quarta-feira, 18 de abril de 2018

ARQUIVO PISTA & BOX – MAIO DE 1998 – 15.05.1998


            De volta com mais um de meus antigos textos, trago hoje a coluna publicada no dia 15 de maio de 1998. Já fazem quase 20 anos... O tempo voa mesmo, quando olhamos para trás... O assunto era a situação de nossos pilotos na F-Indy original, que havia assumido o nome de F-CART, com a IRL assumindo a exclusividade do nome “Indy”. E a situação, apesar do otimismo e das condições de competições de todos eles, ou pelo menos da maioria, não era tão animadora quanto poderia ser... Erros, azares, acidentes... todo tipo de zica parecia acometer nossos representantes na categoria, que novamente passariam batidos na disputa pelo título da competição, apesar dos esforços de todos, em especial de Gil de Ferran, que parecia o mais completo de todos, mas que não conseguiu sequer vencer uma corrida, no ano que marcou o bicampeonato de Alessandro Zanardi. Nas notas rápidas, mais alguns comentários sobre alguns acontecimentos na categoria, com destaque para a etapa do Brasil, disputada no autódromo de Jacarepaguá no fim de semana anterior. Uma boa leitura, e em breve, trago mais textos antigos por aqui...


AZAR A TODA

Pode-se dizer que os pilotos brasileiros estão mesmo com problemas em mais uma temporada na F-CART. E o GP do Brasil, disputado no último domingo, dá uma idéia mais precisa de como será difícil aspirar ao título este ano. Nem mesmo o otimismo e o suporte técnico parecem ser suficientes diante do mar de azares e incidentes que parece se abater sobre nossos representantes na categoria, situação que já vem se arrastando assim há pelo menos 4 anos.
Tony Kanaan, Hélio Castro Neves, Christian Fittipaldi e André Ribeiro foram nocauteados por problemas mecânicos diversos, totalmente alheios aos seus controles. No caso de Helinho e Tony, menos mal, pois são novatos na categoria e, mesmo com todo o talento que têm, é certo que este é um ano de aprendizado e aclimatação na categoria. Mas André Ribeiro e Christian Fittipaldi, que correm pelas melhores e maiores equipes da categoria, é um mau sinal. Não é problema com os pilotos, felizmente, mas com os carros. Desde que estreou na Newmann-Hass, Christian passou a ambicionar alto na categoria, pois passou a ter um esquema de ponta e equipamento de nível para brilhar na F-CART. Só que sempre tem surgido incidentes e azares crônicos. Em 96, foi a fiabilidade mecânica que arrasou o sobrinho de Émerson, ocasionando inúmeros abandonos, alguns como a vitória em grande chance, como em Road America. Ano passado, foi o acidente na Austrália, o que deixou Christian fora de diversas etapas e, mesmo voltando a pilotar com toda a garra, não há como negar que o acidente foi um revés considerável. E este ano, a coisa parece se repetir: a única prova sem problemas foi a abertura em Miami, onde ficou em 4º. De lá pra cá, só resultados ruins, com problemas de fiabilidade a acidentes, leves, felizmente.
Já André Ribeiro, que desde que estreou na categoria sempre correu pela Tasman, acabou encontrando o limite da equipe, obtendo poucos resultados positivos. Ao ingressar este ano na Penske, André confiava plenamente em disputar o título, mas a situação na maior equipe da categoria anda brava. O novo chassi PC27, revolucionário no meio, ainda é um projeto muito inovador, a sem ostentar até o momento desempenho de carro campeão. Até o carro apresentar a competitividade esperada, serão momentos difíceis para o piloto brasileiro.
Guálter Salles está fora de combate até mesmo por resultados discretos, pois encontra-se a pé. Talvez consiga disputar algumas provas ainda este ano, substituindo algum piloto. O jeito é esperar melhor sorte em 1999.
Maurício Gugelmim encontra-se meio perdido na PacWest. O time optou por uma tática conservadora no início do ano e deu-se mal perdendo boas chances de melhor desempenho. Agora, o atraso no desenvolvimento do carro está se refletindo na performance. Gugelmim, que foi o pole em Jacarepaguá ano passado teve uma atuação discreta na classificação e na corrida. Ainda há tempo de recuperar, mas vai ser muito duro conseguir disputar o título.
O mesmo quase vale para Gil de Ferran. Melhor piloto brasileiro no campeonato, Gil sofreu alguns azares mecânicos este ano, mas aqui no Brasil, cometeu um equívoco fatal, ao tentar ultrapassar Paul Tracy na curva 1 daquela maneira. Não foi um erro totalmente, pois qualquer piloto faria o mesmo. O erro foi que Tracy, tradicionalmente, é duro de roer nas ultrapassagens, e fechou o brasileiro. Gil deveria ter sido mais cuidadoso, pois sabe perfeitamente do que o canadense é capaz. Christian e Gugelmim que o digam, pois já tiveram vários desentendimentos com ele nos últimos tempos.
Não sou supersticioso, mas do jeito que a coisa vai, é melhor que nossos pilotos comecem a arrumar trevos de quatro folhas, pés de coelho, ferraduras e tudo o mais só para se prevenirem, pois a situação anda mesmo brava...


Hiro Matsushita despediu-se das pistas da F-CART como piloto no GP do Brasil, onde, pra variar, terminou em ultimo, na 15ª posição. Herdeiro do império da Matsushita Corporation, leia-se Panasonic, e proprietário da Swift, que produz os chassis da equipe Newmann.-Hass, Hiro vai se dedicar aos negócios como construtor de monopostos. Sem dúvida, um alívio para os pilotos de ponta da categoria, que irão correr um perigo a menos...


Arnd Meyer parece que vai ser o sucessor de Matsushita como retardatário pesadelo para os pilotos de ponta. Alessandro Zanardi que o diga, pois o alemão surgiu na pista justamente quando o italiano sofria forte assédio de Greg Moore nas voltas finais do GP do Brasil. Meyer abriu passagem, mas pelo lado errado, obrigando Zanardi a dar a ultrapassagem pelo lado de fora, perdendo a vantagem para Moore. Resultado: o canadense ganhou a corrida, enquanto o italiano ficou em segundo...


Enquanto Hiro Matsushita encerra a carreira, um velho conhecido retorna à categoria. Robby Gordon irá ocupar o lugar que foi do japonês na Arciero-Wells. E Gordon mostra do que é capaz: em Nazareth, correndo no lugar do piloto japonês, Gordon ficou em 7o lugar...


Bomba na F-1: A Ferrari, desesperada por resultados, e fortemente pressionada por Michael Schumacher, poderia passar a utilizar os pneus da Bridgestone já no GP do Canadá, dispensando a Goodyear. Para isso, estaria disposta até mesmo a pagar a multa de rescisão contratual com a fábrica norte-americana, que beira os US$ 7 milhões. E Schumacher não cansa de reclamar dos pneus da Goodyear...


A Williams corre contra o tempo para colocar seu novo modelo FW20B na pista. Com o FW20 atual, não dá para esperar muita coisa mais do que já se viu. Pra piorar a situação, Villeneuve diz que já não sente prazer em guiar para chegar em 4º ou 5º. Ano passado, o canadense falava bem diferente. Claro, quando se guia o melhor carro da categoria, é muito fácil dizer que é um prazer pilotar na F-1. Duro mesmo é encarar a falta de competitividade do monoposto, tarefa que praticamente quase todos os pilotos da F-1 tem de encarar frequentemente. Está na hora de Jacques mostrar se tem ou não a fibra de seu pai, Gilles, que não importava se o carro fosse bom ou ruim, tratava de arrancar dele tudo o que podia dar. Às vezes, até mesmo o que o carro não tinha mais a oferecer...

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