Ainda assim, a direção da competição segue com medo de ousar mais na programação do campeonato. Os esforços de Patrício O’Ward para levar a Indycar ao México, tal como a antiga F-Indy fazia anos atrás, não frutificaram, e a direção da categoria ainda afirmou, de forma acintosa até, que a fama do piloto mexicano da McLaren não justifica a realização de uma corrida em terras mexicanas, sem nem ao menos fazer um estudo justificável sobre o assunto. Da mesma forma, realizar uma etapa na América do Sul, na Argentina, e por tabela, aproveitando para vir ao Brasil, também foi algo considerado demasiado arriscado, preferindo jugar no conforto de manter todo o calendário restrito aos Estados Unidos, tendo como única exceção a prova de Toronto. Mesmo outras corridas em solo canadense parecem passar longe dos planos da Indycar, ao contrário da antiga F-Indy, que realizou provas em Vancouver, e até mesmo em Montreal, usando o mesmo circuito usado pela F-1.

            No que tange à área técnica, a competição finalmente estreou as novas unidades híbridas de propulsão, mas os novos motores não ficaram livres de críticas, e a estréia ainda por cima, foi feita no meio do campeonato, de modo que para muitos, teria sido melhor deixar a estréia para a temporada de 2025, de modo a fazer um campeonato inteiro com o novo equipamento, sem mencionar que alguns testes adicionais seriam bem-vindos para ajudar times e pilotos a dominarem a nova tecnologia. Talvez os sucessivos adiamentos tenham colocado pressão na estréia dos novos propulsores, de modo que mais um adiamento poderia ter sido considerado ainda mais negativo do que estreá-los com a temporada em andamento.

Patrício O'Ward voltou ao degrau mais alto do pódio (acima), e Colton Herta (abaixo) também encerrou um jejum incômodo sem vitórias na competição.


            Ficou patente também a dificuldade da Indycar se mostrar como categoria de competição atrativa para os fabricantes de motores, ficando novamente relegada ao binômico Honda/Chevrolet no fornecimento de motores para as escuderias, sem novos interessados em adentrar a competição. E ainda por cima correndo o risco de ficar somente com a Chevrolet, uma vez que a Honda começou a cogitar deixar a Indycar, alegando que os custos não compensam. Que diferença da antiga F-Indy, que nos anos 1990 chegou a ter marcas como Ford, Mercedes, Toyota, Honda, e até Porsche e Judd entre os fornecedores de motores. Nem mesmo uma marca local, como a Ford, manifesta interesse em participar da principal categoria de monopostos dos Estados Unidos. Isso é bem ruim, pois mostra que o certame não é visto como algo atrativo pelos fabricantes. Há anos que só há um fornecedor de chassis, e com apenas um fornecedor de motores, a categoria viraria praticamente monomarca, algo que não pega bem em um certame que se considera TOP na América.

            Roger Penske, que sempre afirmou que lutaria pelo fortalecimento da competição, começa a sofrer críticas pela falta de resultados neste setor, e com razão. Os tempos de incertezas da pandemia da Covid-19 já ficaram para trás, e agora é hora de tentar buscar novos horizontes para a competição. O novo sistema de “charters” que será aplicado a partir do ano que vem parece mais a consolidação da “panelinha” exclusiva de participantes do que uma solução para o esporte, já que a princípio, só é boa pelo lado comercial dos times, e não um fortalecimento do campeonato em si. Isso é um assunto que vai dar muito o que falar, até porque nem todos se manifestaram claramente a favor do sistema, que pode ter seu lado positivo, mas também tem seus pontos negativos. E esse lance de ter mais carros que vagas nos grids era muito mais fácil e prático de ser resolvido, mas resolveram complicar a coisa, ao invés de simplificar, o que é uma pena.

            No que tange aos brasileiros, nossa participação este ano foi muito fraca. Hélio Castro Neves, em sua participação nas 500 Milhas de Indianápolis, até andou muito forte, mas como todo detalhe é importante, um pit stop medonho acabou com suas chances de chegar entre os primeiros, relegando o tetracampeão da Indy500 a um resultado na parte de baixo da tabela, no 20º lugar. Helinho ainda disputaria duas provas, diante da dispensa de Tom Blomqvist, e infelizmente foi uma sombra do piloto que já foi nas etapas de Detroit e Road America. O brasileiro até cogitava participar das etapas finais, em Milwaukee e Nashville, mas acabou desistindo. Para 2025, ele irá mais uma vez se concentrar unicamente na disputa da Indy500, em busca de uma inédita quinta vitória na Brickyard.

Pietro Fittipaldi teve um ano de muitos baixos e poucos bons momentos dentro da pista, e luta para se manter na categoria em 2025.

            Pietro Fittipaldi, por sua vez, enfim resolveu retomar definitivamente sua carreira de piloto, que estava estagnada como piloto de testes da equipe Haas de F-1, sem nunca ter sido considerado para a vaga de titular da escuderia. A escolha pelo time da Rahal/Leterman/Lanigan não foi exatamente de todo ruim, mas infelizmente o time teve um desempenho medíocre durante toda a temporada, e aparentemente sobrou para o brasileiro o pior carro da escuderia, com Pietro sempre tendo desempenhos no máximo medianos nas classificações, e tendo de fazer muitas provas de recuperação. Não obstante, Pietro também teve sua cota de erros em algumas corridas, enquanto em outras, o azar acabou com qualquer chance de um bom resultado. O ponto positivo é que o time sabe que empurrou para Fittipaldi o seu pior equipamento, de modo que a intenção de continuar com o brasileiro como titular em 2025 é grande, mas vai depender de não aparecer ninguém mais cacifado financeiramente, do contrário, Pietro pode ficar a pé no próximo campeonato, tendo de dar seguimento à carreira em outras paragens.

            Tivemos transmissões pela TV Cultura e pela ESPN, sendo que esta esteve melhor que as apresentações da TV Cultura, que acabou por transmitir algumas etapas em VT, especialmente as do sábado, decepcionando os fãs que não podiam contar com o acesso à TV por assinatura. Vamos esperar que as transmissões sejam mantidas para 2025, e com maior empenho de ambos os canais, para satisfação do público brasileiro fã da velocidade.

            Foi um bom ano, que poderia ter sido melhor, muito melhor, mas deu para o gasto, e apresentou um bom entretenimento para os fãs da velocidade. E veremos se conseguem apresentar melhoras na temporada de 2025.

O oval de Nashville foi uma boa adição ao calendário da competição, e fez um encerramento digno para a temporada.

 

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - SETEMBRO DE 2024


            E o mês de setembro está indo embora, e com ele, metade do segundo semestre de 2024. Mais um campeonato de realce, a Indycar, fechou sua temporada deste ano, mas ainda tem muitos outros certames seguindo firme em suas corridas e disputas, como a MotoGP, entre outros campeonatos. E, para fechar o mês, é claro que é hora de mais uma edição da nossa conhecida Cotação Automobilística, analisando alguns dos acontecimentos ocorridos neste mês de setembro, com alguns comentários e análises a respeito, no velho esquema de sempre: EM ALTA (cor verde); NA MESMA (cor azul); e EM BAIXA (cor vermelha). Uma boa leitura a todos, e até a próxima Cotação Automobilística, no fim do mês que vem, com a avaliação dos acontecimentos do mundo da velocidade do mês de outubro...

EM ALTA:

 

Álex Palou tricampeão na Indycar: O piloto espanhol da equipe Ganassi conquistou seu terceiro título em quatro temporadas defendendo a escuderia, mostrando ser o grande nome da competição nos últimos tempos. Competência, talento e capacidade, Álex consegue conjugar todas estas qualidades, além de ter tido a chamada “sorte de campeão”, sem a qual nenhum piloto consegue vencer um campeonato, pois conseguiu passar incólume por diversos problemas surgidos na pista em várias provas da temporada, enquanto seus adversários mais diretos se viram envolvidos em alguns destes problemas, perdendo pontos importantes que fizeram falta na disputa. Na briga pelo tricampeonato, Palou deixou Will Power para trás, enquanto Josef Newgarden teve um ano para esquecer, fora o triunfo na Indy500. Ambos também buscavam seu terceiro título na competição, mas acabaram passando longe disso por problemas dos mais variados, além de erros próprios. E Palou já surge como o principal favorito para a temporada de 2025, e cabe aos rivais se aplicarem ao máximo se quiserem impedir uma nova conquista do espanhol, que se encaixou perfeitamente na Ganassi, e tem tudo para repetir por lá o grande currículo de seu maior nome, Scott Dixon, e talvez ir até além, já que foram 3 conquistas em apenas 4 anos. Palou tem tudo para ser o grande nome da categoria norte-americana nesta década e talvez além, se continuar mantendo essa performance, e a Ganassi seguir proporcionando um grande carro a seu piloto. Os concorrentes que se virem se não quiserem virar fregueses.

 

Lando Norris: O piloto inglês da McLaren segue firme na tentativa de se aproximar de Max Verstappen na luta pelo título da temporada 2024 na F-1. E ele vem conseguindo, inclusive tendo uma vitória impecável na prova de Singapura, com direito a pole-position e liderando do começo ao fim. Lando também fez uma largada precisa, evitando de perder a liderança para Verstappen logo no início da corrida. Mas o inglês precisa ser sempre preciso assim, e ele não tem conseguido manter o nível necessário para se aproximar com maior velocidade do holandês como seria de se desejar. Alguns erros e azares ainda preocupam Norris, que apesar de sua inegável velocidade, precisa se aprumar para aproveitar ao máximo as condições técnicas do momento da McLaren, que possui o melhor carro da competição, além de evitar ser surpreendido, como em Monza, quando acabou sendo superado por Oscar Piastri, e terminou atrás do australiano. Lando já deu sinais de que pode ser um verdadeiro líder e potencial campeão com a McLaren, mas precisa elevar seu nível para justificar a posição e o favoritismo. Se conseguir mostrar o mesmo desempenho de Marina Bay, ele conseguirá chegar à disputa com Verstappen nas etapas finais colocando o holandês na parede, e pronto para tentar seu primeiro campeonato, mas não poderá vacilar, nem errar. Em Singapura, por dois momentos Norris quase colocou tudo a perder, e deu sorte de não acontecer nada, mas ele precisa se esmerar para não deixar isso acontecer novamente, especialmente frente a um Verstappen que não está errando na pista. Ele pode chegar lá, só depende dele mesmo. Resta saber se vai conseguir.

 

Jorge Martin líder na MotoGP: O piloto espanhol da Pramac segur firme na liderança da classe rainha do motociclismo, ainda que tenha alternado alguns maus momentos na competição, com sua vantagem diminuindo e aumentando dependendo dos resultados de cada etapa. Mas é inegável que, entre altos e baixos, Martin tem conseguido se manter na dianteira da disputa, e se manter firme na briga naquela que pode ser sua única chance de chegar ao título da competição, já que no próximo ano defenderá uma equipe que até aqui não tem conseguido repetir o mesmo sucesso da Ducati na MotoGP, e em tese, terá menos chances de entrar novamente na briga pelo campeonato. Jorge tem conseguido manter-se mais no controle, e tem errado menos até aqui do que Pecco Bagnaia, o principal rival na disputa, mas ainda tem muito chão pela frente, e o cuidado precisa ser redobrado para não incorrer nos mesmos erros cometidos no ano passado, quando chegou a assumir o favoritismo, e acabou perdendo no último instante. A MotoGP encerrou sua passagem pela Europa com o espanhol abrindo uma vantagem de 24 pontos para o bicampeão italiano da Ducati de fábrica, e ele precisa não apenas manter essa dianteira como aguentar a pressão que certamente irá sofrer nas 6 etapas que ainda restam até o fim da temporada. Seria a vingança perfeita do piloto contra a Ducati, que novamente o preteriu na promoção para o time oficial de fábrica pelo segundo ano consecutivo. A disputa, contudo, deve seguir ferrenha até o final, e Martin precisa manter o ritmo, se não quiser sofrer uma reação do adversário quando menos se espera.

 

Colton Herta vice-campeão da Indycar 2024: Depois de mais de dois anos, Colton Herta parece que finalmente voltou a encantar na Indycar. Apontado como nova estrela da competição, o piloto da Andretti, contudo, esmerou-se em desperdiçar oportunidades e cometer erros nas corridas, e começou a ser assombrado dentro do próprio time, com Kyle Kirkwood a assumir o maior protagonismo na escuderia, deixando Herta como um piloto rápido, mas estabanado. Cotado até para ir para a F-1, Colton contudo ficou em baixa, e só este ano parece ter colocado a cabeça mais no lugar, e conseguir aproveitar as oportunidades para voltar a brilhar na competição, voltando finalmente às vitórias, e a liderar o time de Michael Andretti na pista. O piloto ainda voltou a cometer algumas besteiras, como em Detroit, mas no cômputo geral, fez uma temporada bem positiva, chegando ao vice-campeonato, até por uma diferença de pontos relativamente pequena em relação ao campeão Álex Palou, indicando que se tivesse mantido a concentração em mais algumas corridas, poderia até ter entrado firme na briga pelo título. Herta não é o primeiro piloto a passar por um período de baixa na competição, e conseguir recuperar o prestígio, um desafio que muitas vezes nunca é fácil, mas o piloto ainda terá de mostrar que voltou definitivamente à velha forma principalmente no próximo ano, e espantar de vez os fantasmas que o deixaram sem vencer corridas por praticamente dois anos e meio na Indycar. Mais difícil do que chegar ao topo, certamente é se manter no topo. Herta conseguiu dar o primeiro passo para voltar a ser protagonista, agora falta confirmar esta condição, especialmente em uma categoria marcada pelo equilíbrio de performance entre vários times e pilotos.

 

Ducati novamente campeã na MotoGP: A marca italiana fechou na segunda etapa de Misano o campeonato de construtores da classe rainha do motociclismo. Em mais um pódio 100% de representantes da fábrica de Bolonha, a Ducati praticamente encerrou a disputa de 2024, chegando aos 500 pontos, enquanto a KTM, segunda colocada, tem apenas 239 pontos, em uma disputa renhida com a Aprilia, que tem 234 pontos até o presente momento. Com mais um título de pilotos encaminhado, e certamente mais um título de equipes também, seja com o time oficial de fábrica, que segue disparado também na liderança, ou com um time satélite, embora as chances da Pramac sejam menores, a Ducati coroa mais um ano de grande sucesso na competição, onde os demais fabricantes mal conseguem oferecer resistência às motos da marca italiana. Um exemplo é o desempenho da Honda, que de grande campeã na década passada, hoje amarga a lanterna na competição, numa disputa inglória com a compatriota Yamaha, que embora tenha ficado mais uma vez também longe de discutir as primeiras posições, tem tido um pouco mais de sorte nos resultados. E a tendência da Ducati é manter o domínio em 2025, ainda que tenha perdido seu principal time satélite para o próximo ano. Cabe à concorrência conseguir fazer um trabalho melhor, e apresentarem-se como rivais à altura das Ducatis para a próxima temporada, se não quiserem ver a dinastia italiana seguir em frente. Resta saber se, mais uma vez, ficarão apenas na promessa, ou conseguirão apresentar um desafio de fato.

 

NA MESMA:

 

Equipe McLaren na F-1: O time da McLaren assumiu a liderança do campeonato de construtores na F-1, posição que não ocupava desde o início da temporada de 2014, e tem boas chances de faturar o título, dada a performance de seus carros nesta fase atual da temporada. Mas a escuderia laranja ainda precisa otimizar seu desempenho, se quiser principalmente conquistar o título de pilotos, a conquista de maior prestígio. Lando Norris vem conseguindo diminuir a vantagem de Max Verstappen, mas muito menos do que seria desejável, até porque o time inglês não vem aproveitando todas as oportunidades que aparecem, seja por erros de seus pilotos, erros de estratégia, ou simplesmente azares variados. O time precisa reaprender a vencer, como muitos disseram, e isso passa por fazer melhores estratégias e evitar cometer erros que podem ser cruciais na disputa. Em Monza, por exemplo, o time acabou surpreendido pela Ferrari na luta pela vitória, deixando escapar mais uma chance de triunfo. No Azerbaijão, Norris acabou dando azar na classificação, e isso comprometeu suas chances de um resultado entre os primeiros, inclusive vitória, que acabou com Oscar Piastri. E, em Singapura, perdeu a chance de fazer uma dobradinha uma vez que Piastri ficou preso atrás das Mercedes na parte inicial da corrida, perdendo novamente a chance de uma dobradinha. O duelo contra Verstappen promete ser árduo, mas poderia ser mais fácil se o time não tivesse cometido tantos erros durante o ano, e poderia ter evitado alguns azares também. Mesmo assim, a McLaren está em sua melhor forma em mais de uma década e meia, e a conquista do título de construtores tem tudo para sacramentar o retorno definitivo da escuderia de Woking ao seu posto de protagonista na F-1, que há tempos não ocupava.

 

Equipe McLaren na Indycar: Mais um ano se passou, e a impressão é que a McLaren não consegue dar o passo decisivo para lutar pelo título na Indycar. Patrício O’Ward segue sendo o principal piloto do time, mas o piloto negou fogo em alguns momentos, bem como a própria escuderia, que precisa ser mais coesa tecnicamente, e caprichar nos detalhes dos acertos de seus carros, como fazem Ganassi e Penske, as grandes forças da competição. As três vitórias de O’Ward no ano não podem ser menosprezadas, é claro, mas faltou maior constâncias nas demais provas para permitir que o piloto pudesse ir mais longe. Em contrapartida, o time se complicou com um de seus carros, que seria inicialmente pilotado por David Malukas, que nunca pode defender o time devido a um acidente em que machucou o pulso às vésperas de iniciar a temporada, sendo que seu carro passou por um rodízio de pilotos até terminar com Nolan Siegel, depois de uma demissão mal resolvida de Theo Pourchaire, que teve seu contrato rescindido unilateralmente por parte do time. O time também perdeu a paciência com Alexander Rossi, e o substituirá por Christian Lundgaard em 2025. A escuderia viveu perrengues com Álex Palou nos dois últimos anos com relação a contratação do piloto, e já devia ficar mais calejada neste quesito, sendo que este ano ela se enrolou por si mesma, e isso certamente não ajudou no clima interno, e na preparação do time durante a competição. Mas uma escuderia que quer disputar o título precisa saber driblar estes percalços, do contrário a McLaren continuará a ser uma equipe que promete sempre e nunca vai de fato, ao contrário do que está conseguindo fazer na F-1 no presente momento.

 

Hegemonia da Ganassi na Indycar: O time de Chip Ganassi venceu mais um campeonato este ano na categoria de monopostos dos Estados Unidos. Competindo com um total de cinco carros, na prática precisou de apenas dois de seus pilotos para mais uma vez disputar o título. Álex Palou consagrou-se pela terceira vez em quatro anos defendendo a escuderia, enquanto Scott Dixon, apesar de tudo, fez outra temporada de nível muito bom, ainda que tenha ficado de fora da briga na etapa final do campeonato. Mas a escuderia mais uma vez superou sua principal adversária, a Penske, que chegou a ameaçar com Will Power em boa parte da segunda metade do ano, e até, in extremis, com Scott McLaughlin, mas faltou ao time de Roger Penske aquela sinergia entre piloto e escuderia que fez com que Palou conquistasse mais um título, além de uma certa dose de sorte. Com sua operação reduzida no próximo ano a três carros, tudo indica que a Ganassi continuará sendo um time extremamente eficiente, e o principal candidato ao título da competição, apesar da oposição praticamente certa da Penske, e apenas ocasional de outros times como Andretti ou McLaren, que não conseguem mostrar a mesma coesão interna entre seus pilotos, além da parte técnica, tão necessária em um certame equilibrado como é a Indycar. Cumprimentos a Chip Ganassi por conseguir manter o seu time em tão alto nível de competição na categoria, fazendo por merecer suas conquistas, que estão longe de acabar, para desgosto dos rivais.

 

Fórmula 1 sem brasileiros no grid em 2025: A disputa pelo segundo cockpit da equipe Sauber, que em 2026 passará a ser o time da Audi, parecia indicar Gabriel Bortoleto como grande favorito à vaga, mas aparentemente a situação andou sofrendo reviravoltas inesperadas, que para variar, colocam justamente o brasileiro em posição desfavorável para ser o escolhido como titular. O bom desempenho de Franco Colapinto nas duas corridas que disputou até agora, que está sem vaga na Williams para o próximo ano, poderia motivar um empréstimo do piloto ao time suíço, e garantir ganho de experiência enquanto aguarda oportunidade melhor. Por outro lado, Valtteri Bottas parece estar também no páreo para permanecer em Hinwill por pelo menos mais um ano, o que também bloquearia a escolha de Bortoleto. Sobraria ao brasileiro a função de piloto de teste e desenvolvimento, função que daria algum alento ao piloto de se manter ativo, com vistas a ser efetivado em 2026. Mas a McLaren, muito satisfeita com um teste realizado com o brasileiro em Zeltweg, impôs o limite de empréstimo apenas por dois anos, temendo perder o piloto, e contando com a possível saída de um de seus titulares, a quem Gabriel poderia substituir, o que pode complicar a situação, já que a Audi quer um compromisso de longo prazo para sua operação. Desse modo, muito provavelmente não será em 2025 que nosso país voltará a ter um representante titular no grid, e sem garantia de que isso poderá ocorrer no ano seguinte.

 

Desempenho da Mercedes: O time alemão ensaiou uma recuperação antes das férias de verão da categoria máxima do automobilismo, chegando a faturar três vitórias, e dando a impressão de que, apesar de tarde, voltaria a ter chances de brigar pelo pódio, e quem sabe, por vitórias. Mas desde então, o time germânico, apesar de tudo, parece ter novamente empacado na performance. A escuderia não conseguiu apresentar desempenho para tentar enfrentar a McLaren, como indicava poder fazer, ainda que com chances reduzidas, mas passou a ser superada também pela Ferrari, que voltou a crescer na temporada, e até pela Red Bull, só não obtendo resultados piores devido a percalços enfrentados pelos rivais, que permitiram ao time de Brackley ainda se manter com alguma firmeza na disputa. O time agora concentra forças em sua última grande atualização do ano, para a etapa dos Estados Unidos, como tentativa derradeira de achar o seu rumo definitivo, antes de se concentrar unicamente no carro de 2025. Enquanto isso, George Russell e Lewis Hamilton vão levando do jeito que podem o modelo W15, que tem se mostrado meio complicado de entender, como em Singapura, onde o carro melhorou substancialmente da sexta para sábado, sem que o time tenha conseguido explicar essa melhora de performance claramente. Sem compreender melhor o próprio carro, fica mais difícil implantar melhorias efetivas no bólido, o que compromete a evolução da performance, e as chances na competição, de modo que a Mercedes não terá como não se resignar a terminar o ano na 4ª colocação do campeonato de construtores.

 

 

EM BAIXA:

 

Josef Newgarden: principal nome da Penske na Indycar, o norte-americano foi o seu pior piloto na temporada de 2024. Salvou-se um triunfo extraordinário nas 500 Milhas de Indianápolis, o que não é pouca coisa, mas passou quase em branco o restante da temporada. Teve uma vitória anulada por irregularidade em São Petesburgo, e isso certamente abalou um pouco o piloto e sua reputação como competidor e de seu time, o que certamente teve repercussão também no restante do ano. Acabou superado pelos companheiros de time, terminando o ano apenas em 8º lugar, sendo que tinha condições de fazer muito mais na temporada. E ainda se envolveu numa manobra duvidosa na relargada em Gateway, que levou ao acidente sofrido por Will Power, que certamente deixou as relações entre os pilotos estremecidas dentro da Penske. Ainda que não tenha sido um ano catastrófico, certamente será um ano para ser esquecido pelo piloto, que na busca pelo tricampeonato, passou longe de conseguir brigar pelo campeonato, e vendo-se superado por Álex Palou como grande nome da competição da Indycar mais uma vez. Newgarden precisa colocar a cabeça no lugar se quiser voltar à condição de protagonista da competição, se não quiser ser superado até mesmo dentro do próprio time, onde é cada um por si. Por enquanto, sua posição na Penske não corre perigo, mas isso não significa ficar de guarda baixa, ainda mais com alguns pilotos talentosos pintando no horizonte da categoria, que podem levar Roger Penske a repensar a formação de seu time, ainda que isso possa parecer improvável no curto prazo.

 

Pietro Fittipaldi em seu primeiro ano completo na Indycar: O piloto brasileiro finalmente resolveu reiniciar sua carreira, depois de passar boa parte dos últimos anos como piloto de testes da equipe Haas na F-1, sem ser nunca cogitado para a posição de titular. Mas o balanço do seu primeiro ano completo na Indycar não é dos mais positivos, pois dá a impressão de que, dos carros da equipe Rahal/Leterman/Lanigan, ele ficou com as sobras do time, sempre sendo o pior piloto da escuderia na competição na maioria das etapas, e com raros momentos em que conseguiu mostrar sua capacidade. O piloto também teve diversos azares que comprometeram as chances de melhores resultados em algumas corridas, e terminou o ano em uma modesta 19ª posição na classificação, sendo o pior piloto classificado da escuderia. O único alento é que Graham Rahal ficou apenas uma posição à sua frente, em 18º, e o time parece ter ciência de que Pietro correu de forma bastante limitada pelos problemas do time no ano. Mesmo assim, sua renovação com a equipe ainda parece indefinida, até o presente momento. Com Christian Lundgaard indo para a McLaren, seu lugar no time de Bobby Rahal pode acabar sendo ocupado justamente por Alexander Rossi, e em tese, tudo parece indicar que Pietro siga na escuderia sem maiores problemas. Mas nada está garantido ainda, e a chegada de algum piloto com maiores dotes orçamentários ainda é um perigo potencial, fora que o time precisa também fornecer melhores condições ao seu terceiro carro, do contrário, os riscos de repetir uma temporada de resultados pífios certamente não ajudará Fittipaldi a dar seguimento ao legado de sua família na história das competições Indy, que já teve seu avô Émerson Fittipaldi campeão na antiga F-Indy, bem como a participação de Christian Fittipaldi.

 

Daniel Ricciardo na F-1: O simpático piloto australiano pode ter encerrado novamente sua participação na categoria máxima do automobilismo após o fim do GP de Singapura. Daniel chegou à McLaren anos atrás para liderar o time na pista, mas acabou sendo sumariamente superado por Lando Norris, a ponto de ter seu contrato rescindido antes do tempo, e ficado fora da competição, resignando-se a ficar como piloto de testes de seu antigo time, a Red Bull. Depois de bom teste em Silverstone ano passado, o piloto ganhou nova chance na Alpha Tauri com a demissão de Nyck de Vries, mas infelizmente não correspondeu às expectativas, sendo superado até mesmo por Yuki Tsunoda, que nunca foi considerado um grande talento pela direção da Red Bull. Ricciardo conseguiu se manter para esta temporada, mas diante da falta de resultados mais tangíveis, e continuando a ficar atrás do japonês, as chances de permanência na F-1 para 2025 não apenas se desvaneceram, como ele pode até deixar o time antes da hora, visto os boatos de que a Red Bull pretendo colocar Liam Lawson em seu lugar nas etapas finais desta temporada, a fim de avaliar o piloto com vistas à substituição de Sergio Perez na Red Bull no próximo ano. Daniel chegou à Red Bull causando furor em 2014, superando ninguém menos que o tetracampeão Sebastian Vettel, a ponto do alemão preferir debandar para a Ferrari no ano seguinte. O australiano vinha indo bem, até que o time ficou deslumbrado com Max Verstappen, e começou a deixa-lo de lado. Daniel resolveu tentar a sorte em outras paragens, a ser constantemente desprezado pela própria escuderia em prol do holandês prodígio. Até se saiu razoavelmente bem na Renault, mas desandou na McLaren, e desde então, nunca mais se reencontrou, do contrário, não teria tido dificuldades em superar Tsunoda na Alpha Tauri no ano passado e neste. Um triste caso de um piloto que chegou a ser considerado um campeão em potencial, mas não conseguiu deslanchar, e ainda decaiu na competição quando mais precisava se impor.

 

Kevin Magnussen: O piloto dinamarquês conseguiu a proeza de ser o primeiro competidor a ser suspenso de uma corrida por atingir o limite de 12 pontos na carteira, e com isso, acabou substituído por Oliver Bearman na etapa do Azerbaijão, onde o inglês conseguiu até terminar à frente de Nico Hulkenberg, que tem carregado o time nas costas nesta temporada, e superado Magnussem na imensa maioria das etapas. De volta ao cockpit em Singapura, Kevin voltou mostrando novamente essa diferença de performance em relação ao colega alemão, que mais uma vez fez uma corrida combativa, chegando nos pontos, enquanto o dinamarquês andou sempre mais atrás, e acabou abandonando a corrida. Magnussen já está com os dias contados na F-1, com a escuderia tendo anunciado Bearman como seu substituto para 2025, e portanto, cumpre suas últimas corridas, mas para muitos, ele deveria ser dispensado desde já, diante da performance de Oliver em Baku. Magnussen foi mais um grande talento potencial que infelizmente não despontou na F-1, diante das circunstâncias. Acabou dispensado pela Haas e foi competir em outros lugares, até ser chamado de volta para a temporada de 2022 diante da falta de resultados da dupla titular escolhida pelo time. Foi uma segunda oportunidade que até foi bem aproveitada inicialmente, mas que começou a desmoronar na comparação com Nico Hulkenberg, com o agravante de que o alemão desde 2019 não era um competidor regular do grid, o que só ajudou a piorar a medida para o lado de Magnussen, que certamente saberá dar seguimento à sua carreira em outros campeonatos no próximo ano.

 

Fim da F-1 na Bandeirantes: Infelizmente, as transmissões da categoria máxima do automobilismo estão com os dias contados no Grupo Bandeirantes. Sem conseguir manter a viabilidade financeira da operação, a Liberty Media já teria aceitado rescindir o contrato com a emissora paulista, válido até o fim de 2025, mas mantido até o fim do atual campeonato, que segundo alguns, já corria o risco de nem mais ser transmitido em sua reta final. E segundo constam os boatos, tudo já estaria acertado para voltar a ser exibido pela Globo, que assim retomaria os direitos da competição, que deteve até 2020. Embora não tenha sido feito nenhum anúncio oficial, a Globo já estaria avisando suas afiliadas a respeito da grade de transmissão da competição, que ficaria na íntegra para o SporTV, e apenas parcialmente na TV aberta. A Globo não traria de volta nenhum dos profissionais atualmente trabalhando na cobertura da Bandeirantes, preferindo apostar no seu staff de profissionais próprio, e entre os fãs, as opiniões se dividem, com muitos deles temendo novamente o descaso por parte da emissora carioca em relação à qualidade das transmissões, que em seus últimos anos já não mostrava nem mais os pódios das corridas, cortando o sinal logo após as bandeiradas. Infelizmente, a Bandeirantes não conseguiu capitalizar adequadamente a viabilidade financeira necessária para continuar bancando a operação, e em certos aspectos, sua transmissão até se acomodou, deixando de aproveitar de melhor forma o grande espaço que destinou em sua programação. Foram então quatro anos onde a F-1 foi uma das grandes estrelas da programação da Bandeirantes, onde, apesar de erros e acertos, foi tratada de forma muito melhor do que na Globo nos últimos anos de transmissão. Resta esperar que a Globo mude sua postura e faça uma transmissão mais decente da competição do que fez anteriormente.