quarta-feira, 14 de abril de 2021

ESPECIAL INDYCAR 2021

            Mais um campeonato do mundo da alta velocidade está para iniciar sua competição em 2021. Depois de vermos a MotoGP, a F-1, e a F-2 darem suas largadas, chegou a vez da Indycar acelerar fundo, e oferecer muitas emoções e disputas aos fãs do esporte a motor. Por isso, é hora de um pequeno texto a respeito do que esperar da nova temporada, que terá inclusive nova casa na TV brasileira, a exemplo do que aconteceu com a F-1. Uma boa leitura a todos.

 

INDYCAR 2021

 

Temporada promete reedição do duelo entre Penske e Ganassi pelo título em ano de recuperação dos efeitos da pandemia da Covid-19.

 

Adriano de Avance Moreno

A Indycar 2021 está pronta para dar a largada.

 

            Está na hora de começar a temporada da Indycar, e as expectativas são de uma temporada de recuperação da categoria, em relação ao que tivemos no ano passado, marcado pela crise sanitária mundial da pandemia da Covid-19, que obrigou o cancelamento e o adiamento de várias corridas, obrigando a direção da categoria a remodelar em boa parte o calendário da competição, tendo que se virar para arrumar corridas aqui e ali, inclusive lançando mão do recurso de rodadas duplas em alguns circuitos, a fim de termos um maior número de corridas, que ao final resultou em uma temporada de 14 provas, número bem razoável diante das 17 corridas planejadas inicialmente.

            Desnecessário mencionar que a temporada 2021 também teve seu planejamento impactado pela pandemia da Covid-19, que ainda está bem presente no mundo, tendo inclusive recrudescido em vários lugares, especialmente no Brasil, onde a situação está bem ruim. A temporada deveria começar no meio de março, em São Petesburgo, mas acabou adiada para a segunda quinzena de abril. E a prova de Long Beach, que não pôde ser disputada no ano passado, em razão da pandemia, também acabou realocada do mês de abril para o final de setembro, passando a fechar a temporada deste ano. Até o fechamento desta matéria, a etapa de Toronto, no Canadá, que também acabou cancelada em 2020 por causa do coronavírus, ainda corre risco de não ser realizada, justamente pelas dificuldades que a Covid-19 ainda traz ao mundo. O que pode ajudar a Indycar a ter um ano de efetiva recuperação, tanto fora quanto dentro da pista, é o ritmo cada vez mais forte da vacinação nos Estados Unidos, que segue imunizando mais e mais pessoas, a ponto de se esperar que a maior parte da população adulta dos Estados Unidos possa estar completamente vacinada até o fim do mês de junho, sendo que alguns eventos esportivos já devem ter liberação para público em breve, o que permitirá à Indycar começar a permitir torcedores também, o que deve indicar que o restante das corridas do calendário devem ser realizadas sem maiores percalços, e com a eventualidade de adiamentos e/ou cancelamentos extremamente reduzida. Conforme a vacinação avança no Canadá, o país também deve começar a relaxar algumas restrições, com a prova de Toronto podendo ser realizada. Mas por enquanto, os cuidados e a prudência permanecem.

            Para a prova de estréia da temporada, em Barber, no Alabama, já teremos algum público. Foi autorizada a presença de até 20 mil pessoas no circuito, o que já é um alento para o início da competição. Lógico que ainda deverão ser tomadas medidas de segurança, para evitar aglomerações no local, e o público presente também não poderá dispensar cuidados, uma vez que ainda é cedo para cantar vitória em cima da Covid-19, mas diante do transtorno vivido no país há pouco tempo atrás, é um grande avanço, graças à vacinação acelerada da população. No ano passado, tivemos o desprazer de ter uma edição das 500 Milhas de Indianápolis completamente sem público, a portões fechados, por causa da Covid-19, um cenário que não deverá se repetir este ano. Não deveremos ter casa cheia, óbvio, mas certamente teremos público.

Josef Newgarden (acima) bem que tentou faturar o título da temporada passada, mas Scott Dixon (abaixo) conseguiu manter as coisas sob controle e conquistar o hexacampeonato. Um duelo promete revanche agora em 2021.


            E o que podemos esperar na pista, em tese, é a repetição do duelo entre os maiores nomes do grid. A Ganassi, que foi campeã no ano passado com Scott Dixon, tem no neozelandês sua principal arma para continuar lutando por mais um título. Dixon, aos 41 anos, mostra-se um piloto ainda no auge de suas capacidades, conjugando velocidade, constância, e visão de corrida. Se o carro está no ponto, ele briga pela vitória, sempre sabendo cuidar de seu equipamento sem perder a velocidade. E numa categoria onde o equilíbrio entre times e pilotos parece bem grande, Scott ainda é um dos poucos pilotos que desequilibra quando tem chance. E a Ganassi, que volta a competir com quatro carros por toda a temporada em sua estrutura principal, mais uma vez deve concentrar seus esforços no neozelandês, já que nos últimos tempos, não conseguiu, ou não teve paciência com os outros pilotos que correram no time e ficaram com resultados menores do que os esperados. Para esta temporada, eles mantiveram o sueco Marcus Ericsson, e contrataram Alex Palou. Já o quarto carro do time trará a estréia do piloto Jimmie Johnson, grande nome da Nascar, que resolveu virar uma nova página na carreira, e irá disputar as corridas nos circuitos mistos e urbanos da temporada, enquanto nas provas em ovais, tal incumbência ficará a cargo do brasileiro Tony Kanaan.

            E o grande rival de Dixon deve ser novamente Josef Newgarden. O piloto da Penske conseguiu reverter as expectativas na temporada passada, depois de uma primeira metade de temporada arrasadora do piloto da Ganassi, e levou a decisão do título para a última etapa, em São Petesburgo. Dixon, que teve uma segunda metade do ano com alguma irregularidade de resultados, porém, conseguiu manter a situação sob controle, e faturou seu sexto título, tornando-se o segundo maior nome da história das categorias Indy, ficando abaixo apenas de A. J. Foyt e seus até então inigualados sete títulos conquistados, meta que pode ser atingida pelo neozelandês este ano. Mas Newgarden tem outras idéias, e pretende ir em busca do tricampeonato. Dono de um estilo mais agressivo e arrojado, ele arrisca mais nas disputas de posição, o que pode favorece-lo na briga na pista. Mas ele não estará sozinho na briga, já que a Penske ainda conta com Will Power e Simon Pagenaud, que já foram campeões com o time, e que embora tenham ficado um pouco à sombra do parceiro estadunidense nos últimos três anos, podem partir para a briga e engrossar a disputa, não apenas com Dixon, mas com o próprio Newgarden, já que será cada um por si na pista, não havendo jogo de equipe como costuma ocorrer na F-1. E a Penske ainda traz um reforço, o neozelandês Scott McLaughlin, que foi nada menos do que tricampeão da Supercars na Austrália.

            Quem vem logo abaixo dessa briga é a Andretti, que não venceu uma temporada desde 2012, quando Ryan Hunter-Reay foi campeão. Ele continua no time, mas nos últimos tempos vem tendo performances mais irregulares, com o estrelato do time passando a ser exercido mais por Alexander Rossi, e pela nova revelação da categoria, Colton Herta, que foi o 3º colocado na temporada passada. O time de Michael Andretti não teve um bom ano em 2020, e tentará dar a volta por cima nesta temporada, apesar da força das arquirrivais Penske e Ganassi, que parecem mais fortes neste momento. Para isso, a escuderia efetivou James Hinchcliffe, que volta a disputar toda a temporada depois de fazer algumas corridas pelo time no ano passado. E Marco Andretti, depois de não conseguir mostrar muito serviço nos últimos anos, parece ter sentido que é hora de tentar outros ares, e disputará apenas seis corridas pelo time do pai, partindo para outros projetos de carreira, sem ter conseguido repetir nas categorias Indy o sucesso alcançado por seu pai Michael, e seu avô Mario.

Alexander Rossi (acima) tenta voltar à luta pelo título, depois de uma temporada abaixo das expectativas no ano passado. Graham Rahal (abaixo) também quer voltar a lutar por vitórias este ano.


            Quem também quer entrar na briga por melhores resultados é a Rahal Letterman Lannigan. Takuma Sato e Graham Rahal continuam firmes no time, que terá o reforço de Santino Ferrucci em algumas corridas. Tanto Graham como Takuma já mostraram do que são capazes, mas o time teve performances irregulares, o que não permitiu a seus pilotos conseguirem melhores resultados, embora o time tenha marcado presença justamente na Indy500, onde Sato conquistou sua segunda vitória na mítica prova, e Rahal terminou em 3º lugar. E quem espera ter uma temporada melhor também é a McLaren, que fez seu retorno a uma categoria Indy no ano passado, associada à estrutura da Schmidt Peterson, e foi uma das sensações da temporada, com Patrício O’Ward, que mostrou performances sólidas em várias corridas, e finalizou o ano em 4º lugar. Faltou a vitória, mas a escuderia passou perto em pelo menos três oportunidades. Para este ano, além de manter O’Ward, o time contará com Felix Rosenqvist, além de ter o reforço do colombiano Juan Pablo Montoya na Indy500.

            O time de Ed Carpenter não teve um bom ano em 2020, e as perspectivas não são lá muito empolgantes para 2021, onde terá novamente Rinus Veekay fazendo toda a temporada, enquanto o segundo carro continua com Ed Carpenter nos circuitos ovais e Conor Daly no restante da temporada, mas fazendo também a Indy500. A Dale Coyne, outro time médio, terá apenas Ed Jones competindo toda a temporada, enquanto o segundo carro ficará com o brasileiro Pietro Fittipaldi nas provas em ovais, e o francês Romain Grosjean nas demais corridas, estreando na Indycar, após encerrar sua passagem pela F-1. Outro time médio, a Meyer Shank, segue com Jack Harvey, tendo também Hélio Castro Neves em algumas provas. A Carlin continua com Max Chilton, e nas 500 Milhas de Indianápolis teremos a presença da escuderia Paretta, com Simona De Silvestro retornando à categoria para disputar a famosa corrida. E temos também a Foyt, que perdeu boa parte de sua competitividade nos últimos anos, e mais uma vez tenta se reerguer, agora contando com Sébastian Bourdais, JR Hildebrand, e Dalton Kellet, além de ter também Charlie Kimball correndo em algumas provas. Resta saber se o time do lendário AJ Foyt realmente vai acertar o prumo este ano, ou ajudar a enterrar a carreira de mais alguns pilotos.

Amigos, amigos, disputas à parte: Simon Pagenaud (acima) e Will Power (abaixo) não vão querer deixar o colega de time na Penske Josef Newgarden brilhar sozinho na disputa pelo título. Ambos também querem o bicampeonato na categoria.


            Por conta da pandemia, a direção da Indycar postergou mudanças técnicas no regulamento, visando a contenção dos custos de competição, algo que impactou categorias automobilísticas no mundo inteiro. Assim, o regulamento técnico manteve-se inalterado para 2021. Para cortar custos, e também expor menos o pessoal aos riscos da pandemia, várias corridas tiveram suas atividades do final de semana reduzidas de três para dois dias. As etapas de São Petesburgo, Toronto, Nashville e Long Beach continuarão a ter três dias de atividades, mas as demais provas ficarão com atividades restritas a apenas dois dias, com exceção óbvia às 500 Milhas de Indianápolis. Outra exceção é a etapa de Gateway, que terá atividades este ano em apenas um dia de pista, no dia 21 de agosto, um sábado. Isso se traduzirá na economia dos times com hotéis, e uso dos equipamentos, já que haverá menos treinos. Mesmo as etapas de Detroit e do oval do Texas, que serão rodadas duplas, terão apenas dois dias de atividades de pista. E o tempo a menos de treinos deve ajudar a tornar mais imprevisíveis os desempenhos dos times no fim de semana, já que todo mundo terá muito menos tempo para achar o acerto ideal para a corrida.

            Em termos de calendário, aliás, a competição perdeu o oval de Iowa e o Circuito das Américas para este ano. Em compensação, teremos uma nova corrida, na cidade de Nashville, marcada para o mês de agosto. E o traçado misto do Indianapolis Motor Speedway terá novamente duas corridas este ano, mas em meses separados.

Ex-F1, Romain Grosjean (acima) estréia na categoria pela equipe Dale Coyne, enquanto a equipe McLaren, com Patrício O'Ward (abaixo) foi sensação no ano passado, mas ficou faltando vencer, o que pretendem tentar este ano.


            Os motores continuam a ser apenas os Honda e Chevrolet. No ano passado, a Honda acabou campeã com a Ganassi, apesar da recuperação da Penske, e a rival Chevrolet na fase final da competição. A marca da General Motors continua a ter no time de Roger Penske sua maior força, e em menor escala, a McLaren, enquanto a marca nipônica segue firme com o time de Chip Ganassi, além de ter também a Andretti, e logo atrás, a Rahal Letterman Lannigan.

            Um fato que muitos se esquecem, é que a temporada de 2020 foi a primeira da Indycar sob nova propriedade, agora de Roger Penske, que adquiriu não apenas o campeonato em si, mas também o autódromo de Indianápolis, e pretendia impor uma nova dinâmica para ambos, o que acabou prejudicado pela pandemia da Covid, que por isso mesmo, não permitirá vôos mais altos em 2021. Para o futuro próximo, contudo, os planos são bem mais animadores, com vistas a conseguir pelo menos mais um fornecedor de motores para a categoria, além de finalmente adotar motorização híbrida para os propulsores, a exemplo do que já ocorre na F-1, mas de forma bem mais simples e descomplicada do que as complexas e custosas unidades de potência utilizadas na categoria máxima do automobilismo, de forma a manter os custos e a acessibilidade do equipamento em patamares bem aceitáveis. Mas, enquanto estes novos planos não se concretizam, a Indycar já tem elementos suficientes para oferecer uma boa temporada de disputas nas corridas de seu campeonato, onde apesar de termos dois times favoritos em destaque, podem aparecer surpresas das demais equipes e pilotos, que podem surpreender se conseguirem se mostrar mais competentes e ousadas na sua preparação para as corridas.

            Portanto, é hora de se preparar para os mais altos embates na principal categoria de monopostos dos Estados Unidos, com a estréia da temporada 2021 da Indycar. Que ronquem os motores...



 

O BRASIL NA INDYCAR 2021

A TV Cultura assume as transmissões da Indycar este ano.

 

            O ano de 2021 está sendo de grandes mudanças em relação às transmissões do automobilismo no Brasil. Primeiro, foi a saída da Fórmula 1 da Globo, após mais de quarenta anos de transmissões ininterruptas, que agora foram assumidas pelo Grupo Bandeirantes, que absorveu praticamente a equipe de transmissão da emissora carioca para dar seguimento ao seu projeto com a categoria máxima do automobilismo. De brinde, ainda trouxe para os fãs da velocidade as transmissões das categorias de acesso à F-1, a F-2 e a F-3, dividindo estas categorias com as transmissões da F-1 no Bandsports. Mas, e a Indycar, como ficaria na emissora, dividindo espaço com estas outras competições?

            Desde o fim da F-Indy original, no início de 2008, tendo restado somente a Indy Racing League, que a Bandeirantes transmitia o certame norte-americano. Na verdade, muito antes disso, ainda nos anos 1990, quando a cisão da CART com o IMS levou Tony George a criar sua própria categoria, a IRL, onde era o manda-chuva absoluto, inconformado por não ter maior poder na diretoria da CART, que administrava a Indy original, por ser dono da maior prova da competição, as 500 Milhas de Indianápolis. Como a Indy original estava sendo exibida na TVS/SBT na época, restou à Bandeirantes transmitir a nova categoria criada pelo dono do IMS. E de lá para cá, com algumas pequenas interrupções, a categoria foi sempre exibida pela Bandeirantes, até o ano passado, quando já havia assumido o nome oficial de Indycar há algumas temporadas.

            Na última década, contudo, as transmissões da categoria decaíram na qualidade do formato, com o Grupo Bandeirantes ora transmitindo as provas no canal aberto, ora no canal pago Bandsports, numa verdadeira salada que obrigava os fãs a terem de “caçar” onde as corridas seriam transmitidas pelo grupo. Até mesmo a divulgação das provas na programação era deficiente, não ajudando a melhorar a audiência do campeonato, fosse na grade do canal aberto, ou na grade do canal pago. Nos últimos anos, o certame parecia ser transmitido apenas por obrigação pela emissora, para não arcar com a multa rescisória do contrato de transmissão. Tanto que, ao fim de 2019, a Bandeirantes chegou a anunciar que não iria mais continuar com a Indycar, não renovando o contrato que havia acabado de se encerrar. Os fãs nacionais da categoria ficariam sem transmissão das corridas pela primeira vez em muitos anos?

            Bom, eis que 2020 logo começou sendo virado de cabeça para baixo pela pandemia da Covid-19, e numa jogada inesperada, eis que a Bandeirantes renovou contrato para transmitir a indycar à última hora, salvando os fãs da velocidade, que puderam acompanhar as provas na TV brasileira. Apesar de ter transmitido apenas as 500 Milhas de Indianápolis no canal aberto, e colocado todas as demais provas no Bandsports, a emissora até que fez um trabalho mais respeitável do que nos anos anteriores, dadas as condições e dificuldades. É bem verdade que os fãs tinham a opção de acompanhar a Indycar pelo serviço de streaming DAZN, especializado em eventos esportivos, mas não há como negar que poder acompanhar o certame pela televisão ainda era mais prazeiroso, apesar de eventuais deficiências técnicas e de cobertura dos eventos da competição.

            Daí que, com a F-1, a F-2, e a F-3, além de ter conseguido também a transmissão da Stock Car Brasil no canal aberto, a Bandeirantes estava se tornando o canal da velocidade. Mas nada se falava a respeito da Indycar, o que começava a preocupar os fãs. Estaria a categoria dos Estados Unidos sendo sacrificada diante das novas competições adquiridas pelo Grupo Bandeirantes? Bem, foi o que aconteceu: depois de muitos e muitos anos, a Indycar estava fora da Bandeirantes, e até ordem em contrário, os fãs estavam sem ter como assistir ao campeonato, já que até a DAZN desistiu de veicular as corridas em seu serviço de streaming. Felizmente, a direção da Indycar saiu a campo para achar uma nova emissora para continuar, e junto com seus representantes no Brasil, chegou-se a um acordo com a TV Cultura, cujo anúncio oficial saiu nesta última segunda-feira, confirmando a emissora paulista como nova casa da Indycar no Brasil, para felicidade dos fãs das categorias Indy.

            A TV Cultura já havia surpreendido semanas antes, quando anunciou que transmitiria o campeonato da Formula-E, o certame dos carros monopostos 100% elétricos, depois do canal pago Fox Sports não renovar com a categoria. Apesar do SporTV ter anunciado que também transmitiria a competição, a F-E ganhou finalmente espaço na TV aberta nacional com a TV Cultura, que fez uma boa transmissão das primeiras corridas da categoria, e agora, amplia seu leque de opções de corridas, com a aquisição da Indycar, iniciando as transmissões ao vivo neste final de semana, com a estréia da temporada 2021. A narração será de Gefferson Kern e os comentários ficarão a cargo de Rodrigo Mattar, que já trabalhou nos canais do SporTV e Fox Sports. A TV Cultura ainda surpreendeu os fãs com as chamadas da transmissão da competição, utilizando a música-tema que foi utilizada nos anos 1990 pela TV Manchete e TVS/SBT nas transmissões da F-Indy original, que será utilizada para abrir oficialmente as transmissões das corridas. A emissora apostou na nostalgia dos melhores tempos da antiga Indy para cativar os fãs, velhos e novos, da competição de monopostos dos Estados Unidos, e com isso já marcou um belo gol a seu favor junto aos amantes da velocidade mais veteranos.

Pietro Fittipaldi retornar à Indycar para disputar quatro corridas com a Dale Coyne.

            Quanto aos pilotos brasileiros, infelizmente pelo segundo ano consecutivo não teremos representantes disputando todo o campeonato. Teremos três pilotos na pista, mas apenas em algumas provas. Hélio Castro Neves é o destaque, retornando para competir na Indycar após três temporadas no IMSA Wheater Tech Sportscars, onde foi campeão em 2020. Tricampeão nas 500 Milhas de Indianápolis, Helinho deixou a equipe Penske após praticamente duas décadas de serviços prestados à mais poderosa escuderia de competições dos Estados Unidos, e agora irá defender a Meyer Shank este ano. Serão apenas 6 provas, incluída as 500 Milhas de Indianápolis, onde Hélio ainda busca o 4º triunfo para se igualar aos maiores vencedores da mais famosa corrida dos Estados Unidos e uma das mais importantes do automobilismo mundial. A equipe é de nível médio, mas vem se reforçando para alcançar resultados mais relevantes. No ano passado, seu piloto Jack Harvey terminou em 15º lugar, tendo como melhor resultado uma 6ª colocação. Portanto, não dá para imaginar Hélio disputando as primeiras colocações, e muito menos vitórias. Tony Kanaan, por sua vez, deverá ter as melhores chances, já que irá retornar à Ganassi, onde pilotou há algumas temporadas. O piloto baiano disputará apenas as corridas em ovais, ou seja, a rodada dupla do Texas, a prova de Gateway, e claro, as 500 Milhas de Indianápolis, no carro que no restante da temporada ficará a cargo de Jimmie Johnson, que deixou a Nascar e agora busca firmar-se nas competições de monopostos da Indycar. Lógico que pelo suporte de um time como a Ganassi, as chances de bons resultados são significativas, e muito melhores do que as oportunidades vividas por Tony nos últimos anos com a pouco competitiva Foyt, que “afundou” a carreira do piloto na Indycar, assim como a de Matheus Leist. Kanaan, aliás, pretendia fechar sua participação na Indycar no ano passado, mas a pandemia da Covid-19 mudou seus planos, com o piloto afirmando que, sem público nas corridas, não pôde oferecer uma despedida digna aos fãs, algo que ficou mais pronunciado com a falta de competitividade da Foyt, que continuou patente durante a temporada. Com isso, Tony reviu seu planejamento, e cá está ele novamente, ao menos tendo a chance de efetuar uma despedida mais condizente com sua longa carreira na competição, com o carro da Ganassi. Fechando a lista de representantes nacionais, temos Pietro Fittipaldi, que assim como Kanaan, disputará apenas as provas em ovais da temporada, na equipe Dale Coyne, no carro que nas demais corridas ficará com Romain Grosjean, que fará sua estréia na categoria norte-americana. A Dale Coyne também é um time de estatura média na Indycar, mas de vez em quando costuma obter alguns bons resultados, e até mesmo uma ou outra vitória. Mesmo assim, as expectativas precisam ser realistas para o neto de Émerson Fittipaldi, que busca arrumar espaço melhor para competir, ao mesmo tempo em que ainda segue como piloto reserva da equipe Haas na F-1.

            A TV Cultura, aliás, bate na tecla de nossos pilotos, ao afirmar que “Aqui tem Brasil na pista”, numa referência à F-1, onde não tempos pilotos no grid desde a aposentadoria de Felipe Massa há alguns anos, à exceção de duas provas onde Pietro Fittipaldi competiu pela Haas no final do ano passado. A emissora da Fundação Padre Anchieta vem fazendo uma boa transmissão das provas da F-E, e tem tudo para fazer o mesmo com a Indycar, garantindo aos fãs da velocidade um maior respeito e compromisso do que os demonstrados pela Bandeirantes nos últimos anos. Todas as corridas serão exibidas ao vivo, e em TV aberta, e a Cultura anunciou que deve fazer uma cobertura pré e pós-corrida, com muita informação da competição, que também será veiculada nos telejornais e programas esportivos. É comemorar o feito da emissora, e curtir as corridas, que devem trazer sempre muitas disputas em todas as provas, pelo menos bem mais imprevisíveis do que as da F-1.

Hélio Castro Neves (acima) disputará seis corridas pela Meyer Shank. Já Tony Kanaan (abaixo) retorna à Ganassi para competir nas provas em ovais da temporada. Ambos estarão presentes nas 500 Milhas de Indianápolis.


 

Muitas disputas na pista é uma das características da categoria (acima), que entre os destaques do ano terá a estréia de Jimmie Johnson, heptacampeão da Nascar que quer agora tentar desbravar a Indycar, aos 45 anos.


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