Voltando com um de meus antigos
textos, esta coluna foi publicada no dia 9 de abril de 1998, e o assunto era o
rebuliço que os times na F-1 tentavam armar contra a McLaren, que nas duas
primeiras corridas daquela temporada, simplesmente massacrou a concorrência,
como fazia nos tempos da dupla Alain Prost/Ayrton Senna, em 1988. O primeiro
tiro havia saído pela culatra, e começaram a inventar idéias sobre outros
aspectos do MP4/13, disparo o melhor carro da competição. Típica choradeira de
quem não conseguiu produzir um carro de competição tão bom, e ficava tentando
melar o bom trabalho dos rivais. E olhe que até hoje eles tentam isso: alguém
aí lembra de quando a FIA proibiu a suspensão “fric” da Mercedes, sob alegação
de que ela era ilegal? Os carros do time alemão não andaram mais devagar por
causa disso, usando uma suspensão mais “convencional”. De quebra, alguns
tópicos rápidos sobre a corrida de Long Beach da F-CART, e o calendário da
F-3000 Internacional (que depois viraria GP2, e agora vai ser F-2) e do
campeonato FIA GT. Uma boa
leitura a todos, e em breve, trago mais antigas colunas aqui no blog...
COMO SEGURAR A
MCLAREN?
Esta
é a pergunta que todos na Fórmula 1 estão fazendo no atual momento do
campeonato, depois do banho que todas as escuderias levaram do time de Ron
Dennis na Austrália e no Brasil. Agora, é a vez da Argentina, onde os times se
preparam para a 3ª etapa do campeonato. O palco, o circuito Oscar Galvez, em Buenos Aires,
teoricamente tem tudo para melhorar o nível da disputa, pois é uma pista
travada e com poucos pontos de ultrapassagem. Local ideal para pilotos com
muito braço, leia-se Michael Schumacher, tentar aprontar alguma surpresa para
cima de Mika Hakkinen e David Coulthard.
Enquanto
isso, fora da pista, o ambiente está pegando fogo nos bastidores. Em
Interlagos, a situação esteve fervendo nos boxes, com os demais times tentando
tornar o novo freio da McLaren ilegal. Encabeçados pela Ferrari, algumas
equipes protestaram. Tiveram o que queriam, e o tal freio acabou vetado. Deram
com os burros n’água: a McLaren, mesmo utilizando freios “convencionais”, deu
mais um passeio na pista brasileira e deixaram todas as outras escuderias com
cara de idiotas, principalmente a Ferrari, que havia resolvido criar essa
histeria toda. O pior foi constatar que a McLaren só não deu uma volta em cima
de todos os demais, como na Austrália, porque nem precisava. Hakkinen disse que
não exigiu tudo do carro e se limitou, depois de certa altura, a administrar
sua vantagem.
O
protesto armado pela Ferrari em Interlagos foi, no mínimo, uma vergonha, por
punir a McLaren simplesmente porque a escuderia inglesa fez o seu dever de casa
melhor do que as outras equipes no inverno europeu. A Ferrari mesmo, com toda a
sua pose, resolveu treinar com o seu novo carro apenas nas suas pistas
particulares, ignorando, ou melhor, talvez temendo o que o seu novo F300 poderia
realmente produzir frente à concorrência.
Um
carro de F-1 é composto de diversos sistemas e o que vale é o seu trabalho em conjunto. Ora, a
McLaren vem de uma franca evolução desde o ano passado, quando voltou a vencer
depois de 3 anos de jejum; a equipe tem um motor de primeiro nível, o
Mercedes-Benz, resolveu utilizar os pneus Bridgestone, que se mostraram muito
superiores aos da Goodyear em 97, e conseguiu tirar da Williams o projetista
Adrian Newey, que já fez o diabo a quatro com o novo MP4/13 da McLaren. Um
conjunto chassi-motor-pneus altamente eficiente e de potencial comprovado pelo
que se viu nas pistas até agora. Depois do golpe fracassado contra o freio da
McLaren, agora estão colocando em dúvida um dos botões do volante dos carros
prateados dizendo que seria ele de algum sistema ilegal, como o controle de
tração, por exemplo. Do jeito que a coisa vai, é capaz que daqui a pouco
resolvam proibir a McLaren de usar os pneus da Bridgestone alegando que eles
são ilegais. O que será que irão inventar depois?
Frank
Williams, com seu ar de indiferença, não dá o braço a torcer e afirma que, em
breve, a Williams vai estar no encalço da McLaren e continua repetindo feito um
disco riscado que a saída de Adrian Newey não causou nenhuma perda para o grupo
técnico de sua equipe. Mas ver o atual desempenho do time nas pistas este ano,
em comparação com o ano passado, dá outras idéias...
Vamos
ver o que acontece na Argentina. Até mesmo a McLaren aposta em uma corria mais
difícil, pelas características do circuito. Mas eles também disseram que a
corrida em Interlagos seria mais difícil que a da Austrália, por se tratar de
um circuito de corridas de verdade, e não um circuito urbano, como o Albert
Park. Pode-se dizer que a prova brasileira foi mesmo um pouco mais difícil, mas
num grau tão pequeno que praticamente não fez diferença nenhuma...
CALENDÁRIOS 98: F-3000 INTERNACIONAL
DATA
|
CIRCUITO
|
PAÍS
|
11.04
|
Oschersleben
|
Alemanha
|
25.04
|
Ímola
|
Itália
|
09.05
|
Barcelona
|
Espanha
|
16.05
|
Silverstone
|
Inglaterra
|
23.05
|
Monte Carlo
|
Mônaco
|
01.06
|
Pau
|
França
|
19.07
|
Enna-Pergusa
|
Itália
|
25.07
|
Zeltweg
|
Áustria
|
01.08
|
Hockenhein
|
Alemanha
|
15.08
|
Hungaoring
|
Hungria
|
29.08
|
Spa-Francorchamps
|
Bélgica
|
26.09
|
Nurburgring
|
Alemanha
|
CALENDÁRIOS 98: FIA GT
DATA
|
CIRCUITO
|
PAÍS
|
12.04
|
Oschersleben
|
Alemanha
|
17.05
|
Silverstone
|
Inglaterra
|
28.06
|
Hockenhein
|
Alemanha
|
05.07
|
Dijon-Prenois
|
França
|
19.07
|
Hungaroring
|
Hungria
|
23.08
|
Suzuka
|
Japão
|
06.09
|
Donington Park
|
Inglaterra
|
20.09
|
Zeltweg
|
Áustria
|
18.10
|
Etapa a definir
|
|
25.10
|
Etapa a definir
|
|
Mais uma vez Gil de Ferran brilhou, mas não levou a vitória no GP de
Long Beach, no campeonato da F-CART. O piloto brasileiro vinha dominando a
corrida quando foi traído pelo câmbio do seu Reynard/Honda quando faltavam
cerca de 20 voltas para terminar a prova. Já são 3 anos seguidos de situação
assim na pista do balneário californiano...
O GP de Long Beach é normalmente palco de situações emocionantes, mas
este ano a coisa foi mais longe: tivemos até um engarrafamento na pista,
cortesia de um toque de rodas entre Hiro Matsushita e Guálter Salles. Mais de 6
carros ficaram empacados no local, sem poder atravessar a pista para seguir
corrida adiante. Michael Andretti deu uma amostra de arrojo ao andar rápido em
plena corrida mesmo com um dos pneus dianteiros sendo dechapado em seu carro
durante várias voltas. Deu no que deu: o pneu estourou e Andretti, que tinha
boas chances de vitória, beijou o muro. Paul Tracy e Christian Fittipaldi se
engancharam em uma das curvas, com o canadense dando uma fechada ao tentar
recuperar a sua posição numa tentativa de ultrapassar o piloto brasileiro.
Tracy quase capotou com o carro e foi parar nas barreiras de pneus, levando
Christian junto. Antes de abandonar a corrida, Michael Andretti também deu uma
decolada com seu Swift/Ford, ao ficar encaixotado por um breve instante na
curva que antecede a reta dos boxes. Para finalizar as emoções da prova,
Alessandro Znardi, que durante todo o GP teve uma atuação discreta, irrompeu
entre os líderes nas voltas finais, deu um banho numa ultrapassagem sobre Bryan
Herta (ele, de novo, como em
Laguna Seca, em 96) a 2 voltas do final e venceu a corrida.
Para os brasileiros, sobrou o consolo de terem sido o destaque da prova:
Guálter Salles deu um show na classificação, levando o fraco carro da
Payton/Coyne à 4ª posição no grid e andando entre os líderes na primeira metade
da corrida; Gil de Ferran mostrou de novo a sua forma em Long Beach, até ser
traído pelo câmbio; Hélio Castro Neves foi uma sensação, liderando a corrida e
perdendo as chances de vitória no final por um pouco de afobação (ainda
terminou em 9º); e Tony Kanaan mostrando serviço com um belo 5º lugar.
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