Marc Márquez vem fazendo uma temporada constante e sem se meter em encrencas na pista em 2016, e ruma firme para o tricampeonato na MotoGP. |
O campeonato da MotoGP
ganhou mais uma escuderia a vencer corrida na atual temporada. A classe rainha
do motociclismo retornou à Áustria após 19 anos, e conforme havia previsto nos
testes realizados no Red Bull Ring no mês passado, a Ducati confirmou a sua boa
forma no traçado de Zeltweg e conseguiu fazer uma dobradinha, com vitória de
Andrea Ianonne, e seu companheiro de equipe Andrea Dovizioso na segunda
colocação. Depois de vermos a vitória de Jack Miller na pista de Assen,
mostrando a primeira vitória de um time satélite há muitos anos num campeonato
onde nas últimas temporadas apenas os times oficiais de Honda e Yamaha venciam,
não deixa de ser atrativo ver que o time de Borgo Panigale está crescendo, e
preparando-se para tentar retornar a vencer corridas em tempo integral, talvez
a partir do ano que vem, quando os italianos terão Jorge Lorenzo como principal
piloto da escuderia de fábrica na competição.
Felicitações aos
italianos pelo belo trabalho realizado em Zeltweg, o grande interesse da
torcida, após as férias de meio de ano, é ver como se dará a luta pelo título
da temporada 2016, que ao que tudo indica, está restrita mesmo a três pilotos.
Ainda pintando como o
grande favorito para levantar o tricampeonato, o espanhol Marc Márquez não teve
na Áustria o seu melhor momento no ano. A “Formiga Atômica” levou um tombo feio
no último treino livre, deslocou o ombro, e embora tenha conseguido colocá-lo
no lugar, fez uma corrida discreta, terminando a prova austríaca em 5° lugar,
numa disputa apertada com Maverick Viñalez, da Suzuki. Mas, mesmo terminando
atrás da dupla da Yamaha, Márquez ainda manteve grande a sua vantagem na
pontuação. Lorenzo, que subiu ao pódio em 3° lugar, não teve como desafiar a dupla
da Ducati para assegurar um lugar melhor. Mas, depois de duas corridas ruins,
foi alentador pelo menos voltar ao pódio. O atual campeão é o vice-líder da
competição, com 138 pontos, enquanto seu compatriota da equipe rival Honda tem
nada menos do que 181 pontos. E 43 pontos de diferença podem ser uma vantagem
tranquila para administrar o resultado de uma prova ruim ou mediana em termos
de resultados. Valentino Rossi, outro piloto que não pode ser subestimado na
luta pelo título, vem na terceira colocação, com 124 pontos, e sua tarefa é
mais árdua que a de Lorenzo: descontar 57 pontos para Márquez.
Seria o caso de dizer
que o “Doutor” está fora da jogada, mas com muitas provas ainda pela frente,
muita coisa pode acontecer até a etapa final, em Valência, no mês de novembro.
E o atual momento da competição mostra que a equipe dos três diapasões tem o
melhor equipamento. Falta tudo se encaixar direito para começar a devorar a
vantagem de Márquez, que vem tendo alguns problemas com o desempenho da moto da
Honda nesta temporada, mas aprendeu a garantir os melhores resultados possíveis
em cada etapa: quando não foi possível vencer, ele tratou de conseguir a melhor
colocação disponível. Essa nova postura, mais cerebral por parte de Marc, para
quem até pouco tempo atrás só a vitória interessava, o que o levou a sofrer
vários acidentes e perder vários resultados importantes, é o maior problema
para a dupla da Yamaha, que andou tendo problemas e azares nas últimas
corridas, permitindo que o espanhol disparasse na liderança.
É preciso reagir, e
mesmo com 8 corridas até o fim do campeonato, não há tempo a perder. E isso se
aplica já aos treinos de hoje em Brno, que abrem as atividades oficias do
Grande Prêmio da República Tcheca, que será disputado neste domingo. No ano
passado a Yamaha venceu no circuito, com Jorge Lorenzo, e ainda teve Valentino
Rossi completando o pódio em 3° lugar, com Márquez tendo fechado a corrida em
2°. Lorenzo está determinado a repetir o resultado de 2015, enquanto Rossi tem
que começar a recuperar o tempo perdido de qualquer maneira, e vai querer a
vitória mais do que nunca. Serão 22 voltas no traçado de 5,4 km de extensão da
pista de Brno, que tem um total de 14 curvas, sendo 6 para a esquerda e 8 para
a direita, e um percurso total de 118,9 Km. A pista tem uma largura de 15
metros, e uma reta de cerca de 636 metros, sendo que a maioria das curvas são
de aproximadamente 90°.
Na vice-liderança da competição, Jorge Lorenzo teve dois resultados muito ruins em provas na chuva no ano, e agora precisa descontar uma grande diferença se quiser levar seu quarto título. |
O problema é que a
dupla da Yamaha tem de torcer para um abandono de Márquez, que vem fazendo uma
temporada bem regular, para azar de Lorenzo e Rossi. Foram 3 vitórias em 10
corridas, além de três segundos lugares e dois terceiros, totalizando 8 provas
no pódio. Seu pior resultado na temporada foi na França, onde recebeu a
bandeirada apenas na 13ª posição, e depois disso, foi domingo passado na
Áustria, com um 5° lugar. Em outras palavras, Marc pontuou em todas as provas
até agora. Não se pode dizer o mesmo da dupla da Yamaha. Jorge Lorenzo também
venceu 3 corridas no ano, teve dois segundos lugares e um terceiro, ou seja, 6
provas no pódio. Em compensação, o tricampeão espanhol abandonou as provas da
Argentina e da Catalunha, e teve um desempenho pífio nas etapas de Assen e da
Alemanha, onde finalizou em 10° e 15°, respectivamente. Ou seja, as duas
corridas em que abandonou estão fazendo falta.
Pior para Valentino
Rossi. O “Doutor” tem apenas duas vitórias em 2016, além de dois segundos
lugares: apenas 4 provas no pódio. E ainda abandonou as etapas dos Estados
Unidos, da Itália, e da Holanda. Na Alemanha, a demora em trocar de moto custou
posições importantes, e Valentino foi apenas o 8° colocado. Ele foi 4° colocado
no Qatar, na abertura do campeonato, e repetiu a posição na Áustria. Três
provas sem pontos, sendo que apenas em Mugello Rossi sofreu abandono por
motivos alheios a seu controle, quando sua moto quebrou, explicam a enorme
diferença do italiano para Márquez. E se o piloto da Honda mantiver a sua
constância nas etapas restantes, vai ser difícil alcançá-lo.
Para Valentino Rossi, conquistar o título de 2016 vai ser muito difícil. E vai precisar de muitos resultados ruins de Marc Márquez. E ainda tem Jorge Lorenzo para complicar tudo na parada... |
Na MotoGp os 15
primeiros colocados marcam pontos. O vencedor leva 25 pontos, o 2° colocado 20,
e o terceiro, 16. Em outras palavras, na hipótese de Jorge Lorenzo vencer as
próximas corridas, e imaginando Márquez terminando em 3°, serão descontados 9
pontos por etapa. Mas nesse ritmo, seria preciso 5 corridas para Lorenzo
assumir a dianteira da competição, e mesmo assim, com a diferença de apenas 2
pontos. Para Valentino Rossi a tarefa é mais complicada: no mesmo esquema
citado acima, se o “Doutor” vencer e Márquez for terceiro, o heptacampeão
precisará de 7 corridas, indo para a dianteira da competição apenas na
penúltima etapa do calendário. Rossi é bom, mas será impossível, tanto para ele
quanto para Lorenzo, venceram tanto assim consecutivamente, especialmente
porque um tentará bater o outro de qualquer jeito, e enquanto estiverem nessa
luta fraticida, Márquez poderá ir administrando confortavelmente até o fim do
campeonato. O que não quer dizer que ele não lutará pela vitória quando sentir
ser plenamente possível derrotar os adversários.
Conhecido até então por
seu estilo de lutar com tudo, o bicampeão da Honda se envolveu em várias
confusões e quedas no ano passado, quando forçava demais o ritmo para tentar
vencer quando não tinha a melhor performance na pista. Isso o fez desperdiçar
inúmeros resultados e pontos que poderiam ter feito diferença no ano passado.
Ele mesmo confessou que aprendeu a dosar mais o seu ímpeto este ano, mesmo que
isso vá contra seus instintos de competidor. Mas ser mais prudente não
significa deixar de ser rápido. Um campeonato é feito também com estratégia, e
um piloto de visão sabe que, quando não é possível ir além de certo ponto,
deve-se pesar as opções e verificar os riscos de arriscar em demasia para se
obter melhores resultados. Não quer dizer que o piloto irá deixar de disputar melhores
posições, mas em alguns momentos, pode ser melhor garantir um resultado menor
para ganhar lá na frente. Um exemplo foi em Assen, na Holanda, onde pilotos do
calibre de Rossi acabaram sucumbindo ao asfalto molhado. Com seus adversários
diretos fora de combate ou da luta pelas primeiras posições, Márquez garantiu o
2° lugar ao invés de efetuar um duelo perigoso pela vitória contra Jack Miller,
que ficou com a vitória.
O resultado está aí:
Márquez praticamente não se envolveu em nenhuma confusão nas corridas, e vem
liderando com autoridade o campeonato. Domingo passado, sem estar em suas
melhores condições devido ao tombo no último treino livre, mais uma vez lutou
para garantir um resultado razoável, minimizando o prejuízo para a dupla da
Yamaha, que chegou imediatamente à sua frente, para descontar poucos pontos de
sua imensa vantagem na classificação. Neste ritmo, desbancar o piloto da Honda
será complicado, e não vai bastar que Lorenzo e Rossi tenham máquinas melhores.
Será preciso torcer efetivamente por dias ruins para Marc nas 8 corridas que
faltam na temporada. A dupla da Yamaha vai tentar... Se vão conseguir, é outra
história...
Que comece a caçada à
“Formiga Atômica”, portanto...
O campeonato Indy volta à ação
neste final de semana, com a disputa das 500 Milhas de Pocono, no superspeedway
trioval em Long Pond, na Pensilvânia. O campeonato entra em sua reta final,
tendo, com a prova de domingo, somente 4 corridas para fechar a competição em
2016. Simon Pagenaud conquistou uma vitória contundente para reafirmar sua
condição de favorito ao título na etapa anterior, em Mid-Ohio, superando Will
Power, que vinha tirando pouco a pouco a diferença nas últimas provas. Pagenaud
tem 58 pontos de vantagem para seu companheiro australiano na equipe Penske, e
se levarmos em conta que uma vitória na categoria rende 50 pontos, não é uma
folga tão grande como aparenta. A disputa do título deve se resumir a Pagenaud
e Power, uma vez que o terceiro colocado na competição, o brasileiro Hélio
Castro Neves, está 111 pontos atrás, e precisaria passar não apenas a vencer
corridas mas a torcer por uma série de maus resultados de seus companheiros de
time para disputar o título da competição. Um pouco mais atrás, Josef Newgarden
vem fazendo uma campanha muito boa este ano, mas as condições do time de Ed
Carpenter não devem facilitar sua permanência na disputa. Mesmo assim, ele pode
incomodar os duelistas na disputa pelo título. Um pouco mais atrás vem a dupla
da Ganassi, Tony Kanaan e Scott Dixon, que não tem conseguido se impor esse ano
como pretendiam. Dixon ainda conseguiu vencer uma corrida, mas não conseguiu
manter a regularidade de resultados necessária para se manter firme na disputa.
A corrida de Pocono será realizada a partir das 16 horas (horário de Brasília)
neste domingo, com transmissão ao vivo pelo canal pago Bandsports.
Para os fãs da Indy, uma boa
notícia veio na semana passada, com o anúncio da renovação do contrato de
Pocono com a direção da Indycar por pelo menos mais duas temporadas, o que
significa que o trioval de alta velocidade de Long Pond continuará com sua
etapa de 500 Milhas até 2018. Além de garantir a presença de outra prova de 500
milhas no calendário, o oval de Pocono traz um desafio diferente para os
pilotos, pelo seu formato triangular e com pouca inclinação, características
bem distintas do Indianapolis Motor Speedway, que sedia a outra prova de 500
milhas do calendário, a Indy500. Não deixa de ser uma boa notícia para os fãs
do automobilismo, em um ano onde conseguiram finalmente trazer a melhor pista
mista dos Estados Unidos, Road America, para o campeonato. Infelizmente, a
etapa do ano passado, vencida por Ryan Hunter-Reay, traz à memória o triste
falecimento do inglês Justin Wilson, após ter sido atingido pelo destroço de um
carro batido, que caiu justamente em cima do piloto. Esperemos que a corrida
deste ano seja sem incidentes, e que a disputa role solta na pista, como
ocorreu no ano passado, com duelos eletrizantes...
A vitória de Andrea Ianonne em
Zeltweg domingo passado encerrou um jejum de praticamente 6 anos sem vitórias
da Ducati na classe rainha do motociclismo. O último triunfo da fábrica
italiana tinha sido no Grande Prêmio da Austrália de 2010, com Casey Stoner.
Stoner, aliás, foi campeão da MotoGP pela fábrica de Borgo Panigale em 2007, no
único título conquistado pela marca até hoje. E foi nesta mesma temporada que a
Ducati conseguiu sua última dobradinha na categoria, até o resultado de domingo
passado, obtido por Andrea Ianonne e Andrea Dovizioso. Na época, Casey Stoner e
Loris Capirossi fizeram 1-2 no GP da Austrália. Ao todo, a Ducati soma agora 32
vitórias na MotoGP, sendo 23 delas com Casey Stoner, 7 com Loris Capirossi, uma
com Andrea Ianonne, e uma com Troy Bayliss. O pódio duplo em Zeltweg deu uma
pequena revigorada aos pilotos da marca italiana na competição: Andrea Ianonne
é o 6° colocado, com 88 pontos, seguido justamente por Andrea Dovizioso, com 79
pontos. Mas a Ducati poderia ter resultados melhores na competição, não fossem
alguns azares, pra não falar de confusões arrumadas por seus pilotos, como o
ocorrido no GP da Argentina deste ano, onde Ianonne e Dovizioso iriam fazer um
2° e 3° lugares, mas uma tentativa de ultrapassagem estabanada de Ianonne jogou
ele e Dovizioso para fora da pista a apenas 2 curvas da bandeirada, o que
deixou a direção da equipe bem chateada, e foi um dos motivos para a escuderia
não renovar o contrato de Ianonne para a temporada 2017, quando seu lugar será
ocupado por Jorge Lorenzo. Andrea Dovizioso segue no time por mais duas temporadas.
Na classificação do campeonato a dupla da Ducati está atrás de Maverick
Viñalez, da Suzuki, que é o 5° colocado, com 93 pontos, e foi 6° colocado na
corrida da Áustria.
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