sexta-feira, 5 de julho de 2024

HORA DE CRESCER, NORRIS

Amigos, amigos, na pista, fica na sua, entendeu? O recado de Max Verstappen ao amigo Lando Norris foi dado de forma dura na pista em Zeltweg, e os dois soltaram mais do que faíscas da disputa na pista.

            A Fórmula 1 chega a Silverstone, palco do GP da Inglaterra, vendo se um dos astros da temporada 2024 irá de fato crescer na competição, mais como piloto do que exatamente como desafiante efetivo. A pessoa em questão é Lando Norris, que domingo passado, na etapa da Áustria, marcou bobeira e pareceu ter criado brios para, enfim, se postar como um piloto mais determinado a se impor perante os rivais, em especial, o maior astro da categoria máxima do automobilismo no momento, o holandês Max Verstappen, a quem já veio ameaçando nas últimas provas, é verdade, mas pela primeira vez entrou em confronto efetivo na briga pela vitória em uma corrida.

            O piloto da McLaren, em que pese seu crescimento na competição, em especial no último ano, quando o time de Woking começou efetivamente a crescer a ponto de reassumir seu velho posto de protagonista, ainda era visto como um garoto, e não exatamente um homem, mais pelas posturas do que pela idade. E, também, começou a sofrer algumas críticas por ser meio “seletivo” em algumas disputas, especialmente quando cruzava com Verstappen na pista, onde era acusado de ser até leniente com o holandês, não dificultando a disputa de posição como deveria, enquanto com outros pilotos ele engrossava a briga por posição. Pois bem, a vitória em Miami, este ano, pareceu fazer bem ao piloto, que vez por outra, estava sendo até superado por Oscar Piastri, que mesmo sendo o novato no time, já tinha até conseguido vencer uma corrida sprint. A vitória pareceu fazer Lando subir de patamar, e sejamos justos, com o crescimento da performance do modelo MCL38 do time de Woking, Norris acumulou pódios nos últimos GPs, se colocando como o piloto mais próximo de Max no resultado das corridas. Mas sempre havia algum detalhe, seja por parte do piloto, ou do time, que não permitiu que a vitória se concretizasse, enquanto Verstappen ia conseguindo driblar os adversários, e seguir vencendo.

            Na Áustria, vimos um resumo disso na prova sprint. Lando até conseguiu tomar a liderança do piloto da Red Bull, mas abriu para fazer uma curva, e o holandês não apenas não perdoou, recuperando a ponta, como Norris até acabou perdendo a posição para o companheiro Piastri, que aproveitou a deixa e foi à frente. Para o inglês, pareceu um tapa na cara, e ele mesmo admitiu a postura “amadora”, ainda mais perante um adversário que não perdoa erros dos adversários. E ele foi com essa lição para a corrida principal, no domingo, tentando dar a outra face. A corrida, contudo, estava parecendo cada vez mais decidida a favor do tricampeão holandês, até que a última rodada de pit stops mudou a situação.

            Com uma rara parada ruim, Verstappen perdeu boa parte de sua vantagem na pista, enquanto a McLaren fez um bom trabalho, e Norris ganhou a chance de encostar no rival. E com um adendo: a Red Bull não tinha pneus zerados para colocar no carro de Max, que precisou voltar com compostos semi-usados à pista, enquanto Lando recebeu pneus novos em folha, o que complicou de vez a situação para o holandês, que viu a McLaren do inglês chegar rapidamente em sua traseira. E aí, Norris viu que mesmo com a vantagem dos pneus, seria duríssimo superar o piloto da Red Bull. Na perseguição, ele até acabou saindo da pista, e estava para tomar uma punição de 5s por exceder o limite de avisos, quando acabou ocorrendo o toque entre ambos. O resultado foi desastroso para ambos, mas Norris levou a pior, já que sua suspensão acabou afetada, e até chegar ao box, o pneu furado no contado se destroçou, causando novos danos no chassi. Já Max conseguiu chegar ao box e receber outro jogo de pneus, sendo ainda considerado culpado o entrevero entre ambos, e ganhando uma punição de 10s que apenas o relegou ao 5º lugar na bandeirada.

Lando Norris e Max Verstappen se tocaram na disputa pela liderança na Áustria (acima), e como diz o ditado, enquanto dois brigam, o terceiro sai lucrando, que no caso, foi George Russell, que chegou à sua segunda vitória na F-1 (abaixo).


            Bom, o clima esquentou fora da pista, e não é difícil entender os motivos. Depois de praticamente dois anos sem ter rivais à altura, Verstappen parece ter ficado meio mal acostumado, e a postura do holandês quando se viu na eminência de perder o triunfo na pista de Zeltweg fez ressurgir aquele holandês atrevido e abusado que se insinuava jogando o carro para cima dos adversários, ou fazendo manobras consideradas perigosas para se defender do ataque dos outros pilotos, ou na tentativa de superá-los, no estilo “sai da frente ou a gente bate”. E, claro, não foram poucos os que o acusaram de ser “sujo”, “desleal”, “desrespeitoso”, entre outros adjetivos menos elogiosos. E Norris, por seu lado, ajudou a engrossar o clima, com a McLaren também apoiando o ponto de vista de seu piloto, algo que a Red Bull também fez em relação a Max Verstappen, inclusive com Helmut Marko chamando a atitude de Norris de patética, entre outras críticas. Quem está certo, e quem está errado?

            Na pista, ambos os pilotos erraram. Norris, pela primeira vez batalhando a fundo por um triunfo, subestimou Verstappen, e poderia ter calculado melhor suas tentativas de superar o piloto da Red Bull. De positivo, foi seu ímpeto, disposto a ir para o tudo ou nada, como convém a um piloto que almeja, um dia, querer ser campeão, e que precisa mostrar gana, determinação, e força, especialmente perante um oponente perigoso e determinado como é Verstappen. É um aprendizado que todo piloto precisa passar, e a pose de Lando, até então de um sujeito “bonzinho demais” na pista, precisava ser corrigida, a fim de ele ser mais incisivo quando precisar lutar por posições com adversários duríssimos nas corridas. De Verstappen, além de voltar à velha prática de mudar a trajetória antes das freadas, dando bloqueadas sutis, mas perigosas, algo que já rendeu muitas críticas ao holandês, lhe faltou também visão estratégica de campeonato: com uma imensa vantagem em mãos na pontuação, ele poderia ter cedido a vitória, e com isso, garantido uma pontuação maior do que a que obteve, e mesmo assim, ainda estaria bem longe na frente, mas pronto para duelar novamente no próximo GP, aproveitando as chances, como sempre faz. Mas ele não aceitou perder a vitória, foi para o tudo ou nada, e deu sorte de ficar no meio-termo, ao contrário do piloto da McLaren, que deu em nada. As desculpas de que está ali para vencer, e não para ser segundo, só mostra uma determinação que beira mais uma obsessão radical do que uma pessoa mais madura, como chegaram a caracterizar o holandês nestes últimos dois anos.

            Só que, nem sempre, vencer é a melhor solução. Com pneus em pior estado, as chances de defesa contra Norris eram bem menores. Não fossem as manobras questionáveis de mudar levemente as trajetórias nas frenagens, como meio de intimidação, Verstappen possivelmente já teria sido superado por Norris na disputa, ou talvez não. Sua intransigência naquele momento acabou sendo mais prejudicial do que benéfica. Assim como Norris também precisava ser mais cauteloso na tentativa de ultrapassagem, algo complicando quando você precisa arriscar demais, e manter a pressão pela disputa.

            Para Verstappen, ele não acha que fez algo errado, embora de certo modo tenha culpa sim no acidente, mas na minha opinião um pouco inferior à de Lando. Fica a questão se ambos aprenderão as lições que este acidente pode fornecer, mas pela postura de Verstappen, isso parece difícil, já que continua a negar sua culpa. Já Norris, por outro lado, com a cabeça mais fria, parece ter assimilado melhor o que há pare se aprender neste tipo de situação. O inglês assumiu seu erro na manobra, e até botou um pouco de panos quentes na discussão, da qual antes exigia desculpas de Verstappen, chegando a colocar até a amizade entre ambos na balança, e o respeito que tinha pelo holandês.

            Mas a principal lição que ele precisa aprender é que terá de partir sim para os limites, e talvez até além deles, no duelo com pilotos do naipe de Verstappen, que dão tudo de si e mais um pouco, e por vezes nem sempre com manobras limpas, na briga para defender ou ganhar uma posição. Norris já foi muito criticado por facilitar demais nas disputas com o piloto da Red Bull, e a justificativa de que a diferença de carros em determinados momentos era muito grande não era desculpa para ser tão passivo quando poderia ter lutado um pouco mais, mostrando sua garra e determinação em não se entregar tão facilmente a um oponente tido por muitos como superior. Talvez agora ele demonstre essa gana e determinação férrea, pois vai precisar dela se quiser de fato duelar com Verstappen na pista, e sair como vencedor. Mas ele precisará ser mais inteligente nestas manobras, sem necessariamente ser desleal ou desrespeitoso, para saber evitar as armadilhas que adversários mais matreiros e agressivos possam aprontar para cima dele, seja na defesa de posição, ou na tentativa de fazer uma ultrapassagem.

            Com uma performance revigorada, a McLaren vive seu melhor momento em mais de uma década e meia, e Norris tem tudo para ser sua grande estrela, e mostrar ser o campeão em potencial que seu talento sugere ser capaz. Mas ele ainda tem que crescer em suas atitudes, e como piloto. Como ser um competidor mais sagaz, e determinado a ir aos extremos. Resta esperar que a F-1 também deixe de ser tão fresca com certas disputas, pois as punições por toques de carros entre os pilotos começam a ficar extremamente destrambelhadas e incômodas, ajudando a comprometer a imagem de categoria que busca disputas. Toques entre os carros por vezes são inevitáveis, e o público quer ver os pilotos se encarando na raça, no mano a mano, em duelos ferrenhos e acirrados, onde eles não podem baixar a guarda, nem cometer um único erro, mas que haja o risco do duelo terminar em derrota para ambos, se exagerarem em seus ataques ou defesas. Não há triunfo se não assumir alguns riscos, da mesma forma que nem todo duelo tem um vencedor ou perdedor. Por vezes, dependendo das circunstâncias, ambos podem sair vencendo, ou ambos podem sair perdendo.

            Domingo passado, ambos perderam, um mais, outro menos. Poderiam ambos ter vencido, cada um à sua maneira. Mas é do jogo, e a FIA deveria parar de ter certas punições, e pilotos e equipes também deveriam parar de fazer tanta frescura a respeito de disputas mais acaloradas, sob o risco permanente da F-1 virar uma categoria de dondocas que não suportam se tocar umas nas outras, como franguinhas covardes. Veremos neste final de semana se as coisas pegarão fogo novamente na pista, no GP da Inglaterra. E os fãs, no que depender da maioria deles, quer ver ação firme na pista, e não conversas fiadas. O que irá prevalecer?

 

 

E a Haas anunciou Oliver Bearman como um de seus pilotos para a próxima temporada. O jovem piloto, que foi sensação na etapa da Arábia Saudita, quando precisou substituir de última hora Carlos Sainz Jr. na Ferrari, devido a uma crise de apendicite do piloto espanhol, já vinha sendo cogitado nas últimas semanas para a vaga de Nico Hulkenberg no time norte-americano, quando o piloto alemão assinou com a Audi para 2025. Agora, fica a dúvida sobre quem será o seu companheiro de equipe, já que Kevin Magnussen vem tendo um desempenho inferior ao de Hulkenberg desde o ano passado, e com um calendário cada vez mais extenso, o próprio dinarmaquês já cogita rumar para outros campeonatos que não exijam tantas viagens, como o mundial de endurance, por exemplo, a fim de poder se dedicar mais à família. Além disso, especula-se que Esteban Ocón, dispensado pela Alpine, pode ser o escolhido da Haas para compor sua dupla titular no próximo ano.

 

 

A Indycar chegou a Mid-Ohio para a disputa do GP na pista de Lexington, um dos traçados mistos mais tradicionais das categorias Indy. Na pista, Álex Palou defende a liderança do campeonato, depois de uma vitória incontestável na prova anterior, em Laguna Seca, onde conseguiu sopbrepujar novamente os percalços da corrida e deixar os adversários para trás. A corrida tem transmissão ao vivo a partir das 14:30 Hrs. deste domingo, pela TV Cultura, pelo canal ESPN4, e pelo sistema Disney+.

O circuito de Lexington verá mais uma etapa da Indycar neste final de semana.

 

 

Uma novidade da Indycar na prova de Mid-Ohio será finalmente a estréia dos propulsores híbridos na competição, medida que foi postergada desde a pandemia da Covid-19, por motivos econômicos e de melhor desenvolvimento da tecnologia, que inclusive era para estrear no início da temporada, mas teve seu uso novamente postergado, até que enfim ele estará nos carros da categoria. Os novos motores projetados com uma parceria entre a Chevrolet e a Honda, fornecedoras dos propulsores da IndyCar, e a direção da competição, são compostos pelo atual motor V-6 biturbo de 2.2 litros, combinado com um sistema de impulsão elétrica, composto por uma Unidade Motor Geradora (MGU) de baixa tensão (48V) e por um Sistema de Armazenamento de Energia (ESS), composto por 20 ultracapacitores, que fornecerão uma potência extra aos pilotos, que eles poderão acionar durante a prova, ganhando maior desempenho. Um sistema ligeiramente diferente do já conhecido “botão de ultrapassagem”, onde os pilotos possuem um tempo limitado de uso durante toda a corrida. No caso da nova potência extra, seu uso será bem mais liberado, ficando restrito somente à capacidade de regeneração de força do sistema, que só poderá estar disponível para as corridas em circuitos mistos e de rua, sendo seu uso vetado nas pistas ovais por questões de segurança. Até agora, os últimos testes realizados demonstraram que a nova tecnologia está enfim apta para estrear na competição, onde poderemos ver os resultados na pista de Mid-Ohio. Um recurso interessante, e também importante, é que com o novo sistema, em caso do motor do carro apagar por algum motivo, como uma rodada ou saída de pista, os pilotos poderão religar o propulsor através do novo recurso de potência elétrica, não sendo mais necessária a ajuda dos fiscais de pista, que precisavam usar um equipamento para religar os propulsores. Isso pode ser útil para evitar que os pilotos abandonem a corrida ou fiquem com suas perspectivas de resultados muito comprometidas, quando tinham que esperar muito tempo pela ajuda, e com isso chegavam a perder até voltas na prova, o que era difícil de ser recuperado. Da mesma maneira, também ajudará os pilotos a tirar o carro do lugar, caso ele fique em posição perigosa, o que demandaria o uso de bandeira amarela justamente para sua retirada.

 

 

Hora da MotoGP partir para suas férias de verão na temporada de 2024, neste mês de julho. Mas, antes, temos o GP da Alemanha, em Sachsenring, neste final de semana, e a expectativa é de mais um duelo direto entre Francesco Bagnaia e Jorge Martin, com o piloto italiano em busca da liderança do campeonato, nas mãos do espanhol da equipe Pramac. Nas últimas duas etapas, Bagnaia foi impecável, vencendo tanto a prova Sprint quanto a corrida principal, e com isso, reduzindo substancialmente a desvantagem para Martin, que agora é de apenas 10 pontos. Mas quem pode se meter na briga é Marc Márquez, que na década passada praticamente reinou absoluto na pista alemã, mas nos últimos anos, devido aos percalços de saúde que sofreu, e à queda de performance da Honda, ficou impossibilitado de manter seu currículo de sucesso no circuito. Porém, agora pilotando uma Desmosédici, mesmo sendo a motor de 2023, as chances de Márquez ser um dos protagonistas da corrida voltam a crescer, e não se pode subestimar a “Formiga Atômica”, que já vem batendo na trave há algum tempo em busca de uma nova vitória, e ocupa a 3ª colocação no campeonato. A corrida Sprint tem largada neste sábado às 10:00 Hrs., enquanto no domingo a largada será às 09:00 Hrs., com transmissão ao vivo pela ESPN4, e pelo Disney+.

A pista de Sachsenring mais uma vez é palco do GP da Alemanha da MotoGP.

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