E aqui estou trazendo novamente um
de meus antigos textos, e esta coluna foi publicada no dia 11 de setembro de
1998, às vésperas do Grande Prêmio da Itália de F-1 daquele ano, mas o assunto
do texto principal era a conquista do bicampeonato da F-CART por Alessandro
Zanardi, que em apenas 3 temporadas completas competindo na categoria
norte-americana, tomou-a de assalto e se tornou o seu principal destaque. Tendo
um dos carros mais competitivos do certame, contou também o talento do
italiano, que despachou os rivais com maestria poucas vezes vista na
competição, e carimbou o seu passaporte de volta à F-1 para o ano seguinte, na
equipe Williams, que ainda mantinha-se como uma escuderia muito respeitável na
época. Se na teoria a decisão fazia sentido, na prática acabou sendo um
verdadeiro desastre, pois Zanardi foi uma negação durante todo o ano de 1999.
E, ironia das ironias: Juan Pablo Montoya, que ocupou o seu lugar na equipe
Ganassi, acabou sendo o campeão no ano de sua estréia na competição
norte-americana. Muitos apostavam que, tivesse permanecido nos Estados Unidos,
o currículo de feitos de Alessandro seria até maior do que já era.
De quebra, nos tópicos rápidos, alguns
comentários sobre os acontecimentos da semana, como a contratação de Ralf
Schumacher pela Williams, passando Rubens Barrichello, até então o mais cotado
para a vaga, para trás, com uma ajudinha de seu irmão mais velho, Michael
Schumacher, que dois anos depois, viraria um calvário para o brasileiro, quando
este aceitou correr pela Ferrari. A Ford comprava a Cosworth, visando
incrementar o seu programa na F-1, e os planos da Volkswagen de entrar na
categoria máxima do automobilismo na época ainda caminhavam nesta direção, mas
a fábrica mudou de idéia, e nunca mais tencionou entrar na competição. Curtam o
texto, e em breve trago mais colunas antigas por aqui...
ZANARDI BICAMPEÃO
Alessandro
Zanardi encerrou a disputa pelo título da F-CART deste ano faltando 4 etapas
para o fim do campeonato, um novo recorde na história da categoria, e parte
para a Fórmula 1 em 1999, quando defenderá a equipe Williams. O anúncio oficial
deve ser neste final de semana aqui em Monza. Zanardi
retorna à F-1 pela porta da frente, depois de amargar algumas temporadas em
equipes medíocres da F-1 no início da década, como a Lótus (então uma sombra do
time que já foi o grande mito da F-1, ao lado da Ferrari) e a Minardi. Zanardi
agora irá correr pela Williams, um dos times de ponta da categoria.
O
italiano deixa a F-CART com a condição de maior estrela da categoria americana.
Quando chegou à CART em 1996, Alessandro estava desempregado e só conseguiu a
vaga na Chip Ganassi por indicação de Adrian Reynard. Depois de meia temporada
de aprendizado, o italiano venceu sua primeira corrida em Portland, e disparou
na frente dos concorrentes. Devido ao mau começo naquele ano, Jimmy Vasser ficou
com o título, mas Zanardi acabou em 3º lugar na classificação final do
campeonato. No ano passado, o italiano não deu chances a ninguém: faturou o
título da categoria. E este ano, depois de um início um pouco complicado,
voltou a despachar os adversários e disparar na liderança da competição.
Um
feito também para a Chip Ganassi, que conquistou seu 3º título consecutivo na
categoria, um feito inédito até então. A Ganassi foi o time que melhor preparou
seus carros nos últimos anos, e mesmo com um orçamento limitado, mostrou que
dinheiro é importante, mas não é tudo. Equipes com orçamentos maiores, como a
Penske e a Newmann-Hass, mostraram novamente muito potencial teórico e poucos
resultados. No caso da Penske, o revolucionário chassi PC27 ainda dá mostras de
ter bom potencial, mas até agora o carro quebrou demais. Na Newmann-Hass, tanto
Christian Fittipaldi como Michael Andretti enfrentaram inúmeros contratempos em
diversas corridas, perdendo as possibilidades de lutar pelo título.
Além
de administrar o time com maestria, Chip Ganassi também deve muito de seu
sucesso ao engenheiro Morris Num, um dos maiores gênios da categoria, que
encontrou em Zanardi o piloto e parceiro ideal de competições. Uma parceria tão
perfeita como a de Ayrton Senna com a Honda na F-1. Ambos trabalhavam em
perfeita sintonia e com o carro magnificamente ajustado com base nos
conhecimentos de Num, Alessandro ia para a pista e mandava ver. E, com muita
sorte em algumas ocasiões, Zanardi conseguiu vencer mesmo quando parecia ser
carta fora do baralho. As excelentes estratégias da equipe também o ajudaram a
sobrepujar inúmeras dificuldades em outras ocasiões. Mas nem tudo é mérito da
equipe: Zanardi soube usar o equipamento que teve em mãos e fez brilhar todo o
seu talento. É verdade que a bela estrutura da Ganassi ajudou bastante. Basta
ver o exemplo de Christian Fittipaldi, que mesmo em uma equipe de ponta da
categoria, raras vezes teve a sorte necessária para brilhar nas corridas. Este
ano, por exemplo, enfrenta uma má fase em que tudo parece dar errado, sendo que
a grande maioria dos incidentes que o afligiram vieram de situações totalmente
alheias a seu controle. E digo isso porque Christian Fittipaldi já derrotou
Zanardi numa luta pelo título, na F-3000 em 1991, e o piloto brasileiro chegou
a deixar o italiano desnorteado na ocasião.
Mas
isso não diminui os méritos e o cartaz de Zanardi. Mas diminui um pouco o da
F-CART e da própria Chip Ganassi. A CART não fez grandes esforços para segurar
sua maior estrela do momento, e certamente perderá um pouco do interesse
internacional. Já a Ganassi pode decair no próximo ano, pois além de perder o
piloto italiano, Morris Num, seu engenheiro de ouro, está inclinado a se
aposentar. Na verdade ele já tinha saído do time, mas Chip Ganassi conseguiu
trazê-lo de volta. Agora, sem seu principal parceiro, é bem provável que Num se
aposente em definitivo, o que sem dúvida vai ser um tremendo revés para a
Ganassi.
Quanto
a Alessandro Zanardi, seja bem-vindo de volta à F-1. E que dê à categoria os
mesmos shows que encantaram os fãs do automobilismo na F-CART.
Rubens Barrichello ficou sem conseguir lugar na Williams mesmo. E,
desta vez, Michael Schumacher, de novo, se intrometeu no caminho do piloto
brasileiro. O bicampeão da Ferrari teria usado seu prestígio e influência para
conseguir um patrocinador que teria pago a multa rescisória de seu irmão Ralf
Schumacher com a Jordan, que então liberou seu piloto para correr pela Williams
em 1999. Com a multa, imposta por Eddie Jordan após o resultado da corrida na
Bélgica, Ralf ficava em posição igual à de Rubens Barrichello, que também tinha
uma multa rescisória para sair da equipe Stewart, mas que no seu caso era mais
fácil de ser liberado pela falta de competitividade demonstrada pelo time de
Jackie Stewart. Sendo assim, a dupla oficial da equipe Williams no próximo ano
será mesmo Ralf Schumacher e Alessandro Zanardi.
A Ford comprou a divisão da Cosworth para dar continuidade a seu
programa de F-1. Com isso, está garantida a qualidade e desenvolvimento dos propulsores.
A Volkswagen, que tinha adquirido a Cosworth na compra do grupo Vickers,
continua com o seu trabalho de desenvolvimento do projeto para estrear seu
próprio motor de F-1 em 2000 com a equipe Benetton.
Michael Schumacher começou a se retratar no início desta semana, ao
admitir que se excedeu na corrida da Bélgica. O bicampeão se viu forçado a isso
depois que até Eddie Irvinne absolveu Coulthard pelo acidente, e Gianni
Agnelli, o presidente da Fiat, e dona da Ferrari, ter criticado o gênio
“difícil” de Schumacher. Isso ajudou a pôr panos quentes no conflito, mas não
de todo. O tom destoante foi Michael Schumacher afirmar que não tinha intenções
de agredir o piloto escocês dentro dos boxes na corrida belga, mas pelo que vi
naquele dia, fica muito difícil alguém acreditar nesta história...
Cristiano da Matta conquistou domingo passado o título da categoria
Indy Lights com uma excelente vitória em Vancouver. Pelo
segundo ano consecutivo, um piloto brasileiro conquista o título da categoria.
Agora, Steve Horne, dono da Tasman, busca patrocinadores para conseguir colocar
o piloto mineiro como colega de Tony Kanaan na categoria principal, a F-CART...
O novo circuito de Vancouver mostrou-se praticamente uma troca do seis
pelo meia dúzia: tal como o traçado antigo, o novo circuito não ofereceu nenhum
ponto ideal de ultrapassagens, o que facilitou a maioria dos acidentes
ocorridos durante a prova deste ano. Greg Moore, que ajudou a desenhar o novo
traçado, por exemplo, foi um dos que sucumbiram à nova pista durante a
corrida...
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