Fim
das férias da MotoGP e da F-1 no meio das temporadas, e várias outras
categorias seguem firmes no mundo do esporte a motor, inclusive com algumas,
como a Indy, já em sua reta final. E, como acontece sempre ao fim de cada mês, é
novamente a hora de trazer o habitual balanço dos acontecimentos vividos pelo
mundo da velocidade ao redor do mundo nestas últimas semanas, com mais uma
edição da Cotação Automobilística, fazendo a tradicional avaliação do panorama
deste mês que estamos deixando para trás, no velho esquema de sempre nas
avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM
BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, uma boa leitura para todos, e no
mês que vem tem mais...
EM ALTA:
Equipe
Penske na IRL: Roger Penske não poderia estar mais feliz em ver que seu time,
no seu aniversário de 50 anos de fundação, deve garantir mais um título na
Indycar. Simon Pagenaud venceu a prova de Mid-Ohio, e Will Power venceu as 500
Milhas de Pocono. Os dois pilotos estão com uma confortável dianteira sobre
todos os concorrentes, e devem disputar entre si o título da categoria, a
exemplo do que aconteceu em 2014, quando o mesmo Power foi o campeão, em cima
de Hélio Castro Neves, outro piloto da Penske. A comemoração só não vai ser
completa porque Juan Pablo Montoya vem fazendo um campeonato mediano, e está
longe das primeiras colocações na classificação. Já Hélio Castro Neves vem
batalhando para pelo menos terminar o campeonato na terceira colocação, já que
até mesmo o vice-campeonato já ficou distante para o piloto brasileiro.
Lewis
Hamilton: O piloto inglês caminha rumo ao tetracampeonato, e em
Spa-Francorchamps, mesmo largando do fundo do grid, para pagar as punições pelo
uso de novas unidades em seu motor e sistemas de recuperação de energia, fez
uma corrida de recuperação ímpar e ainda contou com problemas ocorridos durante
a prova para chegar ao pódio em 3° lugar e minimizar o prejuízo perante Nico
Rosberg, que agora está 9 pontos atrás do atual tricampeão na classificação.
Ainda tem muito chão pela frente, mas mesmo não vencendo, Hamilton foi o
vencedor moral da prova belga, para azar de Rosberg, que esperava não ver seu
companheiro de equipe tão bem no fim da corrida.
Marc
Márquez: A “Formiga Atômica” continua sua jornada rumo ao tricampeonato na
classe rainha do motociclismo. Vitimado por um tombo feio em um dos treinos na
Áustria, o piloto da Honda contentou-se com um 5° lugar na corrida de Zeltweg,
mas quem levou a vitória foi a Ducati, que fez uma dobradinha e impediu que a
dupla da Yamaha descontasse muitos pontos de sua vantagem na classificação do
campeonato. E, na corrida da República Tcheca, Marc voltou ao pódio, e para sua
sorte, Jorge Lorenzo foi novamente um zero à esquerda em mais uma corrida
disputada em piso molhado. Com o rival mais próximo zerado, Márquez nem se
incomodou de ser “apenas” o 3° colocado, já que a vitória foi de Carl
Crutchlow, com Valentino Rossi em 2°, conseguindo apenas tirar a vice-liderança
de Lorenzo, mas estando a 53 pontos do piloto da Honda, que continuará na
liderança da competição pelas próximas duas etapas mesmo que abandone ambas.
Daniel
Ricciardo: Depois de levar uma chacoalhada de Max Verstappen desde que o jovem
holandês estreou pela Red Bull no GP da Espanha, inclusive vencendo em sua
estréia pela escuderia, o piloto australiano teve de se mexer, e engatou três
corridas no pódio nas últimas três provas, com um 3° lugar e dois 2°s, tratando
de mostrar que o novo garoto sensação da F-1 pode ser realmente uma sensação,
mas que ele não está morto e muito menos enterrado. Sem cometer erros ou se
envolver em confusões na pista, Ricciardo já é o terceiro colocado no Mundial
de pilotos, tendo deixado a dupla da Ferrari bem para trás, e aberto vantagem
sobre seu novo parceiro de equipe, a quem muitos já apostavam que iria superar
Daniel em poucas corridas. Não fosse o domínio esmagador da Mercedes, Daniel
poderia muito bem ser um dos pretendentes ao título, e ele vem sendo o “melhor
do resto” na categoria máxima do automobilismo, e mostrando que o jovem e
atrevido Max vai ter de comer muito feijão ainda se quiser cantar de galo no
terreiro dos energéticos...
Josef
Newgarden: O piloto da equipe de Ed Carpenter é uma das sensações do campeonato
2016 da IRL, a ponto de seu nome ser considerado para várias equipes de maior
potencial. O piloto americano venceu a etapa de Iowa, e é o 5° colocado na
classificação do campeonato, estando inclusive à frente de vários pilotos de
reconhecida capacidade como Scott Dixon, Ryan Hunter-Ray, e Graham Rahal. E as
últimas conversas falam que ele poderá integrar a equipe Penske em 2017, muito
provavelmente no lugar do colombiano Juan Pablo Montoya, que não vem tendo um
ano muito positivo na escuderia de Roger Penske. E vale lembrar que dois anos
atrás, o velho Roger bateu o olho no francês Simon Pagenaud, e ele está
liderando a competição, e é um dos favoritos ao título. Para Newgarden, a
chance de pilotar para o maior time da categoria não pode ser desperdiçada. A
única dúvida é quem perderá seu lugar na Penske... Se bem que a resposta não
está sendo muito difícil de ser especulada...
NA MESMA:
Nico
Rosberg: O piloto alemão teve a chance de aproveitar a punição por trocas de
peças na unidade de potência do carro de Lewis Hamilton, e fez o que dele se
esperava no GP da Bélgica, marcando a pole-position, e vencendo a corrida após
liderar praticamente de ponta a ponta a corrida. Mas a boa prova de Hamilton
foi uma ducha de água fria para Nico, que não conseguiu recuperar a liderança
do campeonato, estando agora a 9 pontos do piloto inglês, que contando com
novas peças e unidades de motor, certamente vai tentar continuar na liderança
da competição e marcar o seu 4° título. Ainda tem muito chão pela frente, e
Rosberg vai precisar se desdobrar para virar o favoritismo novamente a seu
favor. O problema é combinar isso com Hamilton...
Equipe
bagunçada: A Ferrari perdeu a disputa com a Red Bull nas últimas corridas, e
nem mesmo a pista de alta velocidade de Spa-Francorchamps foi capaz de dar um
alento ao time de Maranello, que novamente acabou superada na pista pelo time
dos energéticos. Só que parte dessa derrota acabou ocasionada por Sebastian
Vettel, que na largada espremeu novamente Kimi Raikkonen, agora na curva La
Source, no momento em que Max Verstappen também tentava superar a dupla
ferrarista. Com carros demais para pista de menos, os três se tocaram,
ocasionando danos nos bicos de Verstappen e Raikkonen, que também teve um pneu
furado, além de Vettel ter rodado e caído para as últimas posições. Com isso, o
time italiano acabou perdendo uma boa oportunidade de melhores resultados, já
que sua dupla de pilotos precisou fazer corridas de recuperação. Vettel ainda
salvou um 6° lugar, mas tinha chance de chegar à frente da dupla da Force
India. Raikkonen se estranhou na pista com Verstappen, que ajudou a complicar a
corrida do finlandês, que acabou com um irrisório 9° lugar, frustrado com o
ocorrido na prova. E, como desgraça pouca é bobagem, Sergio Marchionne está
novamente cobrando melhores resultados da escuderia, já que a próxima prova é
justamente em Monza, na Itália, e a torcida irá cobrar o time mais do que
nunca. Se eles não se embanarem sozinhos no fim de semana, até podem fazer
bonito, porque a concorrência não vai perdoar novas falhas do time rosso.
Equipe
Sauber: OK, o time suíço tem um novo proprietário, que está pagando as contas,
e a escuderia até conseguiu levar atualizações para seu carro na corrida da
Bélgica. O desempenho até melhorou, mas os problemas continuam para os pilotos
da escuderia de Hinwill. Marcus Ericsson teve que fazer mudanças no carro, e
com isso largou dos boxes, enquanto Felipe Nasr enfrentou problemas com a
fiabilidade, e não conseguiu nada mais do que chegar em último lugar na pista,
devido a um pneu furado, em 17°. Ericsson, por sua vez, não conseguiu nada
melhor, abandonando a prova devido a problemas no câmbio. E, claro, a Sauber
perdeu novamente o duelo para a equipe Manor. Conseguir pontuar vai continuar
sendo bem complicado, e a Sauber deve ter o seu pior ano desde que estreou na
F-1. Restará esperar por dias melhores apenas em 2017, porque este ano já está
perdido por completo...
Parceria
McLaren/Honda: O time inglês vem fazendo progressos em seu chassi, assim como a
Honda bem apresentando um melhor desempenho de sua unidade de potência. Mas
resultados mais concretos só deverão ser vistos mesmo em 2017. Na Bélgica, os
japoneses usaram novas fichas no desenvolvimento do motor, mas Fernando Alonso
ficou pelo meio do caminho nos treinos com mais uma quebra, precisando trocar
componentes novamente e largando em último. O ponto positivo é que, num
circuito onde a potência era mais necessária do que nunca, Jenson Button
conseguiu chegar ao Q3, largando em 9° lugar, e Fernando Alonso, mesmo saindo
em último, andou forte o tempo todo, perdendo posições só na parte final da
prova, caindo da 5ª para a 7ª posição. Mesmo assim, o desempenho em corrida
precisa melhorar: Alonso fez apenas a 15ª melhor volta da corrida, o que demonstra
que voltar a disputar posições na frente ainda está um pouco distante. Mas pelo
menos o time inglês volta a vislumbrar dias melhores no horizonte próximo.
Max
Verstappen: O intrépido piloto holandês mostrou que está disposto a peitar meio
mundo e mais um pouco para mostrar que é a bola da vez na F-1. E, em que pese
ninguém negar seu talento e velocidade, Max vem se caracterizando também por
seu atrevimento, talvez excessivo para tão pouco tempo na categoria máxima do
automobilismo. Na etapa da Bélgica, o piloto da Red Bull deu uma ziguezagueada
brusca quando se defendia de Kimi Raikkonen, a ponto do finlandês sair da pista
para evitar uma batida. Ao saber das críticas do piloto da Ferrari, Verstappen
simplesmente disse que o problema era dele (Raikkonen), se não havia gostado do
que ele fez. Continuando com essa postura, da próxima vez que for dividir uma
freada, o jogo vai ser ainda mais duro, e cada vez menos pilotos vão aliviar
para o holandês nessa hora. Ou ele aprende a ter um pouco mais de polidez e
respeito, ou seu estilo arrojado pode causar alguma encrenca num futuro bem
próximo. E ser um pouco mais calmo e polido na pista não significa deixar de
ser lento... Só precisa mesmo é deixar de ser meio kamikaze...
EM BAIXA:
Equipe
Williams: O time do velho Frank viveu bons momentos nas duas últimas
temporadas, mas este ano, está fazendo o temido caminho inverso, vendo seus
rivais melhorarem, e eles ficarem parados. É o que seu viu no retorno da F-1
após as férias de agosto, onde a escuderia britânica levou um baile de sua
adversária mais direta, a Force India, que marcou bons pontos em
Spa-Francorchamps e assumiu a 4ª colocação no campeonato de construtores.
Ocupando a 5ª colocação agora, seria exagero dizer que o time de Frank pode
cair mais na competição, até porque quem está atrás é a McLaren, com menos da
metade dos pontos da Williams. Mas, do jeito que as coisas estão andando, os
mais pessimistas já apontam que a escuderia de Woking termina o ano à frente da
casa de Grove...
Kevin
Magnussen: O piloto dinamarquês não vem fazendo uma temporada de encher os
olhos na equipe Renault este ano, e tanto ele quanto Jolyon Palmer podem muito
bem engrossar a lista dos desempregados da F-1 para 2017. Para complicar a
situação, o piloto ainda bateu forte em Spa, na saída da temida curva Eau
Rouge, e até onde parece, por erro do próprio piloto. O piloto parece vir tendo
azar nos últimos tempos, e nesse acidente ele teve até sorte de não se machucar
quase, uma vez que seu carro ficou praticamente destruído na pancada. Mas não
vai ajudá-lo a garantir melhores esperanças de permanecer no time francês na
próxima temporada. E, para piorar a situação, lugares mais promissores estão
sendo muito disputados a esta altura do campeonato para 2017...
Bruno
Senna: O piloto brasileiro acabou rifado pela equipe Mahindra para a próxima
temporada da F-E, que começa em outubro, em Hong Kong. Para o seu lugar, o time
contratou o sueco Felix Rosenqvist para ser o parceiro do alemão Nick Heidfeld
no campeonato de carros elétricos monopostos. As opções de Bruno agora é seguir
no Mundial de Endurance, na categoria LMP2, mas para 2017, não há nada
garantido. Bruno chegou a afirmar que a Indycar poderia ser uma opção, mas sem
disputar as provas em pistas ovais, o que certamente irá jogar contra suas
pretensões de conseguir um bom lugar na categoria americana.
Jorge
Lorenzo na chuva: Depois de ter duas atuações pífias em corridas disputadas com
chuva na temporada antes das férias de meio da temporada, bastou chover de
novo, agora na etapa da República Tcheca, para o atual campeão da MotoGP
novamente sumir da disputa pelos primeiros lugares. Definitivamente, Lorenzo e
São Pedro não estão mais se entendendo ultimamente, e no circuito de Brno, o
piloto espanhol da Yamaha terminou a corrida na última colocação entre os que
cruzaram a linha de chegada. Como consequência, Lorenzo não apenas viu Marc
Márquez distanciar-se ainda mais na liderança do campeonato, como ainda viu sua
vice-liderança ser tomada por Valentino Rossi, que foi o 2° colocado na etapa.
Se a moda pega, Márquez e Rossi vão reservar hora nos fins de semana dos GPs
para fazerem sua sessão de dança da chuva...
Um
carro a menos na Rebellion: A divisão LMP1 do Mundial de Endurance ficou com um
carro a menos na competição para o restante da temporada. A equipe Rebellion,
justificando concentrar recursos para desenvolver o projeto de competição para
a temporada de 2017, onde haverá mudança de regulamento, retirou o carro N° 12
do campeonato, e seguirá no restante do ano apenas com o carro N° 13, pilotado
pelo trio Dominik Kraihamer, Alexandre Imperatori e Matheo Tuscher. A escuderia
também justificou que é uma forma de tentar superar a Bykolles na classificação
da categoria LMP1 do Mundial de Endurance, concentrando seus recursos de desenvolvimento
em apenas um bólido. Com isso, Nicolas Prost e Nick Heidfeld ficam a pé no
WECem 2016. E um carro a menos é sempre ruim em qualquer categoria de
competição.