James Allison já não é mais o diretor técnico da Ferrari. O inglês foi substituído por Mattia Binotto (abaixo). O clima anda tenso em Maranello, e pode piorar ainda mais até o fim do ano. |
A escuderia de
Maranello e o time britânico de Grove não estão tendo a temporada que esperavam
no campeonato da F-1, e o clima, especialmente na Itália, já anda conturbado,
enquanto na Inglaterra, tenta-se descobrir os motivos da queda brutal de
performance nas últimas corridas. Isso indica que as tradicionais férias de
meio de temporada estão sendo uma pausa muito bem-vinda para se tentar colocar
as coisas nos eixos. O problema é se ambos os times conseguirão acertar seu
rumo e tentar pelo menos terminar o ano de forma satisfatória.
Nesse aspecto, a
Ferrari já começou a mudar as coisas na escuderia, começando pelo desligamento
do diretor técnico James Allison, um dos principais responsáveis por projetar o
bom carro do ano passado, bem o atual SF16-H. Apesar da saída de Allison ter
sido conveniente para o projetista inglês, em virtude dos problemas familiares
que passou este ano, com a morte de sua esposa, e a necessidade de dar maior
atenção aos filhos neste momento difícil, era óbvio que as cobranças por
maiores resultados acabariam caindo em cima dele. Sergio Marchionne, presidente
do Grupo Ferrari, prometeu mundos e fundos no início do ano, e o que se vê até
agora é a esquadra de Maranello em uma enrustida briga pelo vice-campeonato com
uma renovada Red Bull, onde no momento o time dos energéticos parece estar
levando a vantagem. E a Mercedes? Esqueçam, pois o time alemão está novamente deslanchando
na frente, com mais de 160 pontos de vantagem.
Allison desenvolveu um
bom trabalho na Lotus entre 2012 e 2013, sendo contratado a peso de ouro por
Maranello para reerguer o time. No ano passado, até conseguiu, mas nesta
temporada, o novo carro vem apresentando mais problemas do que o esperado,
tanto a nível de performance quanto de confiabilidade. E, como se isso não
bastasse, a escuderia, e sua própria dupla de pilotos, vem tendo uma temporada
apenas mediana, sem excelentes exibições, que viraram resultados esporádicos.
Como a ordem era disputar o título, a paciência de Marchionne começou a rarear.
O resultado é que o ambiente em Maranello, que havia ficado tão clean e
sossegado em 2015, voltou aos ares conturbados dos últimos tempos, devido à
falta dos resultados esperados. E com isso, claro, alguém iria rodar. Acabou
por ser Allison, cujo cargo agora está ocupado por Mattia Binotto, que
coordenava o setor de motores, e fez um bom trabalho no desenvolvimento da
unidade de potência do time italiano. Resta saber se ele conseguirá desenvolver
o carro da mesma maneira que os motores. E logo no retorno das férias, a
Ferrari terá de encarar duas pistas de alta velocidade: Spa-Francorchamps e
Monza. Se conseguir novamente se impor contra a Red Bull, pode até ter chance
de equilibrar a briga contra o time dos energéticos, mas se acabar novamente
superada pelos rubrotaurinos, o clima durante o GP da Itália deste ano vai ser
bem quente entre os tiffosi que normalmente lotam as arquibancadas do autódromo
italiano.
A escuderia confirma
em terminar o ano de cabeça “erguida”, mas a julgar pelo clima em Maranello,
Allison pode até ter tido sorte de ser o primeiro a sair. Se a Red Bull continuar
a frente da Ferrari, e pior, conseguir se distanciar, não há dúvidas de que
outras cabeças rolarão no time, a começar por Maurizio Arrivabene, chefe da
escuderia de F-1, que se vê no olho do furacão pelas cobranças de melhores
resultados. Torcida e imprensa italianas já começaram as suas cobranças. E isso
nunca ajuda a deixar o clima tranquilo na escuderia, que é o que todos precisam
no atua momento. E de continuidade nos trabalhos desenvolvidos. A escuderia
renovou o contrato de Kimi Raikkonem, e verdade seja dita: o finlandês, se não
está sendo brilhante, está pelo menos ajudando o time a marcar pontos, tanto
que está à frente de Sebastian Vettel no campeonato, de quem se esperava muito
mais este ano, depois de vencer 3 corridas no ano passado. Manter a dupla atual
de pilotos dá uma certa segurança em relação à avaliação da performance para
2017, por manter as diretrizes básicas de como o carro deve reagir para ter
desempenho máximo com ambos os pilotos da escuderia, além de poderem ter um
pouco de sossego para buscarem aprimorar seus desempenhos neste ano.
De resultados
positivos mesmo até agora, apenas as performances de Raikkonem no Bahrein, e de
Vettel no Canadá, onde ambos andaram firmes e fortes durante toda a prova e
precisavam ser acompanhados pela Mercedes atentamente, terminando em 2° lugar
nas duas corridas. Nestas provas, se fossem a tônica da temporada, o resultado
poderia até não ser considerado tão ruim, uma vez que as diferenças para o
vencedor estiveram entre 10s e 5s, algo até aceitável em termos de diferença de
performance, mas como explicar o vareio tomado na China por Vettel, que mesmo
sendo 2° colocado, ficou a quase 40s de Nico Rosberg? Ou pior: na Inglaterra,
quando Kimi terminou a corrida com mais de 1 minuto de atraso? E na Alemanha,
um circuito que pedia um motor forte, ponto onde a Ferrari não está devendo
muito em relação à Mercedes, com Vettel e Kimi ficando mais de 30s atrás do
vencedor Lewis Hamilton? Decididamente, não é o ano sonhado pela cúpula ferrarista,
nem de seus torcedores. Fosse um time inglês, o lance seria sentar na mesa, e
tentar entender onde a coisa desandou, mas estamos falando da Ferrari, cujo
comportamento normalmente arrogante e prepotente geralmente amplia as cobranças
e costuma bagunçar com qualquer planejamento de longo prazo quando as coisas
desandam ou não correspondem ao esperado, com o ambiente ficando muito mais
quente do que se deveria esperar. E nem é preciso dizer que a Ferrari alardeava
que chegara a hora de desbancar a Mercedes na pré-temporada, onde os resultados
até davam certa impressão de que os carros vermelhos poderiam sim incomodar os
prateados. Lógico que todos estão sentados à mesa, avaliando tudo o que foi
feito até agora, e traçando planos e estratégias para tentar salvar o ano. Mas
o time vai conseguir manter a cabeça fria para realizar as tarefas que necessita?
Neste momento, a
Ferrari precisa mais do que nunca colocar a cabeça no lugar, e corrigir seus
rumos. E parar de errar em vários detalhes. O duelo com a Red Bull não está
perdido: se não é a disputa do título, é obrigação de Maranello pelo menos
mostrar combate ao time dos energéticos e terminar a temporada com um
vice-campeonato sólido, que é o que dá para conquistar este ano. Mas, se não
acertar o rumo, a sorte é que o avanço da esquadra rossa é tal que só com um
desastre completo perderiam sua colocação no mundial de construtores para a
Williams, que para sorte dos ferraristas também não está conseguindo se
entender neste ano, e vem andando até pior do que todo mundo esperava, até por
eles mesmos, que tinham expectativas reais de pelo menos manterem-se como
terceira força da categoria máxima do automobilismo.
Se na Ferrari o
problema é acertar o desenvolvimento correto do SF16-H, além de corrigir seus
problemas de downforce e fiabilidade, em Grove a situação é mais complicada: o
carro parece ter atingido o limite de seu desenvolvimento, e para complicar, as
atualizações projetadas simplesmente não funcionaram, o que está fazendo o
corpo técnico do time inglês bater cabeça, tentando entender como um carro que
prometia ao menos ser um do 4 mais velozes no início do ano, estar na verdade tendo
de batalhar para marcar alguns míseros pontos na competição. O único resultado
decente do time de Frank na atual temporada foi o 3° lugar de Valtteri Bottas
no Canadá, mas onde o finlandês terminou a corrida 45s atrás de Lewis Hamilton,
e tendo a sorte de ver tanto Nico Rosberg quanto Kimi Raikkonem com problemas
durante a prova. Nas outras corridas do ano, os resultados em sua maioria andaram
na faixa da 6ª colocação pra trás, tanto com Bottas quanto com Felipe Massa.
Outra exceção foi a prova da Rússia, com bons 4° e 5° lugares para a dupla de
pilotos do time de Grove, mas ficou nisso.
A Williams melhorou bastante os seus pit stops nesta temporada. Infelizmente, todo o resto não acompanhou a mesma evolução, muito pelo contrário... |
Se no ano passado o
carro da Williams ainda apresentava-se bom em pistas velozes e exibia deficiências
em pistas mais travadas ou lentas, neste ano nem isso está sendo conseguido. O
carro continua ruim nas pistas de baixa velocidade, e passou a perder de lavada
também nos circuitos de alta. Na Áustria, onde no ano passado Massa subiu ao
pódio com um suado 3° lugar, este ano o time foi apenas 9° colocado com Bottas,
a cerca de 1 minuto de distância de Hamilton, novamente o vencedor. Na
Inglaterra, outra pista antes favorável aos carros da escuderia, novo vexame,
com Massa e Bottas a ficarem fora da zona de pontuação, com mais de uma volta
de atraso. Na Alemanha, outra performance fraca, ficando novamente a mais de 1 volta
de atraso, e terminando apenas em 9° com Bottas. Como desgraça pouca é bobagem,
Felipe Massa voltou a viver seu festival de azar, ficando sem conseguir marcar
pontos nas últimas corridas.
E não fica só nisso: a
Force India vem se aproximando na pontuação. No momento, a Williams é a 4ª
colocada, com 96 pontos, enquanto o time de Vijay Mallya está com 81, ou seja,
15 pontos de diferença. Só que a Force India vem pontuando um pouco mais do que
a Williams nas últimas corridas, e se não houver uma reação, a troca de
posições será inevitável: só em Hockenhein, foram 7 pontos marcados pela Force
India, contra apenas 2 do time de Frank Williams. Na Inglaterra, então, marcaram
14 pontos, contra nenhum da Williams, que pelo menos marcou 2 pontos na
Hungria, contra apenas 1 do time de Mallya. Mas na toada atual da escuderia de
Frank, ele só terá o consolo de que Toro Rosso e McLaren estão tão lá atrás na
pontuação de que seria preciso um milagre para serem superados por eles. Mas se
não dá para esperar muito da Toro Rosso, para a McLaren, o ano de 2017 pode
marcar o renascimento do time, que já vem tendo melhores performances este ano,
pelo menos levando em consideração o que mostraram em 2015. Só que, com 9
corridas ainda por serem disputadas este ano, não há segurança alguma nessa
expectativa da Williams não acabar caindo ainda mais para trás. A ameaça real é
a Force India, obviamente, mas vai que Toro Rosso e McLaren engatem alguns GPs
de bons resultados, e então o caldo vai entornar pelos lados de Grove.
Além do fraco desempenho do carro, Felipe Massa teve vários azares e percalços nas últimas corridas, ficando sem pontuar. |
A Williams precisará
de um projeto completamente novo para 2017, e pelo menos já se concentra nisso
há algum tempo. O problema é que esse esforço comprometeu parte do
desenvolvimento do modelo atual, o que ajudou a comprometer seus resultados
para a atual temporada, confiando em um potencial que foi pouco desenvolvido
desde 2014. Na verdade, o sinal já havia sido dado nas últimas corridas do ano
passado, quando o time inglês passou a perder para outras escuderias que até
então tinham desempenhos mais modestos. Mas, graças ao grande avanço que haviam
obtido durante a maior parte do campeonato, a Williams terminou o ano em 3°
lugar sem maiores problemas. Neste ano, muito provavelmente ficará em 5° lugar.
Não há como alcançar nem Ferrari nem Red Bull, que já estão muito à frente na
pontuação, e precisaria de um verdadeiro milagre para fazê-lo, o que está muito
longe da capacidade do time inglês. E o projeto para a próxima temporada terá
de ser muito mais inovador e ousado. A persistir no conservadorismo que ditou
as ações do time nestas duas últimas temporadas, periga vermos novamente a
Williams como mera equipe de meio de grid, batalhando para conquistar parcos e
suados pontos, ou até nem isso, dependendo de como os concorrentes evoluírem.
Outro ponto que
poderá, dependendo do ponto de vista, ajudar a complicar ou a melhorar a
situação do time é a atual dupla de pilotos. Felipe Massa já não seria uma das
prioridades do time para o próximo ano, e o brasileiro, por sua vez, estaria
verificando outras possibilidades. Bottas, da mesma forma, não teria melhor
lugar para ir, e deve ficar, mas enquanto a situação não se resolve em
definitivo, o time também não consegue ter toda a calma e planejamento que
deveria demonstrar para recuperar o terreno perdido ainda neste ano. A
escuderia admitiu que está tendo problemas para se entender com os pneus da
Pirelli este ano, e algumas atualizações não renderam o esperado.
Ferrari e Williams
terão uma segunda metade de temporada com um único objetivo em mente: salvar o
que resta de um ano onde tudo era pra ser muito melhor do que o que conseguiram
mostrar até agora. Se a Ferrari ainda pode lugar por um lugar acima, na briga
com a Red Bull, a Williams joga na defensiva, para não cair mais do que já
caiu, e vendo um adversário potencial chegar muito rápido, e com boas chances
de ultrapassá-la. Ambos os times tem de recolher os cacos da atual temporada, e
garantir uma base consistente para trabalhar para 2017. Vai ser complicado, e
sem garantias de sucesso. Por mais que se fale de que a próxima temporada, mais
uma vez, deverá ser a da redenção da F-1 como categoria esportiva de competição,
a verdade é que para Williams e Ferrari, 2016 deverá ditar as possibilidades do
potencial de ambas para o próximo ano. Alguém certamente vai sair bem
desapontado nesta história, senão mais de um... Satisfação é algo que nenhum
dos dois times vai desfrutar ao fim da temporada, pelo menos não em relação ao
que ambos esperavam conseguir... Nesse contexto, 2016 já era... A ordem
seguinte será evitar que 2017 naufrague...
Simples, e ao mesmo
tempo algo bem complicado...
Depois de seu período de férias,
a MotoGP está de volta, e o palco é o circuito Red Bull Ring, em Zeltweg, que
marca o retorno da Áustria ao calendário da categoria rainha do motociclismo,
após 19 anos de ausência. A prova terá 28 voltas no traçado de 4,3 Km, com 3
curvas para a esquerda e 7 para a direita. O canal pago SporTV3 transmite a
corrida ao vivo neste domingo a partir das 9 da manhã. A última corrida da
Áustria na MotoGP foi disputada em 1997, disputada justamente em Zeltweg, que
sediou a corrida também em 1996. A expectativa de público para a corrida é de
cerca de 200 mil pessoas para assistirem ao duelo das motos mais velozes do
mundo.
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