Pois
é, o mês de agosto já está chegando ao fim. A F-1 e a MootoGP tiveram seu
período de férias de meio de ano, e já voltaram com carga total às corridas,
com suas disputas mundo afora, ao lado de muitas outras categorias. E todo fim
de mês é o momento da edição da Cotação Automobilística, fazendo uma avaliação
do panorama geral dos últimos acontecimentos do mundo da velocidade mundo afora,
com minhas impressões e visão sobre os assuntos enfocados. Espero que todos
possam apreciar o texto, que segue abaixo no esquema tradicional de sempre das
avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM
BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, concordando ou
não com minhas opiniões, e até a cotação do mês que vem...
EM ALTA:
Disputa
pelo título na F-1: A categoria máxima do automobilismo está vendo uma disputa
ferrenha este ano pelo título, e o melhor de tudo é que não dá para afirmar
haver um favorito destacado. Lewis Hamilton venceu a corrida na Bélgica com
autoridade, mas Sebastian Vettel chegou logo atrás, fungando no cangote do
inglês, mostrando que não vai dar folga em nenhuma das corridas restantes do
campeonato. O alemão da Ferrari ainda lidera a competição com uma vantagem de 7
pontos, que em tese pode ir para o espaço já na próxima corrida, mas que
ninguém duvide que o tricampeão inglês e a equipe Mercedes terão vida fácil,
porque o time italiano mostra que vai vender caro a disputa. Quem ganha são os
torcedores, que podem apreciar uma disputa entre dois gigantes na pista, e sem
poder dizer como essa disputa irá acabar. A tensão deve aumentar prova a prova,
e quem fizer bobagem, pode acabar comprometendo suas chances na luta pelo título.
Portanto, errar será fatal nas pretensões de qualquer um dos postulantes. Quem
vencerá? Creio que só saberemos a resposta em Abu Dhabi...
Josef
Newgarden: O novato na equipe Penske assumiu ares de grande favorito ao título
da competição após a vitória na pista de Gateway, em Illinois, no que foi o seu
4º triunfo na temporada atual da Indycar, o que faz dele o piloto com mais vitórias
no ano. Newgarden vem subindo de produção desde a corrida de Toronto, tendo
vencido também em Mid-Ohio, e na pista de Gateway, abrindo 31 pontos de
vantagem para Scott Dixon, o único piloto fora o quarteto da Penske a se manter
firme na luta pelo título da competição. A maneira como Josef arrancou para a
vitória na última corrida em circuito oval da temporada foi decisiva, a ponto
de tocar rodas com seu companheiro de equipe Simon Pagenaud, na parte final da
corrida, em uma ultrapassagem arriscada, mas que o levou para a liderança, e
para a vitória. Roger Penske já havia mostrado seu acerto ao contratar Pagenaud
há 3 anos para o time, e mostrou-se novamente certeiro ao arrematar os serviços
do jovem americano que vinha dando show com a Carpenter, confiante na sua
capacidade. E em seu primeiro ano em um time de ponta, Newgarden já pode
conquistar o título da categoria. Vai ser difícil batê-lo, mas tudo ainda pode
acontecer, até porque a última etapa, em Sonoma, terá pontuação dobrada, e aí,
muita coisa pode mudar, com surpresas até inesperadas, como foi o 4º título de
Scott Dixon há dois anos, justamente por causa disso...
Andrea
Dovizioso: O piloto italiano da equipe Ducati está arrepiando no Mundial de
MotoGP, e venceu as duas últimas corridas do calendário, na Áustria e na
Inglaterra, após duelos eletrizantes que ergueram o público nas arquibancadas. Em
Zeltweg, o piloto da equipe de Borgo Panigale arrancou a vitória praticamente
na última curva da última volta da prova, deixando para trás Marc Márquez numa
ultrapassagem “in extremis”. Já em Silverstone, Dovizioso veio de trás para
escalar o pelotão até assumir a liderança, a poucas voltas do final, em duelo
direto com Valentino Rossi, e vencer pela 4ª vez na temporada, sendo o maior
vencedor de provas do ano, e reassumindo a liderança do campeonato, com 183
pontos, contra 174 de Márquez. Com seis corridas até o fim da competição,
Andrea tem tudo para entrar firme na luta pelo título, com a grande melhora de
performance da Desmosedici frente às rivais Honda e Yamaha, e quem sabe levar o
título da classe rainha do motociclismo de volta à marca italiana.
Scott
Dixon: O piloto neozelandês da Ganassi é o único candidato de fato ao título da
temporada 2017 da Indycar que não pertence ao quarteto da equipe Penske.
Guiando tudo o que pode, e aproveitando todas as oportunidades que aparece, ele
é o “intruso” na disputa particular da temporada, e não pode ser subestimado,
sendo tetracampeão da categoria e o piloto mais vencedor em atividade. Não por
acaso, há dois anos, ele conquistou seu último título quando já era considerado
praticamente um azarão na decisão do campeonato, que era tido como certo por
Juan Pablo Montoya. Se vencer mais uma vez, será pentacampeão, e deve ficar
abaixo apenas de A. J. Foyt, que com 7 títulos, é o maior campeão da história
das categorias Indy. E, na disputa por equipamentos, ele é o único
representante da Honda na disputa, enquanto a Penske vem firme com a Chevrolet,
que tem tido um desempenho superior a todos os outros times na media da temporada.
Fiquem de olho nele! Ainda tem muito chão e pontos nas duas provas que faltam,
sendo que em Sonoma a pontuação será dobrada...
Sebastien
Ogier: O piloto francês e atual campeão do Mundial de Rali passou por um aperto
neste meio de temporada, mas segue firme na competição de off-road, e com um
terceiro lugar no rali da Alemanha, retomou a liderança do campeonato. Ogier já
perde em número de vitórias no ano para Thierry Neuville, mas em compensação,
tem conseguido ser mais regular, e lembrando que ele está em outro time, após a
saída da Volkswagen da categoria, está fazendo um belo trabalho. Ainda há três
provas para fechar o ano, e a vantagem de Ogier para Neuville, o vice-líder, 17
pontos, pode ser considerada pequena, mas se mantiver sua constância, podem ir
se preparando para mais um título do francês, que seria o seu 5º consecutivo.
Alguém arrisca um palpite diferente?
NA MESMA:
Dupla
da Ferrari em 2018: A Ferrari resolveu jogar seguro, e renovou o contrato de
sua atual dupla de pilotos para a próxima temporada. Kimi Raikkonem vai para
mais um ano na escuderia italiana, e Sebastian Vettel renovou por mais três
temporadas, acabando, pelo menos por agora, com os boatos de que iria para a
Mercedes em 2019, se o time rosso não apresentasse um carro competitivo em
2018. Agora, em teoria, uma mudança dessas só será possível em 2021, ano em que
a categoria máxima do automobilismo deverá passar a adotar novas unidades de
potência mais simples, para tentar baratear os custos e permitir o ingresso de novos
fornecedores. A renovação de Kimi também deve implicar que o finlandês terá de
assumir sua posição de segundo piloto do time, e colaborar para que Vettel seja
campeão. O alemão, aliás, era o maior defensor da permanência de Raikkonem na
escuderia, certamente receoso de que o time contratasse algum piloto que
pudesse lhe dar dor de cabeça, como Daniel Ricciardo ou Max Verstappen, ou até
mesmo Fernando Alonso. Mas a direção de Maranello preferiu não desestabilizar
Vettel, e mantê-lo contente no time, sem sofrer oposição em sua condição de
primeiro piloto.
Max
Verstappen: O holandês voador certamente foi uma das celebridades da temporada
do ano passado, tendo assombrado a categoria com sua precocidade ao volante da
Red Bull, onde conseguiu estrear com vitória. Mas nesta temporada o garoto vem
acumulando vários abandonos, e começa a ficar irritadinho com estas situações,
já dando a entender que pode procurar outros lugares se a equipe dos
energéticos não lhe proporcionar um carro melhor. Mas é melhor Max ficar quieto
com toda essa chiadeira, porque não há lugar melhor disponível no momento. Na
Ferrari, pelo menos enquanto Vettel estiver por lá, suas chances são mínimas, e
pode-se usar o mesmo raciocínio na Mercedes com relação a Lewis Hamilton. Se
ele acha que está ruim a situação, que experimente então guiar a McLaren com
aquela bagaça de motor produzida pela Honda, para ver o que é bom pra tosse...
A vida de um piloto não é feita apenas de glórias, e o jovem Max está em uma
das melhores escuderias da categoria. Que ele se espelhe um pouco no exemplo de
Daniel Ricciardo, que sem fazer escarcéu, já tem o dobro de pontos do holandês,
em que pese alguns azares a menos também...
Jolyon
Palmer: O piloto inglês da equipe Renault está na marca do pênalti e é visto
como carta fora do baralho para a temporada 2018 da F-1. O fantasma de Robert
Kubica está sempre por perto, mas o time o manteve na etapa belga, e Jolyon até
que surpreendeu, andando sempre na frente de Nico Hulkenberg na maior parte do
tempo. Mas, Palmer parece ter uma zica daquelas, e sofreu uma quebra de câmbio,
e perdendo 5 posições no grid. E, na corrida, mais uma vez ficou à sombra do
parceiro, em que pese os problemas enfrentados no seu carro. Continuam as
especulações se ele termina ou não a temporada no time francês, pelo menos, mas
está complicado. Até quando ele mostra desempenho digno de nota, algum problema
aparece e estraga tudo... Assim, realmente fica difícil mesmo, e imagino que o
time fique na mesma saia justa em certos momentos, esperando que essa onda de azar
passe. O problema é que o tempo passa, e a situação não melhora...
Hélio
Castro Neves: O piloto brasileiro da equipe Penske ainda é um dos postulantes
ao título da temporada, mas tem de se aplicar mais do que nunca se quiser
chegar realmente ao título da competição. Pequenos erros, como deixar o motor
morrer numa das paradas de box em Gateway podem ser determinantes para que ele se
despeça das categorias Indy sem conquistar um título, se for mesmo transferido
para o novo time de Roger Penske no IMSA Wheater Tech Sportscar em 2018. Hélio
diz preferir ficar onde está, mas só o título deve fazer Roger desistir da
idéia, pelo menos por hora. Para complicar a situação, Josef Newgarden anda endiabrado,
e não se intimida em espremer seus próprios companheiros de time na pista para vencer,
dando mostras de que vai ser difícil superá-lo.
Fernando
Alonso: O piloto espanhol declarou que decidirá seu destino para 2018 em breve,
mas teria feito um ultimato à McLaren: se a Honda ficar, ele sai. O bicampeão
abandonou a corrida belga alegando perda de potência, o que foi negado pelo
fabricante japonês, mas como fica o ânimo de um piloto que nos últimos três
anos, por mais que dê tudo na pilotagem e mais um pouco, só pode aspirar como
melhor resultado conseguir marcar um ou outro ponto? A paciência com a falta de
performance do propulsor nipônico, apesar de algumas melhoras, parece estar no
fim. Mas a situação do espanhol, que alega ter várias opções na sua mesa,
parece exagerada, uma vez que os carros mais competitivos não estão disponíveis,
e alguns outros, como na Williams, no atual momento não parecem andar tão bem
como gostariam. O destino de Alonso em 2018 é um dos mistérios da temporada da
F-1, e se o asturiano tem mesmo algum trunfo na manga, ele deve estar mesmo bem
escondido, pois ninguém consegue imaginar o desfecho da sua situação. Só falta
Fernando ter escondido seu trunfo tão bem que não consiga achá-lo mais
depois...
EM BAIXA:
Equipe
Williams: Terceiro time mais antigo da categoria ainda existente, a escuderia
inglesa vem despencando de rendimento nas últimas corridas, suando para
conseguir marcar míseros pontos. Se na Hungria o problema era o carro não render
em pistas travadas, na Bélgica, até mesmo Felipe Massa afirmou que o time está
andando para trás, tendo sido eliminado já no Q1 da classificação. O piloto
brasileiro conseguiu fazer uma grande corrida e chegar em 8º, mas se vê numa
disputa pela 5ª posição no Mundial de Construtores com a Toro Rosso, e vendo
Renault e Hass apresentarem melhor performance na pista. Pelo visto, o time só
deve mesmo ter melhores perspectivas em 2018, porque 2017 não tem muito mais o
que prometer...
Fraternidade
na dupla de pilotos da Force India: Sérgio Perez e Esteban Ocon definitivamente
não falam mais a mesma língua no time de Vijay Mallya. Os dois pilotos já se
estranharam em diversas corridas este ano, levando o time a perder vários
resultados melhores. E ambos voltaram a se estranhar na Bélgica, com toques em
mais de um momento na corrida, sendo que o último, na descida para a curva Eau
Rouge, poderia ter tido consequências trágicas para ambos no toque que deixou
Ocon sem parte do bico dianteiro, e Perez com um pneu furado. O time já
declarou que ambos não poderão mais disputar posições na pista entre eles, e
Ocon até já afirmou que Perez tentou matá-lo na manobra. Os ânimos entre ambos
vão ficar bem mais quentes até o fim da temporada, e se não arrefecerem, alguém
vai sobrar nesta história toda. Resta saber quem...
Situação
da Honda na F-1: O fabricante japonês continua sua via-cruccis na categoria máxima
do automobilismo. Após ver seu acordo com a Sauber ir para o vinagre, desta vez
foi a Toro Rosso que preferiu manter-se fiel à Renault, do que apostar nos
propulsores nipônicos para a próxima temporada, levando outra negativa, algo
nunca antes visto no currículo da marca japonesa, que nos seus bons tempos,
chegava a esnobar seus parceiros, como ocorreu com a Williams para 1988, e com
a Lotus para 1989, deixando-os sem opções de motores competitivos na época. A
única chance de não sair da F-1 com o rabo entre as pernas e um fiasco histórico
agora é manter sua parceria com a McLaren, e para tanto, a direção do programa
de F-1 finalmente aceitou receber ajuda externa para melhorar o seu projeto, no
caso, da Ilmor, que fez excelentes melhorias na unidade de potência da Renault
no ano passado. A ajuda da empresa de Mario Illen já se nota na performance das
unidades, mas o terreno perdido a ser recuperado é tão grande que mesmo assim,
os propulsores continuam deixando muito a desejar. Masos japoneses não
desistem, e prometeram atualizações “extras” de seu propulsor ainda nesta
temporada, para tentar convencer não apenas a McLaren, mas também Fernando
Alonso, a continuar com eles. Já na Bélgica, os nipônicos apresentaram novidades,
mas numa pista onde potência é fundamental, não se viu melhora alguma. A
situação continua tremendamente complicada, tanto para a Honda, quanto para a
própria McLaren...
Jorge
Lorenzo: O tricampeão espanhol sabia que teria um ano difícil na Ducati, mas
confiava que com esforço, dedicação e trabalho duro, seria questão de tempo até
voltar a brilhar e ser novamente protagonista do campeonato, como foi nos seus
anos de Yamaha. Mas, a situação que se apresenta é talvez pior do que ele
próprio imaginava que pudesse acontecer. A Ducati está mostrando força, e até
entrando firme na luta pelo título, mas com Andrea Dovizioso, e não com ele. Se
é verdade que houve provas em que Lorenzo ficou devendo, em outras, ele andou
próximo de seu companheiro de equipe, de modo que seu empenho não foi ruim. O
problema é que as disputas estão ficando bem parelhas, e uma pequena diferença
aqui ou ali, podem significar muito. Basta ver a etapa em Silverstone, onde
Lorenzo terminou a apenas 3s5 atrás de Dovizioso, só que seu parceiro venceu a
corrida, e ele, Jorge, foi o 5º colocado, e isso depois de ter largado uma
melhor posição do que ele no grid. E, vendo Dovizioso liderar o campeonato com
o dobro de pontos começa a dar idéias de que o problema da outra Ducati está
sendo mesmo o piloto, e não a máquina. É cedo para crucificar a temporada de
Lorenzo, que está fazendo o que pode para render no time italiano o que ele
rendia na Yamaha, mas que a imagem de sua posição atual na competição é algo
pior do que nem ele imaginava, isso é...
Marco
Andretti: O neto de Mario Andretti despontou na Indy Racing League na década
passada como a continuidade natural do clâ Andretti nas pistas, e o garoto até
que fez algumas temporadas dignas na categoria, tendo como ápice o ano de 2013,
quando foi o 5º colocado final no campeonato. Infelizmente, nos últimos dois
anos, Marco tem ficado muito mais à sombra de seus outros companheiros de equipe,
que tem conseguido melhores resultados na pista, em que pese o time de Andretti
Autosports estar em uma fase de altos e baixos, sem conseguir manter uma
constância de resultados desejável para voltar a lutar pelo título da
temporada. A queda, em relação a seus companheiros de time, entretanto, já
começa a afetar sua avaliação perante outros donos de equipe, que ficam mais
unânimes em afirmar que, se não corresse no time do próprio pai, Marco
certamente já teria ficado a pé na categoria. Pelo sim, pelo não, melhor o
garoto me mexer para evitar esse tipo de comentário, ainda mais para um piloto
de uma das famílias mais tradicionais do automobilismo estadunidense, os
Andretti, sendo que Mario, avô de Marco, foi campeão da antiga F-Indy, sendo
tricampeão; além de também ter sido campeão da F-1, e vencido as 500 Milhas de
Indianápolis em 1969. E seu pai, Michael, também foi campeão da antiga F-Indy...