A Ferrari largou na frente no GP do Bahrein e apesar de tudo, conseguiu mais uma vitória na temporada com Sebastian Vettel. |
Hoje, quando a F-1
inicia os treinos livres para sua terceira etapa, na China, o assunto principal
no paddock, e nas discussões de torcedores mundo afora, é se podemos considerar
a Mercedes ainda a grande favorita para vencer o mundial de 2018. Contra todas
as expectativas iniciais, eis que Sebastian Vettel venceu as duas primeiras
corridas, e lidera a competição, abrindo 17 pontos de vantagem para Lewis
Hamilton. Mas, mais importante do que isso, é a Ferrari estar sabendo agir
melhor do que a Mercedes, ou pelo menos, errando menos, ou sabendo se virar
melhor do que os rivais. E, a exemplo da Austrália, outro problema no pit stop
acabou sendo crucial para o resultado da corrida.
Com um ritmo de
corrida consistente e forte, a Mercedes, pega de surpresa na classificação,
quando acabou superada pelos pilotos da dupla de Maranello, e já tendo de lidar
com o prejuízo da punição pela troca do câmbio do carro de Lewis Hamilton,
experimentou mudar a estratégia de corrida, e com isso, inverter a situação.
Cientes de que tanto Sebastian Vettel quanto Kimi Raikkonen deveriam fazer dois
pit stops, o planejamento era aproveitar o stint inicial de Hamilton com pneus
mais duros de modo que o inglês fizesse apenas uma parada. Com uma largada
agressiva, e a sorte de não ter o carro quebrado pela esfregada provocada por
Max Verstappen, Hamilton logo chegou à 4ª posição. E, com 27 voltas de pista, o
inglês foi para seu único pit stop, para ir até o final da corrida. Um pouco
antes, Valtteri Bottas também fizera sua parada, e o plano era do finlandês
também ir até o final.
A tática da Mercedes
era fazer seus dois pilotos irem se aproximando paulatinamente da dupla
ferrarista, de modo que, quando Vettel e Raikkonen parassem, Bottas e Hamilton
assumiriam a liderança e vice-liderança da prova. Por isso mesmo, o ritmo dos
pilotos prateados, apesar de veloz, não poderia ser forte demais, pois os pneus
precisariam ser conservados para o stint final da prova, onde os pilotos de
Maranello, devidamente calçados com pneus novos, viriam voando para cima dos
prateados, com chances razoáveis de retomarem suas posições. A tática ia sendo
executada com perfeição, e começou a preocupar a Ferrari, que viu que sua dupla
de pilotos seria superada na pista com as segundas paradas de ambos. Mas era a
estratégia necessária: os pneus mais macios aguentariam ir até o fim, e com o
risco de ambos os pilotos acabarem sofrendo um estouro dos pneus e arruinando
as chances de um bom resultado completamente? Permanecer na pista era um risco
muito maior do que fazer a troca. E, com pneus novos e mais velozes, caberia a
seus pilotos recuperar o terreno. Mas aí, quando Kimi entrou para sua troca,
houve o acidente que mudaria os planos da Ferrari.
Uma das rodas traseiras
não saiu, e com as demais rodas trocadas, o mecânico que comanda a liberação do
carro deu sinal verde para o finlandês, que obviamente acelerou conforme a
ordem do sinal. Mas um dos mecânicos ainda estava ajudando a tirar a roda
traseira, e acabou atropelado pelo bólido, que acertou sua perna, e provocou
duas fraturas expostas. Foi um caos nos momentos seguintes. Kimi recebeu ordem
para parar imediatamente, sem entender o porquê, e os demais mecânicos ficaram
em polvorosa, vendo o que havia acontecido com um dos seus. O atendimento
médico foi acionado, mas àquele momento, Vettel não poderia parar para sua
troca de pneus. Pior: transtornados com o acidente, os mecânicos poderiam não
fazer o trabalho direito no carro do alemão, e poderia ser até pior. Aí, Vettel
só recebeu o aviso de que teria de se virar para ir até o final da corrida. Era
praticamente um tudo ou nada. Ficar na pista significaria ficar na frente, mas
seus pneus aguentariam ir até o final da prova? Sebastian disse que estava com
tudo sob controle, mas ele mesmo não sabia se conseguiria.
E aí foi a Mercedes
que marcou bobeira: quando finalmente entendeu que Vettel não iria parar
novamente, seus pilotos passaram a acelerar para tirar na pista a diferença que
esperavam ver superada na segunda parada dos carros rossos. O problema é que,
quando notaram isso, já haviam perdido várias voltas com sua dupla andando em
um ritmo forte, mas inferior ao possível, com o intuito de conservar seus
compostos e poderem se defender de um ataque dos pilotos da Ferrari nas voltas
finais. Só que mesmo com o ritmo mais forte, apenas Bottas alcançou Vettel, e
mesmo assim, acabou incapaz de superar o alemão nas voltas finais. Dando tudo
de si, em um carro com pneus no limite do desgaste, Sebastian conseguiu conter
as investidas de Valtteri, e vencer a corrida em Sakhir. Foi um momento muito
especial para ele, já que era seu 200º Grande Prêmio na categoria máxima do
automobilismo, coroado com uma mais do que merecida vitória. Para a Mercedes,
um bom resultado, mas ao mesmo tempo, frustração por terem sido pegos novamente
no contrapé pela Ferrari, que arriscou, e ganhou. Além de muita competência
para conseguir levar o carro até o final, Vettel contou com a sorte da falha de
percepção dos prateados. Se tivessem liberado seus pilotos para darem tudo de
si várias voltas mais cedo, Bottas muito provavelmente teria alcançado
Sebastian mais cedo, e com mais tempo útil, poderia ter tido sucesso em
ultrapassar a Ferrari e vencer a corrida. Hamilton, que terminou 6s5 atrás, poderia
ter alcançado o alemão, e quem sabe, talvez até o superado também na pista, já
que estaria com pneus mais resistentes. Mas o “se” não conta, e sim os fatos. A
Mercedes demorou a compreender o que estava acontecendo e mais uma vez, acabou
derrotada pelos italianos, que conseguiram virar o jogo a seu favor, mesmo com
todos os riscos. E a prova barenita consegue redimir em parte a chatice que foi
a prova australiana, duas semanas antes, e mostrar que teremos uma boa disputa
no campeonato, ao contrário do que muitos esperavam inicialmente.
Sim. A Mercedes não é
tão favorita quanto todos imaginavam. O carro prateado ainda é mais veloz, mas
não tanto quanto se imaginava, e pior, ainda tem pontos a serem acertados para
finalmente render o máximo, a exemplo do que vimos no ano passado. A Ferrari,
por sua conta, também tem lá seus motivos para se preocupar, por saber que, em
teoria, seu carro tem uma performance um pouco inferior ao da Mercedes, mas nem
tanto quando se esperava. E, sabendo interpretar melhor as circunstâncias de
corrida, eles podem virar completamente o jogo, enquanto o time alemão não
acordar propriamente para estes acontecimentos durante as corridas e suas
consequências. Mas, até conseguirem recuperar-se, a Ferrari precisa abrir
vantagem, a fim de impedirem uma reviravolta na situação, como houve em 2017,
onde Vettel liderou a competição a maior parte do ano, para perdê-la em Monza,
e não conseguir recuperar mais.
A Mercedes precisa
reagir, e já. Uma nova derrota neste final de semana, na etapa da China,
colocaria ainda mais pressão em Brackley. Hamilton já conseguiu reverter
desvantagens bem maiores nos últimos anos, mas não é por isso que o inglês vai
fazer corpo mole. Lewis quer ir à forra, e mostrar que vai dar trabalho para
ser vencido, sim. Resta saber se a equipe não vai ser pega de surpresa
novamente devido a algum percalço inusitado.
E, falando em
percalços, quem levou um belo tombo em Sakhir foi a Red Bull, que viu sua dupla
de pilotos ir a nocaute logo no início da corrida. Daniel Ricciardo vinha com
boa expectativa para a prova, até seu carro sofrer um apagão e deixar o
sorridente australiano sem entender o que houve. Já Max Verstappen, que errou
feio no treino de classificação, foi com tudo para cima de Hamilton numa
dividida e se lascou, tendo um pneu furado e danificando sua suspensão
traseira. “Mad Max” é visto com carinho por Helmut Marko, mas se o holandês não
colocar um mínimo de juízo em sua pilotagem, vai azedar as possibilidades de
bons resultados que o time dos energéticos não gostaria de prescindir.
Enquanto isso, na base
do come quase quieto, a McLaren vem em 3º no campeonato de construtores, e com
Fernando Alonso em 4º na classificação de pilotos. Parece muito, e é: o time de
Woking não está tendo aquele desempenho que esperava, mas tem se aproveitado
das circunstâncias das corridas para conseguir os pontos que seus rivais mais
bem competitivos estão perdendo pelos mais variados motivos. Mas há muito
trabalho para ser feito nos carros laranjas de modo que eles melhorem seu ritmo,
e nesse ponto, Fernando Alonso tem sido até otimista demais com as
possibilidades imediatas de melhora de performance. O time prometia melhorar no
Bahrein, mas não foi o que se viu. Ao menos, eles reconhecem que estão tendo
dificuldades, e que precisam dar duro para solucioná-las. Enquanto isso, graças
a Alonso, e também ao belga Stoffel Vandoorne, o time vai conquistando pontos
perdidos pelos rivais, e ostentando uma posição quase invejável na
classificação de pilotos e construtores. Resta saber até quando...
Enquanto isso, quem
teve uma mudança espetacular foi a Toro Rosso, que com uma pilotagem
espetacular de Pierre Gasly, e uma performance firme do seu carro, obteve uma
incrível 5ª posição no grid de largada, e um 4º lugar na bandeirada final que fez
todos no time pularem de imensa alegria, e com todos os méritos. Melhor ainda
foi ver Brendon Hartley ainda exibir um desempenho sólido na pista, mesmo que
não tenha pontuado, o que mostrou que o carro e o motor, depois do desempenho
sofrível visto no Albert Park, parece ter retomado o rumo esperado exibido nos
testes da pré-temporada, após a marca japonesa efetuar a troca das unidades de
potência nos dois carros do time. Foi também o melhor resultado da Honda desde
seu retorno em 2015, já que nos três anos de parceria com a McLaren, o melhor
que eles conseguiram havia sido 5ºs lugares. Veremos se aqui em Shanghai os
carros de Faenza conseguirão mostrar esse mesmo desempenho, que seria muito
festejado por todos, por trazer mais um time à luta no meio do pelotão, e ao
que pode ser o começo da redenção da Honda na F-1 atual, depois da fracassada
reunião com a McLaren nos últimos três anos. A Red Bull está acompanhando
atenta a essa evolução.
Pierre Gasly marcou seus primeiros pontos na F-1 com um muito festejado 4º lugar para a Toro Rosso, e com todos os méritos. |
Marcus Ericsson também surpreendeu com a Sauber, marcando os primeiros pontos na temporada, e deixando a Williams na rabeira da classificação. |
Mas, melhor do que
tudo, é que a corrida barenita mostrou disputas, ultrapassagens, suspense, e
brigas por posições, tudo o que os fãs mais querem ver nas provas da F-1, e não
procissões como a de Melbourne. Isso também traz boas expectativas para a prova
deste final de semana, no circuito de Shanghai, que deve ver muitas disputas,
talvez até mais do que na corrida do Bahrein. A conferir já a partir dos
treinos livres de hoje.
A Formula-E chegou à Europa para
a mais nova prova de seu calendário, em Roma, capital da Itália. O circuito
montado nas ruas da cidade eterna tem 2,84 Km de extensão, com um total de 21
curvas. A pista, localizada no distrito Esposizione Universale, aproveita o
belo visual de alguns dos pontos turísticos da metrópole no local, com a linha
de largada e chegada estando localizada na Via Cristóvão Colombo, com os carros
correndo ao redor do Obelisco de Marconi, e tendo como pano de fundo o Colosseo
Quadrato, um edifício simbólico da arquitetura fascista, uma vez que Benito
Mussolini tencionava sediar no local uma feira mundial, e por isso, foi
escolhido pelo ditador italiano para comemorar o fascismo na década de 1940.
Hoje, o distrito é um grande centro residencial e empresarial. O canal pago Fox
Sports 2 transmitirá o VT do treino de classificação a partir das 10:00, com a
corrida sendo exibida ao vivo a partir das 11:00 Hrs., no horário de Brasília.
Jean-Éric Vergne defende a liderança do campeonato e, com 30 pontos de
vantagem, mesmo que não pontue, ainda sairá da capital italiana na frente na
classificação.
O traçado da pista da F-E para o ePrix de Roma. |
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