Voltando a trazer um de meus antigos
textos, trago hoje a coluna publicada no dia 08 de maio de 1998. Era o fim de
semana da etapa brasileira da F-CART, a antiga F-Indy, e a expectativa era de
que nossos representantes na categoria pudessem brilhar na pista oval de
Jacarepaguá, que havia feito sua estréia na competição em 1996. Hoje, a pista não
existe mais, e nem o autódromo, engolido pelos esquemas picaretas do Comitê
Olímpico Brasileiro e uma porção de políticos cretinos, vigaristas e corruptos,
que acabaram com o autódromo, e fizeram de trouxas aqueles que acreditavam que
a situação não acabaria daquele jeito. O Parque Olímpico, construído no local,
está quase totalmente abandonado, ou entregue à própria sorte, em mais um
flagrante caso de desrespeito ao esporte, e ao público em geral. De quebra, a
coluna ainda traz algumas notas rápidas sobre os acontecimentos do momento
naquela semana. Uma boa leitura a todos, e em breve trago mais textos antigos
aqui...
EXPECTATIVA
Chegou a vez
da etapa brasileira da F-CART. Entre alguns embaraços e discussões nos últimos
dias entre Jorge Cintra, promotor da prova, e a direção da CART, a etapa deve
ocorrer sem maiores incidentes, espera-se.
O público,
entretanto, ainda está longe de ser o ideal. Calcula-se que entre 20 a 25 mil pessoas assistam à
corrida no domingo. Não dá pra entender muito o interesse do brasileiro.
Reclamam dos fiascos de nossos representantes na F-1 e mesmo assim lotam
Interlagos. Já na F-CART, onde temos pelo menos 3 pilotos brasileiros em times
de ponta, deveria se esperar mais receptividade do público.
Em relação à
corrida brasileira, tudo correu quase que às mil maravilhas em 96, quando a
prova estreou no calendário da categoria. André Ribeiro venceu depois de nossos
pilotos darem um show na corrida, com excelentes perspectivas entre Gil de
Ferran, Raul Boesel e Christian Fittipaldi. Problemas durante a corrida
limitaram as chances deles, mas André não deixou sua chance escapar e venceu,
despertando todas as emoções reprimidas dos torcedores desde que ficamos órfãos
de Ayrton Sentia na F-1. Já no ano passado as coisas não correram tão bem, com
alguns de nossos pilotos tendo um azar danado na corrida, depois de excelentes
treinos, com uma primeira fila do grid toda verde-amarela, com Mauricio
Gugelmim a conquistar sua primeira pole na categoria e Roberto Moreno fazendo
brilhar todo o seu talento. Pena que, ao final da prova, tivemos que amargar um
resultado muito inferior ao que todos esperavam.
Este ano, tal
como nos anteriores, as expectativas são muito boas. Gil de Ferran é o
brasileiro mais cotado entre os favoritos. Possui um excelente motor, o Honda, chassi
Reynard e os pneus da Goodyear. Logo a seguir, Mauricio Gugelmim é o principal
favorito, dispondo da excelente combinação técnica Reynard/Mercedes/Firestone. O
piloto só não tem maior favoritismo porque ainda está no inicio do
desenvolvimento do chassi 98, tendo corrido com ele apenas em Nazareth. Mesmo
tendo andado bem naquele circuito, é inegável que todos os outros times que
usam o mesmo pacote técnico estão em vantagem. Fora isso, Mauricio ainda se recupera
do forte acidente de Nazareth.
André Ribeiro
é o terceiro na lista de favoritos, mas é uma incógnita, pois o chassi Penske
até agora não se mostrou muito competitivo, salvo nas pistas de Motegi e
Homestead. Jacarepaguá também é um circuito oval, mas possui características de
circuito misto e, nesse aspecto, o carro não andou bem em Long Beach. Mas
uma equipe como a Penske não pode ser subestimada, portanto, André é um nome
muito cotado para a corrida.
Christian
Fittipaldi também está no páreo. O chassi Swift andou muito bem aqui ano
passado e este ano é um projeto muito melhor acabado e trabalhado. Com certeza
é favorito para a corrida, de ressaltar que o motor Ford venceu as etapas de
Motegi e Homestead, mostrando que será um páreo duro também no Rio de Janeiro.
Nossos demais
representantes, apesar de um pouco inferiorizados tecnicamente, não podem ser
desconsiderados, nem mesmo Guálter Salles, que apesar de correr por uma equipe
como a Payton-Coyne, pode surpreender. Basta ver o que ele fez em Long Beach, onde largou
na segunda fila. E Gualtinho já diz que podem esperar um bom desempenho dele em
Jacarepaguá, especialmente pelas características particulares deste circuito
oval. Tony Kanaan e Hélio Castro Neves também prometem boas performances.
Resumindo, as
expectativas de todos os nossos representantes na F-CART parecem estar em alta. Vamos torcer
para que consigam mostrar todo o seu potencial no domingo e brindar seu público
com mais uma vitória...
Na F-3 inglesa, continuamos deixando os ingleses arrepiados. Em 6
etapas disputadas até agora, faturamos todas. Na última segunda-feira, mais uma
vitória: Enrique Bernoldi faturou a 6ª etapa. Martin O'Connel foi novamente
segundo colocado. Mas Luciano Burti fechou o pódio em 3º. Ricardo Maurício
garantiu a 7ª colocação. Ao que tudo indica, a F-3 inglesa está virando F-3
brasileira...
A F-1 disputa domingo o GP da Espanha, no belo circuito de Barcelona,
na Catalunha. A previsão é de um passeio da McLaren, mas a Ferrari está
querendo jogar areia nos planos da McLaren, estreando um novo escapamento que
deverá diminuir a diferença de performance. Nos testes realizados no circuito
nos últimos dias, Mika Hakkinen e David Coulthard continuaram dando as cartas,
com a Ferrari logo atrás. A Williams não marcou grandes tempos, mas alega que
não mostrou todo o seu potencial. Para os brasileiros, a boa nova foi a revisão
das suspensões do Stewart SF-02, que segundo Rubinho conseguiu fazer o chassi
trabalhar de maneira uniforme. O piloto brasileiro chegou a fazer 1min23s01, o
que promete melhores dias na equipe de Jackie Stewart. Pelos testes, a Sauber
mais uma vez pode surpreender, pois Jean Alesi também andou muito rápido
durante os testes. Tanta movimentação de testes, aliada à guerra dos pneus, e
mais as disputas tradicionais estão fazendo cada corrida este ano ser uma
enxurrada de expectativas e dúvidas. E os treinos de hoje em Barcelona devem
ditar algumas surpresas ou dúvidas para o GP de domingo...
Algumas fofocas dizem que Craig Pollock, um dos diretores do grupo BAR,
novo dono da Tyrrel, estaria tentando seduzir os alemães da Mercedes a
fornecerem motores para o seu time em 98. Para 99, a meta é contar com
Jacques Villeneuve em um dos seus carros. Mas ninguém sabe o que esperar de
Villeneuve em 98, pois se a Williams continuar marcando passo do jeito que
está, tudo conspira para que o canadense siga outros caminhos no próximo ano...
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