sexta-feira, 8 de abril de 2022

FUTURO EM DÚVIDA?

Voando alto, no mau sentido da expressão: Marc Márquez sofreu forte acidente na Indonésia, e perdeu duas provas por causa do retorno da diplopia desencadeada pela concussão do tombo.

           
Marc Márquez está de volta, de novo... O hexacampeão já havia feito seu retorno na primeira corrida desta temporada, após se recuperar de um problema de diplopia decorrente de uma concussão sofrida em um treino de motocross em outubro passado, o que fez com que ele perdesse as duas últimas corridas da temporada de 2021. Recuperado, o piloto da Honda, contudo, sofreu uma forte queda no warm-up da segunda corrida de 2022, na Indonésia, o que o tirou da corrida, na nova postura mais comedida das autoridades médicas da MotoGP para casos de acidentes sofridos no fim de semana de corrida.

            E aí, o problema da diplopia voltou, mas felizmente, sem a mesma gravidade do incidente anterior, e portanto, com a chance de uma recuperação bem mais rápida. Isso, contudo, fez o espanhol ficar de fora do GP da Argentina, disputado domingo passado em Thermas de Rio Hondo. Mas, havia a incerteza se Marc poderia correr em Austin, já neste final de semana. Pelo sim, pelo não, a Honda chegou a divulgar que, na hipótese mais conservadora, só contaria com seu piloto na etapa seguinte, em Portugal, daqui a duas semanas. Mas a recuperação se mostrou rápida, e Márquez já conseguiu liberação médica para correr neste fim de semana, voltando justamente à pista onde tem sido mais favorito do que nunca, com sete vitórias no currículo. Se tem uma pista onde o hexacampeão pode mostrar do que é capaz, é no Circuito das Américas, onde a classe rainha do motociclismo está acelerando neste final de semana, com largada prevista para as 15 horas deste domingo, horário de Brasília, com transmissão ao vivo pelo canal pago ESPN 4, e também pelo serviço de streaming Star +, na internet.

            Mas, é preciso admitir: a sequência da carreira do hexacampeão ficou um pouco em dúvida, diante dos percalços sofridos nos últimos dois anos. Não foi pouca coisa o problema que afetou seu braço, fraturado em acidente na primeira corrida de 2020, que acabou se complicando diante da tentativa de voltar a competir já na semana seguinte, mesmo após a operação para tratar da fratura. Ao forçar a barra, Marc exagerou na dose, e precisou de nova cirurgia que só ajudou a complicar ainda mais tudo, por causa de uma infecção que surgiu na nova operação, o que fez com a “Formiga Atômica” perdesse todo o restante do ano de 2020, e até o início de 2021, já que foi necessária nova intervenção cirúrgica para tratar a infecção, e o problema da fratura já mencionada. E, depois, o problema com a diplopia, que o fez perder o fim da temporada 2021, e agora, após novo acidente, colocou novamente em risco suas condições, fazendo-o perder duas provas, e por pouco não ficando de fora de uma terceira. Para alguns, poderia ser um sinal até de encerramento precoce da carreira de um dos maiores talentos da história do motociclismo mundial.

Outros acidentes sofridos por Marc Márquez: Áustria, em 2016 (acima), e Tailândia, em 2019 (abaixo). O piloto da Honda deu sorte de escapar quase ileso de vários acidentes, mas uma hora a sorte acabaria...



            Exagero? Talvez. Mas é preciso lembrar que competições do esporte a motor são por natureza, cheias de riscos, e no caso das competições de motos, o perigo é redobrado. Nos carros, há toda a estrutura de proteção do veículo pensada para resistir e proteger a integridade do piloto, e mesmo assim, dependendo de como se dá um acidente, mesmo a melhor das proteções pode não fazer nenhuma diferença, e ocorrer o pior. E, no caso das motos, a proteção é muito mais reduzida. O capacete e o macacão que os pilotos usam são praticamente as únicas proteções com que ele pode contar, e mesmo assim, ainda é preciso uma boa dose de sorte para que o acidente não seja azarado. Se sair da pista, há o risco da moto capotar e atingir o piloto, que não tem como se desviar do projétil que sua moto se tornou, por exemplo. E, se cair na pista, precisa torcer para não ser atingido por mais ninguém, algo muito complicado dependendo de onde ocorre, pois se estiver em um bolo de competidores, é preciso muita sorte para que ninguém atropele o acidentado, e com isso piore toda a situação. E não podemos esquecer das sequelas que estes momentos podem gerar, que vão dos mínimos, sem nenhum percalço, aos mais complicados, que podem de fato comprometer todas as condições do piloto seguir adiante na carreira de competidor profissional.

            Por isso mesmo, os recentes reveses sofridos por Marc Márquez devem ser vistos com cuidado. Ele não é o primeiro grande campeão que pode ter a carreira abreviada por tombos e quedas, e muito menos será o último. E preocupa as sequelas sofridas, a ponto de se recomendar certa cautela na condução da moto, o que pode ser complicado se você quer competir no mais alto nível. Desde que estreou na classe rainha do motociclismo, em 2013, a “Formiga Atômica” surgiu como um verdadeiro meteoro: foi campeão logo de cara, e bicampeão consecutivo, arrasando os rivais na pista, sem dó nem piedade. Seu estilo agressivo e determinado o levaram a conquistar nada menos do que seis títulos na MotoGP, que só não foram todos consecutivos porque ele acabou derrotado em 2015, terminando a temporada na 3ª colocação. E, claro, ficando de fora da disputa do título em 2020 e 2021, justamente por conta dos acidentes sofridos. Não que Márquez não tenha sofrido acidentes entre 2013 e 2019. O espanhol caiu várias vezes, e não foram poucas as quedas que ele poderia ter evitado se fosse com menos sede ao pote, sempre procurando o melhor resultado possível, mesmo quando não havia condições, ou mesmo necessidade disso. Mas até 2019, apesar dos acidentes, os tombos sofridos raramente criaram problemas de saúde para Marc, que escapou de todos eles com ferimentos mínimos, ou no máximo um grande susto. Mas escapar incólume de vários tombos pode deixar um piloto confiante demais, e uma hora, a sorte de escapar sem maiores problemas pode acabar. E para Márquez, acabou naquele tombo na primeira prova de 2020. Talvez a extrema confiança na própria capacidade de recuperação, e no histórico de ter conseguido se livrar dos percalços anteriores sem maiores consequências tenham contribuído para ele forçar o seu retorno para o fim de semana seguinte, e na tentativa de apressar sua recuperação em casa, com exercícios que foram demasiado fortes para o braço ainda em convalescença.

            E agora, pode ficar o receio de que qualquer tombo pode gerar sequelas com as quais Marc não contava em seus tempos de sorte quando escapava da maioria dos tombos sem nenhum problema. Fim de carreira é um evidente exagero, mas podemos dizer que os tempos de Marc Márquez 100% impetuoso ao volante terão de ficar no passado, se ele quiser ao menos se preservar mais na competição. Na verdade, ele já vinha alterando seu modo de condução da moto, sem ser mais tão atirado quanto antes, adotando um estilo mais cerebral e calculado, sem se arriscar tanto quanto antes. Mas, por vezes, no calor da competição, a precaução acaba em segundo plano, e o desejo incontrolável de competir a pleno pode voltar a se impor, trazendo de volta os riscos mais elevados, onde mora o perigo de acabar sofrendo novos acidentes.

Mas não precisa ser assim. Márquez já é um gigante do esporte em duas rodas, e dotar um estilo mais cauteloso não significa ser menos competitivo. É só uma questão de passar a usar a experiência para tentar prevenir alguns gestos desnecessários na condução da moto, sabendo quando pode ir mais longe nas disputas, e quando não deve fazê-lo. No ano passado mesmo, ele já precisou se adaptar para poder encarar sua condição de competição ainda não 100% recuperado totalmente, enquanto recuperava seu ritmo de competição, depois de tantos meses afastado das pistas. Algo normal, e ele mostrou que seu talento continua lá, ao vencer três corridas em 2021. Até Valentino Rossi precisou se adaptar e mudar seu estilo de pilotagem para continuar competindo em alto nível, enfrentando garotos muito mais novos e muito mais arrojados do que ele. Márquez pode fazer o mesmo, e ele não apenas tem talento e capacidade, como ainda é bem jovem (tem apenas 29 anos). Para melhorar o panorama, depois de sofrer nos últimos dois anos com uma moto temperamental que só Márquez conseguia conduzir para levar o time às vitórias e ao título, a Honda entendeu o recado, e produziu um novo protótipo bem mais “manso”, que não é tão arisca e instável, e por tabela, muito mais dócil de ser domada e levada ao limite, tanto que em determinados momentos, Pol Spargaró conseguiu andar até na frente do hexacampeão, algo que até um tricampeão como Jorge Lorenzo não conseguiu quando defendeu o time nipônico. Com um equipamento mais “neutro”, Márquez pode se expor menos aos riscos de se levar a moto ao limite, e além dele. Mas os riscos nunca deixarão de existir, pois o motociclismo é um esporte de risco bem mais elevado do que as demais competições do mundo do esporte a motor. Mas ele pode minimizar as possibilidades de sofrer novos acidentes, e com isso, baixar a expectativa de sofrer novos problemas de saúde, já que toda queda pode vir a ser um risco de maior potencial agora. É apenas um temor, não uma certeza, mas obviamente nem ele e nem ninguém quer confirmar isso com certeza. Por isso mesmo, é coerente com o que o piloto declarou nesta quinta-feira, de que até poderia ter competido na etapa da Argentina, mas depois de se aconselhar com os médicos, resolveu não arriscar, e descansar mais um pouco a fim de ter uma recuperação mais efetiva.

Hexacampeão está de volta, para disputar o GP dos EUA, no Circuito das Américas, onde já venceu sete vezes. Vai tentar a oitava vitória?

           
Marc Márquez precisa se “acostumar” com sua “mortalidade”, e lembrar que todo acidente é sempre um risco potencial de tudo dar errado. Ele já teve momentos ruins antes de chegar na classe rainha, mas o sucesso, e a sorte em escapar com relativa facilidade dos tombos que teve depois o acostumaram mal a sair sempre pronto para outra. Mais recuperado, ele pode voltar a brilhar na MotoGP como sempre brilhou, mas sem exagerar tanto, lembrando que no ano passado, tentando domar a moto arisca da Honda, ele sofreu alguns acidentes onde teve sorte novamente de não se machucar. Mas, quando a sorte não foi tão generosa, as consequências se impuseram de forma forte. Agora vamos ver como o hexacampeão vai se comportar na pista, e ver se ele também tem sorte de não se acidentar, o que nem sempre acontece por culpa do piloto, o que foi o caso do acidente em Mandalika. Com a aposentadoria de Valentino Rossi, Marc Márquez é o grande astro em atividade na classe rainha atualmente. Que ele possa continuar brilhando por mais tempo, e retome integralmente sua carreira na competição, depois de tantos reveses, conseguindo sempre se levantar depois de cada queda sofrida, dentro das possibilidades...

 

 

E a F-1 está de volta à Austrália, após dois anos sem disputar o GP em Melbourne. E a categoria máxima do automobilismo vai encontrar um circuito bem modificado no seu retorno ao Albert Park, que aproveitou o momento de suspensão das corridas para dar um trato na pista, e efetuar mudanças que ajudem a deixar a corrida bem mais disputada na etapa australiana, que há anos vinha sofrendo críticas de ser um circuito de ultrapassagens extremamente difíceis. Vários trechos foram reformados, e seu traçado, levemente alterado, de modo que a extensão da pista ficou 24 metros menor. Mas deverá ser uma pista bem mais rápida, primeiro porque algumas curvas foram suavizadas, formando trechos de aceleração mais plena. A extinção de um chicane no segundo setor da pista, cuja utilidade para disputas de posição nunca foi efetiva, também ajuda a tornar a pista mais veloz. E alguns trechos, como as curvas 1, 6 e a penúltima curva, ganharam metros adicionais de asfalto, alargando o traçado, com vistas a oferecer aos pilotos mais de uma linha de trajetória potencial nestes locais, facilitando as disputas de posição. E deveremos ter muita ação neste aspecto, já que para a prova de domingo, o circuito australiano terá nada menos que quatro zonas de ativação do DRS, o que certamente vai turbinar os duelos na pista. E o Albert Park é mais uma pista com características próprias, apesar das mudanças, diferente do que vimos em Sakhir e em Jeddah, de modo que será um novo e valioso teste para as novas regras técnicas da F-1. Depois de vencer na abertura da temporada com Charles LeClerc, a Ferrari acabou vendo a rival Red Bull faturar a prova da Arábia Saudita. Quem vai se sair melhor na Austrália, é o que todos perguntam. A Ferrari prefere não cantar vitória, e o time dos energéticos fala que os ferraristas tem um carro mais completo em performance, mostrando ambos um típico jogo de desviar o favoritismo para o rival. Todos aguardam ansiosamente pelos resultados dos treinos livres, que poderão nos dar a resposta mais exata de quem deve dar as cartas no Albert Park. A corrida em Melbourne também traz de volta ao torcedor brasileiro a experiência de acompanhar uma corrida da F-1 em plena madrugada, experiência que ficou faltando nos últimos dois anos, devido à pandemia, já que as corridas no Extremo Oriente acabaram canceladas. A prova deste domingo tem largada programada para as 2 horas da madrugada, com transmissão ao vivo da TV Bandeirantes, que iniciará as transmissões uma hora antes.

As obras deixaram a pista do Albert Park mais veloz para o retorno do GP da Austrália ao campeonato de F-1, após dois anos, por causa da Covid-19.

 

 

A equipe Haas chega à Austrália torcendo para nada de errado acontecer na pista. O motivo é que a escuderia não conseguiu reparar o carro de Mick Schumacher, que bateu forte na classificação para a etapa da Arábia Saudita, em Jeddah, na semana retrasada. Então, a equipe não conta com um chassi reserva no Albert Park, e se algum de seus pilotos acabar se acidentando, o time certamente ficará desfalcado para a corrida, dependendo do estrago. Melhor começarem a fazer figa brava para tudo correr bem...

 

 

A Formula-E volta a acelerar neste final de semana, com o ePrix de Roma, nas ruas da capital da Itália, em mais uma rodada dupla, com corrida tanto neste sábado quanto no domingo. As duas provas têm largadas programadas para as 10 horas da manhã, com transmissão ao vivo pela TV Cultura e no SporTV 3. Após três provas disputadas, Edoardo Mortara lidera o campeonato com 43 pontos, seguido pelo atual campeão Nicky De Vries, com 38 pontos. Pascal Wehrlein vem em 3º lugar, com 30 pontos, após vencer a última corrida, na Cidade do México, estando empatado em pontos com o companheiro de equipe André Lotterer.

 

 

Depois de ter tido tempos mais tranquilos nos últimos anos, inclusive com a volta do “bump day”, a Indycar está tendo problemas para completar o grid para as 500 Milhas de Indianápolis deste ano. Com menos de dois meses para a corrida mais famosa do continente americano, 32 nomes estão confirmados no grid, para 33 vagas disponíveis. E está faltando candidatos para ocupar esta última vaga, uma vez que os nomes mais viáveis que poderiam engrossar o grid desistiram por falta de carro, ou falta de condições financeiras. A direção da categoria está até fazendo reunião com as equipes, para ver se alguém consegue disponibilizar um carro para preencher todas as vagas do grid, mas até o presente momento, o esforço não tem conseguido dar resultado. Já foi feita uma reunião no Texas, e mais uma tentativa será feita neste final de semana, onde a Indycar disputa uma das mais badaladas provas do campeonato, o GP de Long Beach, na Califórnia. Vamos ver no que vai dar, do contrário, seria o primeiro grid “incompleto” da Indy500 de que há memória. A prova de domingo começa às 16 horas, com transmissão tanto pela TV Cultura quanto pela ESPN 4, e pelo Star+.

 


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