quarta-feira, 31 de julho de 2024

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - JULHO DE 2024


            E o mês de julho já está se encerrando. Alguns campeonatos partem para um pequeno intervalo de descanso, enquanto outros retornam, alguns fecharam suas temporadas, e outros certames seguem firmes nas suas competições acelerando fundo, com maior ou menor emoção, dependendo das categorias abordadas. Portanto, em mais um fechamento de mês, lá vamos nós para mais uma edição da nossa Cotação Automobilística, analisando alguns dos acontecimentos ocorridos neste mês de julho, com alguns comentários e análises a respeito, no velho esquema de sempre: EM ALTA (cor verde); NA MESMA (cor azul); e EM BAIXA (cor vermelha). Uma boa leitura a todos, e até a próxima Cotação Automobilística, no fim do mês que vem, com a avaliação dos acontecimentos do mundo da velocidade em agosto...

 

EM ALTA:

 

Francesco Bagnaia: O bicampeão da MotoGP vinha numa escalada para tirar a diferença de Jorge Martin nas últimas corridas, a fim de retomar a liderança do campeonato, e reforçar sua luta pelo terceiro título consecutivo, jogando pressão no adversário. E conseguiu. Na etapa da Alemanha, Martin até saiu na frente, vencendo a corrida Sprint, e na prova de domingo, vinha firme para vencer, e voltar a abrir sua vantagem na liderança da competição, quando caiu sozinho perto do fim da corrida, entregando o triunfo de bandeja para o italiano, que assim conquistou sua quarta vitória consecutiva, e a sexta na temporada, em 9 etapas disputadas até agora, além da liderança do campeonato. Ciente de que terá jogo duro na equipe Ducati no próximo ano, com a chegada de Marc Márquez, “Pecco” precisa aproveitar este ano para vencer mais um campeonato, e reafirmar sua posição dentro da equipe de Bolonha, e mostrar que não é campeão por acaso. E ele vem conseguindo fazer bem o seu papel. Mas ainda não dá para baixar os braços, após retomar a liderança, pois ainda temos mais da metade da temporada pela frente, e a disputa promete ser bem dura com Jorge Martin, que certamente não vai deixar barato, especialmente depois de ser novamente preterido pela Ducati para defender o time de fábrica da marca italiana. Mas Bagnaia parece estar preparado para o embate, e determinado a não baixar a guarda frente ao adversário, em um duelo que certamente promete fortes emoções até o fim do ano.

Álex Palou: O piloto espanhol da Ganassi segue firme rumo ao seu terceiro título na Indycar, combinando boas performances e fugindo de problemas enquanto seus adversários ora batem cabeça, ora batem seus carros nas corridas, comprometendo suas chances de tentar desafiar o bicampeão na disputa pelo título da temporada de 2024. A consistência de Palou, obtida não apenas com sorte em ficar longe de encrencas, mas também na performance e estratégias de corrida, tem sido tão boa que mesmo quando ocorre um percalço como o vivenciado na primeira corrida da rodada dupla de Iowa, quando acabou batendo e abandonando a corrida, acabaram compensados pelo azar e inconstância dos adversários em outras provas, em especial Will Power, que além de azar, teve também punição por algumas barbeiragens na pista, o que o fez perder importantes posições que resultaram em menos pontos conquistados, e por tabela, perdendo importantes chances de encostar em Álex na classificação do campeonato, onde é justamente o vice-líder na tabela. Patrício O’Ward, outro que prometia engrossar a disputa, também tem se mostrado irregular demais para ser um rival mais ameaçador. Scott Dixon, talvez o mais perigoso dos adversários que Álex poderia enfrentar, tem que descontar muitos pontos de desvantagem em relação ao companheiro de equipe, uma vez que suas performances tem sido bem parelhas em várias etapas. Mas, com cinco corridas ainda pela frente, o espanhol precisa tomar cuidado para que o azar que tem acometido seus adversários não vire para o seu lado, uma vez que, mesmo com seu talento e competência, e a eficiência da Ganassi, nunca fica bem comemorar antes da hora. Mas que a Indycar pode ter um novo tricampeão este ano, e as chances vem aumentando a cada corrida. Quem vai conseguir brecar Palou?

Disputa na temporada 2024 da F-1: OK, Max Verstappen ainda lidera o campeonato da F-1 deste ano com grande folga na pontuação, mas decididamente, não teremos um ano maçante como o de 2023. A concorrência chegou, e a Red Bull não tem mais o melhor carro da competição, e já temos quatro corridas sem que o tricampeão holandês suba ao degrau mais alto do pódio, algo não visto nos últimos anos. McLaren e Mercedes conseguiram chegar para a briga, mais o time de Woking do que o de Brackley, em termos de performance, para bagunçar a luta pelas vitórias na segunda metade do campeonato, e que dependendo da resposta do time dos energéticos, podemos ver até mesmo uma luta pelo título, ainda que com chances reduzidas. Curiosamente, desde que Adrian Newey anunciou sua saída do time rubrotaurino seu desempenho desandou nas corridas. Ainda é um carro competitivo, mas apenas nas mãos de Max Verstappen, enquanto Sergio Perez despencou na performance, sendo superado pelos concorrentes. A McLaren, por sua vez, não via um momento tão forte de desempenho em mais de uma década, e só não está melhor porque o time ainda comete erros nas estratégias, o que tem prejudicado seus pilotos, que também tem cometido alguns erros aqui e ali. Verstappen tenta minimizar os danos, e até tem conseguido isso, aumentando sua vantagem na pontuação, uma vez que não há apenas um rival crescendo de performance, mas vários, e eles vem se alternando nas vitórias, ou estão muito para trás, de modo que não tem como ameaçara a liderança do holandês na classificação, mas podem bagunçar a disputa no campeonato de construtores, onde a McLaren surge como ameaça real à Red Bull, campeã disparada de construtores dos últimos dois anos, e que precisa reaprender a lidar com a pressão dos rivais na pista. A imprevisibilidade voltou à categoria máxima do automobilismo, para o bem da competição, e ainda que Verstappen caminhe de forma sólida e quase inequívoca para mais um título, as próximas corridas, depois das férias de verão, prometem um panorama de incerteza sobre quais serão os vencedores destes GPs, aumentando a disputa e os duelos na pista.

Pascal Wehrlein campeão da Formula-E: E o alemão Pascal Wehrlein conseguiu enfim o título da categoria de carros monopostos elétricos, dando à Porsche seu primeiro triunfo de pilotos do time oficial. Pascal havia ficado meio estigmatizado na temporada passada, decaindo na competição conforme a temporada avançava, assim como a performance de seu time. Neste ano a Porsche conseguiu manter o nível de competitividade, mas foi preciso que o piloto estivesse mais firme para conseguir disputar o título, especialmente frente a uma equipe Jaguar bem mais forte que em 2023, e que chegava na reta final do campeonato como a grande favorita para levar o título. Mas Wehrlein não baixou os braços, e na rodada dupla final, em Londres, o piloto e a equipe levaram a disputa com um desempenho determinado e agressivo, neutralizando as estratégias da rival, e aproveitando-se dos erros cometidos pela concorrente. Wehrlein manteve-se focado e foi para a luta, disposto a apagar a má impressão da temporada passada, e conseguiu executar as estratégias de corrida com perfeição, indo para cima dos adversários e não lhes dando chance de dominarem a situação. Wehrlein foi outro piloto que, vendo frustradas suas oportunidades de chegar à F-1, se encontrou na F-E, e depois de um tempo, fez seu nome na competição, vencendo corridas, e agora, sendo campeão, levando uma marca tradicional como a Porsche ao título, algo que estava atravessado na garganta ao ver Jake Dennis, do time cliente da Andretti, proporcionar à Porsche na temporada passada, quando ele não tinha conseguido esse objetivo. E, com a manutenção da Porsche como um trem de força altamente eficiente na F-E, Wehrlein desde já se torna o piloto a ser batido para a próxima temporada, quando certamente tentará o bicampeonato.

Lewis Hamilton de volta às vitórias na F-1: Amargando um jejum incômodo de mais de dois anos e meio desde o fim da temporada de 2021, quando acabou derrotado por Max Verstappen em Abu Dhabi numa decisão polêmica do título daquele campeonato, Lewis Hamilton foi alvo de inúmeras críticas de haters que tentaram de todas as maneiras desqualificar as conquistas do piloto, chegando inclusive a rotulá-lo de “maior farsa” da história da categoria máxima do automobilismo, afirmando que seus méritos foram unicamente dos carros que pilotou, e não de si próprio, como se ele fosse um ninguém em termos de pilotagem, esquecendo que a Mercedes não apresentou um carro que lhe permitisse vencer corridas como antes, e usando até o triunfo de George Russell em Interlagos em 2022, para reforçar esse argumento de que o heptacampeão seria agora um piloto decadente e sem capacidade para permanecer na F-1. De fato, foram momentos complicados, e o próprio Hamilton alegou que em determinados momentos seu desempenho de fato caiu, demonstrando as dificuldades enfrentadas. Mas os críticos ignoram a boa temporada de 2023, quando Lewis ficou atrás apenas da dupla da Red Bull no campeonato, e neste ano, antes de iniciar a temporada, o anúncio de que defenderá a Ferrari em 2025, mostram que ainda é um piloto valorizado. Mas o início claudicante da Mercedes e o fato de ser novamente superado por Russell fizeram os críticos voltarem à plena carga contra o piloto, até a Mercedes conseguir melhorar a performance de seu modelo W15, e oferecer a seus pilotos a chance de voltar à lutar na frente nas corridas, ainda que um pouco atrás de McLaren e Red Bull. Mas, quando as circunstâncias ficaram confusas em Silverstone, Hamilton arrancou para uma vitória que, segundo ele mesmo, serviu para lavar a alma, e redimi-lo de muitas provações recentes. E de lá para cá o heptacampeão vem andando bem mais forte, e na Bélgica, ainda que devido à desclassificação de George Russell por seu carro estar abaixo do peso mínimo, ficou com mais uma vitória, a sua 105ª na competição. Para raiva de seus críticos, Hamilton mostra ainda ter lenha para queimar na categoria máxima do automobilismo, bastando ter um carro decente para isso. E se tiver um carro competitivo na Ferrari, poderá continuar mostrando sua classe, enquanto ainda estiver disposto a competir. E calar os críticos que se multiplicaram exponencialmente nos últimos tempos, que de tudo tem feito para desmoralizar sua imagem e feitos no automobilismo. E voltar a vencer é a melhor resposta para dar essa turma de pseudofãs das corridas.

 

 

NA MESMA:

 

Jorge Martin: O piloto da Pramac vinha conseguindo controlar a vantagem na liderança da temporada da MotoGP, apesar da ascenção de “Pecco” Bagnaia nas últimas corridas, lutando para manter a pontuação na melhor chance possível, e aguardando a chance de voltar a abrir. E ele vinha conseguindo dar o troco na prova da Alemanha, onde esperava cortar a reação do rival bicampeão, e ir para as férias de verão mais relaxado. Porém, depois de conseguir uma bela vitória na prova Sprint, no domingo, quando mais importava conseguir a vitória, e já parecia pronto para voltar ao degrau mais alto do pódio, Martin acabou caindo sozinho, e entregando um triunfo justamente ao rival, que apesar da pressão, já vinha lidando com a possibilidade de não vencer mais uma, mas marcando pontos importantes na disputa. Com a retomada de Bagnaia pela liderança, é certo que Jorge Martin terá de partir para o ataque, e aí, precisará mais do que nunca se controlar, se quiser alcançar o título. E é justamente neste ponto que reside o seu ponto fraco: os erros que volta e meia comete, quando sente a pressão, e que pode ter sido decisivo para a Ducati não escolhê-lo, mais uma vez, para seu time de fábrica. Se ficar afoito, Martin pode implodir suas chances de brigar pelo título, perdendo a disputa, como ocorreu no ano passado, onde os percalços na reta final do campeonato, e a pressão de si mesmo para ser campeão acabaram por fazê-lo exibir certo descontrole que ajudou na sua derrota. Mas, sendo talvez sua última chance, a curto prazo, de ser campeão da MotoGP, como conseguir manter a cabeça fria? Vai ser difícil, mas ele precisará mais do que nunca se controlar, ao mesmo tempo em que não poderá deixar sua agressividade de lado.

Max Verstappen: O tricampeão holandês segue firme na liderança do campeonato da F-1 em 2024, apesar da queda de rendimento da Red Bull nas últimas corridas. A grande façanha de Max é ainda conseguir tirar do carro uma performance aceitável, quando McLaren, e até Mercedes, parecem ter chegado para a briga, enquanto a Ferrari ainda parece uma ameaça menor. Tentando manter a constância, o holandês tem tido a sorte dos rivais estarem se revezando nos melhores resultados, de modo que mesmo com resultados um pouco inferiores aos que vinha obtendo, mesmo assim ele segue líder do campeonato, e aumentando a vantagem paulatinamente na pontuação, o que lhe permitirá, se necessário, maior tranquilidade para administrar os resultados na pista, dependendo das condições de seu carro frente aos adversários. Mas o tricampeão precisa manter a cabeça no lugar, e na Hungria, seu destempero ficou visível ao se ver incapaz de discutir a vitória com a dupla da McLaren, chegando a perder a chance de ir ao pódio por se mostrar afobado e ansioso numa disputa de posição com Lewis Hamilton, onde acabou levando a pior e por pouco não acabando com a própria corrida. Uma prova com a cabeça mais centrada, na Bélgica, onde chegou à frente de Lando Norris, mostra que o episódio de Budapeste pode ter sido um caso isolado, para azar da concorrência, para a qual um Verstappen desconcentrado e propenso a erros em demasia poderia prejudicar sua manutenção da liderança, que ainda segue firme e bem ampla, conferindo-lhe uma distância de mais de três vitórias para ser alcançado na pontuação, e mesmo assim, se um mesmo piloto conseguisse vencer ininterruptamente essas provas, algo meio imprevisível no momento. A vantagem obtida no início do ano, quando seu carro sobrava, se tornou crucial para o piloto manter o controle agora da situação, mas Max precisa manter a cabeça fria se não quiser dar aos adversários mais chances do que eles podem obter, se não quiser perder o seu favoritismo na briga pelo título. Ele tem plenas condições de ser novamente campeão com folga, basta não perder para si próprio, pois os rivais ainda estão muito longe na pontuação para representar uma ameaça realmente perigosa no curto prazo.

Jaguar derrotada na luta pelo título de pilotos na Formula-E: Pelo segundo ano consecutivo, a Jaguar viu escapar de seus dedos o título de pilotos na F-E. O título de equipes, que já tinha sido conquistado no ano passado com sua equipe cliente Envision, se repetiu agora com o time de fábrica, que ainda levou o troféu do campeonato de fabricantes, com as punições mais que ridículas impostas a Antonio Felix da Costa, mas mesmo assim, a derrota foi dolorosa para a marca britânica, que viu a rival Porsche sair novamente campeão no campeonato de pilotos. Se no ano passado a Jaguar certamente perdeu resultados que fizeram falta nos momentos em que Sam Bird colidiu com Mith Evans, resultando numa derrota de “fogo amigo”, neste ano a própria escuderia acabou errando na gestão de estratégia da corrida no momento decisivo, deixando sua dupla de pilotos vulnerável a percalços que poderiam ocorrer na prova, o que acabou acontecendo, e foi explorado pela rival alemã e por seu piloto Pascal Wehrlein. Ao longo do ano, a Jaguar se mostrou o melhor time, e dotada do trem de força mais eficiente da competição, vantagens que soube explorar até próximo ao fim da competição, quando azares de Nick Cassidy e Mith Evans deixaram a situação na berlinda, mas ainda assim, contornável, e com chances de título. Infelizmente, após uma temporada quase perfeita, o time foi errar justamente no momento mais crucial, e pagou o preço. Um desalento para seus pilotos, que formaram a dupla mais forte do grid, e chegaram juntos à decisão com chances de ambos conquistarem o título, e com razoável favoritismo. Resta agora colher as lições desta nova derrota, e saber tirar proveito para não cometer os mesmos erros na próxima temporada, onde o time inglês deverá continuar a ser um dos mais fortes da competição.

Times da Red Bull na F-1 até o fim da temporada: Quando tudo parecia caminhar para mudanças na composição de seus times, em virtude da inesperada competição mais acirrada que a temporada da F-1 começou a mostrar, a direção da Red Bull, em reunião realizada esta semana, logo após o GP da Bélgica, optou por manter as coisas em seus devidos lugares, de modo que a composição de seus dois times na categoria máxima do automobilismo seguem inalterados, pelo menos até o fim da temporada de 2024. Dessa forma, o time principal segue com Max Verstappen e Sergio Perez, e a Visa RB continua com Daniel Ricciardo e Yuki Tsunoda. Depois de mais um resultado abaixo do esperado de Perez na pista belga, onde o mexicano parecia dar mostras de reagir na competição, imaginava-se que ele seria sacado do time principal, e substituído, talvez por Daniel Ricciardo, ou Yuki Tsunoda, ou até mesmo o reserva Liam Lawson, enquanto Perez poderia ser rebaixado para o time B, ou até mesmo ficar encostado, ou demitido de vez, tendo o contrato rescindido. Mas seria também uma admissão de desespero por parte da Red Bull, de perda de controle do campeonato, que dominou com ampla margem em 2022, e principalmente em 2023. Se o campeonato de pilotos parece estar sob controle graças ao talento incomum de Max Verstappen, que vem conseguindo manter sua grande vantagem na pontuação, por outro lado, o campeonato de construtores parece estar em grande risco, pelo modo como a McLaren vem se aproximando perigosamente, uma vez que tem conseguido marcar pontos com sua dupla de pilotos de forma mais constante e regular que a dupla rubrotaurina, que tem em Perez seu ponto fraco. Porém, uma mudança dentro dos times poderia piorar a situação, e não haveria garantias de que Ricciardo, Lawson ou Tsunoda apresentassem resultados melhores do que o mexicano, que teriam de se aclimatar ao carro do time principal. Desse modo, apesar do risco de perder o campeonato de construtores, a Red Bull parece se dar conta de que é melhor manter os pilotos e tentar resolver o problema de fato, que é a competitividade e comportamento do modelo RB20, que ainda é um carro competitivo, mas que precisa ser melhor compreendido e desenvolvido.

Lando Norris: O piloto da McLaren deu uma ascenção na temporada, graças às certeiras atualizações promovidas pelo time de Woking no carro desta temporada. Tendo vencido pela primeira vez em Miami, de fato Norris tem crescido bastante, mas ainda se mostra meio apático quando o assunto é disputar posição na pista com Max Verstappen. Na única oportunidade em que partiu para cima, é verdade que as coisas deram errado, na Áustria, onde o holandês da Red Bull foi duro na defesa de sua posição, mas isso deveria servir para Lando ser ainda mais decidido na disputa por posições, algo que ele parece fazer apenas com outros pilotos, esquecendo que a briga potencial pelo título da temporada é com Verstappen, e na pista, amizade não conta. Mas em Silverstone o piloto da McLaren se deixou superar muito fácil na parte final da corrida, e em que pese o ritmo mais forte de Max, Norris nada fez para dificultar a ultrapassagem, praticamente abrindo as pernas de novo na briga. E na Bélgica, mesmo com um carro mais rápido, não conseguiu terminar à frente do rival. Pelo menos, Norris parece ter ciência dos erros que está cometendo, ao afirmar que perdeu muitos pontos por erros recentes na pista, entre eles as péssimas largadas que vem realizando, e que de fato tem comprometido as chances de melhores resultados. Norris precisa crescer neste quesito, assim como ser também mais assertivo nas disputas com Verstappen, se quiser de fato ser campeão um dia, ou pior, não se deixando ficar para trás do próprio companheiro de time, que vem começando a mostrar as mangas de fora, e pode colocar em xeque a sua posição esperada de líder da McLaren na pista. Isso para não mencionar que ele poderia ter lidado melhor com a situação vexaminosa de trocar de posição com Oscar Piastri na Hungria, que apesar de não ter sido exatamente culpa dele, ele se complicou em como resolver a situação a seu favor, o que acabou por resvalar em sua imagem também.

 

 

EM BAIXA:

 

Menos Ducati no grid da MotoGP 2025: Dominadora da classe rainha do motociclismo nas últimas temporadas, a Ducati terá menos força no grid da competição na próxima temporada. Não que vá perder seu favoritismo como a melhor moto do grid, mas em termos de quantidade, a marca de Bolonha certamente vai regredir na categoria. O principal motivo é que a Pramac, seu principal time satélite, resolveu encerrar sua parceria com a marca italiana, e em 2025, irá usar motos da Yamaha. A decisão é uma consequência indireta da Ducati ter negado a Jorge Martin um lugar no time de fábrica, prática que já havia se tornado praxe em tempos recentes, optando pela contratação de Marc Márquez, que se recusou a ir para a escuderia, não aceitando menos do que ir para um time oficial. Isso motivou a perda de seu principal piloto para a Aprilia, onde Martin irá correr no próximo ano, e o esfriamento das relações com a Ducati. Em consequência, a Ducati também resolveu que em 2025 terá apenas três motos de fábrica no grid, duas para seus pilotos, e apenas uma extra, que ficará com Fabio Di Giannantonio na equipe VR46, enquanto o outro piloto do time ficará com a moto do ano anterior. A Gresini continua como está, recebendo também as motos do ano anterior. Desse modo, a Ducati terá 6 motos no grid, metade do modelo do ano da Desmosédici, e a outra metade do ano anterior, uma redução de 20% em relação ao momento atual, onde possui 8 motos no grid, sendo metade do modelo de fábrica e a outra metade do modelo de 2023.

Sergio Perez: o piloto mexicano continua seu inferno astral e parecia esta vivendo seus últimos dias na F-1. A queda de rendimento da Red Bull, e a pressão por resultados em um momento onde a concorrência cerrou a marcação em cima do time dos energéticos parece ter desconcentrado Sergio, que desde a etapa de Miami não vem tendo mais resultados à altura do que o time esperava dele. Pior, azares como os de Mônaco, e as classificações problemáticas da Inglaterra e da Hungria minaram as possibilidades de marcar mais pontos, em um momento onde a Red Bull vê a McLaren chegar rapidamente no campeonato de construtores, colocando sua liderança em risco, já que Max Verstappen tem conseguido manter parte do nível de resultados, o que não ocorre com Perez, que inclusive já foi superado pelos rivais no campeonato de pilotos, caindo da vice-liderança para a 7ª posição. Mesmo assim, contudo, eis que a esmo assim, contudo, eis que a Red Bull, em sua reunião realizada após a etapa da Bélgica, numa atitude até surpreendente, dado o histórico do time em “queimar” seus pilotos que anão apresentam resultados, resolveu manter o mexicano na escuderia principal, pelo menos até o fim da temporada. De fato, nem toda a culpa pela falta de resultados pode ser imputada ao mexicano, diante da postura de trabalho da Red Bull, sempre concentrando-se unicamente em Verstappen, que até saiu em defesa do companheiro de equipe, atitude rara do tricampeão holandês, o que indica que o buraco é de fato bem mais embaixo do que todos imaginam, mas mesmo assim, não dá para negar que Perez se deixou cair demais na competição, e assim como ocorreu no ano passado, viu o seu lugar em grande risco, mesmo com contrato renovado. Um panorama de queda de rendimento que não é novidade, já tendo sido visto nos dois últimos anos, mas que agora se complicou sobremaneira pela queda da própria Red Bull. Poderia ter sido uma oportunidade para Sergio mostrar seu valor ao time, mas que ele infelizmente não conseguiu aproveitar. Perez não é um gênio da velocida, mas também não é o piloto ruim que estamos vendo nas últimas corridas, mas infelizmente os azares e sua condição mental, além de outros problemas, parecem ter se avolumado e colocado em xeque sua posição na escuderia. Pela declaração da Red Bull após sua reunião, ele pode terminar o ano como piloto titular, mas sua permanência na F-1 para 2025 já fica seriamente comprometida, e com chances aparentemente difíceis de reverter as expectativas até lá. Resta esperar que, com este voto de confiança, o mexicano coloque a cabeça no lugar, e volte a render pelo menos o que se espera dele. Resta saber se a Red Bull também dará uma ajuda maior de fato ao piloto, além do seu voto de permanência até o fim do ano, o que também ajudará a fazer muita diferença.

Cazaquistão fora do calendário da MotoGP: Depois de muita enrolação, a MotoGp enfim se decidiu, e o GP do Cazaquistão dançou de vez, saindo do calendário da classe rainha do motociclismo devido a problemas logísticos e operacionais, uma vez que fortes enchentes na região do circuito comprometeram parte da viabilidade da realização da corrida. Imaginava-se que, com sua saída, a Índia, outra corrida que também teve sua etapa cancelada este ano, poderia ser reencaixada, mas a direção da competição optou por realizar uma segunda corrida na pista de Misano, na Itália, onde será disputado o GP de San Marino e da Riviera de Rimini, e que agora sediará esta prova substituta também, que terá o nome de GP da Emilia-Romanha. A substituição será proveitosa para a MotoGP e para os fãs da motovelocidade, uma vez que a corrida já programada para o circuito será no dia 8 de setembro, e a data marcada para a prova do Cazaquistão seria no dia 22 do mesmo mês, de modo que agora, a MotoGP fará duas corridas consecutivas na mesma pista, separadas por duas semanas, e oferecendo aos fãs italianos mais uma chance de verem as máquinas e pilotos em ação. Sobre o Cazaquistão, fica a dúvida se o país irá receber mesmo a MotoGP em 2025, mas a categoria parece ter problemas para tentar conciliar suas etapas em casos de cancelamento ou imprevistos, lembrando que neste ano já são três corridas cancelas, a da Argentina, da Índia, e agora do Cazaquistão, sendo esta última a única que terá uma corrida substituta no seu lugar.

Renault deixando a F-1: E a Alpine, quem diria, deixará de lado até mesmo os propulsores da Renault, que irá se retirar da F-1 depois dos insucessos demonstrados na última década, quando ficou restrita a fornecer unidades de potência apenas para seu time de fábrica, que mudou de nome para Alpine, a fim de promover melhor a marca esportiva do grupo francês, que também é usada em sua participação no Mundial de Endurance. Com a decisão da Alpine de passar a utilizar motores da Mercedes, a F-1 fica com uma marca de fornecedor a menos, que pelo menos será reposta com a entrada da Audi em 2026, além do retorno da Ford em parceria com a Red Bull, mas não deixa de ser um desprestígio para a marca francesa, que tantos títulos conseguiu na categoria máxima do automobilismo em parceria com times da competição, como Williams, Benetton, e Red Bull, além de seu time próprio, com Fernando Alonso, nas temporadas de 2005 e 2006. Os últimos títulos vieram com o tetracampeonato de Sebastian Vettel, obtidos de 2010 a 2013. Desde o início da era híbrida, em 2014, a Renault ficou para trás na performance de suas unidades de potência, perdendo para a Mercedes e Ferrari, e ficando à frente somente da Honda em seus primeiros anos na competição. A Honda evoluiu em sua associação com a Red Bull, que dispensou os trabalhos da marca francesa após muitas críticas públicas de seus motores, que desde 2021 equipa apenas seu time próprio de fábrica, tendo sido deixada de lado pela McLaren após utilizar os propulsores de 2018 a 2020. Agora, fica na expectativa o que será feito da fábrica de construção de seus motores, diante do encerramento da produção das unidades para competição na F-1, diante da possibilidade da Alpine partir para os propulsores Mercedes já a partir da próxima temporada, em 2025.

Brasileiros na temporada 2024 da Formula-E: A temporada deste ano de nossos representantes na categoria de carros monopostos elétricos foi a pior desde que o certame foi criado, há uma década atrás. Sergio Sette Câmara e Lucas Di Grassi pilotaram os piores carros do grid, e saíram derrotados em termos de resultados, tornando-se meros figurantes da competição. Câmara ainda teve um desempenho até mais positivo que seu companheiro Dan Ticktum, mas a instabilidade do desempenho da ERT afetou mais o brasileiro, que terminou a temporada em um modesto 20º lugar, com 11 pontos, logo atrás de Dan, que foi o 19º colocado, com 12 pontos. Apesar do desempenho mais parelho em resultados conquistados, a temporada de Sergio foi bem aquém até mesmo em relação à temporada anterior, quando ele marcou mais que o dobro de pontos em relação a este ano, mostrando como a temporada foi um calvário. Mas desastrosa mesmo foi a posição de Lucas Di Grassi, que batalhou ferozmente só para conseguir marcar míseros 4 pontos, e terminar o ano numa melancólica 23ª colocação que ele mesmo admitiu como sendo sua pior temporada de todos na competição. Problemas e falta de competitividade do trem de força da Mahindra usado pela ABT podem ter minado as chances de Lucas obter bons resultados, mas a verdade é que a sorte não sorriu mesmo para Di Grassi em 2024, ainda mais se levarmos em consideração que a própria ABT conseguiu alguns brilhos ocasionais no ano, que acabaram restritos a Nico Muller, seu companheiro de time, que conseguiu até pódio na temporada, e finalizou numa até respeitável 12ª posição, com 52 pontos, algo admirável, à frente até de vários pilotos com carros mais competitivos, como a McLaren. Por mais que Lucas tenha batido na trave em várias corridas na luta pelos pontos, mesmo assim foi um desempenho bem ruim de um piloto que já foi campeão da categoria anos atrás. O jeito agora é esperar por melhor sorte na próxima temporada, e esperar, no caso da ABT, que o novo trem de força proporcionado pela associação Lola-Yamaha seja mais competitivo, enquanto Câmara busca um lugar melhor para tentar a sorte, se não conseguir deixar a ERT.