E já chegamos ao mês de setembro. Um
terço do segundo semestre de 2018 já se foi, e logo, logo, entraremos no último
trimestre do ano. O tempo parece realmente voar, e no mundo da velocidade, teve
muita coisa que rolou neste mês de agosto, em especial nas categorias da Indycar
e da MotoGP, onde vimos várias corridas, com os dois campeonatos seguindo
firme, sendo que a Indycar já se aproxima de sua reta final. Por isso, lá vamos
nós para a mais nova edição da sessão Flying Laps, relatando e comentando
alguns destes acontecimentos ocorridos neste último mês, sempre com alguns
comentários pessoais nas notas relacionadas. Uma boa leitura para todos, e até
a sessão Flying Laps de setembro, no início do mês que vem. Até mais.
Alexander Rossi venceu com grande
maestria as 500 Milhas de Pocono, na penúltima corrida em circuito oval da
temporada 2018 da Indycar, e colocou o título da temporada em sua alça de mira.
O norte-americano da equipe Andretti travou um belo duelo com Will Power, da
Penske, mas o australiano, apesar da forte pressão para desbancar Rossi, acabou
tendo de se confirmar mesmo com a segunda colocação. Quem também segue firme na
luta pelo título é Scott Dixon, que tem aproveitado todas as oportunidades
possíveis, e quando não vence, procura sempre marcar bons pontos e manter a
constância para não permitir perder a folga na liderança da competição, o que
não tem sido fácil, já que a Ganassi não tem mais a força dos velhos tempos.
Mesmo assim, o neozelandês fez uma prova aguerrida, para fechar o pódio, em um
momento onde os rivais podem se aproximar perigosamente, como é o caso de
Alexander Rossi, e também de Will Power, em que pese a temporada inconstante do
australiano na equipe Penske. Depois de várias provas com resultados em baixa,
Sébastien Bordais teve um excelente desempenho em Pocono, terminando em 4º
lugar, e sendo o último classificado na mesma volta do líder. Josef Newgarden
foi o 5º colocado, já com uma volta de desvantagem, mas se teve um piloto da
Penske que vem fazendo uma temporada apagada, e repetiu a dose no superoval de
Long Pond, foi Simon Pagenaud, que cruzou apenas em 8º lugar. Dos pilotos
brasileiros, apenas Matheus Leist chegou ao final da corrida, em 11º, resultado
até razoável, mas tendo de se levar em consideração que apenas 14 carros
cruzaram a bandeirada. E em se tratando de uma corrida de 500 Milhas, em um
superspeedway, manter-se livre de encrencas ou escapar de azares mecânicos
podem ser feitos muito elogiáveis. Tony Kanaan, infelizmente, sucumbiu a
problemas em seu carro. Já Pietro Fittipaldi, infelizmente, acabou sendo um dos
pilotos que acabaram pegando as sobras do acidente de Robert Wickens logo no
início da corrida, tendo atingido o carro de James Hinchcliffe, chegando a
bater forte e a sentir dores na perna machucada no acidente sofrido meses atrás
no WEC, mas felizmente sem consequências. O piloto da Schmidt-Peterson deixou
todos assustados na 6º volta, quando em disputa de posição com Ryan-Hunter-Reay,
acabou sendo tocado de leve pelo piloto da Andretti, que o fechou tentando
defender sua posição. O carro do canadense acabou encavalando em cima do de
Ryan, e acabou sendo projetado no alambrado de proteção da pista, que acabou
destroçado parcialmente. O monoposto de Wikens resistiu bem, chegando a dar
várias rodadas em pleno ar e no chão, mas o piloto aparentava não ter tido o
azar de bater diretamente a cabeça no alambrado como ocorreu com Dan Wheldon
anos atrás. Infelizmente, o fato do chassi ter resistido bem à pancada não
evitou que Wickens sofresse vários ferimentos, quebrando as pernas, e
fraturando a coluna vertebral. A violência da pancada obrigou a direção de
prova a paralisar a corrida, até que alambrado fosse reparado, enquanto Wickens
era levado para o hospital. O canadense passou por cirurgias nos braços, pernas
e na coluna, e foi posteriormente transferido para o Hospital Metodista de
Indianápolis, referência no tratamento de pilotos acidentados. Ainda não há
previsão de quando Robert poderá voltar a pilotar, e no atual momento, os
informes sobre sua recuperação ainda são meio nebulosos no que tange aos danos
à sua coluna vertebral, com os médicos alegando que ainda não podem fazer um
diagnóstico preciso sobre sua condição, o que deixa todo mundo um pouco na
expectativa de que há algo ruim que não queiram divulgar. Ao menos, as
cirurgias feitas nos membros foram bem-sucedidas, e o piloto já exibia boa
recuperação. Ele deve passar por novas cirurgias nas pernas em breve. Que possa
se recuperar totalmente, e retomar a vida sem problemas...
Derrotado em
Pocono, Will Power tratou de dar o troco na corrida seguinte, em Gateway,
última pista oval da temporada da Indycar 2018. O piloto da Penske travou um
duelo de estratégia com Alexander Rossi, que arriscou tudo para não precisar
parar para reabastecer nas voltas finais, tendo inclusive que diminuir de ritmo
para poupar combustível. E mesmo assim, Power chegou na frente por menos de 1s5
de vantagem para o piloto da Andretti, que com a 2ª posição, assumiu a
vice-liderança do campeonato, e chegando cada vez mais próximo de Scott Dixon,
que mais uma vez tirou leite de pedra de seu carro, para novamente fechar o
pódio, num duelo de estratégia, onde ao menos conseguiu minimizar a diminuição
de sua vantagem na classificação, mantendo uma dianteira de 26 pontos para o
piloto da Andretti. Pouco, se levarmos em conta que uma vitória rende 50
pontos. Power, por sua vez, subiu para a 3ª posição com o triunfo em Gateway,
mas mesmo assim, ainda fica muito longe, 67 pontos atrás de Scott, uma
desvantagem essa sim significativa, e difícil de ser anulada, visto que Dixon
não vem cometendo erros ou sofrendo problemas como os que tem afligido a
temporada do australiano. E quem também está sem força para tentar o bicampeonato
é justamente o atual campeão, Josef Newgarden, que ficou apenas em 7º lugar na
corrida, e já pode ir pensando em revanche em 2019. Entre os pilotos
brasileiros, foi a vez de Pietro Fittipaldi brilhar, com um 11º lugar muito
comemorado tanto pelo piloto quanto pela Dale Coyne. Tony Kanaan foi o 13º,
enquanto Matheus Leist foi o 16º. Depois de ser um dos destaques em Pocono,
Sébastien Bourdais abandonou em Gateway, enquanto Ryan Hunter-Reay também
amargou mais um abandono. Os dois pilotos foram os únicos a não terminarem a
corrida.
Em uma
temporada onde não vem repetindo o mesmo brilho de 2017, Andrea Dovizioso ao
menos exibiu de novo sua classe na etapa da República Tcheca do mundial da
MotoGP. Andrea havia conquistado a pole-position, e travou um bom duelo com
Jorge Lorenzo e com Marc Márquez pela vitória no circuito de Brno. No final, o
italiano conseguiu sobrepujar seus rivais, e faturar a segunda vitória na
temporada 2018, depois de ter vencido na prova de abertura do campeonato, no
Qatar. Foi um resultado positivo também para a Ducati, que fez nova dobradinha
com sua dupla de pilotos. Mas quem saiu mesmo ganhando da etapa foi Marc
Márquez: tanto Lorenzo quanto Dovizioso estão bem atrás na pontuação, e o
vice-líder, Valentino Rossi, foi apenas o 4º colocado, vendo o piloto da Honda
se distanciar ainda mais na ponta da tabela.
E a Ducati
manteve sua hegemonia na etapa seguinte do campeonato da MotoGP, a prova da
Áustria, no circuito Red Bull Ring, em Zeltweg. Márquez arrancou a
pole-position na marra frente à dupla da Ducati, mas na corrida, quem acabou se
saindo melhor foi Jorge Lorenzo, conseguindo mais um triunfo na escuderia de
Borgo Panigale depois de um duelo bem acirrado com Márquez, que teve mais uma
vez de se contentar com um 2º lugar nas hostes austríacas. Andrea Dovizioso até
começou forte a corrida, mas acabou sendo superado pelo parceiro de equipe e
por Marc, que abriram distância, sem que o italiano conseguisse se aproximar
para discutir a vitória, como havia feito um ano antes, quando arrebatou o
triunfo em um duelo alucinado com Márquez decidido apenas na última curva. Restou
a Andrea fechar o pódio, e pelo menos garantir mais um bom resultado em um ano
cheio de altos e baixos. E quem teve de tirar leite de pedra em Zeltweg foi
Valentino Rossi, que largou apenas em 14º, e depois de uma corrida sempre no
ataque, finalizou apenas em 6º, mostrando como a Yamaha não se adaptou ao
circuito austríaco. Prova disso foi Maverick Viñales, que foi apenas o 12º, sem
nunca ter conseguido chegar no pelotão da frente. O resultado das provas da
República Tcheca e da Áustria confirmam a liderança isolada de Marc Márquez
cada vez mais distante na liderança, com 201 pontos, e 59 pontos de vantagem
para Valentino Rossi, o vice-líder, com 142 pontos. Com os bons resultados
obtidos nas duas últimas corridas, a dupla da Ducati evoluiu na classificação,
com Jorge Lorenzo ocupando agora a 3ª posição, com 130 pontos, apenas 1 a mais
que seu parceiro de time, Andrea Dovizioso, mostrando que a disputa no time
italiano segue bem parelha em 2018, ao contrário do que se viu no ano passado,
quando Lorenzo virou uma sombra de si mesmo durante o campeonato. Maverick
Viñales é o 5º, com 113 pontos. Danilo Petrucci, da Pramac, e já confirmado na
Ducati para 2019, é o 6º colocado, com 105 pontos, apenas 1 a mais que Johann
Zarco, da Tech3, que por sua vez também tem apenas 1 ponto de vantagem para Cal
Crutchlow, da LCR. Uma disputa bem apertada no pelotão intermediário.
A etapa
seguinte da MotoGp deveria ser na Inglaterra, no tradicional circuito de
Silverstone. Infelizmente, as atividades de pista já mostravam que a situação
do fim de semana seria muito complicada, devido ao novo asfalto recapeado da
pista britânica, que ficou cheio de ondulações, um panorama que já havia sido constatado
durante a realização do Grande Prêmio de Fórmula 1. E, correndo em apenas duas
rodas, a situação complica muito, e para piorar, eis que São Pedro resolveu dar
o ar da graça, aparecendo nos treinos, e mostrando que as ondulações na pista
podiam virar verdadeiras poças de água com um tremendo risco de aquaplanagem.
Isso acabou levando ao forte acidente de Tito Rabat, da equipe Avintia, que
pego pelo asfalto molhado, saiu da pista, indo parar na caixa de brita. Ocorreu
que, logo a seguir, no mesmo ponto, Franco Morbidelli, da equipe Marc VDS,
escapou no mesmo ponto, e sua moto atingiu Rabat, que quebrou a perna com a
pancada. Providenciados os devidos socorros ao piloto, a organização da
categoria tratou de tentar alterar os horários das atividades restantes do fim
de semana, a fim de tentar escapar da chuva. Mas, convenhamos, estavam em solo
inglês, e querer driblar as interpéries, quando a previsão do tempo apontava
para mais chuva? O treino de classificação até conseguiu ser realizado, com
várias dificuldades, com Jorge Lorenzo conquistando a pole-position, superando
Andrea Dovizioso por 0s159, e Johann Zarco fechando a primeira fila do grid.
Mas o domingo amanheceu seco, antes de vir uma chuva forte, que expôs os
problemas do novo asfalto de forma contundente, com os pilotos praticamente nem
conseguindo se manter direito em cima da moto quando partiam para alinhar no
grid, e isso em baixa velocidade. Se largassem, então... E mesmo quando a
precipitação diminuía, as condições do asfalto, cheio de poças de água, ainda
mostravam que a corrida não teria segurança para ocorrer daquele jeito,
praticamente sem drenagem. Depois de adiamentos e muita enrolação, com a
possibilidade de a prova ser disputada no dia seguinte, que era um feriado na
Inglaterra, a Dorna optou pelo cancelamento total da corrida da Inglaterra,
inclusive das categorias Moto 3 e Moto 2. Prevaleceu a voz dos pilotos, que
alertaram para as condições de segurança extremamente precárias do mau
escoamento de água do asfalto da pista, que mesmo sendo “varrido” por veículos
próprios para a função, continuava muito perigoso. Foi a segunda corrida na
história do Mundial de Motovelocidade a ser cancelada na história, desde que o
campeonato passou a ser disputado, em 1949. A primeira, e até então única prova
a ser cancelada foi o GP da Áustria de 1980, que abria o campeonato naquele
ano, na pista de Salzburgring. Marcada para o dia 26 de abril, a prova acabou
não sendo realizada devido... à neve, que pegou a todos de surpresa, e acabou
fazendo com que o campeonato tivesse início de fato no dia 11 de maio, com o
Grande Prêmio da Itália, na pista de Misano. De lá para cá, nenhuma prova havia
sido cancelada novamente, até neste último dia 26 do mês de agosto de 2018. Ao
menos, optou-se pela segurança dos pilotos, ainda que tenham enrolado muito até
tomarem a decisão...
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