Já estamos no último mês de 2022, dezembro. Mais alguns dias, e estaremos em 2023. Realmente, o ano pareceu ter passado bem rápido, e felizmente, sairemos de 2022 muito melhor do que como começamos, em termos da pandemia da Covid-19, que aos poucos, vai ficando no passado, embora ainda mereça atenção e cuidados, lembrando que o desafio ainda não foi plenamente vencido, apesar de tudo. E, com o início do último mês do ano, é hora de mais uma edição da sessão Flying Laps, relatando alguns acontecimentos do mundo da velocidade neste último mês de novembro, com algumas novidades interessantes a serem mencionadas e comentadas aqui. Então, uma boa leitura para todos, e até a próxima edição da Flying Laps no início do próximo mês, já em janeiro de 2023, quando iniciaremos um novo ano...
De mudança de time para a temporada 2023 da MotoGP, Pol Spargaró e Alex Márquez muito provavelmente não sentirão saudades de sua passagem pela Honda. Pol, que defendeu o time de fábrica da marca nipônica nos dois últimos anos, não escondeu a frustração com o modo de trabalho da equipe, onde conseguiu poucos resultados, devido à má competitividade da moto, inicialmente ainda projetada para um estilo de pilotagem no qual apenas Marc Márquez conseguia extrair desempenho de nota com ela. O piloto defenderá a equipe GasGas, que utilizará motos KTM, marca que Pol defendeu antes de tentar a sorte na Honda em 2021 e 2022. Spargaró, contudo, apesar de classificar seu período no time japonês como o pior de sua carreira na MotoGP, não acha que os dois anos foram de perda total, afirmando que é nas dificuldades onde você costuma aprender mais, e que certamente o período em que passou defendendo a Honda trouxe lições importantes para seu desenvolvimento, que espera poder usar para voltar a evoluir na competição em seu novo time. Já Alex Márquez, que irá defender a Gresini no próximo ano, já ficou encantado com o equipamento no teste de fim de temporada realizado em Valência, afirmando que se sentiu competitivo logo de cara ao utilizar a moto da Ducati pela primeira vez, ainda que não tenha procurado estabelecer tempos significativos, procurando compreender o comportamento da moto, muito diferente da Honda que pilotou desde sua estréia na classe rainha do motociclismo, primeiro no time de fábrica, e mais recentemente no time satélite LCR, onde não conseguiu mostrar muita coisa. Um sinal mais do que claro de que a Honda vai precisar trabalhar muito para recuperar o respeito de seus pilotos, e consequentemente, voltar a ser protagonista no grid, o que só conseguiu fazer na última década graças a Marc Márquez, mas ficando completamente dependente dele, sem conseguir brilhar com outro piloto, e por conta disso, perdendo o rumo do melhor desenvolvimento de seu equipamento...
Não é só a Honda que precisa melhorar, e muito, para se recuperar na classe rainha do motociclismo. A Yamaha, apesar de ter disputado o título até a última etapa, com Fabio Quartararo, que foi campeão em 2021, tem muito trabalho para fazer até o início da próxima temporada. Em busca de mais potência, para tentar contrabalançar a maior força de motor das Ducati, e ter mais velocidade de reta, o time dos três diapasões iniciou testes com um novo motor que a princípio, pareceu apresentar boas perspectivas, mas que no teste coletivo de fim de temporada em Valência, não apresentou as melhoras esperadas, na opinião dos pilotos titulares do time. Cal Crutchlow, que atua como piloto de testes da Yamaha, foi contundente nas críticas, ao afirmar que, neste ano, tentando melhorar sua performance frente à Ducati, que no final de 2021 já assustava toda a concorrência no grid, a moto nipônica ficou mais nervosa, e por isso, exigia uma pilotagem mais agressiva por parte do piloto, o que Quartararo conseguiu fazer, mas Franco Morbidelli não, e muito menos os pilotos do time satélite na RNF, de modo que apenas o piloto francês conseguiu obter resultados expressivos, e mesmo assim, á custa de uma pilotagem no fio da navalha, sem margem para erros, os quais comprometeram a luta pelo título quando a Ducati acertou a mão de seu equipamento, frente a uma performance irrepreensível de Francesco Bagnaia. Para Crutchlow, a Yamaha precisa voltar à sua filosofia tradicional, que era uma moto dócil, flexível e estável, que conseguia compensar a menor velocidade de reta com um comportamento nas curvas que lhe permitia disputar de igual para igual, e por vezes, até melhor, do que os concorrentes. Para Cal, ao focar em recuperar a velocidade de reta, a moto ficou agressiva, perdendo sua estabilidade nas curvas, o que comprometeu o desempenho dos seus pilotos nesta temporada. Agora, o novo motor deveria permitir manter a recuperação de velocidade, e deixar o time desenvolver melhor a estabilidade da moto nas curvas, mas parece que o novo propulsor ainda não está rendendo o que se esperava, já que os resultados em Valência foram na contramão dos testes preliminares, o que exige uma análise dos dados, para tentar entender porque os resultados não se confirmaram. De qualquer maneira, o prejuízo da Yamaha foi claro neste ano: além de perder a luta pelo título de pilotos, a marca dos três diapasões também perdeu seu time satélite, que descontente com a performance do equipamento, e com o tratamento recebido da marca nipônica, vai competir com motos da Aprilia no próximo ano. Será que eles vão conseguir corrigir os problemas da moto para 2023? A conferir...
A Formula-E estará de cada nova na TV brasileira em 2023. O certame de carros monopostos 100% elétricos dividiu-se nos últimos dois anos entre a TV Cultura na transmissão em TV aberta, e no SporTV, nos canais pagos. Para a próxima temporada, contudo, as provas do campeonato, que entrará em sua terceira geração de carros, será exclusiva da Bandeirantes, inclusive com Sergio Mauricio confirmando a transmissão do certame durante a etapa de Abu Dhabi da F-1. Não foi divulgado, porém, como será o esquema de transmissão, mas as provas deverão estar na grade do canal pago Bandsports, que já transmite a a Nascar, a F-2, a F-3 e o Mundial de Superbike. A F-E reforça a aposta no automobilismo por parte do Grupo Bandeirantes, cuja grande estrela é, sem sombra de dúvidas, a F-1, que passou a transmitir desde o ano passado, e já garantiu a renovação por mais três temporadas. Certamente pesou na decisão da emissora o fato de em 2023 o Brasil estrear no calendário da competição dos carros elétricos, com uma etapa que será disputada em São Paulo, em pista que está sendo planejada junto ao Sambódromo e o Complexo do Anhembi.
O certame dos carros elétricos, aliás, retornará em 2023 para o formato de corridas com número de voltas pré-determinado, de acordo com a pista que será utilizada. Este modo de prova foi utilizado durante as primeiras quatro temporadas da competição, quando eram utilizadas a primeira geração de carros, nos quais os pilotos precisavam trocar de monoposto durante a prova, uma vez que as baterias não tinham autonomia para toda a corrida. Com o advento dos carros Gen2, com baterias mais evoluídas, o formato das provas passou a ser por tempo de duração, com 45 minutos + uma volta, sendo que os pilotos não precisavam mais trocar de carro. Este formato apresentou problemas nas etapas em que ocorreram muitos acidentes, já que o tempo de prova sob bandeira amarela diminuiu significativamente, frustrando os torcedores que queriam ver disputas na pista. Agora, com a introdução dos novos carros de terceira geração, as provas voltarão a ter um número de voltas a ser cumprido, e em caso de haver momentos de bandeira amarela em todo o circuito, a corrida ganhará algumas voltas adicionais, dependendo da duração da bandeira amarela.
Uma novidade que a F-E pretende introduzir na próxima temporada será o chamado “Attack Charge” (Carga de Ataque, numa tradução livre). Este recurso deverá substituir o já conhecido “Modo Ataque”, implementado com a introdução dos carros Gen2. De acordo com a direção da F-E, esta “Carga de Ataque” será introduzida em corridas selecionadas no final da nova temporada 9. Segundo eles, o desenvolvimento tecnológico das baterias e sistema de carga permitirão que os novos carros Gen3 recebam um impulso de energia durante a corrida. Para tanto foi desenvolvida uma bateria capaz de receber 4 kWh de energia em 30 segundos , e com uma parada obrigatória de 30 segundos da Carga de Ataque a ser realizado durante um período predeterminado da corrida desbloqueará dois períodos aprimorados do Modo de Ataque a serem implantados posteriormente na corrida, onde a potência dos carros de corrida de 3ª geração aumentará de 300 kW para 350 kW. Não foram divulgados maiores detalhes de como isso ocorrerá. Nas provas onde este recurso não for utilizado, os pilotos terão à sua disposição o Modo Ataque que todos já conhecem, quando os pilotos, ao passarem por um determinado trecho, ganharão potência extra para utilizarem durante alguns minutos da corrida. A direção da F-E queria tentar flexibilizar um pouco o recurso também, onde o modo ataque poderia ser sua utilização fracionada, e não direta, de uma vez, como foi visto nestas últimas quatro temporadas, mas a proposta, feita muito tardiamente, não agradou às equipes, que alegaram precisar estudar mais este tipo de recurso. Lembramos que para a próxima temporada o recurso do Fanboost foi eliminado, depois de estar presente deste a primeira corrida da competição.
Campeão da Indycar em 2021, o espanhol Álex Palou seguirá defendendo a Ganassi na categoria norte-americana de monopostos, mas terá uma ocupação extra em 2023: será piloto reserva da McLaren na F-1. Palou, aliás, tentou ir para o time de Woking na Indycar, após uma negociação atrapalhada em meio deste ano que criou muitos atritos com seu time, a ponto de Chip Ganassi ter entrado até na justiça para manter seu direito de opção contratual sobre o piloto, que no final, acabou se acertando com Chip, e permanecendo na equipe onde foi campeão. Palou fez dois testes com o carro de F-1 da McLaren, além de ter participado do primeiro treino livre do GP dos EUA, em Austin, e agora, em 2023, nos fins de semana em que não estiver ocupado com a Indycar, o espanhol estará presente nos boxes das etapas do campeonato da F-1 acompanhando todas as atividades da McLaren na pista e fora dela. O acordo de permanência na Ganassi na Indycar é válido para 2023, e muito provavelmente em 2024, ele vá para o time da McLaren na categoria, se não houver outros desdobramentos durante o próximo ano. O espanhol estava cotado para assumir a vaga de Daniel Ricciardo no time inglês na F-1 em 2023, mas as complicações junto à Ganassi, e a contratação de Oscar Piastri pelo time de Woking frustraram seus planos de vir para a F-1 como piloto titular, pelo menos, por enquanto. Mas, tudo indica que a categoria máxima do automobilismo continua na mira de Palou, com este acordo para ser reserva da escuderia inglesa na categoria...
A Toyota faturou mais um título no
Mundial de Endurance, e na etapa final, disputada na pista de Sakhir, no
Bahrein, deu de novo a equipe japonesa no degrau mais alto do pódio, com o trio
Mike Conway/Kamui Kobayashi/José Maria López,
pilotando o carro Nº 7. Mas foi o trio do outro carro da marca, o Nº 8, composto
por Ryo Hirakawa/Sébastien Buemi/Brendon Hartley que sagrou-se campeão da
temporada 2022, terminando a prova na 2ª colocação, e garantindo à marca
nipônica a dobradinha no pódio barenita, totalizando 149 pontos. Mas, o carro
Nº 7 da Toyota, por incrível que pareça, terminou a temporada em 3º lugar. Isso
mesmo: Conway, Kobayashi, e Maria López marcaram 133 pontos, e perderam o
vice-campeonato para o carro 36 da Alpine, conduzido pelo trio André Negrão/Nicolas
Lapierre/Matthieu Vaxiviere. O carro da Alpine, aliás, deu trabalho para os
Toyotas durante a temporada, onde venceu duas etapas, e inclusive chegou para a
etapa derradeira do campeonato empatada com o carro Nº 8 da Toyota. No calor do
deserto de Sakhir, contudo, a melhor forma do carro japonês fez valer sua
força, de modo que o carro francês teve de se render à 3ª colocação, e mesmo
assim, garantindo ao brasileiro André Negrão o título de vice-campeão da
temporada 2022 do WEC na categoria principal, a dos Hypercars, feito que não é
de se desprezar.
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