quarta-feira, 3 de julho de 2024

FLYING LAPS – JUNHO DE 2024

            E o primeiro semestre de 2024 já se foi, e entramos na segunda metade do ano, e os campeonatos da velocidade seguem firmes, com várias disputas entre os pilotos. Mas, antes de seguirmos adiante rumo aos acontecimentos de julho, é hora de recapitular alguns dos acontecimentos do último mês do primeiro semestre, junho, em mais uma edição da Flying Laps, com menção às 24 Horas de Le Mans, um pouco da Formula-E, e também da Indycar. Uma boa leitura para todos, e até a próxima edição da Flying Laps, no início de agosto, com um relato de alguns dos acontecimentos de julho, seguindo firme adiante pelo segundo semestre de 2024...

E a Ferrari fez a festa novamente nas 24 Horas de Le Mans, conquistando sua segunda vitória consecutiva na maior e mais famosa prova de Endurance do mundo. Desta vez, a esquadra de Maranello teve uma vitória mais sofrida na famosa corrida, onde a Toyota sempre esteve no páreo para brigar pelo primeiro lugar, enquanto Porsche/Penske volta e meia também davam certo ar da graça. O triunfo do carro 51, aliás, veio somente na hora final da prova, e depois que o time precisou lidar com um problema inusitado: a porta do bólido não fechava, o que levou a direção da corrida a ordenar a ida ao boxe para resolver o problema, por questões de segurança. Mas, de volta à pista, eles conseguiram recuperar a liderança, que tinha ficado para um dos carros da Toyota, e conseguir repetir o triunfo da Ferrari obtido no ano passado com o carro Nº 50. Aliás, a festa ferrarista em Le Sarthe foi grande: além do triunfo do carro 51, pilotado pelos pilotos Nicklas Nielsen, Antonio Fuoco e Miguel Molina, o carro 50, com o trio James Calado, Antonio Giovinazzi e Alessandro Pier Guidi, que venceram em 2023, fecharam o pódio com a 3ª colocação, a 36s73 de distância dos parceiros vitoriosos, que por sua vez, cruzaram a linha de chegada com 14s22 sobre o Toyota Nº 7, conduzido pelo trio Kamui Kobayashi, José María López e Nyck de Vries, que até sonharam com a vitória, mas acabaram sucumbindo aos rivais italianos mais uma vez. A Porshe/Penske, com seu carro Nº 6, fechou na 4ª posição, com os pilotos Kévin Estre, André Lotterer e Laurens Vanthoor. O outro carro da Toyota, o Nº 8, com Sébastien Buemi, Brendon Hartley e Ryo Hirakawa, terminou em 5º lugar. O outro carro da Porsche Penske, Nº 5, com Matt Campbell, Michael Christensen e Frédéric Makowiecki, acabou em 6º lugar, seguido pelo carro Nº 2 da equipe oficial da Cadillac, com Earl Bamber, Alex Lynn e Álex Palou. A equipe Jota, com seu carro Nº 12, com o trio Callum Ilott, Norman Nato e Will Stevens, fizeram um respeitável 8º posto, bem à frente do outro carro do time, o Nº 38, pilotado por Jenson Button, Phil Hanson e Oliver Rasmussen. Fechando o TOP-10 de Le Sarthe, tivemos a Lamborghini Nº 63, conduzida por Mirko Bortolotti, Daniil Kvyat e Edoardo Mortara.

 

 

A prova de Le Mans este ano foi bem agitada. A chuva esteve presente em boa parte da corrida, e como não poderia deixar de ser, isso bagunçou com as estratégias de vários times durante a corrida. E, claro, vários carros ficaram pelo caminho. Se por um lado os nove primeiros colocados ficaram na volta do vencedor, tendo completado as 311 voltas da edição de 2024, muita gente ficou pelo caminho. Alguns em definitivo, enquanto outros voltaram para completar a corrida, mesmo com inúmeras voltas de desvantagem. Entre os brasileiros, a sorte simplesmente não sorriu para nossos compatriotas na prova de Le Sarthe este ano. Na classe dos hypercars, Pipo Derani e Felipe Drugovich ficaram pelo caminho devido a um acidente, classificando-se em 29º, com 31 voltas de desvantagem para os vencedores. Felipe Nasr foi outro que também ficou a ver navios, com outro acidente, e acabou classificado apenas em 52º lugar na classificação geral da corrida. Daniel Serra, na classe LMGT3, até que tentou, chegando a ficar no TOP-5 em determinado momento da prova, mas terminou apenas em 12º na sua classe. A exceção foi Augusto Farfus, também na classe LMGT3, que terminou em 2º lugar na classe, defendendo o Team WRT. Melhor sorte para todos na edição de 2025.

 

 

A Formula-E anunciou o seu calendário de 2025, e a novidade é que a temporada volta a ser iniciada em um ano e terminando no outro, como era antigamente. E outra novidade, como já vinha sendo cogitado há várias semanas, é que o Brasil abrirá o próximo campeonato do certame de carros monopostos 100% elétricos, diante de problemas de agenda no complexo do sambódromo, em virtude da data do carnaval do próximo ano, que exige que o local esteja disponível cerca de dois meses antes e depois do evento. Por isso, e até para distribuir melhor as datas das corridas no próximo ano, eis que o ePrix de São Paulo abrirá a temporada 2024/2025, no dia 7 de dezembro deste ano, mais uma vez no circuito montado no sambódromo do Anhembi, na zona norte de São Paulo, capital, oferecendo aos fãs brasileiros da velocidade a oportunidade de verem duas provas da F-E no mesmo ano, tendo já realizado a corrida do atual campeonato no último mês de março. O calendário do ano que vem será o maior da categoria, com 17 corridas programadas, começando em dezembro deste ano, com a etapa de São Paulo, e finalizando em Londres, no Excel Arena, no fim de julho. Entre as mudanças no calendário, sai a etapa de Portland, nos Estados Unidos, sendo substituída por uma corrida no traçado misto da pista de Homestead, na Flórida, mantendo os Estados Unidos presentes no calendário da categoria. Jakarta está de volta no ano que vem. E teremos nada menos que 6 rodadas duplas, perfazendo 12 corridas. Nestas rodadas duplas, a novidade é que Tóquio, que sediou seu primeiro ePrix este ano, será palco de uma destas rodadas duplas. E neste quesito, o palco mais charmoso do calendário do automobilismo, Mônaco, também sediará uma rodada dupla da F-E pela primeira vez na história. Outra corrida que ainda pode estrear, mas não pôde ser confirmada, é a etapa da Tailândia, que ainda está em negociação para ser realizada no dia 08 de março. E, claro, uma baixa foi sentida: Misano, que este ano sediou uma rodada dupla da competição, não estará presente em 2025, deixando a Itália sem sediar uma etapa em vários anos. Confiram as datas das corridas da nova temporada: 07.12.24) eP de São Paulo (Brasil); 11.01.25) eP da Cidade do México (México); 14 e 15.02.25) ePs de Diriyah (Arábia Saudita); 08.03.25) Etapa a confirmar; 12.04.25) eP de Miami (Estados Unidos); 03 04.05.25) ePs de Mônaco (Mônaco); 17 e 18.05.25) ePs de Tóquio (Japão); 31.05 e 01.06.25) ePs de Xangai (China); 21.06.25) eP de Jacarta (Indonésia); 12 e 13.07.25) ePs de Berlim (Alemanha); 26 e 27.07.25) ePs de Londres (Inglaterra).

 

 

Numa corrida caótica onde aconteceu de tudo, inclusive com 9 bandeiras amarelas, a vitória no GP de Detroit, prova logo após as 500 Milhas de Indianápolis no calendário da Indycar deste ano, o triunfo coube a Scott Dixon, que usando sua capacidade magistral de economizar combustível e ler as nuances da corrida, além de conseguir se safar de todos os percalços que atingiram vários competidores durante a corrida, levou a Ganassi a mais uma vitória na categoria. O time de Chip Ganassi, aliás, fez maioria no pódio, com Marcus Armstrong também conseguindo sobreviver ao caos na prova, e finalizar em 3º lugar, fechando o pódio. A Ganassi só não fez dobradinha porque Marcus Ericsson, em uma corrida para lavar a alma depois do vexame de bater na Indy500 logo na primeira volta, fez uma bela corrida, e superou Armstrong nas voltas finais, alcançando o 2º lugar, e conquistando seu primeiro pódio pela equipe Andretti, que ainda viu Kyle Kirkwood terminar em 4º lugar. Alexander Rossi (McLaren) foi o 5º colocado, e Will Power, tendo uma corrida bem complicada, ainda salvou um 6º lugar, e parte da honra da Penske, que viu Scott McLaughlin terminar em 20º, e Josef Newgarden, o novo bicampeão da Indy500, fazer uma corrida desastrosa e abandonou após bater no muro e danificar a suspensão. Outro que prometia muito, e mais uma vez acabou errando foi Colton Herta, da Andretti, que foi apenas o 19º, após fazer uma ultrapassagem estabanada e acertar a proteção de pneus. Pietro Fittipaldi, com a Rahal/Letterman/Lanigan, que depois dos problemas em várias corridas, conseguiu ter um desempenho mais decente e terminou em 13º, conseguindo evitar os problemas surgidos durante a corrida. Hélio Castro Neves, assumindo o carro que era de Tom Blonqvist, levou um toque e rodou, perdendo muitas posições, e terminando apenas em 25º.

 

 

Nada como um dia depois do outro, certo? Pelo menos para a Penske, este foi o panorama em Road America, depois de ter um desempenho complicado em Detroit, prova que inclusive tinha o Grupo Penske como um dos patrocinadores da prova. No circuito de Elkhart Lake, o mais extenso do calendário, e considerado a “Spa-Francorchamps” dos Estados Unidos, o time do “capitão” Roger Penske deu a volta por cima, e ainda por cima, praticamente monopolizando o pódio, com vitória de Will Power, encerrando um jejum bem longo, de praticamente dois anos sem vencer. Depois de abandonar em Detroit, Josef Newgarden voltou ao pódio, com o 2º lugar, enquanto Scott McLaughlin ficou em 3º lugar. E o inverso também foi verdadeiro: Scott Dixon, da Ganassi, que havia dado show na capital do automóvel, não teve a mesma sorte no belo circuito de Road America, onde terminou apenas em 21º. Na sua última corrida em circuito misto no carro que era de Tom Blonqvist na Meyer Shank, Hélio Castro Neves teve um desempenho um pouco melhor do que em Detroit, mas mesmo assim, foi apenas o 19º colocado. Pietro Fittipaldi também não foi tão feliz quanto na corrida anterior, e fechou a corrida em 16º. Já Colton Herta, da Andretti, redimiu-se um pouco das estripulias de Detroit, e foi o 6º colocado, logo atrás do companheiro de time Kyle Kirkwood, que por sua vez, teve Álex Palou terminando em 4º.

 

 

E Théo Pourchaire, depois de ter sido confirmado para assumir o carro Nº 6 da McLaren pelo resto da temporada da Indycar em 20924, eis que o time de Woking simplesmente dispensou o piloto, quase sem mais nem menos, substituindo-o por Nolan Siegel, que teria assinado um contrato “plurianual” com a escuderia, já começando na nova casa na etapa de Laguna Seca. E Pourchaire só foi comunicado praticamente na semana da corrida, quando já se preparava para disputar a prova na pista de Monterey. A desculpa do time foi de não poder perder a oportunidade de desperdiçar a disponibilidade de um grande talento potencial como o californiano, em posição do time que teve a participação de Tony Kanaan como um dos grandes defensores da contratação de Siegel, chegando até a apostar sua reputação na confiança do talento do jovem piloto. Certamente, ajudou o fato de Nolan ter vencido as 24 Horas de Le Mans na classe LMP2 defendendo, por coincidência, o time da United Autosport, que pertence a Zak Brown, principal executivo da McLaren. Tendo que estrear meio que às pressas na nova escuderia, Siegel até que conseguiu um resultado razoável em Laguna Seca, terminando a corrida em 12º lugar, e com isso, ganhando crédito na justificativa de sua contratação de forma tão abrupta. Mas quem se ferrou nessa foi Pourchaire, que já tinha se desvinculado de seus outros compromissos de competição no ano acreditando estar garantido na McLaren na Indycar até o fim do ano. Claro que o time ainda alegou que, ainda sendo piloto reserva da Sauber na F-1, isso era um fator de incerteza sobre poder contar efetivamente com o piloto até o fim do campeonato da categoria de monopostos norte-americana, e que precisava de um piloto mais disponível, uma desculpa que ficou meio esfarrapada, e certamente não ajuda muito na imagem da escuderia, que já se enrolou em duas oportunidades recentes tentando garantir a contratação de Álex Palou, que deu uma banana ao time nas duas ocasiões e acabou ficando na Ganassi, situação que rendeu brigas nos tribunais, e que acabou terminando na derrota da McLaren. Como desgraça pouca é bobagem para Pourchaire, a Sauber avisou que não tem planos para ele em 2025, e ia tentar ajudar a encontrar-lhe um lugar na Indycar, para poder seguir carreira ali, mostrando como a desculpa da McLaren foi esfarrapada para justificar sua dispensa...

 

 

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