O duelo pelo título entre Jorge Martin e Francesco Bagnaia promete pegar fogo na segunda metade da temporada 2024 da MotoGP.
A MotoGP iniciou seu
período de férias de verão neste mês de julho com uma reviravolta na
classificação do campeonato. Numa ascendente impressionante, Francesco Bagnaia,
o atual campeão, da equipe de fábrica da Ducati, reverteu a desvantagem que
tinha na pontuação da temporada frente a Jorge Martin, do time satélite da
Pramac, que até então vinha conseguindo dominar a competição até a prova da
Alemanha, disputada domingo passado em Sachsenring.
Mais do que a arrancada de “Pecco” rumo à liderança, contribuíram também os erros do adversário, uma vez que Martin, após ter vencido a prova Sprint alemã no sábado com autoridade, revertendo as expectativas vistas nas duas provas anteriores, onde Bagnaia havia conseguido reinar, vinha para repetir a dose no domingo, e com isso, frear a ascenção do atual bicampeão da classe rainha do motociclismo. Mas, a duas voltas do final, eis que Martin caiu sozinho na entrada da primeira curva, e entregou de bandeja o triunfo ao italiano, que com isso, acumula 4 vitórias consecutivas na competição. Desde a etapa da Catalunha, na pista de Barcelona, o atual campeão tem feito do degrau mais alto do pódio seu lugar fixo, mostrando que não é o favorito da competição à toa.
E olhe que Jorge Martin, depois de perder a disputa pelo título no ano passado para Bagnaia, vinha dando a impressão de ser mais cerebral e menos impetuoso nesta temporada, no que tinha sido seu ponto fraco no duelo de 2023. Com uma moto de fábrica, o espanhol se tornou o grande desafiante, e piloto a ser batido nos finais de semana, e até a prova da França, a briga pendia para Martin, que conseguia não apenas vencer, mas ter maior consistência aos fins de semana, fazendo melhor aproveitamento das corridas curtas no sábado do que Bagnaia, que parecia ter de dar muito mais de si se quisesse brigar de fato pelo tricampeonato. Mas, eis que o piloto do time oficial da Ducati conseguiu encontrar seu equilíbrio, e resolveu mandar ver na pista. Depois de cair na prova Sprint da etapa de Barcelona, “Pecco” veio com tudo na corrida de domingo, vencendo com categoria, e mostrando que ainda estava na briga.
E que briga! Nas etapas da Itália, em Mugello, e da Holanda, em Assen, Bagnaia foi arrasador: venceu tanto as provas Sprint quanto as corridas do domingo, e foi demolindo a vantagem de Jorge Martin, que havia chegado a 38 pontos, reduzindo-a para 10 apenas, ao chegarem na etapa da Alemanha, a última antes das férias de verão. O piloto da Pramac foi direto ao ponto, e tratou de vencer a corrida curta em Sachsenring, estancando a redução da vantagem, e abrindo mais 5 pontos para Bagnaia. E tinha tudo para aumentar ainda mais no domingo, já que o piloto da Ducati não estava com a mesma força das etapas anteriores, mas mesmo assim vinha tentando pressionar o espanhol nas voltas finais, até que Jorge errou sozinho, facilitando tudo para o atual bicampeão, que com isso, não apenas reduziu de vez a vantagem, como ainda retomou a liderança do campeonato, agora com 10 pontos de vantagem sobre Martin, que esperava ir para as férias mais sossegado, tendo recomposto parte da dianteira na classificação, e agora, como ele mesmo disse, terá de pensar melhor a respeito da situação, que pode ter sido um divisor de águas na temporada de 2024.
Isso porque será a chance derradeira do espanhol de tentar ser campeão, pelo menos no curto prazo. Preterido pela Ducati para ser o companheiro de Bagnaia no time de fábrica, que escolheu Marc Márquez, Jorge Martin cumpriu sua ameaça de abandonar o time satélite e a marca Ducati se não fosse promovido, e nem esperou para assinar com a Aprilia, no lugar de Aleix Spargaró, que estará pendurando o capacete ao fim da temporada como piloto de competição. Mas, por melhor que esteja a Aprilia, a Ducati ainda é uma moto superior, e não deve perder esse status no próximo ano, de modo que será bem mais complicado disputar o título em 2025 na nova escuderia, ainda que vitórias sejam possíveis. A decisão de ruptura por parte do piloto também refletiu na própria Pramac, que depois de ser o principal time satélite da Ducati nos últimos anos, contando inclusive com motos iguais às do time oficial de fábrica, resolveu também encerrar a parceria com a marca italiana, assinando um contrato para ser time satélite da Yamaha a partir do próximo ano. Mesmo que ficasse na Pramac, o time certamente deverá ter uma queda de rendimento, uma vez que a moto nipônica também não vem tendo um momento muito inspirador na MotoGP, e luta para sair da segunda metade do grid e voltar para a frente das disputas.
Por isso mesmo, deve-se esperar uma luta ainda mais acirrada daqui para frente após as férias de verão. Mesmo tendo reassumido a dianteira na classificação, 10 pontos de vantagem são uma margem muito pequena para se ter folga na disputa com Martin, de modo que Bagnaia terá de manter a pressão e continuar vencendo se quiser escapar da pressão e poder administrar melhor os resultados. E o duelo deve cada vez mais ser aberto apenas a “Pecco” Bagnaia e Jorge Martin, uma vez que o restante do grid parece incapaz de se meter no meio da disputa com alguma intensidade.
A KTM assustou em alguns momentos, especialmente com Pedro Acosta, que assustou a concorrência neste primeiro semestre, mas parece não conseguir manter a mesma pressão nas últimas etapas. Já a Aprilia, que foi a única marca a vencer fora a Ducati no ano, ainda sofre uma grande irregularidade nos resultados, de modo a não conseguir entrar firme na briga por vitórias com a frequência necessária para discutir o título. E enquanto isso, a Yamaha ainda mostra ter um longo caminho para se recuperar na competição, enquanto a Honda, vejam só, é a lanterna nas corridas, andando quase sempre lá atrás, e mostrando estar ainda mais perdida que sua compatriota Yamaha.
Momento histórico para a família Márquez: Marc foi 2º e Álex o 3º colocado na etapa da Alemanha, com os dois irmãos subindo juntos ao pódio.
Até aqui, quem parece
mais capaz de tentar entrar na briga por vitórias é Marc Márquez. A “Formiga
Atômica” vem fazendo uma bela temporada, mostrando estar recuperado, e que
voltar a vencer é apenas questão de tempo, ainda que o piloto tenha admitido
que, neste ano, Martin e Bagnaia tem se mostrado superiores. O triunfo ainda
não veio, mas Márquez é o 3º colocado na classificação, e tem batido na trave
em algumas etapas. Voltar ao degrau mais alto do pódio é questão de tempo, e
mesmo que não vença, se manter a consistência de resultados, mesmo assim poderá
fazer pressão na dupla reinante do ano, que precisa ficar atenta ao hexacampeão
se não quiser ser surpreendida. Os 56 pontos que dividem Marc do líder Bagnaia
podem parecer uma grande diferença, mas tudo pode mudar dependendo dos acontecimentos
do fim de semana. E, em se tratando da MotoGP, não se pode dar nada como
garantido. Basta ver o que ocorreu com Jorge Martin no fim de semana passado.
Quem garante que Bagnaia não vá ter um fim de semana decepcionante até o fim do
ano?
E, sobre talvez ser a chance final de Jorge Martin lutar por um título, diante das dúvidas sobre a competitividade da Aprilia frente à Ducati, o prognóstico serve, em parte, também para Bagnaia, em condições diferentes. Desde o ano passado, com a presença de Enea Bastianini no time de fábrica, após surpreender na temporada de 2022 com a Gresini e quase disputar o título, imaginava-se uma forte disputa dentro do time oficial da Ducati na luta pelo título, entre os dois italianos. Mas um acidente de Bastianini logo no início da temporada deixou “Pecco” livre deste duelo dentro da escuderia italiana, e quando Enea voltou, demorou a reencontrar o ritmo de antes, de modo que ele perdeu as chances de brigar pelo título. Este ano, apesar de não ter tido problemas, Bastianini tem se mostrado atrás do compatriota na temporada, ficando à sombra do bicampeão, que centraliza a disputa com Martin. Novamente, o esperado duelo entre os pilotos da Ducati de fábrica não se materializou, algo que poderia ser explorado pela concorrência, que via nesse duelo as chances de aproveitarem a briga interna para se favorecerem. Mas, e em 2025?
Afinal, no próximo ano, “Pecco” terá a seu lado no box da Ducati ninguém menos que Marc Márquez, a “Formiga Atômica”, que demoliu a concorrência na década passada com a Honda, arrasando todos os seus companheiros de equipe até aqui, alguns deles do naipe de Jorge Lorenzo, nada menos que tricampeão da MotoGP. Ainda que as particularidades da moto da Honda complicassem a situação de seus companheiros de time, ninguém pode subestimar a capacidade do hexacampeão, que este ano, com uma moto competitiva de volta nas mãos, está mostrando sua velha classe novamente, só não vencendo porque Bagnaia e Martin tem estado um degrau acima, mas já ficando atrás somente dos dois na classificação do campeonato. Mas em 2025, no time oficial da Ducati, podem apostar que o duelo interno no time de Bolonha deve enfim se tornar realidade. Longe do protagonismo desde 2020, Márquez está ansioso por voltar a brigar pelo título, e o primeiro alvo da disputa será justamente Bagnaia, que enfim terá de mostrar o que vale, a fim de mostrar que não é bicampeão da MotoGP apenas por ter a melhor moto do grid.
"Pecco" Bagnaia: quarta vitória consecutiva na temporada, e virada na classificação para buscar firme o tricampeonato.
Por isso mesmo, a
conquista do tricampeonato é crucial para o italiano marcar seu domínio no
time, que será contestado fortemente pelo novo colega, que vai querer chegar
chegando, a fim de também demarcar seu território na nova escuderia, um risco
que a direção da Ducati sabe que irá correr, mas que seria muito pior perder a
chance de ter para si o maior vencedor da classe rainha da última década da
competição. Para “Pecco”, por maiores que sejam as dificuldades e problemas que
poderá ter com a presença de Marc Márquez na mesma garagem, é também a chance
de reafirmar sua capacidade e talento, medindo-se contra a maior estrela dos
tempos recentes da motovelocidade. Se o pessoal ainda tem dúvidas a respeito do
italiano, que mesmo com a moto de fábrica, teve dificuldades para lidar com
Jorge Martin, em um time satélite da marca, esquecendo que as motos de ambos
eram idênticas, vencer Marc Márquez em um duelo interno na Ducati seria a
confirmação de seu talento como um verdadeiro campeão da MotoGP.
Por essas e outras, tanto Martin quanto Bagnaia prometem um duelo forte na segunda metade da temporada 2024 pelo título. Martin quer sair por cima, para mostrar à Ducati que ele deveria ser o escolhido, e não Márquez, para o time de fábrica. Mas uma nova derrota acabará servindo apenas para justificar a escolha dos italianos em não promove-lo, e portanto, um descrédito que ele não quer carregar. Da mesma forma, “Pecco” também sairá desprestigiado se perder essa disputa, podendo se tornar um alvo mais fácil para Márquez em 2025, de modo que ele precisa tomar as rédeas da disputa, e rumar firme para o tricampeonato, fazendo juz ao fato de estar no melhor time, com a melhor moto.
Entre competência e azares, Bagnaia conseguiu virar o jogo quando precisava, para evitar que o rival controlasse a situação. Mas ainda teremos muitas corridas pela frente, e ele precisa manter o domínio que exerceu nas últimas corridas, algo que será decididamente desafiado por Martin. Um duelo que promete emoção até os momentos derradeiros da temporada de 2024. E que vença o melhor, para alegria dos fãs da motovelocidade...
Aos poucos, a MotoGP vai desenhando seu grid para 2025. Na Yamaha, Álex Rins está garantido, ao lado de Fabio Quartararo. Na VR46, Fabio di Giannantonio já está garantido para o próximo ano, e com a garantia de ter uma moto de fábrica. Na KTM, o time de fábrica terá Brad Binder e Pedro Acosta, enquanto o time satélite Tech3 terá Maverick Viñalez e Enea Bastianini. A Aprilia, além de contar com Jorge Martin, terá também Marco Bezecchi, que deixou o time de Valentino Rossi para a próxima temporada. Na Gresini, Álex Márquez está de contrato renovado, com a segunda vaga ainda em aberto. Na Honda, Luca Marini e Joan Mir seguem juntos por mais um ano, enquanto na LCR apenas Johaan Zarco está confirmado. A Pramac não garantiu nenhum piloto para a próxima temporada, assim como a Trackhouse. Com certeza veremos muitas negociações nas próximas semanas, talvez meses, na disputa pelas vagas ainda abertas no grid da classe rainha do motociclismo. Quem deixa o grid como piloto de competição é Aleix Spargaró, que em 2025 passará a ser piloto de testes da Honda, em função parecida com a de Dani Pedrosa na KTM, podendo vir a disputar alguma etapa como wild card.
A Indycar disputa sua primeira rodada dupla na temporada 2024, no circuito oval de Iowa, com provas neste sábado e no domingo. O circuito oval de Iowa é a menor pista da temporada, com uma extensão de apenas 1,408 Km, e as dimensões da pista fizeram a direção da categoria limitar o acerto aerodinâmico dos carros para evitar o incremento de velocidade elevado dos bólidos, potencializado pelo recapeamento da pista, que deixou o traçado bem mais veloz, conforme foi constatado em testes feitos pela Indycar no circuito há pouco tempo atrás, onde por exemplo, Graham Rahal conseguiu uma evolução de 0s7 nos seus tempos de volta em relação a 2023, uma elevação de performance preocupante numa pista onde as voltas são completadas em cerca de 18s em média pelos competidores. Além do novo asfalto, a categoria acaba de estrear as novas unidades híbridas de potência nos carros, o que deve proporcionar muito mais força nos motores, de modo que isso também terá limitações na pista do cinturão do milho. A limitação será de cerca 105 kJ por volta, restringindo o incremento de potência a cerca de 60 HPs, durante cerca de 3s da volta. O temor é de que as velocidades dos carros se tornassem altas demais para as condições de segurança da pequena pista, podendo colocar em risco os pilotos. A corrida deste sábado terá transmissão a partir das 20:45 Hrs., enquanto na prova de domingo se iniciará às 13:00 Hrs., com transmissão pelos canais TV Cultura, ESPN4, e Disney+, pelo horário de Brasília.
E o Mundial de Endurance está de volta ao Brasil, e à pista de Interlagos, após uma década de ausência, consequência da gestão temerária de Émerson Fittipaldi como promotor da corrida naquela época, entre 2012 e 2014, que deixou muitas dívidas com empresas envolvidas no evento (até com falência de quem ficou a ver navios esperando o pagamento pelos serviços) e queimou a imagem do país perante a categoria, que só agora retornou ao nosso país, e ao autódromo da capital paulista, com a disputa das 6 Horas de São Paulo, com largada programada para as 11:30 Hrs. deste domingo, com transmissão ao vivo do Bandsports, tanto no canal por assinatura, como no seu canal do You Tube, com cobertura completa da prova, assim como no canal do You Tube do site Grande Prêmio. A etapa brasileira é a quinta do campeonato de 2024, composto de oito provas. Teremos 37 carros na pista, divididos entre 19 carros na classe principal, a Hypercar, e 18 carros na classe GT3, com um total de 109 pilotos presentes na corrida.
O Brasil será representado na pista por dois pilotos, ambos na classe GT3: o curitibano Augusto Farfus, que acelera o modelo BMW M4 LMGT3 Nº 31 da equipe Team WRT; e o carioca Nicolas Costa, que corre com o carro McLaren 720S GT3 Evo Nº 59 da equipe United Autosports. Farfus ocupa a 3ª colocação na GT3, com 73 pontos, ao lado dos pilotos Sean Gelael e Darren Leung. Já Costa é o 16º colocado, com 12 pontos, junto dos pilotos Grégoire Saucy e James Cottingham. Os líderes da classe GT3 são os pilotos Morris Schuring, Richard Lietz, e Yasser Shahin, com 75 pontos, que competem com o modelo Porsche 911 GT3 R LMGT3 Nº 91 da equipe Manthey EMA. Farfus e seus colegas batalham pela liderança da classe, e a disputa tende a ser forte, diante da diferença de apenas 2 pontos na classificação para os líderes, e poderemos ver novo embate neste domingo na pista de Interlagos.
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