quarta-feira, 16 de agosto de 2017

ARQUIVO PISTA & BOX – FEVEREIRO DE 1998 – 27.02.1998



            Olá a todos os leitores. Trago hoje mais um texto antigo, e no caso, foi a coluna publicada no dia 27 de fevereiro de 1998, praticamente fechando o mês do carnaval naquele ano. O assunto do texto eram os pilotos de testes, função que podia ajudar os candidatos a vagas na F-1 a mostrarem serviço, e com isso, serem efetivados como titulares nas escuderias da categoria, entre eles, na época, os brasileiros Max Wilson e Ricardo Zonta. E na época, pilotos de teste não eram figuras decorativas como acontece hoje, onde os times da categoria máxima do automobilismo mal treinam durante o campeonato, e a pré-temporada é pífia em duração. Naqueles tempos, os pilotos iam para a pista e davam duro mesmo, enquanto hoje, parte deste trabalho é desenvolvido em simuladores nas próprias fábricas.
            Bom, Max Wilson infelizmente não conseguiu ser titular de um time na F-1, e em 2001, foi tentar a sorte na F-CART, onde disputou uma única temporada e ficou por isso mesmo. Ricardo Zonta se tornou titular na equipe BAR, onde competiu nas temporadas de 1999 e 2000, e posteriormente por Jordan e Toyota, mas dando o azar de pegar times que ou não gozavam de boa competitividade, ou dando uma zica danada de tudo dar errado. Ambos encerraram suas carreiras internacionais e vieram disputar a Stock Car, com altos e baixos para ambos. Mas vários outros pilotos de testes também padeceram de ver seus esforços minguarem na tentativa de chegar à F-1, e os brasileiros não foram os únicos a ver esse sonho virar pesadelo ou ficarem a ver navios. Até hoje isso persiste, e duvido que mude muito, com seus prós e contras.
            Nos tópicos rápidos, o calendário daquele ano, e a saída da Yamaha da F-1, para nunca mais voltar até hoje, se bem que ninguém ficou com saudades deles. Curtam o texto, e em breve trago mais colunas antigas por aqui...


BRASILEIROS NA RETAGUARDA

            Às vésperas de mais um mundial de Fórmula 1, tudo indica que este deve ser um bom ano para os pilotos brasileiros na categoria. Falar em vitórias ainda é prematuro, mas apostar em performances bem melhores do que as de 97 são plenamente possíveis, especialmente pela melhor estrutura dos times em relação ao ano passado. Para Ricardo Rosset a situação só tende a ser melhor, mesmo porque o piloto só conseguiu disputar as qualificações do GP da Austrália em 97, no primeiro e único GP que sua equipe, a Lola, esteve presente no último campeonato, antes de falir.
            Mas, além de Rubens Barrichello e Pedro Paulo Diniz, e de Ricardo Rosset, já citado acima, o Brasil irá contar com mais 2 pilotos na F-1 em 1998, só que nos bastidores, ou na retaguarda, se preferirem. Max Wilson e Ricardo Zonta serão os pilotos de teste oficiais de times da F-1 nesta temporada. E o melhor ainda é que isso será feito em dois times de ponta da categoria. Wilson irá testar o carro de uma das melhores equipes da F-1 atual, a Williams. Já Zonta testará o carro da McLaren.
            Cada um dos times terá dois pilotos de testes. No caso da Williams, Max Wilson terá a companhia do colombiano Juan Pablo Montoya, vice-campeão da F-3000 de 97. O brasileiro será o “segundo piloto” de testes, enquanto Montoya terá a primazia dos trabalhos na pista. No caso de Ricardo Zonta, a situação é inversa: Ricardo é o “primeiro piloto” de testes do time, condição mais do que justa para o campeão da F-3000. Seu colega de testes será o alemão Nick Heidfeld, piloto indicado pela Mercedes, fornecedora de motores do time de Ron Dennis.
            O fato de estarem sendo pilotos de testes de times de ponta é altamente positivo para ambos. Especialmente porque, no caso da Williams, vários de seus pilotos de testes tornaram-se titulares na F-1. O caso mais particular e famoso é de Damon Hill, que de piloto de testes, foi promovido a piloto titular em 1993, como companheiro de Alain Prost. Hill, devido à morte de Ayrton Senna, foi promovido a primeiro piloto do time, conquistou 21 vitórias na categoria e foi campeão mundial em 1996. Outros nomes revelados nos testes pela Williams foram o escocês David Couthard, hoje piloto da McLaren; e o francês Julles Boillon, que já disputou a F-1 pela Sauber. Já na McLaren, Mika Hakkinem também foi piloto de testes antes de ser efetivado no time.
            Com as atuais dificuldades de se entrar na F-1 de maneira decente hoje em dia, o fato de ser piloto de testes de times de ponta é uma excelente chance de mostrar serviço e ganhar uma chance na categoria. Isso sem falar que, tendo o contato com os carros nos testes, tanto Zonta quanto Wilson já vão ganhando experiência e contato com os bólidos da F-1, o que irá contar muito na hora de serem efetivados como pilotos em alguma escuderia. Mas o melhor ainda é que, se fizerem bem o seu trabalho, podem conseguir até serem efetivados como pilotos titulares de seus atuais times de F-1. No caso de Ricardo Zonta, as possibilidades existem de forma mais concreta, e o piloto pode ter a chance de ganhar uma vaga de titular já para 99, se tudo correr bem. Com um pouco de sorte, Max Wilson também poderá ter chance parecida na Williams.
            Para completar, Marcelo Battistuzzi é outro brasileiro que irá suar o macacão em testes da F-1. No seu caso, a equipe é a Prost. Marcelo irá disputar a F-3000 este ano como piloto do time de Alain Prost na categoria. E irá testar os carros do “Professor” da equipe de F-1. Assim como Zonta e Wilson podem vir a serem efetivados como titulares na F-1, Battistuzzi também terá sua chance de mostrar serviço e conseguir seu lugar na categoria. Se tudo correr bem, ano que vem poderá ser uma temporada de estréias de bons novos pilotos brasileiros na F-1, e quem sabe possamos voltar novamente a conquistar vitórias na categoria. Boas expectativas não faltam.


CALENDÁRIOS 98: FÓRMULA 1

Eis o calendário da F-1 para este ano:

DATA
PROVA
CIRCUITO
08.03
Grande Prêmio da Austrália
Melbourne
29.03
Grande Prêmio do Brasil
Interlagos
12.04
Grande Prêmio da Argentina
Buenos Aires
26.04
Grande Prêmio de San Marino
Ímola
10.05
Grande Prêmio da Espanha
Barcelona
24.05
Grande Prêmio de Mônaco
Monte Carlo
07.06
Grande Prêmio do Canadá
Montreal
21.06 ou 05.07*
Grande Prêmio da França*
Magny-Cours*
12.07
Grande Prêmio da Inglaterra
Silverstone
26.07
Grande Prêmio da Áustria
Osthrreichring (Zeltweg)
02.08
Grande Prêmio da Alemanha
Hockenhein
16.08
Grande Prêmio da Hungria
Hungaroring
30.08
Grande Prêmio da Bélgica
Spa-Francorchamps
13.09
Grande Prêmio da Itália
Monza
27.09
Grande Prêmio de Luxemburgo
Nurburgring
11.10**
Grande Prêmio de Portugal**
Estoril**
01.11
Grande Prêmio do Japão
Suzuka

(*) = Data e Grande Prêmio a ser confirmado pela FIA
(**) = GP cancelado pela FIA. África do Sul ou China devem ocupar o lugar no calendário. Kyalami e Zuhai são os circuitos, respectivamente. Ainda sem confirmação.


A Yamaha está fora da F-1. Na falta de um acordo com Tom Walkinshaw com relação à divisão de recursos para a criação do novo motor V-10 concebido por Brian Hart, a fábrica japonesa pulou fora. Walkinshaw agora, por sua vez, diz ser o único proprietário de time, depois da Ferrari, a poder fabricar os seus próprios motores. Para esse intuito, ele adquiriu a firma de Brian Hart no ano passado.


Aos telespectadores que se preparam para acompanhar mais um mundial de F-1, um aviso: cuidado para não confundir os carros da Minardi com os da McLaren, pois ambos os times têm os carros pintados com a cor prata. Mas é fácil não confundir: o carro que estiver andando sempre entre os primeiros é da McLaren; o que vier bem lá atrás é da Minardi...
 

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