Valentino Rossi prepara-se para deixar a MotoGP como piloto. Carreira vitoriosa de 25 anos se encerra em Valência.
A
MotoGP chegou a Valência, para a disputa do Grande Prêmio da Comunidade
Valenciana, prova que tem sido o tradicional encerramento da temporada da
classe rainha do motociclismo, tendo como palco o Circuito Ricardo Tormo, com
exceção da temporada do ano passado, que acabou encerrada na pista de Portimão,
em Portugal. E a etapa deste domingo tem um sentido muito especial: será a
última corrida de um dos maiores mitos do mundo do esporte a motor mundial, o
italiano Valentino Rossi, que está pendurando o capacete, após uma carreira das
mais gloriosas no motociclismo mundial. E, por isso mesmo, está sendo
reverenciado por todos os principais profissionais da categoria, além do
carinho mais do que especial do público, presente às arquibancadas com o seu
tradicional visual amarelo, em sua derradeira homenagem ao “Doutor”.
Não será a despedida de Rossi do esporte, propriamente. Valentino estará pendurando o capacete no que tange à disputa nas duas rodas, mas o ele já declarou que deverá se aventurar em outros ares daqui para diante, não como um competidor assíduo, como tem sido sua rotina de vida nos últimos vinte e cinco anos, mas um participante eventual. Ele não deu dicas de qual categoria poderia participar, mas pela lógica de pilotos com mais idade, os ralis ou o mundo das provas de endurance podem ser seus destinos mais prováveis, onde diversos outros pilotos de mais idade seguem competindo, com maior ou menor frequência.
Isso não significa que Valentino ficará longe da MotoGP. Com a estréia de seu time, a VR46, na próxima temporada, deveremos ver o “Doutor” em uma nova posição, como dono de equipe, tendo que se acostumar a administrar seu time de competição, além de orientar seus pupilos fora da pista. Questionado a respeito de sua despedida da posição de piloto, Rossi disse que se sente “normal”, sem maiores sentimentalismos em relação à sua corrida de despedida. Na pista, o heptacampeão espera poder fazer uma despedida mais digna da categoria, mas a falta de performance de seu time, a SRT, faz com que suas metas sejam mais modestas, estabelecendo apenas conseguir pontuar. Infelizmente, devido à queda de rendimento de seu equipamento e do time neste ano, não foi possível oferecer aos fãs um último pódio, como mereceria conquistar. Rossi admite que, após a prova, pode ter sensações diferentes, quando olhar para trás, e ver que deu por encerrada, aos 42 anos de idade, toda uma vida dedicada ao esporte a motor, e enfim sentir o impacto que isso representa em sua vida. Na temporada 2021, sua melhor posição de largada foi justo na primeira corrida, no Qatar, onde largou em 4º. Já o melhor resultado foi na Áustria, onde recebeu a bandeirada em 8º lugar. Foram 3 abandonos no ano, e apenas a 20ª posição no campeonato, com 38 pontos. Uma temporada muito aquém do que qualquer um esperaria, mas a decisão de parar é mais do que correta, a esta altura da vida. Por mais que ame a competição, e seja o maior ídolo da categoria, com uma torcida que nenhum outro piloto consegue igualar nos autódromos, o tempo de Valentino passou, como passa para todos. Verdade que a pandemia da Covid-19 atrapalhou um pouco os planos do italiano no ano passado, suscitando a dúvida mais do que nunca entre parar ou não parar, a ponto de a Yamaha, tentando se precaver, contratou Fabio Quartararo para o seu lugar no time de fábrica, procurando se redimir dando-lhe um lugar na equipe satélite SRT, em retribuição a seus trabalhos, e para que pudesse avaliar com calma sua permanência ou não. E ele teve sua resposta: sem conseguir resultados minimamente aceitáveis, a decisão de parar, enfim. Agora, seu currículo como um dos maiores nomes do esporte a motor do planeta deve ser respeitado e reverenciado pelos amantes da velocidade.
Rossi e suas motos campeãs. Homenagem da Dorna no paddock de Valência comoveu o piloto e boa parte dos profissionais que trabalharam com ele.
Nesta
quinta-feira, a Dorna reuniu no paddock de Valência nada menos do que todas as
motos com as quais Rossi foi campeão desde sua estréia no campeonato da
motovelocidade, em uma bela homenagem ao multicampeão, que se emocionou ao ver
suas antigas máquinas novamente, por rever suas parceiras de conquistas nos
campeonatos das duas rodas. Foram expostas as Aprilias dos títulos de 1997 na
classe das 125cc e 1999 na classe das 250cc; a Honda das 500cc do primeiro
título na classe rainha, de 2001, e das taças de 2002 e 2003 da MotoGP; além, claro,
das Yamahas das conquistas das temporadas de 2004, 2005, 2008 e 2009. Foram ao
todo 9 títulos de uma carreira extremamente vitoriosa, que deixam Valentino
abaixo somente do compatriota Giácomo Agostini, que em sua carreira nas
competições da motovelocidade, conquistou 8 títulos nas 500cc, então a classe
rainha do mundial de motociclismo, além de ter outros 7 títulos conquistados na
categoria 350cc, uma das classes de acesso à categoria rainha, num total de 15
títulos. Rossi somou 9 títulos, e esteve perto de somar 10, tendo perdido o
título da temporada de 2015 para o companheiro de equipe Jorge Lorenzo, por
apenas 5 pontos, em uma decisão marcada por uma punição polêmica ao italiano,
que teria praticado conduta antidesportiva com Marc Márquez na etapa anterior.
Isso obrigou o “Doutor” a largar em último, enquanto Lorenzo largava na
pole-position, de onde partiu para a vitória e a conquista do título. Rossi fez
uma bela prova de recuperação, mas acabou terminando em 4º lugar, resultado
insuficiente para impedir a conquista do parceiro. Completando o fim de semana
duvidoso, Marc Márquez batalhou pela vitória com Lorenzo, mas estranhamente, em
nenhum momento partiu para o ataque ao piloto da Yamaha na luta pela vitória
como costumava fazer sempre quando acossava fortemente um adversário, ainda
mais tendo andado muito próximo de Jorge em boa parte da corrida. Alguns
sugeriram que, em retaliação, Márquez não se empenhou em vencer a corrida, uma
vez que, se vencesse, Lorenzo marcaria 5 pontos a menos, e empataria com Valentino,
levando o título somente no desempate por ter mais vitórias, mas poderia correr
o risco de Rossi terminar em 3º, e faturar o título. Uma suspeita que,
obviamente, nunca se comprovou, e nunca se comprovará, claro. O ano de 2016 foi
o último onde o italiano mostrou sua genialidade, terminando com o
vice-campeonato em uma temporada que foi novamente dominada por Márquez, que
caminhava firme para bater os números de Valentino, até sofrer seu acidente na
primeira corrida do ano passado, e ainda não ter recuperado sua plena forma.
Aliás, Márquez, ainda sentindo sequelas de uma concussão resultante de um tombo
na semana retrasada, desfalca o grid novamente em Valência, concentrando-se em
sua recuperação para o ano que vem, objetivando voltar a lutar firme pelo
título. Com seis títulos, Marc Márquez é o mais próximo de igualar, e superar
as conquistas do “Doutor”, apesar de ter ficado fora de combate em 2020, e ter
passado boa parte do ano de 2021 ainda se recuperando, sem ter tido como
disputar novamente o título.
A importância de Rossi para o esporte a motor, e a sua despedida das pistas em duas rodas não passaram incólumes apenas para a turma da MotoGP reunida em Valência. Aqui em São Paulo, onde estão presentes para disputar o GP de São Paulo de F-1, ícones da categoria, como Lewis Hamilton e Fernando Alonso, também se manifestaram a respeito da despedida do “Doutor”. O heptacampeão declarou que “é triste vê-lo se aposentar, mas o profissionalismo e a abordagem dele para a carreira são incríveis: 700 corridas! A paixão que tem há muito tempo sempre foi clara. É uma lenda tão grande, um dos melhores da história. É triste não poder ver a última corrida dele e o estilo de pilotagem que sempre teve”, completando que o adeus de Valentino é “ao mesmo tempo, um momento lindo para ele, porque ele tem família e poder escolher o que vai fazer. Fico feliz por ter tido o privilégio de ter dividido um dia especial com ele na pista”, resumiu, recordando de quando andou ao lado de Valentino, em Valência, em 2019. Outro campeão, Fernando Alonso, também analisou a despedida de Valentino do mundo da Motovelocidade, declarando que “é triste que seja a última corrida, uma lenda do esporte. Desejo a ele muita felicidade na vida inteira”.
A imensa torcida do "Doutor" sempre presente nos GPs sentirá a falta de seu grande ídolo nas pistas.
É
hora então de curtir os últimos momentos de Valentino Rossi na MotoGP,
começando pelos treinos livres de hoje. A corrida, no domingo, com transmissão
ao vivo pelo Fox Sports a partir das 10 horas da manhã, terão as últimas 27
voltas da longa carreira do piloto italiano de Tavulia, iniciada em 1996, na
classe 125cc. Esperemos que ele receba a bandeirada de chegada sem maiores
problemas, e que a sua imensa torcida possa aproveitar estes momentos finais de
seu ídolo, que assumirá seu lugar de honra na história do esporte a motor em
duas rodas com o dever mais do que cumprido! Grazie, dottore!
E hoje começam os treinos oficiais para o Grande Prêmio de São Paulo. Sim, depois de dois anos, a Fórmula 1 está de volta ao Brasil, depois de ficar ausente no ano passado, por conta da pandemia da Covid-19. Aliás, a pandemia ainda dita as ações no autódromo de Interlagos, apesar do relaxamento das restrições, que permitirão casa cheia durante todo o final de semana, para alegria do público, e dos promotores do evento. Mas, para ter acesso ao autódromo, todos os presentes têm de apresentar seu passaporte de vacinação, através de uma plataforma digital chamada “Chronus i-Passport”, desenvolvida pela startup franco-brasileira Mooh!Tech, apresentado como o passaporte oficial do evento. Para entrar no Autódromo todos, incluindo profissionais como staffs, jornalistas, patrocinadores, etc; além do público (torcedores e convidados) terão de apresentar o Chronus com certificado de vacina contra a Covid-19 além de testes negativos para o vírus até 48 horas antes da prova. O cadastro do aplicativo deveria ser feito até o último dia 10 de novembro. Também será obrigatório o uso de máscara, com exceção dos momentos de alimentação, e todo mundo passará por medição de temperatura no autódromo.
O Grande Prêmio de São Paulo também terá a apresentação da corrida Sprint, que definirá o grid de largada para a corrida de domingo. Hoje teremos o primeiro treino livre a partir das 12:30 horas, onde os times farão seus ajustes já para o treino de classificação, marcado para as 16 horas, onde serão definidas as posições de largada da corrida curta deste sábado. Amanhã, teremos o segundo treino livre a partir das 12 horas, com a Sprint Race ocorrendo às 16 horas. Os treinos livres e o treino classificatório de sexta-feira terão transmissão ao vivo no canal pago Bandsports. Já a corrida Sprint será exibida tanto na Bandeirantes quanto no Bandsports. E, no domingo, a largada da prova será às 14 horas, com transmissão ao vivo pela Bandeirantes, que iniciará a transmissão meia hora antes, além de inúmeros flashes durante toda a programação do dia.
Contagem regressiva para os pilotos da Alfa Romeo na F-1: Kimi Raikkonen já anunciou sua aposentadoria ao fim deste ano, deixando definitivamente a categoria máxima do automobilismo tendo seu lugar ocupado no time pelo compatriota Valtteri Bottas. E Antonio Giovinazzi já foi avisado de que não segue na escuderia em 2022, de modo que o italiano também disputa suas últimas corridas na F-1, tendo de procurar novos ares para competir no próximo ano. Segundo a revista Autosprint, que deu a notícia da dispensa de Giovinazzi, a Alfa Romeo deve definir seu substituto na terça-feira, dia 16. O time é o único que ainda não definiu sua dupla titular para a temporada de 2022.
Lewis Hamilton terá uma dificuldade adicional na luta contra Max Verstappen em Interlagos. Como se já não bastasse ter a árdua tarefa de tentar diminuir a desvantagem de 19 pontos para o piloto holandês, que venceu com sobras o Grande Prêmio da Cidade do México domingo passado, sem ser incomodado pelo inglês, a Mercedes vai trocar o motor turbo da unidade de potência de Hamilton, o que o fará perder 5 posições no grid de largada da corrida de domingo. É um risco calculado, já que ultrapassar na pista paulistana não é tão complicado quanto em outros circuitos graças ao trecho que sai da Junção e leva à grande reta dos boxes, até a freada para o S do Senna. Mesmo assim, a se confirmar a boa forma da Red Bull também em Interlagos, como se viu no México, a tendência é Verstappen sair ainda mais favorito à vitória na corrida, aumentando ainda mais sua vantagem na classificação, tornando uma reação de Lewis altamente improvável, diante do menor rendimento de seu carro no atual momento do campeonato. As expectativas do time dos energéticos andar forte na Cidade do México se confirmaram, e a tendência é a mesma para Interlagos, daí a posição adversa do heptacampeão. Por outro lado, a expectativa de chuva para o fim de semana pode embaralhar as opções e estratégias das escuderias para a corrida, o que poderia melhorar as chances da Mercedes e de Hamilton para tentarem recuperar parte da desvantagem. E o duelo para a Mercedes agora é em duas frentes: além de tentar diminuir o atraso na pontuação de Hamilton para Verstappen, o time germânico tem apenas 1 ponto de vantagem sobre a Red Bull no Mundial de Construtores, com o time austríaco estando em grande forma para não apenas levar o título de pilotos, mas também o de construtores, obtidos pelos rubrotaurinos pela última vez em 2013, quando Sebastian Vettel conquistou seu tetracampeonato com a escuderia, no último ano da era dos motores V-8 aspirados. Seria mesmo o retorno triunfal da Red Bull ao estrelato da F-1, depois dos anos de supremacia da Mercedes na era híbrida, desde 2014. A esperança é que, com um motor novo, Lewis Hamilton possa tentar enfrentar em melhores condições o rival holandês. Resta saber se os demais componentes da unidade de potência não precisarão de troca nas corridas finais da competição, pois uma troca dos outros componentes resultaria em novas punições com perda de posições no grid de largada.
Max Verstappen venceu a última corrida, no México, e abriu ainda mais vantagem sobre Lewis Hamilton na classificação da F-1.
Aliás, quando se fala em um campeonato de 23 corridas no ano que vem, e ainda se mantém o número de unidades de potência limitadas a 3 por piloto, para todo o campeonato, sem sofrer punição de perda de posições, nota-se que esta regra referente aos propulsores se torna cada vez mais irracional, com tantas corridas assim. Deveriam revisar esse limite, colocando pelo menos 5 unidades, o que poderia evitar boa parte das punições, e com isso, não penalizar tanto a competição, estragando as chances de pilotos nas corridas finais do campeonato, permitindo-os duelarem com um pouco mais de liberdade. Mas parece que a F-1 insiste em manter certas aberrações no regulamento, que até são compreensíveis, mas por vezes, levadas demais aos extremos, mais prejudicando do que ajudando o espetáculo...
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