quarta-feira, 6 de abril de 2022

FLYING LAPS – MARÇO DE 2022

            Pois é, o mês de março veio, e já se foi, testemunhando o início de vários campeonatos do mundo do esporte a motor, como a MotoGP, Fórmula 1, entre outros, e cá estamos nós já avançando pelo mês de abril, com as etapas de vários certames sendo realizadas em todos os lugares. E, no início de cada vez, é hora de mais uma edição da sessão Flying Laps, relatando alguns acontecimentos do mundo da velocidade que tivemos neste último mês, sempre com alguns comentários rápidos a respeito. Então, desejo a todos uma boa leitura a todos, e até a próxima edição da Flying Laps no mês de maio...

Rubens Barrichello teve um fim de semana impecável na rodada dupla de Goiânia, no campeonato da Stock Car Brasil. A prova, disputada no anel externo do circuito da capital de Goiás, viu Barrichello arrancar a pole-position para a primeira prova do fim de semana, e Rubens fez valer o privilégio de largar na frente para comandar a corrida de ponta a ponta, recebendo a bandeirada em primeiro lugar. Mesmo as entradas do Safety Car não conseguiram ser aproveitadas pelos rivais para desbancar o piloto da Fulltime da primeira colocação. Barrichello ainda foi ao box para a parada obrigatória sem perder a liderança, mas teve sempre alguém nos calcanhares, impedindo-o de abrir maior vantagem e ir embora na frente. Cesar Ramos, da equipe Ipiranga, chegou bem perto, mas Rubens se manteve no controle o tempo todo, recebendo a bandeirada de chegada com 2s de vantagem. Julio Campos, da Lubrax Podium, fechou na 3ª colocação. Ricardo Zonta, que vinha em uma corrida combativa, teve de pagar uma punição por ter queimado a largada, despencando para o 21º lugar ao fim da corrida.

 

 

Mas o bom momento de Barrichello na etapa de Goiânia não ficou apenas na vitória da primeira corrida do fim de semana. Com o grid invertendo as 10 primeiras posições da chegada da primeira corrida, para a largada na segunda prova, Rubens partiu em 10ª, e foi para cima dos concorrentes à sua frente, ganhando posições na prova. E logo, o piloto já estava de novo na liderança da corrida, após aproveitar todas as oportunidades que se apresentaram para superar os concorrentes. Na parte final, ainda teve uma entrada do Safety Car, devido a um toque entre Lucas Foresti e Renato Braga, que acabou motivando o encerramento da segunda corrida em bandeira amarela, e garantindo o segundo triunfo consecutivo de Barrichello em Goiânia, com o piloto da Fulltime acumulando agora oito triunfos na pista. Ricardo Maurício terminou em 2º lugar, com Diego Nunes fechado o pódio em 3º lugar. Daniel Serra, que vinha numa forte recuperação na parte final da prova, teve que se contentar com o 4º lugar, sem ter como discutir a posição final do pódio com Nunes, devido à bandeira amarela que encerrou a corrida. Com um 5º lugar na primeira corrida, e um modesto 16º posto na segunda corrida, Gabriel Casagrande saiu de Goiânia ainda na liderança do campeonato, com 63 pontos, um à frente de Thiago Camilo, que fez um 6º e um 5º lugares nas corridas do fim de semana, chegando aos 62 pontos, e por pouco não assumindo a liderança da competição. Com os pontos das duas vitórias em Goiânia, Rubens Barrichello foi para a 3ª colocação no campeonato, com 56 pontos, superando Daniel Serra, que ocupa a 4ª colocação, com 54 pontos. Cesar Ramos vem na 5ª posição, com 46 pontos. A próxima corrida da Stock Car será no Rio de Janeiro, no circuito que será montado nas pistas do Aeroporto do Galeão, um traçado inédito na categoria, comemorando o retorno da Stock Car à capital do Estado, que estava de fora do calendário da competição desde a destruição do autódromo de Jacarepaguá há anos atrás, perpetrada pelas picaretagens dos cartolas que acabaram com a pista para a construção da vila olímpica para os jogos pan-americanos e olímpicos, e cujas estruturas atualmente encontram-se bem deterioradas, num claro descaso para com o esporte como um todo...

 

 

A Penske segue invicta na Indycar 2022. Depois de Scott McLaughlin ter faturado sua primeira vitória na categoria, nas ruas de São Petesburgo, na Flórida, na corrida de início da temporada, foi a vez de Josef Newgarden vencer a segunda corrida, no circuito oval do Texas, em Forth Worth. E foi um triunfo na última curva da última volta, com o bicampeão conseguindo superar justamente McLaughlin na linha de chegada, impedindo o líder do campeonato de vencer pela segunda vez e abrir ainda mais vantagem na classificação. E a Penske por pouco não monopolizou o pódio na pista oval: Will Power terminou em 4º lugar, com Marcus Ericsson, da Ganassi, tendo fechado o pódio com o 3º lugar na corrida. Com os resultados das duas corridas disputadas até aqui, Scott McLaughlin segue líder do campeonato, com 97 pontos. Will Power é o vice-líder, com 69 pontos, uma diferença de 28 para o companheiro de equipe. Na terceira colocação vem o atual campeão, Álex Palou, com 67 pontos, seguido por Josef Newgarden, com 65 pontos, recuperando-se depois de um desempenho aquém das expectativas na primeira corrida. Marcus Ericsson vem logo atrás, com 58 pontos, em 5º lugar. Scott Dixon é o 6º colocado, com 55 pontos. Depois de ter tido um resultado bem aceitável em São Petesburgo com Colton Herta e Romain Grosjean, a prova do Texas foi decepcionante para o time da Andretti: Herta foi um modesto 12º lugar na corrida, enquanto Alexander Rossi, que fora apenas 20º classificado na primeira corrida, abandonou a prova logo no início, e pouco tempo depois, ainda viu Grosjean também retirar-se da competição com problemas mecânicos no carro. Isso derrubou os pilotos do time na classificação do campeonato, com Colton Herta ocupando a 7ª colocação, com 50 pontos, e Romain Grosjean vindo em 10º, com 35 pontos. Rossi é apenas o 27º, com apenas 16 pontos. O time ainda tem Devlin DeFrancesco, que vem em 28º, com 14 pontos. Parece que a Andretti vai ter alguns problemas para desafiar a Penske e a Ganassi este ano, mais uma vez...

 

 

Se o time de Michael Andretti resolveu dispensar Ryan Hunter-Reay depois de anos de baixos resultados na escuderia, trocando-o por Romain Grosjean, o que até aqui pareceu ter sido uma boa troca de titulares, o mesmo não se pode dizer da contratação de Devlin DeFrancesco no lugar de James Hinchcliffe, pelo menos no que se viu nestas duas primeiras corridas. O canadense mostrou o seu noviciado em São Petesburgo, terminando a prova apenas em 20º lugar, algo compreensível. Mas, no Texas, DeFrancesco chamou a atenção pelas confusões que arrumou na pista. Primeiro acabou dando uma leve fechada que levou Kyle Kirkwood a pisar na “faixa da morte” do composto PJ1 que deixou um trecho do circuito texano escorregadio como sabão, fazendo o piloto da Foyt ir parar no muro. Depois, Devlin ainda forçou para tentar ultrapassar Graham Rahal, tocando no carro do rival, que por sua vez, acabou acertando o carro de Hélio Castro Neves, com os três pilotos indo parar no muro, e dizendo adeus à corrida, o que certamente deve ter deixado os demais pilotos mais tranquilos pelo canadense ter ficado fora da prova também. Helinho não ficou nada contente com a atitude do novato, e disse que ele precisa aprender a ser mais responsável na pista. Graham Rahal também estava bastante irritado com o ocorrido. E o canadense também arrumou confusão com Takuma Sato, completando um dia pra lá de atribulado no Texas. Helinho enfatizou ainda que a manobra tentada pelo novato seria compreensível se fosse nas voltas finais da corrida, quando a disputa se torna mais intensa por posições, mas com a corrida pela metade, não era hora de arriscar daquele jeito. Vejamos como o novo reforço da Andretti vai se posicionar nas próximas corridas...

 

 

Se Devlin DeFrancesco mostrou comportamento questionável na corrida do Texas, por outro lado a primeira corrida da Indycar em circuito oval serviu para lavar a alma de Jimmie Johnson, heptacampeão da Nascar, e que resolveu dar novo rumo à sua carreira na Indycar, onde teve uma temporada de aprendizado difícil no ano passado, andando sempre na parte final do grid, tentando se acostumar ao modo de condução dos carros monopostos da categoria. Decidido a também correr nas pistas ovais este ano, Jimmie retornou a um ambiente mais familiar à antiga categoria: os circuitos ovais, e pelo menos em Forth Worth, o piloto mostrou a que veio: terminou em 6º lugar, logo atrás de ninguém menos que Scott Dixon, que foi o 5º colocado, depois de fazer uma corrida combativa e arrojada, fazendo todo mundo esquecer as performances fracas vistas até agora nos circuitos mistos e de rua onde competiu. O piloto ainda afirmou que precisou ser conservador na parte final da corrida, porque deu pane na telemetria, e ficou sem os dados de consumo de combustível, de modo que precisou aliviar um pouco para evitar de sofrer uma pane seca. Modéstia à parte, o piloto pareceu ter tirado um grande peso das costas, e agora terá pela frente o maior desafio do campeonato em se tratando de pistas ovais: as 500 Milhas de Indianápolis, no mês de maio. Mas Johnson afirma que está bem mais aliviado, sem pressão, e que a experiência da corrida em Forth Worth certamente será mais do que útil para encarar o Indianapolis Motor Speedway, que felizmente terá várias sessões de treinos que irão ajudar a se aclimatar com mais facilidade para a disputa da corrida mais famosa do calendário da Indycar. Mas, enquanto isso, ele terá as provas de Long Beach e do Alabama, além do GP de Indianápolis, para ir evoluindo sua performance ainda abaixo das expectativas em pistas mistas e urbanas. Mas Jimmie já mostrou que seu talento está lá, como sempre esteve. Agora, é ver se consegue terminar de pegar o jeito para conseguir mostrar a mesma desenvoltura nos demais circuitos do campeonato...

 

 

Por problemas de logística, além de contenção de custos para todas as equipes, a direção da Indycar, de comum acordo com todos, resolveu adiar novamente a introdução dos novos propulsores híbridos na categoria. Antes previstos para 2023, data que já havia sido postergada em virtude da pandemia da Covid-19, agora os novos motores farão sua estréia somente na temporada de 2024. Honda e Chevrolet, os atuais fornecedores da Indycar, gostaram do adiamento, uma vez que poderão desenvolver com mais calma o projeto, e o tempo adicional também lhes proporcionará condições para melhorar o fornecimento das peças de alta tecnologia necessárias para seus respectivos projetos, cuja cadeia de fornecimentos ainda não foi normalizada, apesar do arrefecimento da pandemia do coronavírus. Apesar do adiamento, foi levado a cabo na pista de Indianápolis o primeiro teste com as novas unidades, contando com a participação das equipes Penske e Ganassi. Mesmo com as condições desfavoráveis – fazia um frio danado, e até choveu, o que motivou a extensão do teste de 2 para 3 dias, os profissionais envolvidos de ambas as equipes e fornecedores relataram que a experiência foi muito proveitosa, e que todos conseguiram obter excelentes feedbacks para seus projetos. A Indycar usa atualmente propulsores V-6 biturbos de 2,2 litros, que serão substituídos por novas unidades V-6 de 2,4 litros com tecnologia híbrida, similar à utilizada na F-1, mas em uma configuração bem mais simples e menos custosa. A mudança das regras de propulsores também visa trair novos fornecedores para a competição, que há anos está restrita à Honda e Chevrolet fornecendo motores para todas as equipes. O adiamento em um ano da introdução dos novos sistemas também é visto como mais uma oportunidade para fabricantes potenciais se decidirem por investir na Indycar, a exemplo do que a F-1 vem fazendo, com a perspectiva de Audi e Porsche ingressarem na categoria máxima do automobilismo em 2026, quando o regulamento das unidades de potência mudará. Há algum tempo atrás, o Grupo Lotus chegou a fornecer propulsores para a Indycar, mas a performance era tão ruim que os poucos times que arriscaram utilizar o equipamento logo rescindiram seus contratos, diante da falta de competitividade dos motores, correndo atrás dos já confiáveis e competitivos Honda e Chevrolet. O esforço da categoria para atrair novos fornecedores é válido, e nos seus tempos áureos, a antiga F-Indy, nos anos 1990, contava com um bom leque de fornecedores na competição, entre eles a Chevrolet e a Honda, além da Ford e Toyota, tendo tido também participações menores da Judd e da Porsche, que acabaram encerrando suas participações na categoria justamente pela falta de resultados de seus equipamentos. Seria positivo a atual Indycar conseguir pelo menos mais um fornecedor de motor. Resta esperar que alguém se interesse em entrar na parada, e ajuda a diversificar o leque de equipamentos da categoria...

 

 

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