Lewis Hamilton começou o campeonato 2016 em desvantagem para Nico Rosberg, mas virou o jogo e assumiu a liderança da competição, para azar do piloto alemão. |
A Fórmula 1 encerrou
sua “primeira fase” com o que muitos já esperavam que fosse acontecer, mais
dia, menos dia: Lewis Hamilton retomou as rédeas da competição, assumiu a
liderança do campeonato, e passa a ser considerado o franco favorito para
conquistar o título. E Nico Rosberg? Bem, o piloto alemão tinha saído de Sochi,
ao fim do Grande Prêmio da Rússia, 4ª etapa do mundial, com a impressionante
vantagem de 43 pontos para o tricampeão inglês, e vinha demonstrando, até
então, um domínio bem sólido nos resultados, com nada menos do que 4 vitórias
em 4 corridas. Hamilton, até então, tinha apenas dois segundos lugares, um
terceiro, e uma pífia 7ª colocação, muito pouco para o excelente carro da
Mercedes de que dispunha. Tudo o que Nico mais queria estava acontecendo:
apesar de um ou outro percalço, ele conseguia superar as dificuldades e vencer
as provas, enquanto Lewis se enrolava em falhas na largada e outros problemas
nas corridas, ficando cada vez mais para trás na pontuação. Seria 2016 o ano de
sua tão sonhada conquista do título na F-1? Em dois anos de supremacia dos
carros alemães na nova era turbo híbrida da categoria, apesar de ter disputado
bem o campeonato, Hamilton foi bicampeão nos dois anos de forma incontestável.
Após fechar a fatura
da conquista do título de 2015, Hamilton, contudo, não venceu mais corridas.
Rosberg voltou a demonstrar uma performance firme e determinada, vencendo, até
a prova da Rússia neste ano, nada menos do que 7 corridas consecutivas, sendo
que nas três provas finais do ano passado, ele não deu chances a Lewis de se
impor. E, no início deste campeonato, Rosberg deu a forte impressão de que os
tempos de domínio do inglês na Mercedes estariam no fim. Ameaça real, ou apenas
um bom momento passageiro? Em prol de um campeonato mais disputado e
emocionante, é claro que todo mundo apostava na primeira hipótese, mas...
Por incrível que
pareça, mesmo com a boa fase do alemão, todos sabiam que seria questão de tempo
até Hamilton reagir. Até então, tudo que poderia complicar a vida do inglês
vinha acontecendo, e se formos ver por esse ângulo, até que Lewis ainda estava
com certa dose de sorte, pois tudo poderia ter dado ainda mais errado. O que
aconteceria quando Hamilton parasse de ter problemas e as coisas começassem a
se encaixar para o seu lado? Nico Rosberg vinha aproveitando as oportunidades,
mas e quando precisasse enfrentar seu parceiro de time em um confronto direto,
sem azares ou problemas alheios? Todos sabiam que esse momento chegaria, e
considerado melhor piloto do que Nico, Lewis certamente viraria o jogo quando
chegasse seu momento. E, no campeonato mais longo de toda a história, com 21
GPs, a única dúvida era quando isso aconteceria, e se ainda daria tempo,
dependendo do momento, de haver uma reviravolta. Logicamente, no meio disso
tudo, correram também fofocas de que Hamilton, com seu estilo excêntrico de
aproveitar a vida quando não está pilotando, não estaria focado em suas
obrigações, enquanto Rosberg, mais aplicado, vinha mostrando à Mercedes, em
tese, maior comprometimento com os objetivos do time. Mas será que Lewis estava
sendo tão displicente assim? O inglês iria reagir e calar seus críticos?
Novamente, por incrível que pareça, mesmo aqueles que criticavam o modo do inglês
curtir a vida mundo afora, também concordavam que a reação seria inevitável.
E ela começou a
acontecer em Mônaco. Após o GP da Espanha, onde ambos os pilotos da Mercedes
acabaram fora da prova, Hamilton conseguiu enfim vencer pela primeira vez na temporada.
Não foi uma vitória fácil, devido à luta que precisou travar com Daniel
Ricciardo, da Red Bull, mas tudo ganhou proporções ainda maiores pelo
desempenho ruim de Nico Rosberg, que terminou a prova em 7° lugar. Era tudo o
que Hamilton queria: vencer, com Rosberg tendo um dia ruim. Mas será que o
alemão continuaria tendo dias ruins dali em diante? No Canadá, Hamilton decidiu
tudo na largada, em uma dividida firme com o parceiro que acabou levando a
pior, e conseguindo vencer novamente, enquanto o alemão terminou apenas em 5°.
Seria a vez de Rosberg agora ter seus percalços? Em Baku, Nico deu uma resposta
à altura, com mais uma vitória, enquanto Lewis novamente e viu às voltas com
alguns problemas, ficando apenas em 5°, e sem condições de repetir o mesmo
desempenho das duas corridas anteriores. Tudo ainda parecia mais favorável a
Rosberg, que se conseguisse manter Hamilton sob controle, teria ainda plenas
chances de administrar a corrida ao título.
Nico Rosberg venceu 4 das primeiras 4 corridas do ano e chegou a abrir 43 ponto de vantagem para Hamilton. E parecia ter tudo para rumar firme ao título da temporada. |
Na Áustria, a punição
a Nico de 5 posições no grid pareciam o desfecho premeditado de mais um triunfo
de Hamilton, mas o alemão foi à luta, e quando tinha tudo para conseguir uma
vitória que poderia nocautear os ânimos de Hamilton, foi ele, Rosberg, quem
acabou indo para a lona, mercê de ter feito uma manobra desastrada de defesa de
sua posição na última volta que resultou não apenas na perda de sua provável
vitória, pela qual vinha batalhando admiravelmente até ali, mas de uma posição
no pódio, terminando em 4° lugar, e vendo Hamilton conseguir uma vitória que o
encheu de moral e confiança. A Rosberg, coube o fiasco da manobra mal-sucedida
que o transformou no “vilão” da etapa. Um erro que ele não precisaria cometer,
na posição em que se encontrava. E, curiosamente, quando muitos o consideram um
piloto mais centrado e menos emocional que seu companheiro de equipe inglês,
foi justamente Rosberg quem acusou sentir o golpe da recuperação de Hamilton na
pista.
E que recuperação:
Inglaterra, Hungria, e Alemanha. Três corridas, três vitórias de Lewis
Hamilton, que agora lidera a competição com 19 pontos de vantagem para Nico
Rosberg, e reinvindica para si o manto de principal favorito na luta pelo
título. Pior de tudo foi ver Rosberg ter conseguido dois trunfos importantes
nas duas últimas corridas: largar na pole-position, e ver todo o seu esforço ir
por água abaixo logo no arranque da largada, perdendo posições importantes que
não deveria se dar ao luxo de ver isso acontecer. Na Hungria, circuito onde
ultrapassar é extremamente difícil, Nico reagiu logo a seguir, recuperando a 2ª
colocação e minimizando as perdas. Mas em Hockenhein, domingo passado, foi
ainda pior: ele largou mal, e perdeu posições para a dupla da Red Bull, que
chegou à sua frente na bandeirada, e ajudaram a complicar suas chances de
defender sua liderança na classificação, que já tinha ido para o espaço em
Hungaroring. Como desgraça pouca é bobagem, Nico ainda acabou tomando duas
punições por frescuras da FIA com relação a comunicação por rádio e disputa de
posição, o que não ajudou nem um pouco, e só deu ainda mais razão aos críticos
da F-1 atual pelas regras excessivas e/ou esdrúxulas que impõe aos
competidores.
Em Silverstone, o
auxílio de seu engenheiro para sanar um problema no câmbio de seu carro fez com
que perdesse a 2ª posição, e terminasse em 3°. Na Alemanha, uma ultrapassagem
sobre um dos carros da Red Bull lhe valeu uma punição de 5s a mais no pit stop
que durou mais do que o necessário, por falha da equipe, e com isso, arruinasse
sua luta com a dupla do time dos energéticos. O resultado não poderia ser mais
desanimador para o piloto alemão, que agora terá de correr atrás do prejuízo.
Mas Lewis Hamilton,
mostrando que está com a cabeça no lugar, não está comemorando como se poderia
esperar. Vítima de vários problemas mecânicos nas 11 corridas disputadas até
aqui, o atual tricampeão está praticamente nas últimas unidades de sua unidade
de potência. Com 09 corridas ainda a serem disputadas no ano, Hamilton sabe que
terá de utilizar a qualquer momento um novo motor, com seus respectivos sistemas
de turbo e recuperação de energia, e quando isso for feito, terá de pagar a
punição de 10 posições no grid por cada peça nova.
Na Hungria e na
Alemanha, Hamilton guiou o “suficiente” para vencer. Assumindo a liderança logo
na largada, Lewis distanciou-se pouco na pista, procurando resguardar sua
unidade de potência, e aumentar a vida útil do equipamento. Ele procurou abrir
uma vantagem mínima de segurança, sem forçar o ritmo em demasia. Na pista
húngara, ajudou também a dificuldade que o traçado apresenta para tentativas de
ultrapassagens, mesmo que seu único rival, Rosberg, nunca tenha conseguido
realmente discutir a freada em uma curva com o inglês. Na Alemanha, traçado um
pouco menos travado, também procurou abrir uma vantagem de segurança sem exageros.
O objetivo era tentar abrir a maior pontuação possível na liderança, a fim de
poder sacrificar parte destes pontos nas corridas onde terá de largar de trás
por usar novas unidades de potência em seu carro.
E ele já afirmou que tem pelo menos duas
provas onde poderá lançar mão de tal necessidade, com boas chances de tentar
diminuir o prejuízo: Spa-Francorchamps e Monza, não por acaso as próximas duas
corridas do campeonato. O motivo é que as duas pistas são de alta velocidade, e
com vários pontos de ultrapassagem no traçado, o que deve permitir uma
recuperação mais fácil largando lá de trás. Com 19 pontos de vantagem, Hamilton
tentaria chegar ao pódio em ambas as provas, se possível em 2° lugar, que mesmo
que Rosberg ganhe ambas, ele ainda permaneceria na liderança da competição.
Na teoria, dada a
grande diferença de performance do carro da Mercedes para o restante da
concorrência, largando lá de trás do grid, Lewis não teria dificuldades em
efetuar uma corrida de recuperação. Resta saber se a teoria corresponderá à
realidade. Para Nico Rosberg, ele precisará capitalizar essa desvantagem de seu
parceiro de equipe e dar o máximo de si para reequilibrar a disputa. Apesar da
recuperação impressionante de Hamilton nas corridas deste mês de julho, ajudou
também os enroscos de Nico a facilitarem a reviravolta vista na classificação.
Nada impede que o alemão consiga voltar a impor o grau de performance impecável
que se viu nas corridas do fim de 2015, e com isso, voltar a chamar para si o
favoritismo da luta pelo título. E também nada garante que Hamilton fique livre
de outros problemas pelo caminho. Mesmo que use as etapas da Bélgica e da
Itália para ganhar duas novas unidades de potência para seu uso, podem surgir
outras complicações. Como isso também pode ocorrer com Rosberg, que teve muito
menos quebras em seu carro até agora, mas que pode acabar sofrendo-as nas
corridas que ainda faltam ser disputadas.
Hamilton e Rosberg: sorrisos e cumprimentos para as câmeras. Nos bastidores, o clima novamente anda conturbado... |
Serão 9 provas onde o
duelo Hamilton X Rosberg deverá comer solto, com reveses podendo acometer
qualquer um deles a qualquer momento, favorecendo ou complicando a situação de
um ou outro, dependendo das circunstâncias da ocasião. E com amplas chances de
ocorrerem novas reviravoltas na disputa, que poderão levar tanto Hamilton ao
tetracampeonato quanto Nico ao seu primeiro título. E a Mercedes terá a difícil
tarefa de coordenar essa disputa sem favorecer ou prejudicar ninguém. É pelo
menos um ponto positivo para a Mercedes, que ajuda a manter a atratividade da
F-1 neste momento em que a popularidade da categoria máxima do automobilismo
enfrenta queda em vários países.
A F-1 parte para suas
férias de agosto, após 12 corridas desgastantes para todos os integrantes do
circo. Veremos como tudo estará no último fim de semana deste mês, quando todos
se reunirem novamente para o Grande Prêmio da Bélgica, em Spa. Muita coisa
ainda pode acontecer até o fim do campeonato deste ano...
Terminou bem o caso do sequestro
da sogra de Bernie Ecclestone, Aparecida Schunck, que havia sido sequestrada há
dias atrás. A Divisão Anti-sequestro da polícia de São Paulo descobriu o
cativeiro onde ela era mantida cativa, na cidade de Cotia, e a libertou. Os
sequestradores estavam exigindo um valor de cerca de 28 milhões de libras pela
sua libertação. Mas a atuação firme e eficiente da polícia, felizmente, fez com
que os bandidos não lograssem êxito em sua empreitada. A polícia também prendeu
o mandante do crime, Jorge Eurico da Silva Faria, que é piloto de helicóptero,
e já trabalhou durante o Grande Prêmio do Brasil de F-1. Aliás, Aparecida e
Jorge se conheciam pelo Facebook. Jorge Eurico, por sua vez, já estava enrolado
como suspeito de furto de uma aeronave há dois anos, que teria sido usada para
o transporte de drogas. Aparecida Schunck, de 67 anos, é mãe de Fabiana Flosi, brasileira
que é a atual esposa do chefão-mor da Fórmula 1. Outros dois parceiros de Jorge
Eurico no crime do sequestro também foram presos. Aparecida havia sido
sequestrada de sua casa no último dia 22, quando os criminosos invadiram sua
casa e a levaram, deixando o bilhete com a quantia de resgate a ser paga. Que a
polícia de São Paulo consiga ser sempre eficiente assim nos casos de sequestro
no Estado, porque nem sempre as coisas terminam tão bem assim...
Christopher Arthur Amon, ou
simplesmente Chris Amon, um dos pilotos mais talentosos que já passaram pela
F-1 em toda a sua história, na opinião de muitos que o viram correr, faleceu
esta semana, aos 73 anos. O ex-piloto sofria de câncer, doença que já
enfrentava há vários anos, e finalmente acabou vencido pela enfermidade.
Natural da Nova Zelândia, Chris chegou à F-1 em 1963, com apenas 19 anos,
encerrando sua carreira em 1976, ao se ver incapaz de correr na prova da
Alemanha daquele ano após o pavoroso acidente que quase matou Niki Lauda.
Demitido, ele pendurou o capacete, após 14 temporadas na categoria máxima do
automobilismo, contabilizando 96 GPs, onde marcou 83 pontos, conquistando 5
poles, 11 pódios, e 3 melhores voltas, defendendo nada menos do que nove
escuderias diferentes, sendo que uma delas foi sua própria equipe, que
participou de apenas um GP, o da Espanha de 1974, onde largou em 23° lugar e
abandonou com problemas nos freios. Ele ainda tentou disputar a prova de
Mônaco, mas não conseguiu largar. Amon ficou estigmatizado pelo tremendo azar
que teve durante a maior parte de sua carreira na F-1, estando quase sempre no
lugar errado na hora errada, e mesmo quando tinha tudo para desencantar e
vencer, nunca conseguiu receber a bandeirada de chegada em primeiro lugar, o
que o fez figurar no folclore da F-1 como piloto mais azarado da história da
categoria, na opinião de muitos. Mesmo depois de aposentar o capacete, Amon
sempre continuou acompanhando os acontecimentos da F-1. Seu grande momento de
glória em sua carreira de piloto foi a vitória nas 24 Horas de Le Mans de 1966,
competindo com um modelo Ford GT40, em parceria com Bruce McLaren, o que lhe
valeu o convite de Enzo Ferrari para competir pelo time de Maranello. Em 1967,
ele também venceria os 1.000 Km de Monza.
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