E chegamos ao mês de dezembro. O ano
de 2018 está em sua reta final, com praticamente o ano no mundo do esporte a
motor encerrando suas atividades em quase sua totalidade. E início de mês é
palco para mais uma sessão Flying Laps, com alguns tópicos sobre alguns dos
acontecimentos ocorridos no último mês, com alguns comentários e observações.
Portanto, uma boa leitura a todos, e até a próxima sessão Flying Laps, já em
janeiro de 2019...
Andrea Dovizioso terminou a temporada
2018 da MotoGP da mesma maneira como a começou: vencendo. O piloto italiano
garantiu o vice-campeonato pelo segundo ano consecutivo, embora não tenha
conseguido levar a disputa até a última etapa do campeonato, como em 2017. Na
etapa final da competição, no circuito Ricardo Tormo, em Valência, a chuva
apareceu para transformar a última corrida do ano num festival de quedas e
tombos, onde conseguir se manter em cima da moto era uma grande vitória. Não
por acaso, Marc Márquez acabou sendo uma das vítimas de São Pedro, cuja água
transformou o asfalto do circuito em uma armadilha traiçoeira, que não poupava
ninguém. Um pouco antes, Andrea Iannonne despediu-se da Suzuki indo para o
chão, e terminando uma temporada onde acabou perdendo o duelo interno para o
parceiro Alex Rins, que permanece no time japonês para a próxima temporada. A
equipe Marc VDS também viu sua dupla de pilotos ficar pelo caminho, vítima do
piso molhado. Maverick Viñales, que disputava a 3ª posição no campeonato com o
companheiro de equipe Valentino Rossi, também foi outro a beijar o chão
molhado, tendo de se contentar em terminar o campeonato em 4º lugar. No meio de
tantas quedas, com o aperto da chuva, foi necessário interromper a corrida, que
ficou cerca de meia hora parada, até que São Pedro aliviasse um pouco, e a
prova pudesse ser recomeçada. E, com a nova largada, ainda veríamos mais
algumas quedas, apesar da chuva bem mais fraca. Rossi, por sua vez, já tinha
garantida a 3ª posição final no campeonato, com o abandono de Vinales, mas
queria mais. O “Doutor” vinha fazendo uma recuperação impressionante na pista
molhada, e chegou a disputar a vitória com Dovizioso, quando também acabou indo
para o chão. Mas Rossi conseguiu impedir que o motor de sua moto morresse, e
com a ajuda dos fiscais, voltou para a corrida, onde terminou em 13º lugar.
Quem também se despediu em baixa foi Jorge Lorenzo, que em sua última prova
pela Ducati, teve como maior mérito não cair nas armadilhas do piso molhado,
embora tenha terminado em 12º, tendo de ver o parceiro Dovizioso vencer a
corrida. Alex Rins coroou uma boa temporada, onde terminou em 5º lugar na
classificação, com o 2º lugar em Valência, comemorando o resultado obtido. Mas
quem fez festa mesmo foi Pol Spargaro, que mesmo tendo caído no início da
corrida conseguiu voltar para a prova e com um desempenho irretocável dali em
diante, terminar em 3º lugar, conseguindo um pódio inédito para a KTM, em sua
segunda temporada na classe rainha do motociclismo. A comemoração foi grande
nos boxes do time austríaco, cuja performance na MotoGP ainda estava longe de
propiciar um resultado desta envergadura. Espargaro terminou o ano apenas em
14º lugar, com 51 pontos, bem longe dos ponteiros. Seu companheiro de equipe,
Bradley Smith, foi apenas o 18º, com 38 pontos, após terminar a etapa
valenciana em 8º lugar.
Com o
resultado da etapa de Valência, a pontuação final da MotoGP apontou Marc
Márquez em 1º com 321 pontos; Andrea Dovizioso em 2º com 245 pontos; Valentino
Rossi foi o 3º, com 198; Maverick Viñales foi o 4º, com 193 pontos; Alex Rins o
5º, com 169 pontos; Johann Zarco ficou em 6º, com 158 pontos. Cal Crutchlow foi
o 7º, com 148 pontos. Danilo Petrucci foi o 8º, com 144 pontos; Jorge Lorenzo
foi o 9º, com 134 pontos; e Andrea Iannone o 10º, com 133 pontos. Dani Pedrosa,
que despede-se como piloto titular da categoria, foi o 11º, com 117 pontos.
No Mundial de Rali, o francês Sébastien
Ogier terminou em 5º lugar no Rali da Austrália, e garantiu a conquista do seu
6º título na categoria, continuando a dominar o principal campeonato de
competições off-road do mundo. Foi a temporada mais difícil para Ogier, que não
exerceu o mesmo domínio de temporadas anteriores, mas mesmo assim conseguiu
superar as adversidades que surgiram, e carimbou mais um título. O belga
Thierry Neuville, único que poderia ameaçar a conquista de Ogier, acabou
abandonando a etapa final da competição, que acabou vencida por Jarí-Matt
Latvala, naquela que foi sua única vitória na temporada, depois de ter sido 2º
colocado nas etapas da Turquia e do País de Gales. Ogier teve 4 vitórias na
temporada, contra 3 de Neuville, que em determinado momento da competição
conseguiu até assumir a dianteira na pontuação, mostrando que poderia mesmo colocar
um fim à dinastia de títulos de Sébastien, que conseguiu manter a situação sob
controle, e retomar a dianteira na classificação. Ogier fechou o ano com 219
pontos, enquanto Neuville, o vice, marcou 201. Quem também chegou perto de
embolar a luta pelo título foi Ott Tanak, que venceu 4 etapas no ano, igualando
o número de triunfos de Ogier, mas também acabou perdendo ritmo nas etapas
finais, acabando por chegar somente a 181 pontos, finalizando a competição em
3º no campeonato. O triunfo de Latvala ajudou o finlandês a terminar o ano em
5º lugar, com 128 pontos, apenas 2 à frente do compatriota Esapekka Lappi, que
fechou com 126 pontos, e terminou a prova australiana em 4º lugar.
Com a conquista, já é o 6º título
conquistado por Ogier de forma consecutiva. E podem apostar que o francês irá
tentar igualar o feito de seu compatriota Sébastien Loeb, que foi nada menos do
que 9 vezes campeão consecutivo no Mundial de Rali. Ogier está chegando perto:
se mantiver este ritmo e nível, em mais 3 anos, ele poderá também chegar a 9
títulos. Tentará o 10º título consecutivo? Para muitos, Loeb poderia muito bem
ter chegado ao 10º título se não tivesse resolvido dar outro rumo à sua
carreira, desistindo de participar do Mundial de Rali em tempo integral. Será
que Ogier irá mais longe? Seria realmente um grande feito se o piloto
conseguisse 10 títulos, e ainda mais consecutivos. Falta, porém, combinar com a
concorrência, que esteve bem mais acirrada este ano, a ponto de realmente
colocar em dúvida a possibilidade do francês chegar a mais um título, e pode
estar bem mais ferrenha em 2019.
Surgiram
notícias neste mês de novembro sobre a possível volta dos carros da Indycar ao
Brasil, para disputar uma nova corrida que faria parte do calendário da
categoria de monopostos dos Estados Unidos. O prefeito do Rio de Janeiro,
Marcelo Crivella, chegou a anunciar um encontro com integrantes da direção da
Indycar, e até a apresentar um circuito montado nas ruas do Rio, passando pelo
Sambódromo, que faria parte do traçado, a exemplo do que foi feito em São Paulo
há alguns anos atrás. A corrida passaria a ser disputada em 2020, já que não
teria como ser inserida no calendário do certame, que já está fechado para o
ano que vem. Depois da furada que foi a tentativa de se fazer a corrida em
Brasília, que resultou num contrato cheio de irregularidades, e servindo de
pretexto para se fazer obras no circuito da capital brasileira, que acabaram
paralisadas, parecia bom demais para ser verdade a Indycar cogitar tão cedo
disputar novamente uma etapa em terras brasilis, que passou a ser visto como um
lugar pouco confiável para se realizar uma corrida, dada a “competência” de
nossos políticos e empresários do meio automobilístico, que caíram muito no
conceito dos norte-americanos. E, aliás, depois da confusão gerada com o
cancelamento da corrida em Brasília, pelas maracutaias envolvidas, quem pode
culpa-los pela falta de fé em relação a nosso país? E por isso mesmo, a direção
da Indycar mais do que se apressou em desmentir o tal encontro que teria
ocorrido entre representantes da entidade e as autoridades da metrópole
carioca, afirmando que não há nenhum projeto no momento ou vontade de se
realizar novamente uma corrida por estas paragens. E, convenhamos, não há clima
para se anunciar tal projeto, uma vez que o Estado do Rio de Janeiro está
falido, quebrado, e teve todos os seus governadores dos últimos 20 anos presos
por corrupção. E a cidade do Rio de Janeiro não é exceção ao estado de caos
financeiro que se abate sobre o governo estadual. Por mais que pudessem
prometer que a corrida fosse realizada com recursos 100% oriundos da iniciativa
privada, quem vai acreditar nisso? Há também o problema da violência, que
descambou na cidade maravilhosa, que já não é tão maravilhosa assim. Há muitos
problemas mais urgentes para se resolver, e a população também não se esqueceu
que, entre as causas da falência generalizada dos governos públicos está a
realização da Copa do Mundo de 2014, e dos Jogos Olímpicos de 2016, que também
prometeram um engajamento mínimo de recursos públicos, e o que vimos depois foi
outro descalabro de corrupção e ineficiência que nem dá para descrever em
poucas palavras. Os norte-americanos fazem muito bem em não vir para cá.
Talvez, no futuro, se o Estado e a Prefeitura do Rio de Janeiro passarem por
uma verdadeira faxina que expurgue essa corja de picaretas que estão lá
encastelados, possamos voltar a pensar realmente em vermos de novo uma corrida
no Rio de Janeiro. Mas isso tem tudo para demorar, e demorar bastante...
Mas a Indycar
começa a fazer planos para voltar ao hemisfério sul do planeta, só que bem
longe daqui: na Austrália. Depois de contatos iniciados por Will Power, Mark
Milles, CEO da Indycar, reuniu-se com as autoridades locais de Surfer’s
Paradise, cidade localizada na Gold Coast da Austrália, e saiu bem animado com
a expectativa de levar de novo uma prova de categoria Indy para a cidade, que
já sediou uma corrida nos tempos da F-Indy original, entre 1991 e 2008, sendo
esta última a única prova disputada pela IRL no local, e ainda assim, em
caráter extra-campeonato, apenas para honrar compromissos assumidos com a
F-Indy, que encerrou suas atividades no início de 2008. A prova era disputada
em um traçado montado nas ruas de Surfer’s Paradise, que inclusive andava ao lado
da praia da cidade, um dos grandes pontos turísticos do país. E, obviamente,
todo o clima festivo que se via nos GPs de F-1 da Austrália também eram
encontrados nas corridas disputadas pela F-Indy no local, razão que tornava a
corrida um destino muito aguardado por times e pilotos, mesmo tendo de ir para
o outro lado do mundo. A pista ainda é usada atualmente, sendo palco de uma das
etapas da Supercars, o campeonato de Stock Car australiano, mas o traçado foi
reduzido, em relação ao que era usado originalmente. Um dos motivos foi que em
algumas das ruas foi construído linhas de trilhos para VLTs, que acabaram
inviabilizando o seu uso como traçado de corrida. Mesmo assim, todos saíram
convencidos de que isso não é um problema insolúvel para a presença de uma
prova da Indycar no local, possivelmente para a temporada de 2020. O que está
precisando ser resolvido é sobre a data de quando a prova poderá ser realizada.
As autoridades locais gostariam que a Indycar dividisse o fim de semana com a
prova da Supercars, realizada em outubro, mês em que a etapa era disputada na
antiga F-Indy. Mas Milles quer realizar a corrida em fevereiro, antes de
iniciar a competição da categoria nos Estados Unidos. Vai ser preciso negociar
um pouco isso aí. Mas, convenhamos, ainda acho muito ruim a Indycar encerrar o
seu campeonato em setembro, enquanto a Indy original ia até o meio de novembro.
Poderiam voltar a ocupar o mês de outubro, basta esquecerem essa zica deterem
medo de disputar audiência com a competição do futebol americano. Já está mais
do que na hora de encararem que são públicos diferentes, e que se a Indycar
quiser mesmo crescer, precisará ser um pouco mais ousada em alguns aspectos de
organização das etapas do campeonato, que fica muito apertado de março a
setembro. Correr em fevereiro seria bom também para fugir do inverno no
hemisfério norte, onde em alguns lugares ainda está gelado mesmo no início de
março. Vamos ver como eles se acertam para podermos voltar a ter uma corrida em
solo australiano...
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