sexta-feira, 23 de abril de 2021

ARMADILHAS PERIGOSAS

O piso molhado e úmido no circuito de Ímola foi uma armadilha que pegou vários pilotos que erraram durante a corrida, do heptacampeão Lewis Hamilton (acima), ao novato Mick Schumacher (abaixo).


            A Fórmula 1 começou bem a temporada 2021. Depois de assistirmos a um duelo ferrenho entre Lewis Hamilton e Max Verstappen na corrida de abertura, no Bahrein, a etapa de Ímola foi mais agitada do que se poderia esperar, em parte, graças à chuva, que ajudou a embaralhar um pouco a situação, e fez com que vários pilotos acabassem tendo altos e baixos na corrida. Muitos dizem que a chuva transforma as corridas em pura loteria, o que não é mentira, mas também não é totalmente verdade. Afinal, as condições são as mesmas para todos, e deve-se supor que todos os pilotos que alcançam a F-1 tenham talento suficiente para pilotar sobre condições de tempo duvidosas. E é claro que, nesta hora, sempre haverão erros e acertos, mais ou menos para uns e outros. E o piso molhado do circuito Enzo e Dino Ferrari tinha lá suas armadilhas, algumas mais perigosas do que outras.

            E olha que nem era preciso a corrida começar para o pessoal começar a errar. Charles LeClerc deu uma escapada de pista logo na volta de apresentação, e deu sorte de não ficar por lá, lembrando a situação vexaminosa vivida por Alain Prost, que rodou com a Ferrari na volta de apresentação sob chuva na edição de 1991, e que ficou atolado na grama, sem conseguir largar. E olhe que Ímola fica perto da sede da Ferrari, em Maranello, então, imagine o calvário que o piloto monegasco conseguiu escapar se tivesse ocorrido o mesmo. Aliás, a etapa de 1991 guardou algumas semelhanças com a prova deste ano, já que naquela corrida, outros nomes de peso do grid também acabaram dando vexame, e nem conseguiram mostrar suas performances na chuva, como Nélson Piquet, e Nigel Mansell. E na prova deste ano, Fernando Alonso e Lewis Hamilton deram suas escapadas fora da pista. Alonso ainda está se readaptando à categoria, após dois anos de ausência, e admitiu que precisa melhorar. Hamilton ficou puto consigo mesmo pela cagada que fez, mas conseguiu dar ré no seu carro, e voltar à pista. E até mesmo Max Verstappen, que vinha dominando a corrida, quase deu uma escapada que poderia ter colocado tudo a perder.

            Quem também andou se estrepando foi Mick Schumacher, que acabou batendo sozinho e perdendo o bico do carro na reta dos boxes, na saída do pit lane, enquanto tentava manter os pneus aquecidos. Nicholas Latiffi e Nikita Mazepin também tiveram seus momentos de piões, ainda que o russo não precise exatamente de um piso molhado para rodar sozinho com o carro, tendo conseguido tal proeza desde a sexta-feira, passando pelo sábado, ambos em pista seca, até chegar no domingo sob chuva. E Sergio Perez, depois de uma classificação excelente para o grid, teve um domingo para esquecer, com erros próprios e do time, sendo outro a conhecer as caixas de brita da pista italiana. Andar no molhado tem seus macetes e manhas. E a pista meio úmida/meio seca, como vimos em parte da corrida do último domingo, é o panorama mais traiçoeiro de todos, exigindo atenção e cuidado redobrados para não se deixar trair, não apenas pela pista, mas por si próprio. Assumir riscos faz parte da carreira dos pilotos, em situações de pista traiçoeira, é preciso saber arriscar, e ao menos tentar se prevenir para o caso da situação dar errado. Quem não arrisca, não petisca, diz o ditado. Mas quem ignora os riscos acaba se arriscando ainda mais, e com chances bem grandes de pôr tudo a perder.

            E quem acabou se traindo foi George Russell, que numa tentativa de ultrapassar Valtteri Bottas, que fazia uma corrida sofrível com a Mercedes, acabou reagindo de forma exagerada a uma simples defesa legal de posição, e ainda deu um show depois, fora da pista, discutindo bom o finlandês, e até dando um tapa no capacete de Bottas, e indo embora bem bravo. Bottas fechou a porta para a tentativa de ultrapassagem, mas nada fora do aceitável, ainda que muitos digam que o piloto da Mercedes foi o culpado, e que não deixou espaço para o piloto da Williams. Bottas não deu nenhuma fechada escancarada assim, e até deixou um espaço relativamente grande para Russell, não o suficiente para seguir com a ultrapassagem, mas o bastante para George aliviar o pé, e recolher para tentar a manobra um pouco mais à frente, o que ele não fez. Manteve a aceleração, e ainda com o DRS ativado, comprometendo-se com a ultrapassagem sem conseguir colocar o carro totalmente lado a lado.

O acidente entre George Russel e Valtteri Bottas foi forte e danificou seriamente ambos os carros (acima), mas felizmente sem consequências para a integridade física dos pilotos. Mas Russell quis tirar satisfações com o finlandês, mostrando pouca sensibilidade pela condição alheia no momento (abaixo).


            Bottas tinha o direito de fazer sua defesa, e Russell, colocando as rodas fora do trilho, já tinha de se precaver para tal manobra, caso ocorresse, só que acabou desviando demais, sem desacelerar, e ao pôr as rodas na grama, cometeu um erro fatal, e perdeu o controle do carro, vindo a atingir a Mercedes de Bottas, e causar um acidente sério onde felizmente ninguém saiu ferido. E perder o controle emocional logo a seguir, tendo aquele xilique com o finlandês, ainda mais em um acidente onde ficou com parte da culpa, pegou mais para o seu lado justamente pelo descontrole em culpar Bottas depois da batida. Não fosse isso, poderia até se avaliar o inglês como maior culpado pelo acidente, mas sem sofrer o desgaste a que ele se expôs, pelas cenas transmitidas ao vivo, de apenas um acidente de corrida, que até assim foi considerado pela direção de prova, sem punição para ambos, que já tinham tido seus castigos de ficarem de fora da corrida, e sem chamar mais atenção pelo ocorrido do que a violência do acidente ocorrido. Russell só foi esfriar a cuca depois de ser criticado por Toto Wolf, chefe da Mercedes, e que também cuida da carreira do piloto inglês, que defende a Williams desde que estreou na F-1, e é cotado, ou era, como substituto de Valtteri Bottas na Mercedes para 2022. Faltou também um pouco de empatia ao inglês naquele momento, já que, em um acidente forte como foi, devia pelo menos manifestar alguma preocupação com o estado do colega, mesmo protegido dentro do cockpit, após a forte pancada, e ver se ele estava bem, e não simplesmente ficar surtado com ele, como acabou demonstrando.

            Neste ponto, é bom lembrar que o finlandês precisa reagir para mostrar que ainda merece continuar no time alemão na próxima temporada. E, em um ano onde a Mercedes vai ter um duelo mano a mano com a Red Bull, isso significa que Bottas precisará estar sempre próximo de Lewis Hamilton na pista, para roubar pontos, e posição, dos pilotos da Red Bull, em especial, claro, de Max Verstappen. Caso contrário, muito provavelmente ele precisará procurar outro time na próxima temporada. E George Russell, pelo que demonstrou no GP de Sakhir, quando substituiu Hamilton, infectado pela Covid-19, se tornou o candidato óbvio à vaga. Mas, bem lembrou Toto Wolf, naqueles dias, que era melhor dar tempo a Russell de amadurecer e evoluir, antes de tomar qualquer decisão, em resposta àqueles que já pediam o inglês na Mercedes neste ano. Bem, o destempero exibido pelo piloto na manobra malsucedida acabam colocando um ponto de interrogação sobre seu futuro na Mercedes, ao menos, por agora.

Sergio Perez também acabou escapando no piso traiçoeiro de Ímola, e terminou a prova fora dos pontos.

            E esse é outro tipo de armadilha perigosa que o piloto precisa aprender a saber evitar, pois pode comprometer o desenvolvimento de sua carreira, que por si só já tem vários momentos perigosos para passos em falso que podem pôr tudo a perder. Russell foi chamado à atenção por Wolf, o que não é bom, mas não significa que ele está fora do jogo do futuro da Mercedes na F-1, mas terá de fazer por merecer novamente a confiança do chefe, o que tem plenas condições de fazer, se quiser recuperar sua imagem. Conseguirá? Depende dele, mas também da performance de Bottas no restante da temporada. Se o finlandês for muito mal, ainda assim valerá a pena arriscar promover George para a Mercedes? Bottas, apesar de tudo, ainda é visto com confiança na equipe, mas não pode também deixar essa carta na manga arrefecer, ainda mais em um momento onde o time precisa do piloto mais do que nunca, não podendo depender apenas de Hamilton na disputa pelo título, ainda mais na competição de construtores. E se isso acontecer, Russell pode ter enfim sua chance. Ou pode ocorrer o contrário, dependendo das circunstâncias, com Wolf a buscar outro nome no mercado que possa atender às necessidades do time alemão, o que seria uma ducha de água fria para Russell, que poderia ver suas opções na categoria máxima do automobilismo limitadas a continuar na Williams por mais algumas temporadas, ou até ser “recolocado” em outras paragens, leia-se, outras categorias. O cartão amarelo foi dado ao piloto, mas foi apenas o primeiro aviso. Russell até agora não tinha percalços que comprometessem sua imagem de piloto com alto potencial, então, o estrago ainda pode ser relevado. Depende dele evitar levar novos cartões amarelos, que podem terminar em um cartão vermelho...

            Pois é, na F-1, temos armadilhas tanto dentro quanto fora da pista, e ambas são igualmente perigosas, às suas maneiras, para os pilotos, sendo muitas vezes sutis, e não tão pronunciadas. A chave é aprender com cada momento, e tentar se cuidar ao máximo evitar que se repita o mesmo erro. E torcer, claro, para ter sorte de não se deixar cair novamente no mesmo equívoco, uma vez que, mesmo com todos os cuidados, ainda assim o pior pode ocorrer. Olho vivo, então, tanto dentro da pista, e muitas vezes, fora dela...

 

 

A Stock prepara-se para acelerar na temporada 2021. Goiânia abre a temporada.

A Stock Car Brasil dá a largada neste final de semana, na pista de Goiânia, em Goiás. A principal categoria do automobilismo nacional teve de reformular seu calendário, diante do descalabro nacional em relação à pandemia da Covid-19, que no atual momento faz de nosso país o recordista diário de mortes pela doença em todo o mundo, diante de esforços descoordenados das autoridades públicas, principalmente a nível federal, e com uma vacinação ainda incipiente devido à falta de imunizantes. A estréia deveria ter ocorrido no dia 28 de março, na pista do Velopark, mas a corrida precisou ser cancelada. A nova estréia foi marcada então para o dia 25 de abril, domingo, mas o palco original seria na cidade de Londrina, e acabou sendo alterada para Goiânia. Apesar das dificuldades, a competição se inicia com grid completo neste final de semana, com 32 pilotos confirmados na disputa. Entre as principais novidades, estão a presença de Tony Kanaan e Felipe Massa, que irão disputar todo o campeonato. Kanaan disputará este ano apenas as corridas em ovais no calendário da Indycar, o que dá apenas 4 provas nos Estados Unidos, sem interferir no calendário da competição nacional. Já Felipe Massa retorna para competir no Brasil, após encerrar sua participação na F-1, e mais recentemente, na F-E, seguindo os passos dos compatriotas Nelsinho Piquet, que também deixou a F-E; e de Rubens Barrichello, que voltou para competir no Brasil depois de uma passagem pela Indycar em 2012, depois de encerrar seu ciclo na F-1. Confiram a lista de competidores da temporada 2021 da Stock Car Brasil:

 

Número / Piloto / Equipe / Carro

18 – Allam Khodair – Blau Motorsport – Chevrolet Cruze

70 – Diego nunes – Blau Motorsport – Chevrolet Cruze

16 – Christian Hahn – Blau Motorsport II – Chevrolet Cruze

05 – Denis Navarro – Cavaleiro Sports – Chevrolet Cruze

80 – Marcos Gomes – Cavaleiro Sports – Chevrolet Cruze

00 – Cacá Bueno – Crown Racing – Chevrolet Cruze

88 – Beto Monteiro – Crown Racing – Chevrolet Cruze

29 – Daniel Serra – Eurofarma RC – Chevrolet Cruze

90 – Ricardo Maurício – Eurofarma RC – Chevrolet Cruze

08 – Rafael Suzuki – Full Time Bassani – Toyota Corolla

48 – Tony Kanaan – Full Time Bassani – Toyota Corolla

65 – Max Wilson – Full Time Sports – Toyota Corolla

111 – Rubens Barrichello – Full Time Sports – Toyota Corolla

54 – Tuka Antonizzi – Hot Car Competições – Chevrolet Cruze

110 – Felipe Lapenna – Hot Car Competições – Chevrolet Cruze

21 – Thiago Camilo – Ipiranga Racing – Toyota Corolla

30 – Cesar Ramos – Ipiranga Racing – Toyota Corolla

12 – Lucas Foresti – KTF Sports – Chevrolet Cruze

85 – Guilherme Salas – KTF Sports – Chevrolet Cruze

11 – Gaetano Di Mauro – KTF Racing – Chevrolet Cruze

43 – Pedro Cardoso – KTF Racing – Chevrolet Cruze

33 – Nelson Piquet Jr – MX Piquet Sports – Toyota Corolla

73 – Sergio Jimenez – MX Piquet Sports – Toyota Corolla

28 – Galid Osman – Shell V-Power – Chevrolet Cruze

51 – Átila Abreu – Shell V-Power – Chevrolet Cruze

10 – Ricardo Zonta – RCM Motorsport – Toyota Corolla

44 – Bruno Baptista – RCM Motorsport – Toyota Corolla

86 – Gustavo Frigotto – RSF Racing – Chevrolet Cruze

04 – Julio Campos – Lubrax Podium Stock Car Team – Chevrolet Cruze

91 – Felipe Massa – Lubrax Podium Stock Car Team – Chevrolet Cruze

09 – Guga Lima – A.Mattheis Vogel Motorsport – Chevrolet Cruze

83 – Gabriel Casagrande – A.Mattheis Vogel Motorsport – Chevrolet Cruze

Tony Kanaan (acima) e Felipe Massa (abaixo) disputarão toda a temporada 2021 da Stock Car, e prometem acelerar fundo na competição.


 

 

Devido à pandemia, a Stock Car teve de fazer mudanças em seu calendário. Ainda serão 12 etapas, todas elas em duas corridas. A pista de Velocitta terá rodada dupla, com provas disputadas no sábado e no domingo, em duas ocasiões, em junho, e em outubro. A pista de Curitiba também terá duas etapas, ambas no mês de agosto, mas com três semanas de intervalo entre as corridas. Goiânia, que neste final de semana recebe a corrida de estréia da competição, também sediará mais uma etapa em novembro. De todas as corridas, falta definir ainda qual pista receberá a prova final da temporada 2021, marcada para o dia 12 de dezembro. Com alguma sorte e otimismo, e com um avanço mais firme da vacinação, e controle da pandemia da Covid-19, é possível que as opções para esta prova de fechamento da temporada sejam melhores. Resta apenas esperar. Cada etapa será composta de duas provas, a serem realizadas no domingo, sendo que a primeira corrida terá 25 minutos de duração, e a segunda corrida, 20 minutos. Mas, este ano, o procedimento terá mudanças: ao fim da primeira prova, de 25 minutos, depois da bandeirada de chegada, todos os carros iniciarão uma nova volta de apresentação, fazendo um realinhamento, com a inversão de posição dos 10 primeiros colocados, e então será feita a largada da segunda corrida. Os pit stops serão obrigatórios na primeira corrida, não sendo necessários na segunda prova. Com isso, na prática teremos 24 corridas na temporada. A idéia era fazer com que cada etapa tivesse apenas uma única corrida, mas a direção da categoria acabou voltando atrás. Ao começar a segunda corrida logo em seguida ao fim da primeira, a idéia é tentar oferecer mais tempo de disputa e dinamismo, mas o tempo de duração das corridas é preocupante, já que 25 e 20 minutos são tempos muito curtos, e na hipótese de um incidente ou acidente na pista, que exija a intervenção do safety car, toda uma prova pode ir para o brejo, dependendo dos acontecimentos. Confiram o calendário da Stock Car Brasil 2021:

 

25.04 – Goiânia

16.05 – Interlagos

19.06 – Velocitta

20.06 – Velocitta

11.07 – Cascavel

01.08 – Curitiba

22.08 – Curitiba

19.09 – Santa Cruz do Sul

23.10 – Velocitta

24.10 – Velocitta

21.11 – Goiânia

12.12 – A definir

 

 

E os fãs da Stock Car terão duas opções de emissoras para acompanhar as provas de estréia da temporada 2021. O canal pago SporTV continuará a mostrar as corridas na TV fechada, e para o fim de semana escalou Everaldo Marques para narrar a corrida, com comentários de Rafael Lopes e Giuliano Losacco. Na TV aberta, as corridas serão transmitidas pela TV Bandeirantes, que terá Luc Monteiro na narração, e os comentários de Reginaldo Leme e Felipe Giaffone. Ambas as emissoras transmitirão ao vivo as corridas. Escolham suas opções, e aproveitem as disputas da principal categoria automobilística do Brasil atualmente.

 

 

E a Formula-E disputa neste final de semana outra rodada dupla, agora no Circuito Ricardo Tormo, em Valência, na Espanha. A pista já é conhecida da categoria, que lá fez testes de pré-temporada nos últimos anos. As transmissões das corridas começam no sábado às 9:30 Hrs., e no domingo, às 8:30 Hrs., com duas opções de acompanhamento ao vivo: pelo SporTV 2 na TV por assinatura; e pela TV Cultura, em sinal aberto.

 

 

Quem também volta a acelerar fundo é a Indycar, com a segunda etapa da temporada 2021, nas ruas de São Petesburgo, na Flórida. A transmissão começa às 13:00 Hrs., com exibição ao vivo pela TV Cultura.

 

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