sexta-feira, 19 de agosto de 2016

À CAÇA DE MARC MÁRQUEZ



Marc Márquez vem fazendo uma temporada constante e sem se meter em encrencas na pista em 2016, e ruma firme para o tricampeonato na MotoGP.

            O campeonato da MotoGP ganhou mais uma escuderia a vencer corrida na atual temporada. A classe rainha do motociclismo retornou à Áustria após 19 anos, e conforme havia previsto nos testes realizados no Red Bull Ring no mês passado, a Ducati confirmou a sua boa forma no traçado de Zeltweg e conseguiu fazer uma dobradinha, com vitória de Andrea Ianonne, e seu companheiro de equipe Andrea Dovizioso na segunda colocação. Depois de vermos a vitória de Jack Miller na pista de Assen, mostrando a primeira vitória de um time satélite há muitos anos num campeonato onde nas últimas temporadas apenas os times oficiais de Honda e Yamaha venciam, não deixa de ser atrativo ver que o time de Borgo Panigale está crescendo, e preparando-se para tentar retornar a vencer corridas em tempo integral, talvez a partir do ano que vem, quando os italianos terão Jorge Lorenzo como principal piloto da escuderia de fábrica na competição.
            Felicitações aos italianos pelo belo trabalho realizado em Zeltweg, o grande interesse da torcida, após as férias de meio de ano, é ver como se dará a luta pelo título da temporada 2016, que ao que tudo indica, está restrita mesmo a três pilotos.
            Ainda pintando como o grande favorito para levantar o tricampeonato, o espanhol Marc Márquez não teve na Áustria o seu melhor momento no ano. A “Formiga Atômica” levou um tombo feio no último treino livre, deslocou o ombro, e embora tenha conseguido colocá-lo no lugar, fez uma corrida discreta, terminando a prova austríaca em 5° lugar, numa disputa apertada com Maverick Viñalez, da Suzuki. Mas, mesmo terminando atrás da dupla da Yamaha, Márquez ainda manteve grande a sua vantagem na pontuação. Lorenzo, que subiu ao pódio em 3° lugar, não teve como desafiar a dupla da Ducati para assegurar um lugar melhor. Mas, depois de duas corridas ruins, foi alentador pelo menos voltar ao pódio. O atual campeão é o vice-líder da competição, com 138 pontos, enquanto seu compatriota da equipe rival Honda tem nada menos do que 181 pontos. E 43 pontos de diferença podem ser uma vantagem tranquila para administrar o resultado de uma prova ruim ou mediana em termos de resultados. Valentino Rossi, outro piloto que não pode ser subestimado na luta pelo título, vem na terceira colocação, com 124 pontos, e sua tarefa é mais árdua que a de Lorenzo: descontar 57 pontos para Márquez.
            Seria o caso de dizer que o “Doutor” está fora da jogada, mas com muitas provas ainda pela frente, muita coisa pode acontecer até a etapa final, em Valência, no mês de novembro. E o atual momento da competição mostra que a equipe dos três diapasões tem o melhor equipamento. Falta tudo se encaixar direito para começar a devorar a vantagem de Márquez, que vem tendo alguns problemas com o desempenho da moto da Honda nesta temporada, mas aprendeu a garantir os melhores resultados possíveis em cada etapa: quando não foi possível vencer, ele tratou de conseguir a melhor colocação disponível. Essa nova postura, mais cerebral por parte de Marc, para quem até pouco tempo atrás só a vitória interessava, o que o levou a sofrer vários acidentes e perder vários resultados importantes, é o maior problema para a dupla da Yamaha, que andou tendo problemas e azares nas últimas corridas, permitindo que o espanhol disparasse na liderança.
            É preciso reagir, e mesmo com 8 corridas até o fim do campeonato, não há tempo a perder. E isso se aplica já aos treinos de hoje em Brno, que abrem as atividades oficias do Grande Prêmio da República Tcheca, que será disputado neste domingo. No ano passado a Yamaha venceu no circuito, com Jorge Lorenzo, e ainda teve Valentino Rossi completando o pódio em 3° lugar, com Márquez tendo fechado a corrida em 2°. Lorenzo está determinado a repetir o resultado de 2015, enquanto Rossi tem que começar a recuperar o tempo perdido de qualquer maneira, e vai querer a vitória mais do que nunca. Serão 22 voltas no traçado de 5,4 km de extensão da pista de Brno, que tem um total de 14 curvas, sendo 6 para a esquerda e 8 para a direita, e um percurso total de 118,9 Km. A pista tem uma largura de 15 metros, e uma reta de cerca de 636 metros, sendo que a maioria das curvas são de aproximadamente 90°.
Na vice-liderança da competição, Jorge Lorenzo teve dois resultados muito ruins em provas na chuva no ano, e agora precisa descontar uma grande diferença se quiser levar seu quarto título.
            O problema é que a dupla da Yamaha tem de torcer para um abandono de Márquez, que vem fazendo uma temporada bem regular, para azar de Lorenzo e Rossi. Foram 3 vitórias em 10 corridas, além de três segundos lugares e dois terceiros, totalizando 8 provas no pódio. Seu pior resultado na temporada foi na França, onde recebeu a bandeirada apenas na 13ª posição, e depois disso, foi domingo passado na Áustria, com um 5° lugar. Em outras palavras, Marc pontuou em todas as provas até agora. Não se pode dizer o mesmo da dupla da Yamaha. Jorge Lorenzo também venceu 3 corridas no ano, teve dois segundos lugares e um terceiro, ou seja, 6 provas no pódio. Em compensação, o tricampeão espanhol abandonou as provas da Argentina e da Catalunha, e teve um desempenho pífio nas etapas de Assen e da Alemanha, onde finalizou em 10° e 15°, respectivamente. Ou seja, as duas corridas em que abandonou estão fazendo falta.
            Pior para Valentino Rossi. O “Doutor” tem apenas duas vitórias em 2016, além de dois segundos lugares: apenas 4 provas no pódio. E ainda abandonou as etapas dos Estados Unidos, da Itália, e da Holanda. Na Alemanha, a demora em trocar de moto custou posições importantes, e Valentino foi apenas o 8° colocado. Ele foi 4° colocado no Qatar, na abertura do campeonato, e repetiu a posição na Áustria. Três provas sem pontos, sendo que apenas em Mugello Rossi sofreu abandono por motivos alheios a seu controle, quando sua moto quebrou, explicam a enorme diferença do italiano para Márquez. E se o piloto da Honda mantiver a sua constância nas etapas restantes, vai ser difícil alcançá-lo.
Para Valentino Rossi, conquistar o título de 2016 vai ser muito difícil. E vai precisar de muitos resultados ruins de Marc Márquez. E ainda tem Jorge Lorenzo para complicar tudo na parada...
            Na MotoGp os 15 primeiros colocados marcam pontos. O vencedor leva 25 pontos, o 2° colocado 20, e o terceiro, 16. Em outras palavras, na hipótese de Jorge Lorenzo vencer as próximas corridas, e imaginando Márquez terminando em 3°, serão descontados 9 pontos por etapa. Mas nesse ritmo, seria preciso 5 corridas para Lorenzo assumir a dianteira da competição, e mesmo assim, com a diferença de apenas 2 pontos. Para Valentino Rossi a tarefa é mais complicada: no mesmo esquema citado acima, se o “Doutor” vencer e Márquez for terceiro, o heptacampeão precisará de 7 corridas, indo para a dianteira da competição apenas na penúltima etapa do calendário. Rossi é bom, mas será impossível, tanto para ele quanto para Lorenzo, venceram tanto assim consecutivamente, especialmente porque um tentará bater o outro de qualquer jeito, e enquanto estiverem nessa luta fraticida, Márquez poderá ir administrando confortavelmente até o fim do campeonato. O que não quer dizer que ele não lutará pela vitória quando sentir ser plenamente possível derrotar os adversários.
            Conhecido até então por seu estilo de lutar com tudo, o bicampeão da Honda se envolveu em várias confusões e quedas no ano passado, quando forçava demais o ritmo para tentar vencer quando não tinha a melhor performance na pista. Isso o fez desperdiçar inúmeros resultados e pontos que poderiam ter feito diferença no ano passado. Ele mesmo confessou que aprendeu a dosar mais o seu ímpeto este ano, mesmo que isso vá contra seus instintos de competidor. Mas ser mais prudente não significa deixar de ser rápido. Um campeonato é feito também com estratégia, e um piloto de visão sabe que, quando não é possível ir além de certo ponto, deve-se pesar as opções e verificar os riscos de arriscar em demasia para se obter melhores resultados. Não quer dizer que o piloto irá deixar de disputar melhores posições, mas em alguns momentos, pode ser melhor garantir um resultado menor para ganhar lá na frente. Um exemplo foi em Assen, na Holanda, onde pilotos do calibre de Rossi acabaram sucumbindo ao asfalto molhado. Com seus adversários diretos fora de combate ou da luta pelas primeiras posições, Márquez garantiu o 2° lugar ao invés de efetuar um duelo perigoso pela vitória contra Jack Miller, que ficou com a vitória.
            O resultado está aí: Márquez praticamente não se envolveu em nenhuma confusão nas corridas, e vem liderando com autoridade o campeonato. Domingo passado, sem estar em suas melhores condições devido ao tombo no último treino livre, mais uma vez lutou para garantir um resultado razoável, minimizando o prejuízo para a dupla da Yamaha, que chegou imediatamente à sua frente, para descontar poucos pontos de sua imensa vantagem na classificação. Neste ritmo, desbancar o piloto da Honda será complicado, e não vai bastar que Lorenzo e Rossi tenham máquinas melhores. Será preciso torcer efetivamente por dias ruins para Marc nas 8 corridas que faltam na temporada. A dupla da Yamaha vai tentar... Se vão conseguir, é outra história...
            Que comece a caçada à “Formiga Atômica”, portanto...


O campeonato Indy volta à ação neste final de semana, com a disputa das 500 Milhas de Pocono, no superspeedway trioval em Long Pond, na Pensilvânia. O campeonato entra em sua reta final, tendo, com a prova de domingo, somente 4 corridas para fechar a competição em 2016. Simon Pagenaud conquistou uma vitória contundente para reafirmar sua condição de favorito ao título na etapa anterior, em Mid-Ohio, superando Will Power, que vinha tirando pouco a pouco a diferença nas últimas provas. Pagenaud tem 58 pontos de vantagem para seu companheiro australiano na equipe Penske, e se levarmos em conta que uma vitória na categoria rende 50 pontos, não é uma folga tão grande como aparenta. A disputa do título deve se resumir a Pagenaud e Power, uma vez que o terceiro colocado na competição, o brasileiro Hélio Castro Neves, está 111 pontos atrás, e precisaria passar não apenas a vencer corridas mas a torcer por uma série de maus resultados de seus companheiros de time para disputar o título da competição. Um pouco mais atrás, Josef Newgarden vem fazendo uma campanha muito boa este ano, mas as condições do time de Ed Carpenter não devem facilitar sua permanência na disputa. Mesmo assim, ele pode incomodar os duelistas na disputa pelo título. Um pouco mais atrás vem a dupla da Ganassi, Tony Kanaan e Scott Dixon, que não tem conseguido se impor esse ano como pretendiam. Dixon ainda conseguiu vencer uma corrida, mas não conseguiu manter a regularidade de resultados necessária para se manter firme na disputa. A corrida de Pocono será realizada a partir das 16 horas (horário de Brasília) neste domingo, com transmissão ao vivo pelo canal pago Bandsports.


Para os fãs da Indy, uma boa notícia veio na semana passada, com o anúncio da renovação do contrato de Pocono com a direção da Indycar por pelo menos mais duas temporadas, o que significa que o trioval de alta velocidade de Long Pond continuará com sua etapa de 500 Milhas até 2018. Além de garantir a presença de outra prova de 500 milhas no calendário, o oval de Pocono traz um desafio diferente para os pilotos, pelo seu formato triangular e com pouca inclinação, características bem distintas do Indianapolis Motor Speedway, que sedia a outra prova de 500 milhas do calendário, a Indy500. Não deixa de ser uma boa notícia para os fãs do automobilismo, em um ano onde conseguiram finalmente trazer a melhor pista mista dos Estados Unidos, Road America, para o campeonato. Infelizmente, a etapa do ano passado, vencida por Ryan Hunter-Reay, traz à memória o triste falecimento do inglês Justin Wilson, após ter sido atingido pelo destroço de um carro batido, que caiu justamente em cima do piloto. Esperemos que a corrida deste ano seja sem incidentes, e que a disputa role solta na pista, como ocorreu no ano passado, com duelos eletrizantes...


A vitória de Andrea Ianonne em Zeltweg domingo passado encerrou um jejum de praticamente 6 anos sem vitórias da Ducati na classe rainha do motociclismo. O último triunfo da fábrica italiana tinha sido no Grande Prêmio da Austrália de 2010, com Casey Stoner. Stoner, aliás, foi campeão da MotoGP pela fábrica de Borgo Panigale em 2007, no único título conquistado pela marca até hoje. E foi nesta mesma temporada que a Ducati conseguiu sua última dobradinha na categoria, até o resultado de domingo passado, obtido por Andrea Ianonne e Andrea Dovizioso. Na época, Casey Stoner e Loris Capirossi fizeram 1-2 no GP da Austrália. Ao todo, a Ducati soma agora 32 vitórias na MotoGP, sendo 23 delas com Casey Stoner, 7 com Loris Capirossi, uma com Andrea Ianonne, e uma com Troy Bayliss. O pódio duplo em Zeltweg deu uma pequena revigorada aos pilotos da marca italiana na competição: Andrea Ianonne é o 6° colocado, com 88 pontos, seguido justamente por Andrea Dovizioso, com 79 pontos. Mas a Ducati poderia ter resultados melhores na competição, não fossem alguns azares, pra não falar de confusões arrumadas por seus pilotos, como o ocorrido no GP da Argentina deste ano, onde Ianonne e Dovizioso iriam fazer um 2° e 3° lugares, mas uma tentativa de ultrapassagem estabanada de Ianonne jogou ele e Dovizioso para fora da pista a apenas 2 curvas da bandeirada, o que deixou a direção da equipe bem chateada, e foi um dos motivos para a escuderia não renovar o contrato de Ianonne para a temporada 2017, quando seu lugar será ocupado por Jorge Lorenzo. Andrea Dovizioso segue no time por mais duas temporadas. Na classificação do campeonato a dupla da Ducati está atrás de Maverick Viñalez, da Suzuki, que é o 5° colocado, com 93 pontos, e foi 6° colocado na corrida da Áustria.

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