sexta-feira, 26 de novembro de 2021

SÉBASTIEN OGIER OCTA NO WRC

Sébastien Ogier conquistou o título do Mundial de Rali de 2021, e com categoria, vencendo 5 provas na temporada, como no Rali da Sardenha, onde fez os rivais mais uma vez comerem sua poeira.

            A temporada 2021 do Campeonato Mundial de Rali consagrou mais uma vez o francês Sébastien Ogier, que chegou a nada menos do que seu oitavo título na competição, escrevendo definitivamente seu nome entre os anais da competição off-road mundial. O piloto francês, que garantiu à equipe Toyota o seu terceiro título consecutivo na competição off-road, venceu nada menos do que 5 provas na temporada, de um total de 12 etapas, e levou o título com muitos méritos, mas não sem ter de suar o macacão, em especial com competição dentro da própria equipe, tendo o britânico Elfyn Evans como grande rival na luta pelo título. Ogier chegou ao título com 230 pontos na temporada, contra 207 de Evans, que ficou com o vice-campeonato, garantindo uma dobradinha para a Toyota. Uma diferença de apenas 23 pontos, que pode parecer muito, mas não foi tanta assim, já que pode se marcar até 30 pontos por etapa, dependendo do desempenho nos treinos e fases da etapa. Qualquer revés poderia ter sido fatal para cada um deles, e estamos falando de competições off-road, onde tudo pode ser imprevisível, bem diferente das competições realizadas em autódromos, onde as condições são mais conhecidas e controladas.

            Com sete presenças no pódio cada um, pesou na conta os triunfos de Ogier, 5, contra apenas 2 de Evans. O francês acumulou também 2 terceiros lugares. Já o britânico, apesar de vencer menos, conseguiu mais constância em terminar no pódio, com 5 segundos lugares, mostrando que ele estava ali por perto para abocanhar a vitória. Algo que só não foi mais efetivo porque destes segundos lugares, 4 deles foram obtidos assistindo à vitória do piloto francês. Mas a constância de Elfyn colocou sempre pressão sobre Ogier, que não podia pisar em falso e ficar longe de resultados pontuáveis. Tanto que a pior colocação de Evans foi o 10º lugar no Rally Safari, enquanto Ogier amargou uma 20ª colocação na etapa do Rali do Ártico, a segunda etapa do campeonato, no que foi a única etapa em que Ogier não acabou classificado nos pontos.

            O feito de Ogier garante a ele a segunda posição mais alta nos anais do Mundial de Rali, com o francês ficando abaixo somente de seu rival e compatriota Sébastien Loeb, com seus incríveis nove títulos conquistados na história da competição. Curiosamente, ambos agora compartilham similaridades, e também causaram certa frustração em seus fãs. Isso porque Ogier, a partir de 2022, não pretende mais participar do Mundial de Rali de forma integral, preferindo participações ocasionais, para dedicar-se a outros projetos, atitude que Loeb também tomou anos atrás. Loeb, que chegou à incrível marca de 9 títulos no WRC, tem seu feito muito valorizado por terem sido 9 títulos consecutivos na competição, obtidos entre 2004 e 2012. Quando anunciou que a partir de 2013 não iria mais correr o mundial em tempo integral, ficou a enorme dúvida se ele conseguiria chegar ao seu 10º título, e conseguir um score perfeito de 10 títulos em 10 anos no campeonato. A dúvida ficou mais permanente porque, das apenas 4 etapas que Loeb participou em 2013, ele venceu 2 e subiu ao pódio em 2º em outra, abandonando a outra etapa. Para muitos, ele poderia muito bem ter faturado o seu 10º título, e ostentar um currículo ainda mais impressionante.

            E agora, Ogier, que por coincidência iniciou seu reinado justamente em 2013, quando Loeb desistiu de participar do WRC a tempo integral, toma o mesmo caminho, mas com um troféu de campeão a menos que seu compatriota. Todos se perguntavam se ele conseguiria igualar, e quem sabe, superar as conquistas de Loeb. Bom, sejamos justos: ele tentou. Foram 8 títulos desde 2013, mas tendo perdido a disputa em um ano, 2019, quando acabou em 3º lugar, sendo superado por Ott Tanak, o campeão, e por Thierry Neuville, que conquistou naquele ano seu quarto vice-campeonato consecutivo. O piloto belga, aliás, foi o maior derrotado nas confrontações com Ogier, tendo amargado o segundo lugar nas temporadas de 2013, 2016, 2017, e 2018, para não mencionar que este ano, ele terminou a temporada em 3º lugar, defendendo a Hyundai, recuperando um pouco o terreno perdido em 2020, quando finalizou o ano em quarto na competição. Apesar de ter vencido duas provas, o belga perdeu terreno ao ficar sem pontuar bem em alguns momentos, permitindo que a dupla da Toyota escapasse na dianteira. Mas se saiu melhor que Ott Tanak, que foi campeão em 2019, mas este ano terminou a temporada em 5º lugar, com apenas 126 pontos, contra 176 de Neuville. O belga venceu duas provas, enquanto Tanak, apenas uma. E para a Toyota, além de ter feito 1-2 na temporada, com Ogier campeão e Evans vice-campeão, também teve o finlandês Kalle Rovanperä terminando em 4º lugar, tendo vencido duas provas este ano, que somadas aos triunfos do campeão e vice, rendeu à Toyota nada menos do que 9 vitórias na temporada, sobrando as restantes 3 vitórias no ano para a rival Hyundai, que amargou uma boa derrota na competição para o time nipônico.

Como Sébastien Ogier agora pretende correr apenas eventualmente no WRC, a menos que volte a atrás em 2023, ele estaciona em seus oito títulos, tendo perdido a chance de igualar o feito do compatriota com seus nove canecos consecutivos, um feito que muitos de seus fãs, e do WRC, gostariam de vê-lo conseguir, para não mencionar aqueles que sonhavam com Ogier indo além e faturando um 10º título.

Seja na neve, no barro, ou na terra, Ogier até teve que suar um pouco o macacão este ano, mas novamente mostrou sua classe no mundial off-road.

            Mas, com menos títulos que Loeb, Ogier tem um feito a mais para se orgulhar na medição de forças com seu compatriota: enquanto Loeb venceu todos os seus campeonatos defendendo uma única equipe, a Citroen, Ogier faturou seus títulos por três marcas diferentes. As temporadas de 2013, 2014, 2015, e 2016 foram pela Volkswagen; as de 2017 e 2018 pela Ford; e as de 2020 e 2021 pela Toyota. Conquistas que não podem ser menosprezadas. Sébastien Loeb venceu 79 provas, em 180 participações, tendo subido ao pódio 119 vezes. Ogier faturou 54 provas de um total de 168 participações, com 91 pódios. Dois currículos gigantescos, que agora fazem parte da história do Mundial de Rali, com todos os méritos de seus detentores.

            Para 2022, Elfyn Evans é tido como o homem a ser batido, na ausência de Sébastien Ogier. Será que o britânico aproveitará a chance sem o vitorioso parceiro de time octacampeão na disputa? Ogier aproveitou a saída de Loeb para impor sua dinastia. Veremos outra surgir a partir daqui? A conferir no próximo ano nas trilhas off-road do WRC...

 

 

Lewis Hamilton venceu o GP do Qatar, e apimentou a disputa pelo título da temporada 2021 da Fórmula 1. O triunfo do heptacampeão reduziu a vantagem de Max Verstappen, que era de 14 pontos, para 8, e só não ficou em 7 porque o holandês da Red Bull conseguiu marcar a volta mais rápida e garantir o ponto extra, tendo terminado a prova em Losail na 2ª colocação. Hamilton marcou sua 102ª pole-position, a primeira desde a etapa da Hungria, e não deu chances para o azar. Com um carro rendendo bem, o inglês foi abrindo vantagem sobre Verstappen paulatinamente, até criar uma margem de segurança na liderança. E com uma marcação firme da Mercedes sobre a Red Bull, com o time alemão a marcar a rival austríaca, eles repetiram a mesma estratégia, impedindo que Verstappen e sua equipe tentassem surpreender na estratégia, como haviam feito em outras oportunidades, Hamilton chegou à sua 102ª vitória na carreira. Ainda que Lewis Hamilton tenha tido certa vantagem no grid com a punição do holandês, que perdeu 5 posições na largada por não ter reduzido seu ritmo sob bandeiras amarelas no fim do treino de classificação, não havia muito o que Max pudesse fazer para evitar o triunfo do adversário, preferindo minimizar os danos. Para a Mercedes, contudo, a vitória de Hamilton foi apenas o lado positivo da etapa do Qatar, já que Valtteri Bottas mais uma vez largou de forma horrorosa, e passou boa parte da corrida tendo de recuperar posições na pista, acabando por abandonar a prova. Com Sergio Perez tendo largado apenas em 11º e tendo de fazer também uma corrida de recuperação, terminando em 4º lugar, a Red Bull continua acossando a rival Mercedes no Mundial de Construtores, mas com o time rubrotaurino estando agora 5 pontos atrás da equipe alemã. O duelo para as etapas finais promete ser bem ferrenho. Para o time dos energéticos, uma preocupação foi a Mercedes revelar que Hamilton correu em Losail com o motor utilizado desde a Turquia, já com alguma quilometragem, sendo que o motor utilizado em Interlagos foi poupado para as duas provas finais, em especial a de Jedah, na Arábia Saudita, semana que vem, onde os motores serão bem exigidos nos longos trechos de retas do novo circuito no calendário.

Lewis Hamilton: nova vitória em Losail esquentou a disputa pelo título de 2021, faltando duas provas para o encerramento da temporada.

 

 

O fato de contar com uma unidade de potência mais nova e em melhor estado é motivo de preocupação para a Red Bull, com a possibilidade de Verstappen sofrer uma nova derrota na pista árabe como ocorreu em Interlagos. Como a unidade de potência da Honda não perde tanto desempenho com mais quilometragem como ocorre com a unidade da Mercedes, o time austríaco alega que uma troca do motor V-6 não renderia os mesmos resultados vistos no time rival na etapa do Brasil, mas se comenta que a Honda poderá adotar um mapeamento mais agressivo de seu propulsor, liberando mais potência, a fim de tentar neutralizar a vantagem da Mercedes. A aposta, entretanto, pode ser arriscada se a confiabilidade for comprometida, pois um abandono seria fatal para as aspirações de título por parte de Max Verstappen e da Red Bull. Christian Horner tenta manter o otimismo, afirmando que mesmo que Jedah seja uma pista favorável para a Mercedes, tudo só será resolvido em Yas Marina, e com a pista de Abu Dhabi tendo passado por mudanças em alguns trechos para permitir mais ultrapassagens, a disputa está completamente em aberto, e eles confiam em poder responder na pista à aparente retomada de performance do carro alemão. Não dá para cravar um favorito no atual momento. Se Hamilton vencer novamente, e Verstappen for 2º colocado, o holandês chega à última corrida com 1 ponto de vantagem, se Lewis não obter o ponto extra da volta mais rápida. Assim, o resultado em Yas Marina seria crucial: quem chegar na frente leva o campeonato, simplesmente, de modo que para Hamilton se garantir, o heptacampeão só tem uma meta possível: vencer as duas corridas. Algo que não é impossível, mas que vai exigir concentração total, e erro zero, tanto por parte de Lewis quanto da Mercedes. E a Red Bull vai dar tudo por tudo nestas últimas duas corridas.

 

 

E não é que Fernando Alonso vem surpreendendo em seu retorno à F-1 este ano, depois de passar dois anos fora competindo em outras categorias? Muitos achavam que o espanhol poderia repetir a sina de Michael Schumacher, que em seu retorno à categoria máxima do automobilismo depois de três anos de ausência acabou não tendo as performances que se esperava. E de início, Até parecia que seria assim, com Esteban Ocón se sobressaindo sobre o velho bicampeão de F-1 no início da temporada. Mas Alonso ameaçava: “Me deem cinco corridas que eu me entendo com esse carro”. E não é que a bravata era mesmo real? Fernando pegou o jeito do carro, e desde então, virou o jogo dentro da Alpine, superando Ocón com certa folga. E embora o francês tenha obtido uma inegável vitória na Hungria, ele não conseguiu retomar a posição perdida para o asturiano, mas longe de se desentenderem como companheiros de equipe na pista e nos boxes. E Alonso mostrou que ainda tem lenha para queimar ao terminar a prova de Losail em um belo 3º lugar, tendo largado justamente dessa posição. O espanhol andou forte durante toda a corrida, de modo que não foram apenas os azares alheios a garantirem-se esse belo resultado, que marcou sua volta ao pódio, depois de muitos anos amargando resultados inferiores. Só para lembrar, o último pódio do bicampeão tinha sido em 2014, quando ele terminou o GP da Hungria em 2º lugar, ainda defendendo a Ferrari. Desde então, Alonso passou completamente longe do pódio em sua segunda passagem pela McLaren, de 2015 a 2018. Se a Alpine acertar a mão com o carro de 2022, Alonso ainda pode surpreender na F-1, mesmo sendo o piloto mais velho do grid no próximo ano, com a aposentadoria de Kimi Raikkonen. E muitos gostariam de vê-lo com um carro efetivamente competitivo, que lhe desse a oportunidade de brigar novamente por vitórias, e quem sabe, o título. Será que o sonho do tricampeonato pode renascer? Seria muito bom para a categoria ver Alonso exibir de novo toda a sua capacidade com um carro vencedor, onde pudesse apimentar a disputa com Lewis Hamilton e Max Verstappen. Sonhar ainda é válido...

Fernando Alonso no pódio de Losail com um excelente 3º lugar. Velho, pode ser, acabado, nem um pouco. Experimentem dar um carro mais competitivo para ele para ver o que acontece...

 

 

A Bandeirantes não pode reclamar de ter abraçado a F-1 este ano. Além do excelente campeonato, com uma disputa homem a homem entre Max Verstappen e Lewis Hamilton, a emissora tem sabido dar valor à categoria máxima do automobilismo, a ponto de, durante parte do Grande Prêmio do Brasil, ter assumido o primeiro lugar na audiência, superando até mesmo a Globo, a antiga emissora da F-1, ainda que com índices mais modestos. E durante a prova do Qatar, a emissora do Morumbi conseguiu chegar à vice-liderança, ficando atrás somente da Globo, mas superando as demais no horário. Resultados para lá de positivos. Tanto que já se comenta nos bastidores da Globo que a ordem seria “retomar” a F-1, e outros torneios esportivos “perdidos” ou “dispensados”, como a Copa Libertadores da América. Bem, a Bandeirantes tem contrato para exibir a F-1 também em 2022, de modo que a Globo só poderia retornar a transmitir a categoria em 2023. O ponto forte da Globo é seu cacife financeiro, e sua audiência, a maior dos canais abertos no Brasil. Mas a emissora não vinha dando o devido valor à F-1 nos últimos anos, algo que a Bandeirantes está sabendo fazer muito bem. Há pontos a melhorar, obviamente, mas o saldo das transmissões em 2021 é amplamente superior ao que se viu nos últimos anos na emissora carioca, de modo que os fãs sentem arrepios com a possibilidade da Globo recuperar a F-1 para si, e voltar a fazer novamente uma cobertura sem o devido respeito para com o fã da velocidade. Tudo está nas mãos da Liberty Media, que certamente vai pesar os prós e contras na hora de renovar com a Bandeirantes para a temporada de 2023: o que valerá mais: o cacife financeiro da Globo, ou ter uma audiência mais qualificada com a Bandeirantes, mesmo que menor? Às vezes, menos é mais, e todos esperam que a Bandeirantes siga firme com a F-1 por várias outras temporadas, pois não há garantia alguma de que voltando à sua antiga casa a Globo não voltasse a decepcionar os fãs. Fora que a Globo ainda poderia fazer pirraça, e montar um time de transmissão totalmente novo, desprezando os bons nomes do time que a Bandeirantes criou justamente com seus ex-profissionais. Não que eles sejam insubstituíveis, mas tem demonstrado esforço em sua nova casa e mostrado uma transmissão mais leve e menos engessada, ao contrário do que ocorria na Globo. Um esforço e pessoal que não podem ser perdidos a troco de picuinhas e rixas internas da emissora carioca, que adora fazer e se desfazer de seus profissionais quando lhe convém...

 

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