E o mês de setembro já está indo
embora, e outubro se aproxima rapidamente. E fim de mês é hora da tradicional Cotação
Automobilística, fazendo uma avaliação de alguns dos acontecimentos que rolaram
no mundo do esporte a motor neste mês, sempre com minhas devidas considerações
e comentários a respeito, que como sempre falo, fica a critério de todos os
leitores concordarem ou não com minhas posições sobre os assuntos dissertados.
Sei que não dá para agradar a todo mundo, e do mesmo modo, não dá para tratar
de todos os assuntos que tivemos nestas últimas semanas, mas espero que possam
pelo menos apreciar o texto, que segue abaixo no esquema tradicional de sempre
das avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e
EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a
próxima edição da Cotação Automobilística no mês que vem, com as avaliações dos
acontecimentos do mês de outubro:
EM ALTA:
Lewis
Hamilton: O tetracampeão inglês da equipe Mercedes conseguiu duas vitórias
categóricas nas etapas da Itália e de Cingapura, desbancando a favorita
Ferrari, e abrindo uma vantagem de 40 pontos na dianteira do campeonato,
rumando firme para o seu 5º título mundial de F-1, o que o colocaria atrás
somente de Michael Schumacher, com seus 7 títulos. Mas o inglês sabe que não
pode comemorar antes da hora, e tem sido impecável nas últimas corridas,
aproveitando-se de falhas e erros do rival Sebastian Vettel e da Ferrari para
construir uma grande vantagem e derrubá-los psicologicamente, e está
conseguindo. Se mantiver esta toada, não vai demorar para comemorar a conquista
de mais um título, e consolidar o seu nome entre os maiores mitos da história
da categoria máxima do automobilismo, e talvez tornar-se até mesmo o maior de
todos eles...
Scott
Dixon: O piloto da Chip Ganassi chegou ao pentacampeonato na Indycar,
escrevendo seu nome como um dos maiores vencedores da história das categorias
Indy, ficando atrás somente do mito A. J. Foyt, com 7 títulos nos anais do
automobilismo norte-americano. O neozelandês foi praticamente perfeito durante
a temporada 2018, e mesmo com um carro e uma equipe que já não tem a força de
outrora, fez uma temporada constante e sem erros, lutando sempre pelas melhores
colocações possíveis, e sem se meter em confusões que resultassem em abandonos.
E, no momento da decisão, em Sonoma, manteve sempre a cabeça fria e focada, o
que o ajudou a levar o título da temporada 2018, enquanto seu principal rival
Alexander Rossi acabou se envolvendo em confusão logo no início da corrida, e
ficando quase fora de combate. Aos 38 anos, Dixon é o nome de maior destaque da
Indycar, e mostrando que, se tiver um carro competitivo, estará disputando
vitórias e mais títulos. Será que ele consegue se igualar a Foyt? Com mais
alguns anos de carreira, terá chance de tentar isso, desde que a Ganassi
consiga lhe dar um carro decente, pois na pista Scott se garante.
Marc
Márquez: A “Formiga Atômica” continua arrepiando na MotoGP, e seguindo cada vez
mais firme rumo ao pentacampeonato mundial na classe rainha do motociclismo.
Superado na etapa de San Marino, o piloto da Honda travou um duelo acirrado com
Andrea Dovizioso em Aragón durante toda a corrida, superando o rival da Ducati
nas voltas finais para vencer mais uma prova, e aumentar para incríveis 72
pontos a sua vantagem na dianteira do campeonato, com apenas 125 pontos ainda
em jogo nas 5 provas restantes do calendário, o que faz prever que ele
encerrará a luta pelo título com muita antecedência, se nada de anormal
acontecer. A Ducati, com Andrea Dovizioso, parece ter recuperado a forma de
2017, mas muito tardiamente para conseguir reverter a desvantagem na
classificação, e mesmo assim, Marquez ainda está na luta pelas vitórias, como
se viu em Aragón, onde não só não deixou Dovizioso escapar como ainda deu o
bote final nas últimas voltas, e sem dar chance de um revide, como havia
acontecido entre ele e Andrea algumas vezes durante a corrida. E a diferença de
Marc para seu companheiro Dani Pedrosa chega a ser absurda, com o espanhol
ocupando apenas a 11º posição com meros 87 pontos, enquanto seu compatriota
lidera o certame com 246 pontos. Melhor os concorrentes começarem a pensar em
2019, porque 2018 já era...
Alexander
Rossi: O piloto da equipe Andretti pode ter errado logo no início da etapa
decisiva, em Sonoma, e facilitado as coisas para Scott Dixon na disputa pelo
título, quando acertou o pneu traseiro do carro de seu companheiro de time
Marco Andretti, e por pouco não viu sua corrida terminar ali mesmo. Mas o
americano conseguiu voltar à corrida, e ajudado por uma bandeira amarela,
voltou a ter chances de estragar a festa do neozelandês, o que não conseguiu,
afinal de contas. Mas Rossi fez uma bela temporada, e conseguiu desbancar os
favoritos da Penske, Josef Newgarden e Will Power, e foi o único que colocou em
real perigo o favoritismo de Dixon na reta final da competição, podendo levar o
time de Michael Andretti de volta à conquista de um título, depois de alguns
anos eclipsado por Penske e Ganassi. O jovem piloto já se destacou em seu ano
de estréia na competição vencendo nada menos do que as 500 Milhas de
Indianápolis, e este ano firmou-se de vez como um piloto de ponta, lutando
sempre pelas melhores posições em boa parte das corridas, e dando muito
trabalho para ser superado na pista. Mas Dixon, macaco velho que é, não abriu
brechas que permitissem a Alexander tomar a dianteira da competição, apesar de
ter ficado com seu favoritismo em perigo nas corridas finais da competição. Mas
Rossi fechou apenas o seu terceiro ano completo de competição na Indycar, e tem
tudo para vir mais forte ainda em 2019, e tentar novamente ir busca do sonhado
título. Por isso, é bom os concorrentes ficarem de olho nele, para não serem
surpreendidos novamente. E eles garantem que não serão. Resta saber se
conseguirão domar a nova fera da categoria...
Felipe
Drugovich: E o Brasil tem um campeão no automobilismo internacional em 2018,
com o título da Euroformula Open conquistado pelo brasileiro Felipe Drugovich,
que defendendo a equipe RP Motorsport, conquistou o campeonato deste ano por
antecipação ao vencer as duas provas da rodada dupla de Monza, e chegar a 301
pontos na classificação, 126 pontos a mais que o vice-líder, o espanhol Bent
Viscaal, que tem 175 pontos. O brasileiro venceu praticamente 10 das 12
corridas disputadas até aqui, e ainda restam as rodadas duplas em Jerez de La
Fronteira e Barcelona, com um total de 108 pontos em jogo. Felipe só não venceu
a segunda corrida da rodada dupla no Estoril, e também a segunda corrida na
rodada dupla de Silverstone. Em contrapartida, as rodadas duplas em Paul
Ricard, Spa-Francorchamps, Hungaroring e Monza ouviram duas vezes o hino
nacional brasileiro no alto do pódio. Em que pese o carro competitivo da RP, o
piloto de Maringá sobressaiu-se imensamente sobre o companheiro de equipe, o
também brasileiro Guilherme Samaia, que até o fim da rodada dupla de Monza,
ocupava a 8ª colocação no campeonato, com 62 pontos, muito distante dos
resultados do compatriota. E o time ainda tem os italianos Kaylen Frederick e Leonardo
Lorandi, que estão ainda mais atrás, mas sem efeito de comparação, por não
terem disputado todo o certame. Resta ver agora os próximos passos de
Drugovich, e esperar que possa manter o mesmo sucesso no seguimento de sua
carreira.
NA MESMA:
Kimi
Raikkonen: O piloto finlandês enfim não estará mais ao volante da Ferrari na
próxima temporada da F-1. Kimi acabou substituído pelo novato sensação Charles
LeClerc, que dividirá o time com o alemão Sebastian Vettel. Mas o finlandês
ganhou um grande prêmio de compensação, que será continuar na F-1, como piloto
titular do time em que estreou na categoria máxima do automobilismo, em 2002: a
Sauber. O time suíço vem recebendo muitos recursos técnicos e financeiros de
Maranello, ostentando agora o logo da Alfa Romeo, e o time suíço melhorou
bastante de produção no primeiro semestre, dando condições ao jovem LeClerc,
que lá corre, de mostrar o seu talento. Com a chegada de mais recursos técnicos
e melhor aporte financeiro ainda este ano, a próxima temporada é vista como
muito animadora por todos no time, e ter um piloto do cacife de Raikkonen para
capitanear o desenvolvimento da escuderia é visto com muito bons olhos por
todos que lá se encontram, e também apresentar um ambiente mais relaxado e
familiar, onde o piloto finlandês tem tudo para render mais do que no ambiente
tradicionalmente carregado de Maranello, onde ainda não conseguiu voltar a
vencer desde que retornou à equipe. Ainda é dúvida sobre quanto Kimi poderá
render na Sauber Alfa Romeo, mas a presença do “Homem de Gelo” é comemorada
pela sua personalidade única no grid atual, que sem a presença de Fernando
Alonso, terá no finlandês o único remanescente da primeira década desde século
na Fórmula 1 atual, e isso faria muita falta no ambiente da categoria. Então,
continuaremos a ter Kimi no grid por pelo menos mais dois anos, antes do que
deverá ser sua despedida definitiva da F-1...
Equipe
Yamaha na MotoGP: O time dos três diapasões quebrou um recorde negativo na
etapa de Aragón, na Espanha. Com uma performance pífia, onde Valentino Rossi
largou em 18º, e lutou muito para terminar em um minguado 8º posto, sendo que
Maverick Viñales terminou em 10º, a corrida foi a 23ª prova sem vitórias da
Yamaha desde o triunfo de Valentino Rossi em Assen, na Holanda, no ano passado.
De lá para cá, o time japonês não conseguiu mais voltar ao degrau mais alto do
pódio, embora tenha conseguido subir várias vezes em 2º ou 3º lugares de lá
para cá, mas em poucas ocasiões em condições efetivas de vencer uma corrida. Já
no final da temporada do ano passado, o time de Rossi e Viñales sequer
conseguiu entrar na disputa pelo título, e este ano, apesar de Valentino seguir
entre os primeiros no mundial graças à sua constância e sorte em alguns
resultados, em performance o time já ficou atrás até mesmo da Ducati, que
demorou um tempo até se aprumar a meio da primeira metade da temporada, mas
agora tenta ir, meio sem conseguir, à caça de Marc Márquez, deixando novamente
o “Doutor” e Maverick virarem coadjuvantes na luta por vitórias. O time luta
para não terminar o ano em branco, sem pole ou vitória, mas pelo andar da
carruagem, digo, da moto, parece que é melhor irem se acostumando ao pior, e
torcer para conseguirem dar a volta por cima em 2019...
Dupla
da equipe Hass em 2019: O time de Gene Hass vem fazendo uma boa temporada em
seu terceiro ano competindo na F-1, e só não está melhor por causa dos azares e
cacetadas dadas por sua dupla de pilotos em várias etapas da temporada atual, a
maior parte delas na conta de Romain Grosjean, que só foi conseguir finalmente
pontuar a meio do campeonato, enquanto seu companheiro de equipe Kevin
Magnussen foi bem mais regular, e já marcou pontos em várias provas. Mas,
tirando a etapa inicial, na Austrália, onde a dupla de pilotos ficou fora de
combate por culpa dos pit stops mau realizados pelos mecânicos, nas outras
etapas os próprios pilotos acabaram em determinados momentos perdendo a chance
de obterem resultados muito melhores do que os obtidos. A paciência da
escuderia com seus pilotos, contudo, já anda em baixa, e para muitos, a
perspectiva de o time entrar em 2019 com uma dupla de pilotos completamente
nova já vem rondando os bastidores do paddock há algum tempo. Se Grosjean parou
de bater tanto, o piloto ainda tem suas recaídas, enquanto Kevin Magnussen, se
até aqui até pontuou com boa regularidade, bem batendo boca diversas vezes na
pista e fora dela, com atitudes que deixam seu time preocupado com possíveis
exaltações que possam ocorrer. Escuderia altamente visada, pela boa temporada e
competitividade exibida atualmente, não seria difícil eles arrumarem novos
pilotos, se os atuais continuarem se comportando de modo potencialmente danoso
ou inconsequente, na visão da direção da escuderia. Grosjean e Magnussem que
fiquem atentos e comportados, senão quiserem engrossar a fila dos desempregados
em 2019...
Rivalidade
Lucas Di Grassi/Nelsinho Piquet: os dois pilotos já não fazem muita questão de
serem amigos, e volta e meia, acontece de surgir alfinetadas de um ou outro
lado, e a mais recente aconteceu nesta semana, quando Lucas criticou
declarações de Nelsinho em uma entrevista onde o filho do tricampeão Nélson
Piquet alegou que trazer a Formula-E para correr no Brasil, em virtude do
péssimo momento da economia, e onde o impulso aos carros elétricos em nosso
país é extremamente reduzido, seria um grande contrassenso. Divergência de
opiniões à parte, onde Di Grassi afirmou, corretamente, que é preciso mesmo dar
apoio às iniciativas de carros elétricos (afinal, correram no Chile, e não me
parece que lá estejam melhores do que o Brasil nesse quesito), a fim de
impulsionar essa opção de motorização veicular, o vice-campeão da F-E da última
temporada alegou também que Nelsinho “não deve querer correr de Fórmula E no
Brasil pra não passar a mesma vergonha que passa na StockCar na frente dos
brasileiros...”. Para alguns, Di Grassi foi deselegante, e poderia ter
expressado sua opinião sem precisar cutucar Piquet dessa maneira. Outros já
dizem que Nelsinho também não é nenhum santo, enquanto outros ainda o
crucificam pelo ocorrido no GP de Cingapura de 2008, quando bateu de forma
proposital a mando de Flavio Briatore para fazer Fernando Alonso ganhar aquela
corrida. E há aqueles que criticam o politicamente correto, e defendem o direito
dos pilotos falarem o que quiserem, doa a quem doer. Geralmente, prefiro essa
última opção, pois costuma render comentários muito mais sinceros e honestos.
Mas claro que nunca vai dar para agradar a todo mundo... E, obviamente, o
relacionamento entre os dois pilotos também não precisa ser de amiguinhos, só
porque ambos são brasileiros...
Zica
de Cacá Bueno com comissários da CBA: Não é de hoje que o piloto Cacá Bueno tem
uma certa indisposição com a Confederação Brasileira de Automobilismo e seus
comissários, que já puniram o filho do locutor Galvão Bueno em algumas
oportunidades, e nem todas elas de forma correta. A coisa só piorou quando
mensagens de Whatsapp foram reveladas de um grupo de comissários de pista
falando abertamente de prejudicar o piloto, em algo que deveria ter sido
investigado devidamente, mas parece não ter dado em nada. E agora, na etapa de
Velo Citá, o piloto acabou sendo chamado aos boxes sob a justificativa de que sua
luz de freio não estava funcionando. Reparada, o piloto teria voltado à pista,
e novamente obrigado a voltar aos boxes, sob alegação de que o reparo não havia
sido feito. Os procedimentos acabaram com as chances de um bom resultado do
piloto na etapa. Se na primeira vez Cacá não refutou sobre o ocorrido, vendo
que o problema existia, o piloto não gostou nem um pouco da segunda chamada,
alegando que o sistema da luz havia sido consertado, e que outra parada praticamente
arruinaria sua prova. A CBA pronunciou-se posteriormente sobre o assunto, mas
obviamente alegou que tudo foi feito dentro do regulamento, de modo que as
reclamações do piloto não tem fundamento, e desmentindo que haja algum tipo de “perseguição”
a ele. Mas não é de hoje que a CBA volta e meia mete os pés pelas mãos, e a falta
de apoio adequado e maior incentivo às categorias nacionais também tem culpa da
entidade, que não age como deveria para promover de fato o automobilismo em
nosso país. E deixar tretas acontecerem com um dos pilotos mais vitoriosos da
Stock Car nos últimos anos, de forma a deixar dúvidas sobre o que realmente
ocorreu não ajuda em nada, a não ser deixar a paciência do piloto ainda menor
com possíveis baianadas nestes momentos...
EM BAIXA:
Transmissão
da F-1 no SporTV: A Globo, provavelmente para cortar custos, resolveu acabar
com a transmissão “alternativa” da F-1 das provas nos domingos. Lito Cavalcanti
e Sergio Mauricio ficarão agora restritos às transmissões dos treinos livres,
enquanto a prova do domingo continuará a ser mostrada, com as devidas exceções
de horários conflitantes com o futebol, ao vivo no canal aberto da Globo. Mas a
transmissão da corrida no SporTV a partir da corrida de Cingapura passará a ser
apenas um VT da transmissão da Globo, que no caso da prova de Marina Bay, teve
narração de Luís Roberto, e comentários de Reginaldo Leme e Luciano Burti. Quem
curtia mais o time de transmissão do canal pago agora só os verá durante as
transmissões dos treinos livres e de classificação. Mais um golpe baixo da
Globo na qualidade de suas transmissões das etapas da categoria máxima do
automobilismo...
Estratégias
da equipe Ferrari: Considerada favorita para as provas da Itália e de Cingapura
de F-1, a equipe de Maranello acabou se enrolando nas estratégias para as duas
corridas, saindo de ambas completamente derrotada pela rival Mercedes, que fez
muito melhor aproveitamento das circunstâncias das provas para abater as
expectativas da rival. Se na Itália tudo ainda ficou mais complicado com o erro
de Sebastian Vettel na primeira volta, o time não soube se planejar para
permitir que Kimi Raikkonen vencesse a corrida, caindo na armadilha da Mercedes
sem saber mudar sua tática de corrida. Em Cingapura, o time não apenas errou
quanto à escolha dos pneus para começar a corrida como ainda parou Vettel cedo
de mais, deixando-o preso atrás de pilotos mais lentos na pista, e depois,
ainda calçando-o com os compostos errados para tentar fazer todo o resto da
corrida sem novas paradas. Isso permitiu à Mercedes abrir vantagem tanto nos
campeonatos de pilotos como de construtores, e se não corrigir o rumo, passará
mais um ano na fila para voltar a ser campeã...
Jorge
Lorenzo: O piloto espanhol finalmente começou a andar forte na Ducati, como
sempre se esperou desde que foi contratado pelo time italiano no final de 2016,
e depois de passar toda a temporada de 2017 na sombra de Andrea Dovizioso,
enfim desencantou com o time de Borgo Panigale e venceu suas primeiras
corridas, quando já se acertou para pilotar para a Honda em 2019. Mas, depois
de uma escalada rumo às primeiras colocações, a sorte de Lorenzo parece um
verdadeiro bumerangue, pelo menos nas últimas duas corridas do mundial da
MotoGP, quando Jorge conseguiu a pole-position tanto em Misano quanto em
Aragón, e acabou terminando ambas as provas no chão, jogando fora todo o
esforço do fim de semana, e vendo Marc Márquez, e principalmente seu
companheiro de equipe Dovizioso escapar na pontuação do campeonato, cuja
diferença já chega a 44 pontos, o que machuca bastante o ego do espanhol, que
já andou batendo boca com Andrea nos bastidores do time italiano, e agora, com
a queda em Aragón, disparou contra seu futuro companheiro na Honda, Márquez,
acusando-o de causar sua queda, logo nas primeiras curvas da etapa em solo
espanhol. O piloto, que estava até começando a deixar a Ducati arrependida de
perdê-lo, pode acabar saindo por baixo, se não tomar cuidado, enquanto
Dovizioso tem tudo para ser vice-campeão pelo segundo ano consecutivo.
Stoffel
Vandoorne: O piloto belga era tido como grande revelação nas categorias de
base, e quando chegou à McLaren, substituindo Fernando Alonso, lesionado em uma
corrida, pontuou logo de cara, mesmo com o carro pouco competitivo da equipe de
Woking. Natural que se tornasse titular no ano passado, dividindo o cockpit com
o bicampeão espanhol. Mas, este ano, com um carro inicialmente promissor que
foi ficando para trás à medida que a temporada avançava, Stoffel acabou ficando
para trás junto, incapaz de acompanhar o ritmo de Alonso, que tirava leite de
pedra com o monoposto pouco competitivo, de modo que sua reputação como piloto
começou a ficar abalada. Com a saída do espanhol, Vandoorne até poderia
permanecer no time, mas o assédio em cima de outro piloto apoiado pela McLaren,
Lando Norris, acendeu o sinal de alerta na escuderia britânica, que resolveu
dar uma chance ao piloto, ante a perspectiva de perde-lo para algum rival. E
alguém haveria de ser sacrificado nesta dança de cadeiras, e acabou sendo o
piloto belga, que agora terá de procurar um lugar para competir em 2019, mas
sem muitas credenciais para exibir desta temporada, devido ao desempenho ruim
da McLaren. E assim, Stoffel pode ser mais um bom piloto “queimado” em sua até
então curta passagem pela F-1...
Esteban
Ocon: O piloto francês foi favorecido em sua entrada na F-1 pelo apoio da
Mercedes, e quando muitos esperavam ver Pascal Wherlein promovido à equipe
Force India, foi Ocon o escolhido, tirando a sorte grande, pelo fato do time
sediado em Silverstone ser razoavelmente competitivo, permitindo a Esteban boas
chances de mostrar o seu talento. Infelizmente, as finanças claudicantes da
escuderia, mal gerida por seus proprietários, acabou levando ao seu colapso
financeiro, o que deu início ao processo de salvação por um grupo de
empresários capitaneado por Lawrence Stroll, que objetiva dar um dos cockpits a
seu filho, Lance, atualmente pilotando para uma Williams em crise e pouco
competitiva. E Ocon, a quem muitos consideram até mais talentoso que Sérgio
Perez, o outro piloto do time, é quem será rifado, tendo perdido a luta
“política” no time para o mexicano, que se mostrou mais audaz em garantir o seu
lugar para o próximo ano com a nova direção, tendo se posicionado contra os
antigos proprietários. E, curiosamente, o fato de ser um piloto da Mercedes
agora tornou-se um ônus, pois os times não tem interesse em contratar um piloto
ainda vinculado à marca alemã, que deseja manter o piloto em suas prioridades.
Graças a isso, até o presente momento o piloto francês encontra-se sem lugar
para a próxima temporada, graças a um apoio que, até pouco tempo atrás, era
visto como uma grande vantagem para competir na categoria máxima do
automobilismo. E assim, vemos a F-1 provavelmente crucificar a carreira de mais
um piloto talentoso, desta vez por motivos comerciais, sobrepondo-se à
capacidade do piloto em si... Uma pena a categoria máxima do automobilismo
caminhar nessa direção.
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