Mais
uma postagem, e mais um de meus antigos textos está aqui no blog, desta vez com
minha coluna publicada no dia 26 de setembro de 1997. O assunto do texto
central fazia um balanço dos acontecimentos do Grande Prêmio da Áustria, que
havia retornado ao calendário da F-1 naquele ano, e que resultou numa
classificação e corrida das mais agitadas na temporada. De quebra, vários
comentários rápidos sobre vários outros acontecimentos no mundo da velocidade
naquela semana, que incluía também o início das atividades do Grande Prêmio de Luxemburgo,
que na verdade foi disputado na pista alemã de Nurburgring. A prova vinha sendo
disputada em outros anos com o nome de GP da Europa, mas em 1997, a pista de
Jerez de La Fronteira recebeu essa corrida. Coincidentemente, foi a primeira e última
vez que houve um GP de Luxemburgo, e Jerez também nunca mais sediaria uma prova
de F-1... Aproveitem o texto, e boa leitura...
ASSENTANDO A POEIRA
Quem
reclamar que a Fórmula 1 anda chata não sabe o que anda dizendo. Já faz tempo
que uma temporada não mostrava tanta agitação na pista e fora dela,
concomitantemente. E o ambiente, durante o GP da Áustria, no último fim de semana,
não foi exceção.
No
quesito troca de pilotos, não faltou assunto. Para começar, Damon Hill fez
várias estripulias em suas negociações para 98 e teve de se contentar com a
Jordan. A Arrows acabou lhe fechando as portas e Alain Prost, que tinha boa consideração
por Hill, não gostou da maneira como seu ex-companheiro de equipe conduziu as
conversas, deixando-o sem opções para 98. Damon, que já foi muito criticado por
ser muito passivo na pista, deu mostras também de que não sabe negociar um
lugar direito na categoria. Realmente, foi uma boa pisada na bola, o que o fez
ficar muito mal aos olhos de Peter Sauber, Ron Dennis e Alain Prost. No caso de
Ron Dennis, nem tanto, pois o modo como o tratou nas condições oferecidas foi
pra lá de leonino. O que desagradou o chefão da McLaren foi a divulgação
pública disto por Hill, que deixou Ron Dennis com a fama de maior pão-duro...
Azar
de um, sorte de outros. Com as mazelas de Hill, Mika Salo foi contratado para
ocupar o seu lugar na TWR-Arrows no próximo ano, ao lado de Pedro Paulo Diniz,
que deverá ser o primeiro piloto do time. Jean Alesi, por sua vez, correu atrás
de alguns patrocínios e garantiu logo o seu lugar na Sauber, ao lado de Johnny
Herbert. Enquanto isso, para surpresa de todos, veio o anúncio, informal, da
aposentadoria de Gerhard Berger. A Benetton anunciou que sua dupla em 98 será
formada por Giancarlo Fisichella/Alexander Wurz. Berger não confirmou, mas
também não desmentiu nada, o que dá a entender que ele pode mesmo deixar a
categoria.
Fofocas
à parte dentro dos paddocks, na pista as coisas andaram como há muito tempo não
se via. Apesar da classificação complicada pelas estratégias das equipes, que
lotou a pista de Zeltweg durante 25 minutos do treino de qualificação, tivemos
uma das melhores disputas dos últimos tempos. Sem contar Mika Salo, que ficou
em último no grid, que só conseguiu dar 1 única volta e parou logo por
problemas em seu Tyrrel,
a diferença de Jacques Villeneuve, o pole, para Tarso Marques, que fez o 21º
tempo, foi de exatos 2s. E Giancarlo Fisichella, que se classificou em 13º,
ficou a menos de 1s de Villeneuve na pole do circuito austríaco. Sem dúvida o
grid mais apertado de que há memória da categoria. Nem os grids da F-CART andam
tão apertados assim (exceção a algumas pistas ovais). Além da competitividade
demonstrada, alguns pilotos brilharam no treino, por conta da Bridgestone, que
mostrou pneus mais adaptados ao circuito de Osterreichring, como Rubens
Barrichello, Damon Hill, Pedro Paulo Diniz e Jarno Trulli. O italiano da equipe
Prost foi além e liderou mais da metade da corrida, e teria sido um excelente
2º lugar se seu motor Honda-Mugen não quebrasse. Aliás, a equipe Prost teve um
belo fim de semana no quesito motores, com nada menos do que 3 propulsores
estourados em Zeltweg.
Tanta
disputa foi muito bem-vinda. A única decepção foi que nem todos que brilharam
nos treinos tiveram atuação condizente no domingo durante a prova. Muita gente
já esperava até eventuais quebras, quando Villeneuve teve a sua primeira
vitória convincente desde o GP da Espanha, em Barcelona, e voltou com tudo à
luta pelo título, ficando apenas 1 ponto atrás de Michael Schumacher na
classificação.
Mas
o maior ponto negativo foi mesmo o novo traçado do circuito austríaco.
Encurtado em mais de 1 Km em relação ao antigo traçado, e com um novo nome pra
lá de ruim, praticamente “esterilizaram” mais uma pista em prol da segurança.
Não sou contra a segurança, mas deveriam ter feito algo melhor para preservar o
antigo circuito, que era de altíssima velocidade, sem sacrificar os atuais
padrões de segurança exigidos.
Bem,
com erros e acertos, a F-1 segue seu caminho...
A F-CART chega a Fontana para disputar
sua última etapa do campeonato de 97, as 500 Milhas da Califórnia. Com o
vice-campeonato assegurado, Gil de Ferran parte para tentar a vitória e não
passar o ano em branco.
A Indy Lights também disputa em Fontana
sua última etapa, com 3 brasileiros (Hélio Castro Neves, Tony Kanaan, e
Cristiano da Matta) encabeçando o campeonato. O título já é do Brasil, resta
saber quem leva a taça, o mesmo valendo para o vice-campeonato. E, com sorte,
garantimos também o 3º lugar...
A F-3000 Internacional disputa o GP da
Itália, na pista de Mugello. Ricardo Zonta defende sua liderança no campeonato
do colombiano Juan Pablo Montoya. As chances de título para Zonta são muito
boas...
Enquanto isso, em Silverstone, temos
mais uma etapa da F-Vauxhall. Já aqui no Brasil, em Jacarepaguá, temos mais uma
edição do Chevrolet Challenge, com uma etapa da Omega Stock Car e F-Chevrolet a
serem disputados no autódromo Nélson Piquet, no Rio de Janeiro...
E, do outro lado do mundo, teremos o GP
da Indonésia, válido pelo Mundial de Motovelocidade 500cc/250cc. Deve dar
Michael Doohan de novo na prova das 500cc...
E o Brasil já tem mais 1 campeão em 97:
Marcelo Battistuzzi faturou, após vencer a corrida de Mondello Park, na
Irlanda, o campeonato europeu de F-Opel. Battistuzzi faturou o caneco com 6
vitórias no certame. E nada de descanso: neste fim de semana ele já volta à
pista, em Nurburgring, como preliminar da F-1, em mais uma etapa do campeonato
alemão da F-Opel, do qual também está liderando, com 3 vitórias até o
momento...
A F-1 não pára, e disputa domingo o
primeiro GP de Luxemburgo. O nome é novo, mas o palco é o circuito de Nurburgring,
na Alemanha. Jacques Villeneuve, embalado pela vitória na Áustria, vem com tudo
para vencer de novo, como fez aqui no ano passado. Mas Michael Schumacher ainda
está na parada, o que por si só, já é muita coisa para se tomar cuidado...
Mika Hakkinem não atravessa um bom
momento neste final de campeonato. Enquanto seu colega de equipe David Couthard
já venceu 2 corridas e pontua regularmente no campeonato, Mika está ficando a
ver navios. E não é por falta de velocidade, não. O finlandês perdeu o pódio na
Bélgica por irregularidades em seu carro. Vinha em ótima posição para conseguir
novamente subir ao pódio, em Monza, quando teve problemas nos pneus e precisou
fazer um pit stop extra, tirando-o da zona de pontuação. E em Zeltweg tinha
tudo para conseguir sua 1ª vitória, mas seu carro quebrou ainda na primeira
volta da corrida...
E Tarso Marques continua sendo
“queimado” na Minardi. Desta vez todo o esforço do piloto brasileiro na
classificação foi pro brejo pelo fato de o carro estar com míseros 2 Kg abaixo
do limite mínimo. Isso não faria qualquer diferença na performance, mas
regulamento é regulamento, e deve ser cumprido...
Olivier Panis volta à F-1 e,m
Nurburgring, depois de passar um bom tempo de molho, em consequência de seu
acidente em Montreal. E
volta com vontade: semana passada, Panis igualou o tempo da pole de Michael
Schumacher em Magny-Cours em uma sessão de treinos para testar suas condições
físicas. E olha que o francês diz que ainda não está 100%...
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