A temporada de 2018
não foi lá um primor para a Fórmula 1. Teve alguns pontos altos, mas também
corridas enfadonhas além da conta. E foi, sobretudo, um campeonato cansativo,
com 21 corridas, tendo inclusive uma maratona de 3 provas em 3 finais de semana
consecutivos a meio do ano, por causa da Copa do Mundo. De fato, mesmo sendo
corridas disputadas na Europa, onde as distâncias são menores, isso não aliviou
muito. Há anos atrás, cansaria menos, até porque a estrutura que cada equipe
deslocava para os locais das provas, os seus tradicionais motorhomes, eram bem
mais simples e práticos de transportar e montar. Hoje, são megaestruturas bem
mais espaçosas, mas também custosas, e difíceis de transportar e montar,
tomando um tempo bem maior do que antigamente. E as viagens mundo afora também
foram longas e cansativas.
Tudo é mais suportável
quando presenciamos grandes corridas, e belos pegas e duelos na pista. Mas, em
vários momentos, as provas negaram fogo neste quesito. E isso ajudou a cansar
mais o esforço do deslocamento necessário. Portanto, nada mais natural que,
findo o campeonato, todo mundo esteja pra lá de cansado. Depois da prova em Abu
Dhabi, os times da F-1 ainda ficaram mais uns dias em Yas Marina para o teste
dos novatos de fim de temporada. Agora, os trabalhos de pista terminaram em
definitivo. Todos, equipes, pilotos e jornalistas, voltam para casa, para
curtirem um merecido descanso de fim de ano, e bem que todos precisamos.
O mundo da velocidade,
contudo, sempre se mantém em movimento, e daqui a uma semana, será a vez da
Formula-E dar a partida para a sua 5ª temporada. Será a única etapa do
campeonato neste mês, retornando apenas em janeiro. Mas ainda teve alguns
assuntos sobre a F-1 nestas últimas semanas para falar um pouco a respeito,
antes de fechar as colunas de 2018, para um breve descanso e voltar em 2019.
Então, seguem alguns tópicos rápidos sobre alguns destes recentes
acontecimentos no mundo da F-1, para encerrar de vez as menções sobre a
categoria máxima do automobilismo, que esperemos rever no próximo ano para um
campeonato muito melhor do que este que acabou de terminar...
E Lance Stroll foi finalmente
confirmado como piloto titular da ex-Force India, atual Racing Point (ou
sabe-se lá que nome adotarão até o início da temporada 2019), time que foi
salvo da falência graças a uma operação engendrada com Lawrence Stroll à
frente. O anúncio mais óbvio desde que o time mudou de dono há alguns meses. Ao
menos, cumpriram com o contrato com a Williams, e Lance comeu o pão que o diabo
amassou em Grove nesta temporada até o seu encerramento, em Abu Dhabi. O ponto
positivo é que o time manteve sua capacidade técnica com poucos recursos, e não
fosse a patacoada do regulamento, que tirou os pontos conquistados pela
escuderia até a mudança de propriedade, estaria na verdade terminando a
temporada em 5º lugar, atrás apenas das três “grandes” (Mercedes, Ferrari, e
Red Bull) e da Renault. Afinal, foram 111 pontos no ano, 62 conquistados por
Sergio Pérez, e outros 49 averbados por Esteban Ocon. A Renault fechou o ano em
4º lugar, com 122 pontos. A Hass, maior beneficiada com a regra esdrúxula,
ficou com a 5º posição, com 93 pontos. A McLaren ficou em 6º, com 62 pontos.
Mesmo assim, a “nova” equipe ainda ficou em 7º lugar, com 52 pontos válidos,
mostrando sua capacidade de reação, superando novamente na classificação a
Sauber Alfa Romeo e a Toro Rosso. Stroll terá a grande oportunidade de mostrar
seu valor com um carro que deverá ser competitivo com potencial para brigar
pela 4ª colocação no campeonato. Sergio Pérez é um piloto combativo e já
mostrou sua capacidade no time, devendo fornecer um bom parâmetro para se
avaliar se o canadense merece ou não ter um carro mais eficiente. Até agora,
Lance só tem atraído mais atenção pelo “paitrocínio” que o colocou na Williams
no ano passado, e vendo o seu único pódio na carreira, na prova do Azerbaijão
do ano passado, como algo puramente fortuito. Será que o jovem Stroll
conseguirá ser respeitado então? Vai precisar fazer uma temporada forte, e não
se deixar abater pelo colega mexicano. As críticas só ficarão mais incisivas se
ele não demonstrar o seu talento, uma vez que o time precisou dispensar Ocon
para lhe dar a vaga, e o francês é reconhecidamente um bom piloto, que irá
passar o próximo ano na “reserva” da Mercedes, contando em conseguir uma vaga
de titular em 2020, se não antes. Com a injeção de recursos, a escuderia também
terá uma boa chance de mostrar sua capacidade técnica, já evidenciada nos
últimos anos como o time que melhor soube aproveitar seus parcos recursos, e
extrair deles o máximo de produtividade possível. Com um orçamento mais
generoso, a escuderia fala em se intrometer na luta das “grandes”. Estará
sonhando alto demais, ou apenas garante ter condições de realmente tentar a
sorte? Para o bem da competição na F-1, seria muito interessante vermos isso
acontecendo...
Finda a temporada, a F-1 ainda
permaneceu em Yas Marina, para os testes de novatos de fim de ano, mas que
tiveram também como atrativo vermos alguns pilotos já em seus novos times que
defenderão na temporada de 2019. Depois de 5 anos em sua segunda passagem pela
Ferrari, Kimi Raikkonen despediu-se de Maranello no domingo da corrida com um
abandono, para já assumir, ou melhor dizendo, reassumir o cockpit da Sauber nos
testes. A escuderia suíça foi a porta de entrada do finlandês em 2001, sob a
desconfiança de muita gente que achavam o jovem piloto ainda pouco preparado
para a categoria máxima do automobilismo. Mas Kimi mostrou que estava mais do
que pronto, tanto que no ano seguinte já estava competindo pela McLaren, então
uma das grandes forças do grid. Para aqueles que torcem por Kimi, a esperança é
que a Sauber, agora com a associação com a Alfa Romeo, continue crescendo como
mostrou durante esta temporada, a ponto de poder lutar pela liderança no meio
do grid, permitindo a Raikkonen continuar demonstrando o seu talento, como fez
em seu retorno pela Lotus em 2012 e 2013, quando chegou até a ganhar corrida,
ainda que esporadicamente, mas pontuando com impressionante regularidade,
subindo ao pódio, e quase entrando na luta pelo título. Seria uma resposta mais
do que cabal àqueles que acham que Kimi não tem mais nada a fazer na F-1. O
finlandês até que fez um ano bem decente na Ferrari, e não fosse alguns erros
da escuderia, e um pouco de falta de sorte, poderia ter terminado até melhor,
com mais pontos, e quem sabe, até mais de uma vitória apenas...
O bom filho à casa torna: A Sauber, primeiro time de Raikkonen na F-1, recebeu o finlandês de volta já nos testes de Abu Dhabi. |
Quem também já conheceu sua nova
“casa” nos testes de Abu Dhabi foi Carlos Sainz Jr. O espanhol defendeu o time
oficial da Renault nesta temporada, e em 2019 ocupará o lugar que foi de
Fernando Alonso na McLaren. Carlos não fez uma temporada exatamente ruim este
ano, mas perdeu o duelo interno para Nico Hulkenberg, que até balançou em
alguns GPs, mas colocou ordem na casa, e reafirmou-se como líder do time
francês na pista. De positivo, Sainz espera que a McLaren consiga produzir um
carro melhor, depois que o time de Woking declarou ter encontrado um problema
no projeto do chassi do carro deste ano que, para ser solucionado, necessitaria
da construção praticamente de um novo carro, pelo que eles resolveram se
concentrar no projeto do próximo ano, do que tentar remendar o carro de 2018.
Afinal, a nível de motor, os dois times, antigo e novo de Carlos, estão
equiparados, usando a unidade de potência da Renault, que prometeu muito neste
ano, e não entregou tudo o que esperava. A fiabilidade melhorou, mas foi posta
à prova na Red Bull, com o time dos energéticos sofrendo várias quebras, e
despachou os franceses com os dois pés nas costas. Sainz também terá a missão
de comandar a McLaren na pista, uma vez que o outro piloto do time é o novato
Lando Norris, nova aposta da escuderia para o time. O piloto espanhol diz que
já se sente em casa no novo time, e diz que não medirá esforços para dar o seu
melhor à McLaren no próximo ano, tendo inclusive começado um bom relacionamento
com seu novo colega de equipe Norris. Resta esperar que a McLaren finalmente
retome o seu devido lugar na F-1, pois os últimos anos certamente não deixaram
saudades para aqueles que conheceram os momentos de glória que o time já
viveu...
E os testes também trouxeram a
“estréia” do monegasco Charles LeClerc na Ferrari, onde será o novo parceiro de
Sebastian Vettel a partir do ano que vem. LeClerc foi uma das sensações da
temporada, e ganhou a chance de sua vida, ao ser confirmado como titular do
time italiano já em sua segunda temporada, algo muito pouco usual para a equipe
de Maranello, que nunca foi de apostar em novatos, preferindo pilotos com
alguma quilometragem. O que parece positivo é a postura do time, pelo menos até
o presente momento, de não cilindrar as possibilidades do novato no time,
dando-lhe liberdade para buscar todos os seus limites, visando os melhores
resultados possíveis. Se isso vai fazer a escuderia italiana rever a prioridade
dada a Vettel como primeiro piloto, o que geralmente implica em não dar o
devido apoio ao segundo piloto, ainda não sabemos, mas seria muito
decepcionante o time “podar” as performances de Charles para não melindrar a
posição de liderança de Sebastian na escuderia. Mas Vettel, depois da temporada
deste ano, onde ficou devendo, e cometido erros em várias provas, que acabaram
se mostrando determinantes para não conseguir mais uma vez levar a Ferrari ao
título (não esquecendo também as furadas cometidas pelo próprio time, que
também tem culpa no cartório pela derrota neste ano), começou a ser questionado
pela própria torcida ferrarista, e sua posição de primeiro piloto, se não foi
revogada, passou a ser questionada, de modo que o alemão poderá ter que
demonstrar na pista em 2019 se ainda merece ter a maioria das atenções do time,
ou se terá que dividir o estrelato na Ferrari com LeClerc, que certamente vai
querer chegar chegando em Maranello. Vamos aguardar para ver o que acontece...
E a Toro Rosso confirmou o
tailandês Alexander Albon como parceiro do russo Daniil Kvyat no time no
próximo ano. Albon foi um dos destaques da temporada da F-2 deste ano, ao lado
de George Russel, o campeão do certame, e de Lando Norris. Com isso, teremos
uma trinca de pilotos egressos da F-2 subindo para a F-1 em 2019. Russel
defenderá a Williams, onde terá como parceiro de time o polonês Robert Kubica;
e Norris defenderá a McLaren. Com o anúncio, encerraram-se as esperanças de
Brendon Hartley continuar na F-1. O neozelandês definitivamente não deu sorte
em sua passagem pela escuderia, tendo sido superado com grande facilidade pelo
companheiro de time Pierre Gasly, que será companheiro de Max Verstappen no
time da Red Bull no próximo ano. Bicampeão do Mundial de Endurance, onde venceu
defendendo o time da Porsche na classe LMP1 nas temporadas de 2015 e 2017, onde
também venceu as 24 Horas de Le Mans de 2017, Hartley não é o primeiro piloto a
decepcionar em sua passagem na F-1. Basta lembrar dos exemplos de Michael
Andretti, campeão da F-Indy original em 1991, e que infelizmente não conseguiu
mostrar o que sabia na McLaren em 1993, sendo demitido antes do fim da
temporada. Ou mesmo de Alessandro Zanardi, que passou o ano de 1999 na Williams
praticamente sem marcar um único ponto, depois de ser bicampeão arrasando os
concorrentes na F-Indy original nas temporadas de 1997 e 1998. É difícil de
entender como pilotos com grande talento não conseguem render em algumas
categorias. Hartley infelizmente não conseguiu mostrar a que veio. Pura e
simplesmente.
Fernando Alonso encerrou sua
participação na F-1, e o espanhol já confirmou que continua perseguindo a
Tríplice Coroa do automobilismo mundial. Vencedor do GP de Mônaco, Alonso venceu
este ano as 24 Horas de Le Mans, defendendo a equipe oficial da Toyota. Falta
apenas vencer as 500 Milhas de Indianápolis, e ele lá estará novamente em 2019,
e defendendo a McLaren, que anunciou que terá um esquema para participar da
corrida, diferente daquele feito em 2017, quando o time inglês correu associado
ao de Michael Andretti. O anúncio foi feito por Zak Brown, principal diretor da
McLaren, e também por Fernando Alonso. Ainda não foram divulgados maiores
detalhes de como será o esquema que a McLaren montará para competir na Indy500,
mas já se sabe que o motor deverá ser Chevrolet. Na disputa do ano passado,
Alonso competiu com um carro equipado com motor Honda, que deixou o espanhol na
mão, tal qual nas três temporadas usando o propulsor japonês, de 2015 a 2017,
na F-1. Mas um dos motivos certamente é o fato do asturiano competir pela
Toyota no WEC, e os japoneses certamente não veriam com bons olhos um de seus
pilotos defendendo uma marca rival nipônica na Indy500. De qualquer forma,
resta saber se a estrutura a ser montada pela McLaren para as 500 Milhas será
eficiente para deixar o carro competitivo para a corrida. No ano passado,
Fernando foi a sensação na Brickyard, andando rápido desde o início, mas tendo
a preparação de seu carro feita em conjunto com o time de Michael Andretti, que
sempre tem tido uma excelente performance no famoso circuito oval da capital do
Estado de Indiana nos últimos anos. Vejamos como será esse retorno do espanhol
à prova em 2019...
Daniel Ricciardo encerrou sua
participação na F-1 como piloto da Red Bull, mas ao contrário dos outros times
que já liberaram seus pilotos para suas novas escuderias de 2019, o time dos
energéticos não permitiu que o australiano pudesse testar o carro da Renault,
seu novo time, nos testes de Yas Marina. Uma indelicadeza e falta de
consideração para com Daniel, que merecia mais respeito do time pelo qual ele
deu o seu melhor nos últimos cinco anos. A Renault ganha com sua contratação, e
a Red Bull, claro, perde, embora não vá dar o braço a torcer admitindo isso
seriamente. Que a aposta de Daniel no time francês seja bem-sucedida. Ricciardo
é um excelente piloto, e muito boa praça, um tipo em falta na F-1 nos últimos
anos...
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