Pois
é: metade do ano de 2016 já ficou para trás. Tem vezes que o tempo parece mesmo
andar tão ou até mais veloz do que as máquinas de competição do mundo do
esporte a motor. E é novamente a hora de trazer o habitual um balanço dos
acontecimentos vividos pelo mundo da velocidade ao redor do mundo nestas
últimas semanas, com mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo a
tradicional avaliação do panorama deste mês que estamos deixando para trás, no
velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA
(caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, uma boa
leitura para todos, e no mês que vem tem mais...
EM ALTA:
Alexander
Rossi: O mundo do automobilismo é cheio de voltas, e também de reviravoltas.
Sem chance de continuar na F-1 como piloto titular por um dos times mais fracos
do grid, a Manor, onde permanece como piloto reserva, o norte-americano nascido
na Califórnia encontrou a sua redenção na Indycar, ocupando um dos carros do
time de Michael Andretti, numa parceria com a antiga estrutura do time de Bryan
Herta. E contando com uma pilotagem segura e estratégia agressiva de economia
de combustível, eis que o piloto novato na categoria de monopostos americana
venceu a 100ª edição das 500 Milhas de Indianápolis, transformando o então
desconhecido piloto no mais novo ídolo da história da Brickyard Line. Rossi
praticamente já ganhou o seu ano no automobilismo, e o que vier a partir de
agora pode ser considerado lucro, fazendo uma temporada honesta e ocupando a
10ª posição no campeonato, estando à frente de Marco Andretti e Ryan
Hunter-Reay, seus colegas de escuderia. Nada mal para o piloto, que descobre
que há vida no automobilismo fora da F-1.
Will
Power: Piloto australiano da equipe Penske começou um pouco mal o campeonato,
mas vem se recuperando ao longo da competição, vencendo as duas últimas
corridas, e já ocupando a 3ª colocação no campeonato, com 294 pontos. Ainda tem
muito chão pela frente até alcançar o companheiro de equipe Simon Pagenaud, que
lidera a competição, mas se lembrarmos que há alguns anos atrás Power era quase
imbatível nos circuitos mistos, os concorrentes que fiquem espertos, porque o
australiano, quando engrena, não costuma dar chances aos adversários.
Equipe
Penske na Indycar: O time de Roger Penske caminha firme para monopolizar a luta
pelo título da categoria norte-americana de monopostos nesta temporada. Em 9
corridas disputadas até agora, a escuderia já venceu 6 provas, sendo 3 com
Simon Pagenaud, 1 com Juan-Pablo Montoya, e 2 com Will Power, sendo que na
classificação do campeonato, tem 3 pilotos ocupando as 3 primeiras colocações.
Apenas Juan Pablo Montoya está um pouco aquém do esperado, ocupando a 9ª
posição na classificação, mas que pode desembestar a qualquer momento, como já
mostrou em outras oportunidades. Na perseguição aos pilotos da Penske, Scott
Dixon, Tony Kanaan e Josef Newgarden estão por perto, na base da constância,
mas vai ser preciso um pouco mais do que isso para destronar o time do velho
Roger, que completou 50 anos de existência em fevereiro último, e pode muito
bem comemorar a data histórica com mais um título na Indycar.
Marc
Márquez: A “Formiga Atômica” não pode se queixar de seus resultados no
campeonato da MotoGP neste último mês de junho. Marc pode não ter vencido, mas
seus dois segundos lugares ampliaram sua vantagem na classificação, abrindo 24
pontos para Jorge Lorenzo, e 42 pontos para Valentino Rossi, o que será muito
importante na luta pelo título da temporada 2016. Em Assen, Márquez fez bem em
se contentar com a 2ª colocação, especialmente ao ver Rossi cair e dar adeus à
uma vitória quase certa no traiçoeiro piso molhado da prova holandesa, enquanto
Lorenzo nunca se achou direito na chuva. A Honda ainda não tem uma moto tão
estável quanto a Yamaha, por isso, os resultados que Marc vem conseguindo são
muito valiosos na luta pelo tricampeonato. Ainda tem muito chão pela frente, e
o espanhol sabe que Valentino Rossi e Jorge Lorenzo não estão fora de combate,
portanto, a dianteira é fundamental para manter o moral em alta, e não deixar o
favoritismo pender para os adversários.
Lance
Stroll: O piloto canadense da equipe Prema vem despontando como o grande
favorito ao título da temporada 2016 da F-3 Européia. Com 15 corridas já
disputadas em 5 rodadas triplas, metade do campeonato deste ano, Stroll já
venceu 5 provas, um terço de todas as corridas da competição, e disparou na
liderança, com 234 pontos, contra 148 pontos de Maximilian Gunther, que é
colega de equipe na Prema. Além das 5 vitórias, o canadense acumula 6
pole-positions, 3 segundos lugares e um terceiro posto. Com a outra metade do
campeonato pela frente, ainda há muito o que se ver até a decisão do título,
mas a larga vantagem acumulada até aqui, fora a grande constância do piloto,
que ficou sem pontuar em apenas uma corrida, são trunfos que certamente já
fazem a diferença para os rivais, que estão precisando correr e muito atrás.
NA MESMA:
Porsche
em Le Mans: A vitória era para ter sido da Toyota, mas nem por isso os alemães
deixaram de comemorar o seu 18° triunfo em Sarthe. Depois de largar na primeira
fila do grid, a escuderia alemã viu-se envolvida numa renhida disputa com o
time japonês pela vitória nas 24 Horas de Le Mans deste ano, com a Audi ficando
a ver navios na disputa. E, quando tudo já parecia perdido para a marca
recordista de vitórias em Le Mans, eis que a fiabilidade do carro dos japoneses
dá o ar da sua graça e termina por premiar a persistência dos alemães com uma
nova conquista em Sarthe, que teve todos os méritos e respeito em reconhecer
que o triunfo seria muito mais merecido por parte dos nipônicos, numa
demonstração de fair play raramente vista numa categoria TOP do automobilismo
mundial. Agora, é pensar na corrida de 2017, para não falar das demais provas
do Mundial de Endurance...
Mundial
de Rali com Sébastien Ogier na liderança: Ninguém pode negar que, em termos de
vencedores, o campeonato mundial de rali neste ano até que está apresentando
uma boa variedade de vencedores nas diversas etapas disputadas até aqui. Já são
pelo menos 5 vencedores diferentes nos 6 ralis disputados este ano. O problema
é que ninguém está conseguindo manter a constância na competição, exceto,
claro, Sébastien Ogier, que venceu apenas duas provas, mas vem subindo ao pódio
em todas as etapas do campeonato, enquanto os demais pilotos ora pontuam aqui,
ora abandonam ali. Enquanto pilotos como Jari-Matti Latvala, Hayden Paddon e
Thierry Neuville pontuaram apenas em metade das etapas, Ogier segue firme e
longe na liderança da competição, com 132 pontos, quase o dobro do segundo
colocado, Dani Sordo, que tem “apenas” 68 pontos. Ainda tem muito chão pela
frente, e tudo pode mudar, mas se a situação seguir no ritmo em que se
encontra, será mais um troféu na estante de Ogier ao fim da temporada, e que
ninguém reclame depois que não foi avisado...
Duelo
Nico Rosberg/Lewis Hamilton: Depois do fiasco de Barcelona, onde a Mercedes viu
sua dupla de pilotos se eliminar da corrida ainda na primeira volta, tudo
voltou mais ou menos ao normal nas etapas seguintes, com Hamilton finalmente
desencantando no campeonato, e após a prova do Canadá, colocando a liderança de
Rosberg em sua alça de mira, dando a entender que seria questão de tempo
assumir a dianteira da competição. Mas, em Baku, no Azerbaijão, o tricampeão
inglês voltou a ter um fim de semana atribulado, e como resultado, viu Rosberg
recuperar o favoritismo e as rédeas da competição, voltando a colocar uma
vantagem confortável de 24 pontos na dianteira do campeonato. Ainda não vimos
até agora um duelo homem a homem entre a dupla da Mercedes onde nenhum dos dois
tenha tido problemas na corrida em alguma etapa, mas entre erros e azares,
Hamilton tem ficado abaixo de Rosberg na competição, mas já deu mostras de que,
sem problemas de monta pela frente, pode muito bem inverter rapidamente a
situação no campeonato. Resta combinar com Nico se isso vai acontecer tão fácil
daqui para a frente...
Disputa
Ferrari/Red Bull na F-1: Depois de duas corridas onde a Red Bull superou
amplamente os pilotos da casa de Maranello, a situação voltou um pouco aos
eixos pelo lado dos ferraristas, que conseguiram resultados mais condizentes
nas pistas de alta velocidade do Canadá e do Azerbaijão, que se não deu para a
Ferrari discutir a vitória, pelo menos superou o time dos energéticos e abriu
uma certa dianteira no mundial de construtores. Mas o lance que pega é que a
Ferrari não está conseguindo ameaçar a Mercedes como esperava, mesmo com o time
prateado enfrentando mais problemas do que seria de se esperar. Por outro lado,
o campeonato ainda tem várias pistas onde o motor não é tão fundamental, e
nessas oportunidades, a Red Bull pode voltar a complicar as coisas para as
hostes ferraristas, que esperavam estar brigando em outra frente, e não lutar
pelo posto de 2ª força na competição.
Transmissão
da Indycar na Bandeirantes: Quando anunciou que não iria transmitir o
Campeonato Brasileiro este ano, a TV Bandeirantes deixou os fãs do
automobilismo esperançosos de ver enfim a transmissão do campeonato da Indycar
ser tratado com mais respeito, afinal, com um pouco mais de promoção e atenção,
teria tudo para ser alavancado no Ibope, já que a emissora paulista não teria
mais de priorizar os jogos de futebol. Bom, não custava sonhar, mas as etapas
continuaram sendo transmitidas pelo canal pago Bandsports, enquanto o canal
aberto mostrou apenas a transmissão do que já seria óbvio com ou sem futebol na
grade da emissora. Nem mesmo um pouco mais de reportagem sobre a categoria
andou sendo exibido, com as transmissões restringindo-se ao básico. Sem a
competição do futebol, era hora de pelo menos a emissora valorizar um pouco
mais o campeonato de monopostos americano, e melhorar o esquema de transmissão,
fornecendo mais informações sobre a competição ao expectador. Mas parece que
isso ainda continua sendo pedir demais para a emissora paulista...
EM BAIXA:
Disputa
de datas da F-1 com outras categorias: Bernie Ecclestone tem a birra de achar
que a sua categoria, a F-1, é sempre o suprassumo do automobilismo mundial, e
por isso mesmo, não hesita em fazê-la bater de frente com outras corridas mundo
afora. Se é verdade que é impossível conciliar os interesses de tantas
categorias e modalidades no mundo do esporte a motor, por outro lado é possível
pelo menos ter bom senso e evitar alguns confrontos onde se obriga o fã a optar
por uma corrida em detrimento da outra, mesmo que seja na disputa pela
audiência na TV. Se Bernie já faz marcação cerrada colocando o Grande Prêmio de
Mônaco no mesmo fim de semana das 500 Milhas de Indianápolis, desta vez ele
marcou a estréia do GP da Europa no nova pista de rua em Baku, no Azerbaijão,
para o mesmo fim de semana das 24 Horas de Le Mans, outra prova histórica do
mundo do automobilismo mundial. E deu no que deu: a corrida de F-1,
contrariando as expectativas, foi monótona de dar sono, enquanto o pessoal que
curtia Le Mans não desgrudava os olhos da pista na disputa entre as várias
categorias em luta na pista, que culminou com uma vitória da Porsche nos extremos.
Enquanto isso, em Baku, Nico Rosberg saiu na frente para chegar na frente, sem
oposição alguma.
Equipe
Toyota as 24 Horas de Le Mans: Diz o tradicional ditado que, para “chegar em
primeiro, primeiro é preciso chegar”... E infelizmente, a Toyota, em sua 5ª
participação nas 24 Horas de Le Mans desde a instituição do Campeonato Mundial
de Endurance sofreu a sua mais dolorida derrota quando viu seu carro N° 5,
rumando para a tão esperada vitória em Sarthe, ir a nocaute pelo defeito de uma
pequena peça nu tubo de ar do intercooler, dando de bandeja para a rival
Porsche mais um triunfo nas 24 Horas de Le Mans. Mesmo tendo contabilizado o 2°
lugar com o outro carro da escuderia, ver o triunfo escapar tão perto do final,
faltando apenas 6 minutos para completar uma prova de 24 horas, foi como sentir
o chão desabar sobre os pés e cair direto dos céus para o inferno. Fossem
outros tempos, o pessoal do time japonês provavelmente cometeria haraquiri em
massa dentro do box, mas o que foi foi, e agora já se começa a planejar a
participação na corrida do ano que vem, e se possível, com menos azar do que o
visto neste ano...
Evolução
da McLaren no campeonato: Depois de conseguir pontuar por três provas
consecutivas, mostrando pelo menos um pouco de constância e esforço por parte
de seus pilotos e desenvolvimento técnico, eis que a McLaren capitulou em duas
pistas de alta velocidade, no Canadá e em Baku, mostrando que o motor da Honda
ainda tem muito a melhorar, mas também o chassi do carro da McLaren, que não é
tão bom quando alguns andam alardeando por aí, inclusive Fernando Alonso, que
fala vez por outra que o time de Woking está evoluindo muito bem, e que pode
até entrar na disputa pelo título no ano que vem, quando as regras da
competição sofrerão mudanças na área técnica. A julgar pelo andamento dos
carros no Canadá e em Baku, está faltando mais potência, mais fiabilidade, e
mais competitividade no chassi. O único parâmetro onde a McLaren continua muito
bem servida é no quesito piloto, mas sem carro à altura, eles não vão conseguir
milagres também...
Corridas
acidentadas na F-3 Européia: A garotada que disputa o certame europeu da F-3
anda doida para mostrar serviço, e neste objetivo, as corridas da categoria tem
sido agitadas, talvez até demais... Na rodada tripla de Norisring, todas as
três provas do fim de semana tiveram confusões entre os pilotos. Na primeira
corrida no circuito de rua da cidade alemã, quem se enroscou feio foram os
líderes Joel Eriksson e Callum Ilott, que se tocaram e abandonaram a corrida.
Já na segunda prova, foi a vez dos brasileiros Sergio Sette Câmara da prova, se
embolando com Niko Kari, e de Pedro Piquet pegando o rescaldo do rolo surgido
entre Will Buller e Harrison Newey, numa corrida com 3 intervenções do Safety
Car, já que Alessio Lorandi e Ralf Aron bateram na em uma curva, enquanto rolou
confusão também entre os pilotos Ben Barnicoat e Ryan Tveter. E a derradeira
corrida do fim de semana teve direito a bandeira vermelha interrompendo a
prova, em virtude do acidente de Pedro Piquet, quando o brasileiro se embolou
na traseira de Ryan Tveter e acabou decolando, seguindo reto na freada da curva
do hairpin e acertando o carro de Niko Kari em cheio. Felizmente, ninguém saiu
ferido de todas estas confusões, mas a garotada precisa se acalmar um pouco
para não deixar a categoria com cara de derby de demolição...
Sauber
em crise: Que o time suíço passa pelo pior momento em sua história na F-1 não é
surpresa para ninguém. Mas a situação, segundo informações de alguns sites e
informativos, estaria ficando pior do que já está, com vários funcionários sem
receber salário há pelo menos dois meses, e que a própria chefe da escuderia,
Monisha Kaltenborn, não visitaria à fábrica do time neste mesmo período,
denotando que a situação é de total incerteza em relação ao futuro do time. Na
divulgação oficial o clima é obviamente de otimismo, inclusive anunciando as
primeiras atualizações do carro desta temporada para a prova de Silverstone,
mas frente à falta de competitividade exibida até agora, as perspectivas de
melhora não são das mais animadoras, a ponto de alguns já se perguntarem quanto
tempo demora até que a escuderia feche as portas ou seja vendida para alguém
interessado em continuar suas atividades. Seria o fim triste de mais uma escuderia
na categoria, se os maus prognósticos a respeito da sobrevivência da Sauber
para 2017 se confirmarem, ainda mais pelo fato de Peter Sauber ser um dos raros
garagistas que ainda permanecem na F-1, ao lado de Frank Williams e Ron
Dennis...