E deu Penske na
conquista do título 2019 da Indycar. Josef Newgarden, apesar de uma performance
burocrática na corrida final da temporada, na pista de Laguna Seca, onde
terminou em um modesto 8º lugar, faturou o seu segundo título na carreira,
dando mais um caneco de campeão ao time do velho Roger, de longe a equipe mais
bem-sucedida da história das categorias Indy. E Simon Pagenaud, apesar do
esforço, pois também lutava pelo bicampeonato, teve que se contentar em ser
vice. E Will Power e Scott Dixon até que tentaram terminar o ano em alta, mas
ficaram no quase, apesar de que ambos ficaram de fora da briga pelo título pelo
que demonstraram ao longo da temporada, e não apenas pelo que se viu no
circuito de Monterrey.
A vitória da corrida acabou
nas mãos de Colton Herta, que largou na pole-position e de lá ficou na
liderança praticamente da corrida toda, não cedendo à pressão dos pilotos
rivais que tentaram destrona-lo da primeira colocação. Outro novato que também
terminou o ano em alta, ainda que um pouco ofuscado por Herta, foi Felix
Rosenqvist, que inclusive levou o troféu de “Rokkie of the Year”, terminando a
temporada em 6º lugar, uma posição à frente de Herta, que foi o 7º colocado.
Mas o sueco competiu por um time de maiores recursos, a Ganassi, e já era um
nome experiente pelas provas disputadas na Formula-E quando veio aportar na
Indycar este ano. Herta, por outro lado, veio das categorias de base para
acesso à Indycar, e seu time, a Harding, não tinha lá muitos recursos. Por isso
mesmo, a comemoração mais efusiva pelas duas vitórias obtidas pelo rapaz, com
apenas 19 anos, mas mostrando já uma capacidade e senso de oportunidade dignas
de um veterano da competição, e que terá melhores condições de disputa em 2020,
quando competirá pelo time de Michael Andretti. Rosenqvist não venceu nenhuma
corrida, tendo marcado apenas 1 pole, enquanto Herta, além das duas vitórias,
marcou três poles na temporada. Como não se empolgar com os resultados do filho
de Brian Herta?
Aliás, o time de
Michael teve de amargar a derrota de sua grande estrela, Alexander Rossi, que
chegou a Laguna Seca precisando descontar uma desvantagem de 41 pontos para
Josef Newgarden, mas não conseguiu o resultado necessário para chegar
finalmente ao título. Mas o próprio Rossi reconheceu que seus esforços, dele e
do time, não foram suficientes para levar a taça este ano, reconhecendo a
melhor campanha dos rivais. Rossi, aliás, esteve cotado para ser o mais novo
contratado da Penske para 2020, mas Michael Andretti, em um esforço conjunto
com a Honda, sua fornecedora de motores, conseguiu um bom acordo que garantiu a
permanência do compatriota em sua escuderia por mais três anos. E isso lhe dá
uma tranquilidade e certeza de que a Andretti não medirá esforços para lhe
proporcionar o melhor equipamento e esforço para leva-lo ao título, sendo
também um ponto de honra para o time da Andretti, que foi campeão pela última
vez em 2012, com Ryan Hunter-Reay, e desde então tem ficado à sombra do duelo
Ganassi X Penske, sendo sempre derrotada por uma ou por outra. Alexander venceu
apenas 2 corridas, menos do que se esperava, tendo também largado 2 vezes na
pole. Alguns azares, como em Pocono, acabaram por comprometer seus esforços na
luta pelo título, enquanto em alguns outros momentos ele não conseguiu se impor
como gostaria, a exemplo do que fizera em 2018.
Alexander Rossi bem que tentou, mas não conseguiu chegar ao título em 2019. |
Newgarden, aliás, não
deixou dúvidas de que seria um dos favoritos ao título desde o início, largando
na frente já ao vencer a primeira corrida da temporada, nas ruas de São Petesburgo,
na Flórida. O piloto da Penske, que mostrou seu talento na equipe de Ed Carpenter,
mostrando um arrojo e agressividade que por vezes complicava seus resultados,
aprendeu a controlar mais o seu ímpeto, e soube garantir pontos em momentos
onde não dava para vencer, mas podia ser constante, o que lhe permitiu abrir
vantagem na pontuação, enquanto seus rivais se complicavam sozinhos ou tinha
todo tipo de azar. E nem por isso ele deixou de vencer: com 4 vitórias, Josef
foi o piloto com mais triunfos na temporada, tendo errado muito pouco, como o
ocorrido em Mid-Ohio, ou na segunda corrida de Detroit, onde bateu o carro. Ele
também marcou 3 poles no ano, mostrando sua velocidade pura. O título da
competição ficou em boas mãos.
Simon Pagenaud não
empolgou em 2019, mas foi mais longe do que muitos esperavam, e esteve perto de
repetir o título. Mas faltou aquele “algo mais” em momentos onde precisava ter
chegado mais à frente, e por isso, terminou com o vice-campeonato, 25 pontos
atrás de Newgarden. Seu ponto alto, sem dúvida, foi a vitória nas 500 Milhas de
Indianápolis deste ano, o que por si só, já lhe garantiu contrato para seguir
na Penske em 2020, apesar de o francês ter ficado relativamente a perigo em
certos momentos, só não perdendo o sono porque Will Power estava devendo ainda
mais entre os pilotos da Penske. Pagenaud venceu 3 corridas, sendo o segundo
maior vencedor no ano, tendo marcado também 3 poles. O resultado garantiu uma
dobradinha da Penske na classificação final do campeonato, em 1-2, algo que sem
sombra de dúvidas agradou muito ao “capitão” Roger Penske.
Scott Dixon mais uma vez mostrou seu alto nível de pilotagem, mas a Ganassi não esteve à sua altura em algumas corridas. |
Quem também ficou
devendo foi Scott Dixon, mais por parte da equipe Ganassi do que pelo
neozelandês, que mais uma vez mostrou toda a sua capacidade quando o carro lhe
permitiu, vencendo 2 provas. Mas não conseguiu largar na frente em nenhuma
corrida, e na reta final da competição, duas quebras mecânicas em Gateway e
Portland implodiram suas chances de chegar a Laguna Seca com chances reais de
conquistar mais um título. Mas Scott demonstrou estar em grande forma, e que
subestimá-lo por ser um dos veteranos do grid continua a ser um grande erro.
Situação um pouco diferente de Will Power, que teve uma temporada de altos e
baixos, ficando bem atrás de seus companheiros na equipe Penske. O australiano
só foi desencantar de fato no final da temporada, conquistando duas provas, e
marcado 3 poles, números que poderiam ser muito bons, não fossem os erros e
azares cometidos durante o ano. Seu lugar na Penske esteve na iminência de ser
ocupado por Alexander Rossi no próximo ano, mas Power viu a ameaça se
desvanecer quando foi anunciada a renovação do contrato de Rossi com a
Andretti. Mesmo assim, há quem afirme que seu lugar ainda está a perigo, com
Roger Penske podendo reduzir o efetivo de sua escuderia para apenas 2 carros no
próximo ano, contra os atuais 3 desta temporada. E Power, obviamente, seria o
sacrificado, tendo de procurar serviço em outra freguesia.
Uma pena, porque a
Andretti, com a expansão para 5 carros, tem tudo para continuar mostrando força
no próximo ano, especialmente com Rossi e Herta, e tendo Ryan Hunter-Reay na
retaguarda (Zack Veach e Marco Andretti não contam muito, infelizmente). Será
que a Penske perderia força na competição, com apenas 2 pilotos? A Ganassi
reduziu seus 4 carros para apenas 2, e acabou por focar a maioria de seus
esforços apenas em Scott Dixon, deixando de ser a grande força que já foi no
grid um dia, apesar do título do neozelandês em 2018, mas não conseguindo se
manter à altura como precisava este ano para repetir o feito.
Dos demais times,
apenas a Rahal/Letterman/Lannigan conseguiu subir ao degrau mais alto do pódio.
E foi Takuma Sato a conseguir o feito, com dois triunfos no ano, deixando seu
colega Graham Rahal para trás na tabela de classificação. Mas o japonês teve um
momento difícil na temporada, ao causar uma batida múltipla no início das 500
Milhas de Pocono, sendo muito criticado pelos demais pilotos, pelo perigo que sua
manobra poderia ter desencadeado, lembrando do acidente que feriu gravemente
Robert Wickens no ano anterior. Mas na corrida seguinte, em Gateway, Sato dava
a volta por cima com uma nova vitória, deixando o momento ruim para trás. Quem não conseguiu dar a volta por cima
no ano foram Graham Rahal, suplantado por Sato no time; e também Sébastien
Bourdais, que sempre vinha conseguindo ter alguns brilhos isolados ao volante
da Dale Coyne nos últimos anos, mas ficou praticamente em branco em 2019, e
ainda por cima tendo a forte competição de Santino Ferrucci na escuderia,
piloto que não era tido com muitas credenciais de bons resultados. James
Hinchcliffe também não conseguiu brilhar como gostaria este ano, e aposta suas
fichas na nova associação de seu time, a Schmidt-Peterson, com a McLaren, que
unirão forças para promover o retorno da escuderia inglesa a uma categoria Indy
depois da participação feita em várias temporadas durante os anos 1970, na
antiga F-Indy. O ponto negativo é que essa união de forças não amplia o número
de carros: na prática continuarão sendo apenas dois, sendo que um deles é
garantido para o canadense, que ainda tem contrato com a escuderia até o fim do
ano que vem. Um terceiro carro deve ser disponibilizado, possivelmente para a
disputa da Indy500, talvez em mais uma tentativa de Fernando Alonso de tentar
emplacar a conquista de Tríplice Coroa, cuja participação no Brickyard este ano
foi um completo fiasco.
Tony Kanaan salvou um pódio em Gateway, mas no geral a temporada foi cheia de decepções com fraco carro da Foyt. |
Também é incerta a
situação da transmissão da Indycar para o Brasil no próximo ano, pelo menos em
televisão. A nova plataforma de streaming DAZN trouxe ao nosso país uma nova
opção para se assistir a categoria norte-americana, enquanto o Grupo
Bandeirantes continuou maltratando os telespectadores com sua costumeira programação
roleta russa, transmitindo uma corrida no canal aberto aqui, outras no canal
fechado Bandsports ali, e por aí vai. Mas o contrato de transmissão se
encerrou, e por enquanto, não se falou em renovação para 2020. Há quem defenda
a manutenção das transmissões, para se manter a diversidade de eventos
esportivos que o Bandsports pode transmitir, a exemplo do que já fazem os
concorrentes Fox Sports e SporTV, canais que já tem suas competições de esporte
a motor, e que não teriam interesse e/ou espaço para abrigar a Indycar em suas
programações. Por outro lado, temos também as queixas dos fãs e telespectadores
com relação ao modo como o Grupo Bandeirantes está se empenhando (ou deixando
de se empenhar) na qualidade das transmissões. Se Celso Miranda pelo menos tem
estrada e experiência para narrar e comentar com competência, Roberto Vaz até
agora não caiu na preferência no público, que tem muita saudade de Téo José,
hoje no Fox Sports, e até também de Felipe Giaffone, que foi para o SporTV.
Eles são unânimes em afirmar que tudo tem que ser melhorado: o esquema de
transmissão, e a própria equipe de narração/comentários/reportagens.
Situação complicada,
porque até mesmo na Globo chovem críticas ao novo modelo adotado pela emissora,
que cortou inclusive a cerimônia do pódio das transmissões, mostrando o momento
apenas em seu site de internet, o que deixou muitos fãs tremendamente irritados
com a atitude da emissora. Se nem a Globo agrada, a Bandeirantes vai conseguir?
O exemplo da Fox até poderia ser seguido, mas aí entra também uma questão de
orgulho que mais atrapalha do que ajuda, então estamos mesmo é enrolados,
quando se precisa de opções para se acompanhar alguns campeonatos. Já vai longe
o tempo em que uma categoria Indy tinha um tratamento decente por aqui, e olhe
que naquela época tínhamos até mais representantes no grid, e com perspectivas
de disputar até o título, e hoje em dia...
Bom, este foi um
pequeno retrato do que foi a temporada 2019 da Indycar. Agora, é esperar pelo
seu retorno, em março de 2020. E vamos ver o que se resolve até lá...
A F-1 não descansa, e depois do
GP de Singapura, todo mundo já tomou o rumo do aeroporto, para a próxima
corrida, cujos treinos começam hoje na pista de Sochi, na Rússia. Sempre fico
empolgado pela corrida na Cidade-Estado do sudeste asiático, mas não consigo
ter simpatia pela corrida russa. Muito provavelmente pelo puxa-saquismo de
Bernie Ecclestone ao presidente russo, Vladimir Putin, um cretino de marca
maior, algo que não engulo sem a pau, apesar de saber que a F-1 sempre preferiu
os dólares de quem se dispusesse a pagar o seu preço a firmar posição sobre um
governo de tendências democráticas pra lá de duvidosas. Talvez por isso eu
também não aprecie nem um pouco a corrida na China. Só que a prova russa também
tem o incômodo de nunca ter produzido boas corridas, então para mim, a F-1
podia ganhar muito mais em emoção competindo em pistas e países mais legais do
que se aventurar pelas hostes russas...
Depois de surpreender e vencer
sua terceira corrida consecutiva na temporada, ainda mais em uma pista que
teoricamente não a favorecia, será que a Ferrari tentará seu quarto triunfo em
Sochi? Até hoje praticamente só deu Mercedes na etapa russa, mas a nova forma
demonstrada pelo time de Maranello parece ter tudo para garantir pelo menos um
fim de temporada empolgantes da F-1 em 2019, uma vez que o título está
praticamente encaminhado nas mãos de Lewis Hamilton e da Mercedes, ficando a
emoção pelos duelos que Ferrari e Red Bull poderão oferecer. Mas Hamilton não
vai querer dar muito espaço para os rivais, e certamente vai querer tentar uma
nova vitória, até para sacramentar ainda mais o seu já enorme favoritismo e
vantagem na classificação do campeonato. Quem precisa, e deve mostrar serviço,
é Valtteri Bottas, que precisa justificar à chefia do time prateado que sua
renovação de contrato não foi um erro de decisão, tendo Esteban Ocón na reserva
da escuderia, com o francês sendo agora dispensado para virar titular da
Renault no próximo ano. Com a escalada da Ferrari, Bottas tem a obrigação de
pelo menos garantir o vice-campeonato, pelo carro que tem nas mãos. Fora isso,
todo mundo está bem curioso para ver como Charles LeClerc vai encarar Sebastian
Vettel na pista, depois de ver o seu provável triunfo em Singapura ir parar nas
mãos do rival. Pode vir briga por aí, e que venha!