O ano de 2018 segue avante, e
estamos entrando em abril, com os principais campeonatos do mundo do esporte a
motor pisando fundo em suas etapas seguintes. O mês de março se foi, mas houve vários
acontecimentos no mundo do esporte a motor que não tive tempo para mencionar
nas colunas regulares, portanto, lá vamos nós para um pequeno apanhado de
alguns destes acontecimentos, sempre com alguns comentários rápidos, em mais
uma sessão Flying Laps. Então, uma boa leitura a todos, e até a próxima sessão no
início do mês que vem...
Enquanto dois brigam, o terceiro é quem
sai lucrando. O provérbio popular pode ser enquadrado no resultado do GP de São
Petesburgo, que abriu a temporada 2018 da Indycar, que viu mais uma vez a
vitória do francês Sébastien Bourdais, da equipe Dale Coyne. Mas a vitória de
Bourdais só se concretizou de fato após um incidente entre o novato Robert
Wickens, da Schimidt Peterson, e Alexander Rossi, da Andretti, que duelavam
pela vitória há muitas voltas. Rossi vinha pressionando o novato na parte final
da prova, mas Wickens conseguia se manter na frente e com alguma folga. Coube a
outro novato, René Binder, provocar uma bandeira amarela, e juntar todo o
pelotão, enquanto os fiscais retiravam o carro parado da pista. Com cinco
voltas faltando para encerrar a prova, a bandeira verde foi acionada, e a prova
recomeçou para seus momentos finais. E aí, faltando duas voltas para o final,
Wickens acabou abrindo uma brecha na defesa de sua posição no fim da reta dos
boxes, e Rossi partiu para o ataque, a fim de tomar a liderança. Quase
conseguiu, mas ele deixou o carro escorregar na freada da primeira curva, e
acabou tocando em Robert, que acabou indo parar no muro, e dando adeus às
possibilidades de vencer sua primeira corrida logo em sua estréia na Indycar.
Rossi ainda conseguiu controlar o carro e voltar à prova, atrás de Bourdais,
que era o 3º e assumiu a ponta, e de Graham Rahal, da Rahal Leterman Lannigan,
que era agora o 2º colocado. E este acabou sendo o resultado final da prova.
James Hinchcliffe ainda salvou o dia da Schimidt Peterson, cruzando em 4º
lugar. Ryan-Hunter-Reay coroou um dia bem satisfatório para a Andretti fechando
em 5º, à frente de Scott Dixon, que teve alguns problemas na corrida, e nunca
conseguiu discutir a vitória, mas pelo menos terminou na frente da arquirrival
Penske, cujos pilotos ficaram em 7º (Josef Newgarden), 10º (Will Power), e 13º
(Simon Pagenaud). A direção de prova não aplicou nenhuma punição a Rossi, no
que concordo, por ter sido um incidente de corrida. Aliás, alguns pilotos
andaram tento seus perrengues durante a corrida, e também não houve maiores
punições, até porque nada de realmente grave ocorreu que justificasse tais
atitudes. Nos últimos tempos, em especial na F-1, as punições viraram uma
verdadeira praga onde muitas atitudes acabam punidas, muitas vezes com
exageros, e pior, equipes e pilotos também passaram a clamar por punições
muitas vezes a torto e a direito. Bom ver que não é levado a ferro e fogo por
todas as categorias. E o público quer ver disputa na pista, e não competição de
“não-me-toques” entre os pilotos... A maior punição mesmo acabou sendo para
Scott Dixon, que acabou tocando rodas com Takuma Sato, em uma manobra
completamente estabanada, furando um dos pneus do carro do japonês, e sendo
realocado no fundo do grid para a relargada da prova...
Robert
Wickens, ao largar na pole e liderar a maior parte da corrida, não foi o único
novato que surpreendeu no fim de semana da Indycar em São Petesburgo. O
brasileiro Matheus Leist, da Foyt, também mostrou a que veio no treino de
classificação, ao garantir a 3ª posição no grid de largada. Mas o bom momento
de Leist parou por aí. O gaúcho acabou caindo para 4º no início da corrida, mas
mantinha-se firme entre os primeiros, até que começou a ter problemas com o
câmbio, e foi caindo lá para trás. Matheus foi para o box, onde o time tentou
resolver a situação, e o piloto voltou para a pista, a fim de ganhar
quilometragem com o carro, já que um bom resultado não era mais possível. Mas
os problemas continuaram, e na terceira ida à pista, Leist acabou perdendo o
controle e acertou o muro, encerrando de vez o fim de semana. Matheus assumiu o
erro pela batida, isentando a equipe de qualquer erro, e reconhecendo os
esforços dos mecânicos em tentar resolver os problemas que surgiram no carro
logo no início da corrida. De qualquer maneira, o primeiro GP de Leist na
categoria rendeu elogios ao piloto por parte do time, da imprensa e dos
torcedores, pela performance exibida. Agora, é se concentrar para a próxima corrida,
no circuito oval de Phoenix, onde todos já estiveram presentes testando na
pré-temporada.
Sebastien
Ogier mostrou aos concorrentes que está firme na disputa pelo título da
temporada 2018 do Mundial de Rali. O piloto francês venceu o rali do México,
retomou a liderança na classificação do campeonato, e ainda teve o prazer de
ver seus principais rivais em potencial terem um final de semana não tão
positivo como esperavam. Thierry Neuville, que chegou ao México como líder da
competição, acabou terminando em 6º lugar, e com isso, acabou caindo para a
vice-liderança, com 52 pontos. Ogier, com a vitória, alcançou 56 pontos. Kris
Meeke vinha fazendo uma prova combativa, mas acabou sofrendo um acidente, e
acabou superado por Dani Sordo, que terminou a etapa na 2ª colocação, marcando
seus primeiros pontos no campeonato, com Meeke fechando o pódio em 3º lugar.
Com três etapas disputadas até aqui, Ogier acumula duas vitórias, com o triunfo
de Monte Carlo e do México, enquanto Neuville foi o vitorioso no Rali da
Suécia, e segue firme na luta com Ogier. Os dois pilotos já se distanciaram dos
demais competidores. Andreas Mikkelsen, por exemplo, é o 3º colocado na
classificação, com 35 pontos, enquanto Kris Meeke é o 4º, com 32 pontos, com
Jari-Mati Latvala colado nele, com 31 pontos, em 5º lugar. Entre os times, a
disputa até que está equilibrada, com a Hyundai na liderança da classificação,
com 84 pontos. A M-Sport Ford ocupa a vice-liderança, com 72 pontos, com a
Citroen encostadinha, com 71 pontos. E a Toyota segue logo atrás, com 67
pontos. Uma diferença até nem muito grande entre os times, mesmo levando-se em
consideração que ainda temos muito chão pela frente na competição.
A MotoGP
abriu sua temporada 2018 com uma continuação do duelo Marc Márquez X Andrea
Dovizioso pela vitória no circuito de Losail, no Qatar. Largando na 5ª posição,
o italiano da Ducati foi escalando o pelotão ao longo da corrida, até chegar à
liderança da prova, após um duelo renhido com Johann Zarco, da equipe Tech3,
que na classificação surpreendeu os favoritos para arrebatar a pole-position e
largar na frente na primeira corrida da temporada. Mas Dovizioso não teve vida
fácil na liderança, muito pelo contrário: Márquez, que sempre andou entre os
primeiros, partiu para o ataque contra o piloto da equipe italiana, e ficou
colado em sua traseira por toda a parte final da prova, ameaçando passar, até
que conseguiu fazê-lo na entrada da última curva da última volta, mas Dovizioso
saiu mais embalado, e retomou a dianteira, cruzando a linha de chegada em
primeiro por uma diferença de apenas 0s027. Coube ao atual campeão e piloto da
Honda resignar-se com a 2ª posição, e sair derrotado novamente em um duelo “in
extremis” com Dovizioso. O pódio foi completado por Valentino Rossi, que fez
uma excelente corrida, partindo da 8ª posição no grid, e fazendo uma prova
sempre no ataque, mostrando que ainda está muito cedo para pendurar o capacete,
como alguns de seus críticos falam. O “Doutor” fechou a corrida logo atrás de
Dovizioso e Márquez, com uma desvantagem de menos de 0s8. Zarco liderou a maior
parte da corrida, sempre se defendendo dos ataques dos rivais, até ser superado
por Dovizioso. A partir dali, o piloto caiu de posições, e foi terminar a prova
apenas em 8º lugar. Destaque também para as boas apresentações de Cal
Crutchlow, da LCR, o 4º colocado; e Danilo Petrucci, da Pramac, em 5º. Quem
também fez uma corrida de recuperação foi Maverick Viñales, que largou em 12º,
e terminou em 6º lugar.
Jorge
Lorenzo não teve o início de temporada que almejava. O piloto espanhol sofreu
durante a maior parte da temporada de 2017 tentando se acostumar ao estilo de
condução da moto da Ducati, e acabou completamente ofuscado por Andrea
Dovizioso. Pelo menos em Losail, o quadro se manteve: Dovizioso largou em 5º e
partiu para a liderança ao longo da corrida, enquanto Lorenzo largou em 9º, mas
caiu para trás, tendo de recuperar posições ao longo da prova, e com certa
dificuldade para superar os rivais na pista. E a corrida do espanhol acabou
chegando ao final a 10 voltas para a bandeirada, quando sofreu um tombo, e
disse adeus à corrida. Lorenzo afirmou que vinha sofrendo com problemas nos
freios desde a largada, e que o sistema veio falhando cada vez mais com o
decorrer da corrida, até que precisou tombar com a moto para evitar atingir o
muro, já que naquele instante, havia ficado completamente sem freios. Não foi
um início de temporada dos mais animados, mas Jorge afirma que o problema não
deverá se estender para a temporada, confiando na capacidade da Ducati de resolver
o problema. Independente de problemas mecânicos ou não, o que todos esperam é
que em seu segundo ano na Ducati, Lorenzo volte a se firmar na luta pelas
primeiras posições, como costumava fazer na Yamaha, e fez apenas
esporadicamente desde que chegou à equipe italiana. Outro ano abaixo do
esperado terá consequências para a renovação do contrato de Jorge com a Ducati,
com a marca italiana já afirmando que, neste ritmo, o valor salarial do
espanhol terá de ser reduzido se ele quiser seguir no time de Borgo Panigale.
Lorenzo apenas diz que não é o momento de se falar sobre o assunto, mas alguns
boatos dizem que, se ele se sentir desprestigiado pela Ducati, poderá muito bem
trocar de time, e dizem que a Suzuki poderia ser o mais provável destino de
Jorge, já que o time japonês quer se bater com suas rivais nipônicas Honda e
Yamaha, é um time de fábrica, e está carecendo de um nome de peso para liderar
a escuderia na pista, como fazia Maverick Viñales antes de se transferir para a
Yamaha. Dovizioso começou a temporada em alta, e liderando o mundial, com a sua
vitória na primeira corrida, no Qatar. Ainda temos 18 provas pela frente, e
Lorenzo precisará mostrar reação desde já, para reafirmar o seu valor perante
os italianos, e até para si mesmo, caso acabe perdendo de goleada novamente no
confronto de resultados para o companheiro de equipe pelo segundo ano
consecutivo...
A Formula-E disputou a corrida em Punta
Del Este, no Uruguai, prova que era inicialmente para ter sido realizada em São
Paulo, capital, antes que os devaneios do prefeito da metrópole azedassem o
clima para a realização da corrida. E Jean-Éric Vergne, da Techeetach, obteve
sua terceira vitória na temporada, disparando na classificação do campeonato,
tendo agora 30 pontos de vantagem para o segundo colocado, Felix Rosenqvist,
que terminou a prova uruguaia na 5ª posição. E Lucas Di Grassi enfim pode
disputar uma boa corrida, tendo largado na primeira fila, e comboiado Vergne
durante toda a prova, tentando forçar um erro do rival que acabou não acontecendo,
e que também nunca deu uma oportunidade de ultrapassagem que o brasileiro
pudesse explorar. Di Grassi terminou em 2º, e parece ter dado adeus aos azares
de confiabilidade que minaram seu início de temporada. Quem não curtiu a volta
a Punta Del Este foi Nelsinho Piquet, que infelizmente acabou abandonando a
prova, bem como Sébastian Buemi, que também não teve como receber a bandeirada.
Sam Bird, 3º colocado no campeonato, também subiu ao pódio no Uruguai, e agora
está encostado em Rosenqvist na classificação (76 para Bird e 79 para Felix),
mas também viu Vergne abrir mais vantagem na dianteira, que pode ser impossível
de reverter na segunda metade do campeonato. A próxima prova é em Roma, no dia
14 de abril.
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