De volta com mais um de meus antigos
textos, trago hoje a coluna publicada no dia 15 de maio de 1998. Já fazem quase
20 anos... O tempo voa mesmo, quando olhamos para trás... O assunto era a
situação de nossos pilotos na F-Indy original, que havia assumido o nome de F-CART,
com a IRL assumindo a exclusividade do nome “Indy”. E a situação, apesar do
otimismo e das condições de competições de todos eles, ou pelo menos da maioria,
não era tão animadora quanto poderia ser... Erros, azares, acidentes... todo
tipo de zica parecia acometer nossos representantes na categoria, que novamente
passariam batidos na disputa pelo título da competição, apesar dos esforços de
todos, em especial de Gil de Ferran, que parecia o mais completo de todos, mas
que não conseguiu sequer vencer uma corrida, no ano que marcou o bicampeonato
de Alessandro Zanardi. Nas notas rápidas, mais alguns comentários sobre alguns
acontecimentos na categoria, com destaque para a etapa do Brasil, disputada no
autódromo de Jacarepaguá no fim de semana anterior. Uma boa leitura, e em breve,
trago mais textos antigos por aqui...
AZAR A TODA
Pode-se dizer
que os pilotos brasileiros estão mesmo com problemas em mais uma temporada na
F-CART. E o GP do Brasil, disputado no último domingo, dá uma idéia mais
precisa de como será difícil aspirar ao título este ano. Nem mesmo o otimismo e
o suporte técnico parecem ser suficientes diante do mar de azares e incidentes
que parece se abater sobre nossos representantes na categoria, situação que já
vem se arrastando assim há pelo menos 4 anos.
Tony Kanaan,
Hélio Castro Neves, Christian Fittipaldi e André Ribeiro foram nocauteados por
problemas mecânicos diversos, totalmente alheios aos seus controles. No caso de
Helinho e Tony, menos mal, pois são novatos na categoria e, mesmo com todo o
talento que têm, é certo que este é um ano de aprendizado e aclimatação na
categoria. Mas André Ribeiro e Christian Fittipaldi, que correm pelas melhores
e maiores equipes da categoria, é um mau sinal. Não é problema com os pilotos,
felizmente, mas com os carros. Desde que estreou na Newmann-Hass, Christian
passou a ambicionar alto na categoria, pois passou a ter um esquema de ponta e
equipamento de nível para brilhar na F-CART. Só que sempre tem surgido
incidentes e azares crônicos. Em 96, foi a fiabilidade mecânica que arrasou o
sobrinho de Émerson, ocasionando inúmeros abandonos, alguns como a vitória em
grande chance, como em
Road America. Ano passado, foi o acidente na Austrália, o que
deixou Christian fora de diversas etapas e, mesmo voltando a pilotar com toda a
garra, não há como negar que o acidente foi um revés considerável. E este ano,
a coisa parece se repetir: a única prova sem problemas foi a abertura em Miami,
onde ficou em 4º. De lá pra cá, só resultados ruins, com problemas de
fiabilidade a acidentes, leves, felizmente.
Já André
Ribeiro, que desde que estreou na categoria sempre correu pela Tasman, acabou
encontrando o limite da equipe, obtendo poucos resultados positivos. Ao
ingressar este ano na Penske, André confiava plenamente em disputar o título,
mas a situação na maior equipe da categoria anda brava. O novo chassi PC27,
revolucionário no meio, ainda é um projeto muito inovador, a sem ostentar até o
momento desempenho de carro campeão. Até o carro apresentar a competitividade
esperada, serão momentos difíceis para o piloto brasileiro.
Guálter Salles
está fora de combate até mesmo por resultados discretos, pois encontra-se a pé.
Talvez consiga disputar algumas provas ainda este ano, substituindo algum
piloto. O jeito é esperar melhor sorte em 1999.
Maurício
Gugelmim encontra-se meio perdido na PacWest. O time optou por uma tática
conservadora no início do ano e deu-se mal perdendo boas chances de melhor
desempenho. Agora, o atraso no desenvolvimento do carro está se refletindo na
performance. Gugelmim, que foi o pole em Jacarepaguá ano passado teve uma
atuação discreta na classificação e na corrida. Ainda há tempo de recuperar,
mas vai ser muito duro conseguir disputar o título.
O mesmo quase
vale para Gil de Ferran. Melhor piloto brasileiro no campeonato, Gil sofreu
alguns azares mecânicos este ano, mas aqui no Brasil, cometeu um equívoco
fatal, ao tentar ultrapassar Paul Tracy na curva 1 daquela maneira. Não foi um
erro totalmente, pois qualquer piloto faria o mesmo. O erro foi que Tracy,
tradicionalmente, é duro de roer nas ultrapassagens, e fechou o brasileiro. Gil
deveria ter sido mais cuidadoso, pois sabe perfeitamente do que o canadense é
capaz. Christian e Gugelmim que o digam, pois já tiveram vários
desentendimentos com ele nos últimos tempos.
Não sou
supersticioso, mas do jeito que a coisa vai, é melhor que nossos pilotos
comecem a arrumar trevos de quatro folhas, pés de coelho, ferraduras e tudo o
mais só para se prevenirem, pois a situação anda mesmo brava...
Hiro Matsushita despediu-se das pistas da F-CART como piloto no GP do
Brasil, onde, pra variar, terminou em ultimo, na 15ª posição. Herdeiro do
império da Matsushita Corporation, leia-se Panasonic, e proprietário da Swift,
que produz os chassis da equipe Newmann.-Hass, Hiro vai se dedicar aos negócios
como construtor de monopostos. Sem dúvida, um alívio para os pilotos de ponta
da categoria, que irão correr um perigo a menos...
Arnd Meyer parece que vai ser o sucessor de Matsushita como
retardatário pesadelo para os pilotos de ponta. Alessandro Zanardi que o diga,
pois o alemão surgiu na pista justamente quando o italiano sofria forte assédio
de Greg Moore nas voltas finais do GP do Brasil. Meyer abriu passagem, mas pelo
lado errado, obrigando Zanardi a dar a ultrapassagem pelo lado de fora,
perdendo a vantagem para Moore. Resultado: o canadense ganhou a corrida,
enquanto o italiano ficou em segundo...
Enquanto Hiro Matsushita encerra a carreira, um velho conhecido retorna
à categoria. Robby Gordon irá ocupar o lugar que foi do japonês na
Arciero-Wells. E Gordon mostra do que é capaz: em Nazareth, correndo no lugar
do piloto japonês, Gordon ficou em 7o lugar...
Bomba na F-1: A Ferrari, desesperada por resultados, e fortemente
pressionada por Michael Schumacher, poderia passar a utilizar os pneus da
Bridgestone já no GP do Canadá, dispensando a Goodyear. Para isso, estaria
disposta até mesmo a pagar a multa de rescisão contratual com a fábrica
norte-americana, que beira os US$ 7 milhões. E Schumacher não cansa de reclamar
dos pneus da Goodyear...
A Williams corre contra o tempo para colocar seu novo modelo FW20B na
pista. Com o FW20 atual, não dá para esperar muita coisa mais do que já se viu.
Pra piorar a situação, Villeneuve diz que já não sente prazer em guiar para
chegar em 4º ou 5º. Ano passado, o canadense falava bem diferente. Claro,
quando se guia o melhor carro da categoria, é muito fácil dizer que é um prazer
pilotar na F-1. Duro mesmo é encarar a falta de competitividade do monoposto,
tarefa que praticamente quase todos os pilotos da F-1 tem de encarar
frequentemente. Está na hora de Jacques mostrar se tem ou não a fibra de seu
pai, Gilles, que não importava se o carro fosse bom ou ruim, tratava de
arrancar dele tudo o que podia dar. Às vezes, até mesmo o que o carro não tinha
mais a oferecer...
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