Hora
de trazer mais uma de minhas antigas colunas, e esta aqui foi publicada no dia
19 de setembro de 1997. O assunto era o retorno da F-1 à Áustria, e ao seu
velho palco, a pista de Zeltweg, rebatizada então de A-1 Ring, um nome
completamente sem graça, para não mencionar que transformaram a pista em uma
espécie de miniatura da anterior, que era bem maior, e muito mais veloz. O GP
também ficaria marcado pela marmelada perpetrada pela Ferrari em 2002, ao
privar Rubens Barrichello de uma merecida vitória ao ter de entregar a primeira
colocação para Michael Schumacher na reta de chegada da corrida daquele ano.
Seguiu-se uma nova ausência da Áustria no calendário, retornando há 3 anos
atrás, agora rebatizado de Red Bull Ring, e com a perspectiva de se restaurar
em breve toda a extensão do velho circuito, devolvendo-lhe toda a majestade dos
tempos clássicos, o que é esperado por muitos torcedores. Curtam então o texto,
e boa leitura a todos...
RETORNO A ZELTWEG
A
Fórmula 1 segue em frente. E
desta vez o palco é um país que foi visitado pela categoria em 1987 em sua
última participação no mundial. É o Grande Prêmio da Áustria, que retorna à F-1
depois de praticamente uma década de ausência. O palco do evento, como não
poderia deixar de ser, é o magnífico circuito de Zeltweg, agora denominado A-1
Ring, que foi totalmente reformado e recuperado.
O
GP da Áustria foi disputado pela primeira vez em 1964, tendo uma vitória da
Ferrari, nas mãos de Lorenzo Bandini. Só em 1970 o GP voltaria ao calendário da
F-1, agora de forma definitiva, sendo disputado ininterruptamente até 1987.
Desde então, a Áustria ficou de fora da competição.
O
país já produziu grandes pilotos para a F-1. O nome mais célebre é, sem sombra
de dúvida, Andreas Nikolaus Lauda, ou simplesmente Niki Lauda, tricampeão
mundial em 1975, 1977 e 1984. Outro nome célebre é Jochen Rindt, único campeão
mundial póstumo da F-1, em 1970. Hoje, o nome que representa a Áustria na F-1 é
Gerhard Berger, de longe o piloto austríaco com mais GPs disputados na
categoria. Há até uma coincidência entre estes 3 grandes nomes do
automobilismo: todos os 3 tiveram, durante suas carreiras na F-1, um colega de
equipe brasileiro. Rindt teve como parceiro em 1970 na equipe Lótus o novato
Émerson Fittipaldi, que com ele aprendeu muito no pouco tempo de convivência
que tiveram. E Émerson aprendeu bem: em seu 4º GP na F-1, venceu o GP dos EUA
daquele ano, em Watkins
Glen, garantindo assim, o título para seu companheiro de
equipe, falecido em um acidente durante os treinos para o GP da Itália.
Em
1979, Niki Lauda era piloto da Brabham, e tinha como colega um novato chamado
Nélson Piquet. Piquet estreara em 78, e depois de alguns GPs, conseguiu lugar
na Brabham. Nélson teve uma ascenção meteórica: em 1980, venceu seu primeiro
GP, em Long Beach,
e disputaria seu primeiro campeonato, perdendo o título para Alan Jones na
última corrida.
Gerhard
Berger, ao contrário de Rindt e Lauda, que pegaram seus colegas brasileiros
quando ainda eram novatos, teve um “veterano” brasileiro como colega de equipe,
Ayrton Senna, quando este já era campeão mundial. Berger e Senna correram
juntos por 3 temporadas na McLaren, entre 1990 e 1992, justamente na época em
Senna estava com a corda toda, o que deixou o austríaco, um nome respeitado na
F-1, na incômoda situação de coadjuvante. Felizmente o convívio entre ambos era
excelente, tanto que Gerhard foi o melhor amigo que Senna já teve na F-1.
E,
dos pilotos que correram em Zeltweg pela última vez que o GP foi realizado,
apenas Berger ainda está na F-1. A reforma do circuito foi excelente, embora o
traçado tenha sido reduzido em mais de 1 Km. Felizmente, boa parte das
características de Zeltweg foram preservadas: o circuito ainda é de alta
velocidade, embora não tanto quanto antes; tem subidas e descidas, com algumas
curvas rápidas e outras lentas. A última corrida disputada aqui foi na época do
domínio da Williams/Honda. Uma década depois, a Williams ainda possui seu
poderio, mas não tanto quanto em 1987. McLaren, Benetton e Ferrari podem se
intrometer na briga pela vitória. Não faltam pontos de ultrapassagem no
circuito. Seja bem-vindo de volta à F-1, Zeltweg!
Para os que gostam de história, eis a relação de todos os vencedores do
GP da Áustria de F-1:
1964 – Lorenzo Bandini (Ferrari)
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1979 – Alan Jones (Williams/Ford)
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1970 – Jack Ickx (Ferrari)
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1980 – Jean-Pierre Jabouille (Renault)
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1971 – Joseph Siffert (BRM)
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1981 – Jacques Laffite (Ligier/Matra)
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1972 – Émerson Fittipaldi (Lótus/Ford)
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1982 – Elio de Angelis (Lótus/Ford)
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1973 – Ronnie Petterson (Lótus/Ford)
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1983 – Alain Prost (Renault)
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1974 – Carlos Reutemann (Brabham/Ford)
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1984 – Niki Lauda
(McLaren/TAG-Porshe)
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1975 – Vittorio Brambilla (March/Ford)
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1985 – Alain Prost
(McLaren/TAG-Porshe)
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1976 – John Watson (Penske/Ford)
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1986 – Alain Prost
(McLaren/TAG-Porshe)
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1977 – Alan Jones (Shadow/Ford)
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1987 – Nigel Mansell (Williams/Honda)
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1978 – Ronnie Petterson (Lótus/Ford)
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O último GP disputado em Zeltweg foi
particularmente interessante. A prova teve nada menos do que 3 largadas. As 2
primeiras tiveram que ser anuladas em virtude do excessivo número de acidentes
e carros batidos. Só para reforçar o que digo, na 3ª e última largada, o grid
já não estava mais completo, pois alguns pilotos e equipes não tinham mais
carro reserva...
A Lotus foi a equipe com maior número de
vitórias em Zeltweg: 4 no total.
O destaque da última edição do GP da
Áustria em 1987 aconteceu na sexta-feira, durante os treinos oficiais. Stefan
Johnsson, da McLaren/TAG-Porshe, bateu forte contra o guard-rail depois de
colidir com um veado que atravessa a pista. “Só vi o veado quando estava a 5
metros dele”, declarou o piloto sueco, que levou um susto tremendo. Toda a
frente da McLaren quebrou no impacto e felizmente a batida contra os rails não
foi desfavorável. O evento foi um prato cheio para os fotógrafos, que
conseguiram “flagrar” o atropelamento do veado em plena reta...
A última pole-position aqui em Zeltweg
foi de Nélson Piquet, ao volante de sua Williams FW11B Honda turbo. Piquet
assinalou o então novo recorde da pole do circuito, com 1min23s357, na média de
256,621 Km/h para os 5,942 Km do traçado. A prova, depois de 52 voltas, que
totalizaram cerca de 308,984 Km de percurso, teve vitória de Nigel Mansell, com
Williams/Honda turbo. Mansell também assinalou a melhor volta da corrida, com
1min28s318, média de 242,207 Km/h. O pódio foi completado por Nélson Piquet em
2º lugar, e Téo Fabi da Benetton/Ford em 3º. Thierry Boutsen foi o 4º, Ayrton
Senna terminou em 5º, e Alain Prost em 6º lugar. Nigel Mansell, no trajeto para
o pódio, sofreu um acidente incomum: bateu a cabeça em uma ponte e ganhou um
belo galo...
O novo circuito de Zeltweg ficou bem
mais curto em relação ao original. Antes, o traçado tinha 5,942 Km. O novo
traçado tem apenas 4,319 Km. E ganhou um novo nome: A-1 Ring. Sinceramente,
prefiro o antigo...
Jean Alesi já divulgou sua nova equipe
para a temporada de 1998 na F-1: Sauber. A dupla da próxima temporada da
Benetton deverá ser Gerhard Berger e Giancarlo Fisichella. Flavio Briatore
disse que nem Berger nem Alesi ficariam na equipe para 98, mas Luciano
Benetton, proprietário da escuderia, teria dito que Berger fica, e e que
Briatore sai... Alesi fará dupla com Johnny Herbert. A McLaren e a Ferrari
mantém seus atuais pilotos.
Agora é oficial: a BMW estará de volta à
F-1 no ano 2000, como fornecedora de motores para a Williams. O anúncio foi
feito em Frankfurt, e o convidado de honra da fábrica para o evento foi ninguém
menos do que Nélson Piquet, que entrou no recinto pilotando o Brabham BT52 BMW
turbo com o qual a marca foi campeã em 1983...
A Mercedes já retornou à F-1; agora, a
BMW anunciou o seu retorno. E muitos dizem que a Volkswagen não vai ficar
atrás. A empresa até já admite entrar na F-1 em breve como fornecedora de
motores. Com tantos fornecedores novos, pode sobrar motor para poucas
equipes...
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