Pois é, nem bem começamos o ano de
2019, e o mês de março já está praticamente à nossa porta, e com ele, o início
de vários campeonatos, como a MotoGP, Indycar, e a Fórmula 1. Por isso mesmo,
excepcionalmente, estou adiantando para hoje a postagem da sessão Flying Laps, com
alguns tópicos sobre alguns acontecimentos ocorridos neste mês de fevereiro,
sempre com os tradicionais comentários e observações, já que a partir da semana
que vem planejo postar as matérias especiais sobre o início de alguns certames,
enquanto as sextas-feiras continuam com as postagens das colunas semanais de
costume. Então, uma boa leitura a todos, e até a sessão Flying Laps referente
ao mês de março...
Se tem um circuito onde Lucas Di Grassi
parece ter uma empatia especial, é o traçado da Formula-E do ePrix da Cidade do
México. Há dois anos atrás, o piloto brasileiro conseguiu uma vitória
praticamente impensável vindo de último lugar, após efetuar a troca de carros,
numa altura da prova onde ninguém esperaria que ele conseguisse chegar até o
final. Mas ele não apenas chegou como venceu a corrida, iniciando a arrancada
que o levaria ao título da categoria. E nesta atual temporada, o piloto da
equipe Audi ABT conseguiu uma nova vitória, partindo para o ataque nas voltas
finais para receber a bandeirada no extremo, superando Pascal Wehrlein, da
Mahindra, praticamente na linha de chegada, e averbar sua primeira vitória na
atual temporada. O brasileiro largou em 2º, atrás de Wehrlein, o pole, mas na
freada da primeira curva foi surpreendido por Oliver Rownland, da e.dams,
caindo para terceiro. A partir dali, e durante toda a prova, os três pilotos
circularam praticamente juntos, destacando-se do restante do pelotão, até que
nas voltas finais, o uso do Modo Ataque, e o consumo de energia começaram a
fazer diferença. Lucas superou Rowland quando este cruzou a zona de ativação do
recurso, perdendo a preferência da curva seguinte, e permitindo ao brasileiro
assumir a 2º posição. Dali, Di Grassi partiu ao encalço de Wehrlein, que não
havia conseguido abrir vantagem durante a prova. E, na volta final, já com o
carro no talo da reserva de energia, Pascal abriu a brecha que permitiu a Lucas
tentar a ultrapassagem. A manobra do brasileiro, entretanto, acabou levando o
alemão da Mahindra a cortar passagem por uma chicane, voltando ainda à frente
do brasileiro, que não desistiu, e manteve a pressão. Mas, com a energia
acabando, Wehrlein praticamente viu seu carro perder velocidade ao entrar na
reta dos boxes, com Di Grassi desviando do carro da Mahindra, e recebendo a
bandeirada em primeiro lugar. O calvário de Wehrlein não se limitou a perder a
vitória nos metros finais: por ter cortado a chicane na tentativa de
ultrapassagem do brasileiro, e voltar na frente dele, a direção de prova acusou
vantagem indevida do piloto, e ele tomou uma punição de 5s ao seu tempo de
prova, o que o derrubou da 2º para a 6º posição. E não foi surpresa Pascal
criticar as atitudes do brasileiro, que na sua opinião, não lhe deram
alternativa além de passar por fora da pista quando Lucas fez a ultrapassagem.
Mas Wehrlein se esqueceu que ele deu a oportunidade do brasileiro enfiar o
carro, e se isso o levou a ser encostado para fora da pista, ele também não
aliviou no freio, para evitar sair da pista. A vitória de Lucas o catapultou
para a 4ª posição na classificação, com 34 pontos. Jerôme D’Ambrosio, da
Mahindra, com a 4ª colocação na prova mexicana, lidera o campeonato com 53
pontos. Com a punição de Wehrlein, e o fato de alguns pilotos ficarem ser
energia nas voltas finais, Antonio Felix da Costa, da BMW Andretti, acabou
terminando a corrida em 2º lugar, com Edoardo Mortara, da Venturi, fechando o
pódio em 3º. Felix da Costa é o vice-líder do campeonato, com 46 pontos. Sam
Bird é o 3º colocado, com 45 pontos, depois de ter sido apenas o 9º colocado,
resultado que não foi tão ruim, se levarmos em conta que ele teve de largar em
último, devido a problemas na classificação, e o circuito usado na Cidade do
México é pouco favorável a ultrapassagens.
O campeonato
da F-E segue bem imprevisível. Com o triunfo de Lucas Di Grassi no ePrix da
Cidade do México, tivemos o 4º vencedor diferente de 4 equipes distintas
vencendo corridas, algo muito interessante. E tivemos também uma vitória épica
do piloto brasileiro, levando a vitória na pista praticamente na bandeirada
final, descontada a punição que Wehrlein tomaria pelo corte da chicane. Mas a
corrida em si não foi assim tão memorável. Na verdade, a prova mexicana foi
agitada apenas no seu início e no seu final. Logo à 2ª volta, Nelsinho Piquet,
da Jaguar, acabou colidindo com Jean-Éric Vergne, decolando e acertando o muro
externo da Curva Peraltada. Foi dada bandeira vermelha para limpar a pista e
retirar o bólido destroçado do brasileiro, que felizmente não se machucou na
pancada. Depois de meia hora, a prova foi recomeçada, e salvo uma ultrapassagem
aqui e ali, na maior parte do tempo não houve muita ação, inclusive com o trio
Wehrlein/Rowland/Di Grassi mantendo posições, uma vez que o traçado da pista
infelizmente não tinha nenhum ponto favorável de ultrapassagem. Somente nas
últimas voltas as disputas voltaram a se intensificar, com os pilotos fazendo
uso do Modo Ataque, e brigando por posições. E quem conseguiu economizar
energia, como Lucas, se deu melhor, pois Pascal ficou praticamente sem energia
na linha de chegada, mas não foi o único que capitulou nos momentos finais: a
dupla da e.dams, Oliver Rowland e Sebastien Buemi, que pareciam ter condições
de lutar pela vitória, ficaram sem bateria na volta final, caindo para os
últimos lugares, e ficando sem pontuar. Quem também precisou dosar o consumo de
energia foi Felipe Massa, que recebeu uma medição de voltas equivocada de seu engenheiro,
e gastou mais bateria do que deveria durante parte da corrida, o que o fez
perder algumas posições no final da corrida, terminando em 8º, mas marcando
seus primeiros pontos na competição, ocupando agora a 16ª posição, com 4
pontos.
Os novos carros da F-E continuam a mostrar
um grande incremento de performance e autonomia com os novos carros, baterias e
trens de força. Na pista da Cidade do México, Felix Rosenqvist foi o
pole-position na edição do ano passado, com o tempo de 1min01s645, enquanto este
ano, Pascal Wehrlein fez a pole com o tempo de 59s347, uma diferença de 2s298.
A melhor volta da corrida em 2018 foi de Lucas Di Grassi, com 1min02s202,
enquanto neste ano, foi de 1min01s112, de Pascal Wehrlein, 1s09 mais veloz. E
ainda é preciso lembrar que na corrida de 2018 os pilotos trocavam de carro
durante a prova. Mas a velocidade maior dos carros vai tornando as
ultrapassagens mais complicadas, pois os trechos de reta são percorridos em
menos tempo, dificultando as oportunidades viáveis de se tentar uma
ultrapassagem. No caso do traçado da F-E no autódromo Hermanos Rodriguez, que
já era difícil de se passar, havia a possibilidade de variar um pouco as
estratégias com a troca de carros. Neste ano, sem precisar disso, a maior parte
da corrida não foi das mais emocionantes, e mesmo o uso do Modo Ataque não
proporcionou muitas variáveis, já que quase todo mundo resolveu usar ao mesmo
tempo. Será necessário estudar como melhorar os circuitos usados pela categoria
para que a evolução da performance não se torne um problema premente às
disputas de posição. Mas uma análise mais apurada só poderá ser feita mesmo ao
fim da temporada, com um balanço geral de como a competição se deu neste seu 5º
ano de existência.
Felipe Nasr não teve uma estréia muito
tranquila na F-E. Novo piloto da equipe Dragon para o restante da temporada
(com exceção da prova do ePrix de Roma, onde ele defenderá seu título de
campeão no certame do IMSA Wheater Tech Sportscar), Felipe até que se saiu bem
nos treinos, pegando o jeito do carro, e largando até na frente do companheiro
de equipe, já experiente na categoria, José Maria Lopez, em 14º (o argentino
largou logo atrás, em 15º). Mas, na corrida, o brasileiro acabou levando alguns
toques dos adversários, que o fizeram rodar, além de danificar levemente o
carro, em mais de uma oportunidade, o que fez com que Nasr acabasse caindo para
as últimas posições, sem conseguir se recuperar. Ele acabou classificado em
19º, o último a cruzar a bandeirada. Com um pouco mais de experiência em corrida,
ele certamente vai mostrar o seu talento, pelo menos dentro das limitações da
equipe de Jay Penske, que não tem exatamente empolgado pelos resultados. Mas
Felipe é mais um brasileiro que viu perder sua chance na F-1 e reorganizar sua
carreira fora da categoria máxima do automobilismo. E ele não se arrepende dos
novos caminhos que trilhou desde então. Resta o reconhecimento por parte da
imensa maioria que se diz torcedora de automobilismo neste país, e não apenas
por parte daqueles que realmente curtem e entendem o mundo das disputas do
esporte a motor...
E o
estoniano Ott Tanak, da Toyota, faturou o Rali da Suécia. A segunda prova do
Mundial de Rali não foi gentil com o campeão Sébastien Ogier, que ficou
praticamente longe da luta pela vitória após muitos problemas, e só não saiu de
mãos abanando por completo porque levou 2 pontos para casa no Power Stage, ao
marcar o 4º melhor tempo. Mas com o triunfo em terras suecas, Tanak assumiu a
liderança do campeonato, com 47 pontos. Thierry Neuville, da Hyundai, terminou
a prova em 3º lugar, o que lhe valeu a vice-liderança do Mundial, com 40
pontos. Ogier caiu para a 3ª posição, com 31 pontos. Ainda é cedo para dizer
que o piloto francês terá muito trabalho para revalidar o seu atual título, até
porque foram disputadas apenas 2 corridas no campeonato, e ainda temos mais 12
etapas pela frente. Mas ajuda saber que Ogier não está com a vida fácil. Fica a
dúvida se Tanak irá conseguir desgarrar na dianteira. Mas para a Toyota, que
recentemente venceu o Rali Dakar, não seria nada mal faturar também o título do
Mundial de Rali. E, na disputa de construtores, a marca japonesa lidera o
campeonato, com 58 pontos, apenas 1 de vantagem para a Hyundai, com 57. A
Citroen vem logo atrás, com 47 pontos, enquanto a Ford é a última colocada, com
30. Outro destaque da etapa sueca foi o finlandês Esapekka Lappi, que foi o 2º
colocado, defendendo a Citroen, e que travou um belo duelo com Thierry
Neuville, levando a melhor sobre o piloto belga por 3s no cômputo geral de
tempos. Sebastien Loeb, de volta à competição, terminou em 7º lugar, e ocupa a
6ª posição no campeonato, com 18 pontos. Lappi é o 5º colocado, com 19 pontos.
A próxima etapa do campeonato é o Rali do México, entre os dias 7 e 10 de
março.
Hélio Castro Neves confirmou que estará
presente novamente nas corridas que a Indycar disputará em Indianápolis este
ano, a exemplo do que ocorreu no ano passado. Piloto da equipe Penske no
campeonato do IMSA Wheater Tech Sportscar, Helinho irá disputar o GP de
Indianápolis, no traçado misto do autódromo da capital do Estado de Indiana,
bem como as 500 Milhas de Indianápolis. Para tanto, o brasileiro participou dos
testes que a Penske realizou no Circuito das Américas neste mês, ao lado dos
demais pilotos do time de Roger Penske que defendem seu time na Indycar, Simon
Pagenaud, Will Power, e Josef Newgarden. Fica a torcida por um bom desempenho
de Helinho, em especial pela chance de vencer pela 4ª vez na Brickyard Line,
onde triunfou pela última vez em 2009. Já vão 10 anos desde a última “escalada”
do Homem-Aranha na grade da pista. Será que ele encerra o jejum este ano?
As chances de a Indycar retornar à
Austrália em 2020 continuam boas, mas nada ainda está garantido. No projeto de
expandir o campeonato para além das fronteiras dos Estados Unidos, apenas uma
coisa é certa: o Brasil não tem prioridade nas conversas para voltar a sediar
uma etapa da competição, e os dirigentes são os mais claros e óbvios possíveis:
só com garantias firmes nosso país poderá voltar ao calendário. E não se pode
tirar a razão deles, depois dos acontecimentos ocorridos dos últimos anos, que
prejudicaram e muito nossa credibilidade como país sério e capaz de sediar
grandes eventos. E até recuperarmos a confiança desse pessoal, pode ir um longo
tempo, além de precisarmos colocar a economia em ordem, o que ajudaria muito
também. Melhor todo mundo esperar sentado...