quarta-feira, 30 de março de 2016

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - MARÇO DE 2016



            O mês de março já está chegando ao fim, e alguns dos principais campeonatos do mundo da velocidade iniciaram suas disputas, com alguns bons duelos, além de alguns outros acontecimentos fora da pista. Portanto, como é costume ao fim de cada mês, é hora de mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo a tradicional avaliação do panorama do mundo do esporte a motor neste mês de março, no velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Portanto, uma boa leitura para todos...



EM ALTA:

Pipo Derani: Depois de brilhar em sua estréia no automobilismo norte-americano, vencendo as míticas 24 Horas de Daytona, o piloto brasileiro voltou a mostrar do que é capaz e repetiu a dose em outra corrida emblemática das provas de endurance: as 12 Horas de Sebring, disputadas na Flórida, neste mês de março. Mais uma vez, o desempenho de Pipo ao volante do carro da equipe Tequila Pátron, especialmente na parte final da prova, foi determinante para o triunfo da escuderia na corrida. Derani chegou chegando às provas de endurance dos EUA, e mostrou em Sebring que seu triunfo em Daytona não foi sorte de principiante. Os concorrentes terão que ficar ainda mais de olho no jovem piloto tupiniquim que está começando a arrepiar nas terras do Tio Sam.

Jorge Lorenzo: O piloto da equipe Yamaha e atual campeão da MotoGP não poderia iniciar a temporada de 2016 em melhor forma. Lorenzo fez a pole e venceu a prova do Qatar, em Losail, na abertura do campeonato da classe rainha do motociclismo. Para melhorar ainda mais, seu companheiro de equipe Valentino Rossi ficou de fora do pódio, terminando em 4° lugar, e que terá de correr atrás do prejuízo nas próximas etapas. Lorenzo derrotou também Marc Márquez, outro adversário potencialmente perigoso e que nunca pode ser subestimado. Lorenzo já deu início à sua luta pelo tetracampeonato, e mais do que nunca, é o piloto a ser batido. Os rivais que se preparem, do contrário irão comer a poeira do piloto espanhol da Yamaha.

Juan Pablo Montoya: Vice-campeão da Indy Racing League em 2015, perdendo o título para Scott Dixon no critério de desempate de vitórias, o piloto colombiano começou a temporada deste ano do mesmo modo que em 2015: na frente. Montoya venceu a corrida de estréia da Indy em São Petesburgo, na Flórida, e mostrou que está sedento por mais um título. Se ele vai conseguir, é outra história, mas Juan Pablo, que até pouco mais de dois anos atrás era considerado a ter sua vida de piloto encerrada, mostra que a aposta de Roger Penske nele foi mais do que certeira, para azar dos concorrentes. O título pode ter escapado por pouco, mas Montoya averbou seu segundo triunfo na Indy500 em 2015, e podem apostar que ele vai querer novas vitórias nesta temporada.

Sébastien Buemi: O piloto suíço da equipe e.dams segue firme na liderança do campeonato da Formula-E, agora ainda mais depois de ver seu principal rival na luta pelo campeonato, Lucas Di Grassi, perder a vitória na etapa da Cidade do México, onde pelo resultado inicial o brasileiro assumiria a liderança da competição com 10 pontos de vantagem para Buemi. Mas a sorte sorriu para o suíço, e agora ele tem uma dianteira de 22 pontos sobre Lucas, uma diferença que lhe permite correr com muita folga na competição, enquanto o brasileiro terá que correr atrás do prejuízo, algo que é muito provável que não consiga reverter, a menos que Buemi tenha um azar daqueles, abandonando alguma corrida, algo que Sébastien terá de tomar todo o cuidado para não ocorrer. Se no ano passado Buemi perdeu o título para Nelsinho Piquet, este ano, salvo um desastre, ele tem tudo para levantar o caneco da competição dos carros elétricos.

Nico Rosberg: O piloto da Mercedes começou de forma positiva o campeonato de 2016. Apesar de ter perdido para Hamilton em todos os treinos e até na classificação na Austrália, pelo menos conseguiu se manter firme na prova, e estava na posição certa para assumir a liderança da corrida na estratégia das trocas de pneus, e venceu com firmeza, iniciando o ano como líder do campeonato, e ajudando a dar alento à competição, que corria o risco de novamente ser uma disputa de um piloto só. Foi a 4ª vitória consecutiva do piloto alemão, e isso pelo menos prenuncia que Lewis Hamilton terá um trabalho extra nestas etapas iniciais, para tentar assumir a liderança e iniciar sua luta pelo tetracampeonato. Cabe agora a Rosberg aproveitar a chance para mostrar que realmente não está brincando quando fala que vai lutar a fundo pelo título da F-1. Pode ser sua chance derradeira, portanto, melhor que não a desperdice...



NA MESMA:

Equipe Williams: O time de Felipe Massa e Valtteri Bottas chegou à Austrália decidida a mostrar que pretende manter sua 3ª posição na F-1, uma vez que viu ser difícil lutar contra a Ferrari, e menos ainda desafiar a Mercedes pelas vitórias. Até certo ponto, a equipe inglesa conseguiu manter sua posição no campeonato de construtores, mas vai ter vida dura pela frente: Massa não conseguiu lutar contra Daniel Ricciardo na parte final da corrida, e no início, até mesmo a Toro Rosso estava à frente do brasileiro e do finlandês na corrida, e eles só terminaram atrás por furos na estratégia de pneus. Se levarmos em conta que a Force India também decepcionou, isso não oferece um panorama muito entusiasmante para o time de Frank Williams, que promete reagir já no Bahrein, estreando uma nova asa dianteira que promete incrementar o desempenho dos carros. Um ponto positivo, pelo menos, foi que o time não se atrapalhou nas trocas de pneus e até foi condizente na estratégia de corrida no Albert Park, áreas onde o time ficava devendo muito no ano passado. Por outro lado, em nenhum momento Massa ou Bottas tiveram problemas em seus carros, o que evidenciou a falta de ritmo na prova inaugural do campeonato. Massa cruzou a linha de chegada cerca de 58s atrás do vencedor. No ano passado, essa diferença tinha sido de 38s. Um decréscimo de 20s na performance não é muito agradável...

Equipe McLaren: O time inglês está tentando voltar ao topo, mas já sabe que esse caminho será longo e árduo. E, pelo que se viu na Austrália, ainda há muito o que fazer. O motor Honda conseguiu ter um comportamento mais aceitável, mas ainda está devendo potência para poder rivalizar com Mercedes, Ferrari, e até os Renault. Mas, como desgraça pouca é bobagem, o novo chassi MP4/31 mostra que vai demandar muito trabalho também, não sendo tão competitivo como se esperava. Nos treinos no Albert Park, Jenson Button e Fernando Alonso até que conseguiram posições de largada satisfatórias, mas o ritmo de corrida continuou deficiente, com Button terminando fora da zona de pontuação, enquanto Alonso sofreu um pavoroso acidente de onde saiu praticamente ileso, felizmente. O projeto da McLaren e da Honda é a longo prazo, mas na F-1, esse prazo costuma ser abreviado quando as coisas não dão certo. Se é irreal pensar em vitórias, o time certamente espera pontuar regularmente. Mas, se nem isso acontecer, a situação vai ficar feia novamente. Será que a paciência oriental resiste a um novo ano de resultados parcos? A conferir...

Equipe Sauber: O time de Peter Sauber teve uma temporada complicada em 2015 pelo fato de ter tido de usar parte dos patrocínios trazidos por seus pilotos para quitar dívidas de 2014, quando ficou sem conseguir marcar um único ponto. Como consequência, o desenvolvimento do carro do ano passado ficou parado durante vários GPs, perdendo terreno para os outros times melhor capacitados financeiramente. Como o orçamento continuou contado, o carro deste ano perdeu metade dos testes da pré-temporada, e na Austrália, se mostrou incapaz de pontuar, pelo menos na etapa inaugural do campeonato 2016. Felipe Nasr e Marcus Ericsson terão problemas para conseguir marcar pontos nesta temporada, pois a concorrência está bem mais forte e a disputa bem mais acirrada no pelotão intermediário. O time suíço, para piorar, não conseguiu novos patrocínios em relação ao que já tinha, e outro ano de resultados magros só irão reduzir ainda mais o caixa do time no rateio dos lucros distribuídos pela FOM ao fim do ano. Nesse ritmo, o time suíço vai ter de se desdobrar para evitar o pior.

Motores Renault na F-1: Depois de um campeonato desgastante no ano passado, quando sofreu uma saraivada de críticas de sua principal parceira, a Red Bull, pela falta de potência de sua unidade motriz, a Renault fez um grande movimento, recomprando seu antigo time e garantindo sua permanência no grid da categoria, ao mesmo tempo em que continuou garantindo o fornecimento dos propulsores ao time dos energéticos, que os usará rebatizados de "TAG Heuer". Apesar das melhoras realizadas na unidade de potência, que ganhou mais cavalos e fiabilidade, além de melhor dirigibilidade, os franceses ainda estão atrás de Mercedes e Ferrari em todos os aspectos. De volta como time oficial, os franceses já miram a temporada de 2017, portanto, resultados de monta só deverão vir mesmo, imaginem só, da Red Bull, que acertou a mão de seu novo carro, e só precisa de mais cavalaria da unidade de potência francesa para andar forte. Resta saber se a Renault conseguirá proporcionar esse incremento de performance em seu motor.

Força da Penske na IRL: Derrotada na luta pelo título em 2015, o time de Roger Penske não se deixou abater e iniciou 2016 com força total: nos treinos da primeira corrida da temporada, em São Petesburgo, o time praticamente fez os 4 melhores tempos do grid de largada, e só não manteve isso na corrida porque Will Power não pôde correr, sendo substituído por Oriol Servia, que pouco fez na corrida. Mas na prova, a escuderia venceu com Juan Pablo Montoya e ainda fez dobradinha com Simon Pagenaud. E por pouco não dominou todo o pódio: Hélio Castro Neves terminou em 4°, e só não foi 3° porque seus pneus estavam no fim nas últimas voltas, e ele não conseguiu resistir ao duelo com Ryan Hunter-Reay. Será que a Penske mantém essa força toda nas demais corridas do campeonato? Se mantiver, os concorrentes que se cuidem...



EM BAIXA:

Equipe Audi ABT na F-E: O que muitos pareciam não acreditar, aconteceu de novo: depois de uma atuação impecável de Lucas Di Grassi, onde o piloto brasileiro arrancou duas ultrapassagens na raça no circuito Hermanos Rodriguez, na etapa do campeonato da Formula-E na Cidade do México, e venceu de forma incontestável, eis que a escuderia Audi ABT acabou punida de novo, com nova desclassificação do piloto brasileiro, perdendo novamente uma vitória brilhante, como havia acontecido no ano passado na prova de Berlin. Desta vez o motivo da desclassificação foi pelo fato do carro de Lucas estar abaixo do peso em quase 2 Kg, algo que a escuderia simplesmente não soube explicar como aconteceu. Por mais que tenham pedido desculpas a Di Grassi pelo ocorrido, uma segunda falha que resulta na perda de mais uma vitória é algo que preocupa, ainda mais se, a exemplo do que ocorreu no campeonato passado, isso tiver implodido as chances do brasileiro ser campeão nesta nova temporada da categoria.

Nova classificação da F-1: Que a F-1 precisa mudar em alguma coisa para voltar a oferecer um melhor espetáculo, ninguém discute. O problema é quando a categoria resolve mudar algo que, em tese, não estava apresentando nenhum problema para o show. E não é que resolveram inventar justo no treino de classificação? Apesar de ter começado inicialmente bem, o novo sistema, que após um número determinado de minutos começa a eliminar os mais lentos a cada 90s de treino em cada fase dos Qs, acabou apresentando um completo anticlímax justo no Q3, com os pilotos encerrando sua disputa com cerca de 4 minutos de treino ainda pela frente. No sistema adotado até o ano passado, eram justamente nos minutos finais que a maioria dos pilotos dava suas voltas decisivas na tentativa de melhorar seus tempos. Depois disso, os donos das escuderias, que teoricamente deram todo o seu aval para o novo formato de treino, chegaram até a pedir desculpas pelo fiasco, mas pareeu mais jogo de cena, porque ele contiuará sendo usado, pelo menos no Bahrein, agora sob a justificativa de que é preciso "dar uma nova chance" ao novo formato. Como os pilotos também não gostaram da novidade, dá para ver que a F-1 anda esquizofrênica ou retardada: fala que vai mudar para melhor, mas ou dá um tiro no próprio pé ou não enxerga simplesmente o que precisa realmente mudar... E que depois não reclame da falta de interesse do público...

Treinos da F-1 na Globo: Quem ainda tinha alguma esperança de pelo menos ver o treino classificatório da F-1 nas provas da madrugada pode tirar o cavalo da chuva. A emissora exibiu praticamente um "flash" do treino na Austrália, e nem teve tempo ou disposição para mostrar pelo menos um apanhado geral do novo formato de classificação adotado pela categoria máxima do automobilismo. O pior de tudo é ter mostrado exatamente o momento onde o pilotos já tinham desistido de lutar por suas posições, encerrando o treino prematuramente. Quem ainda curte a F-1 precisou recorrer ao SporTV, enquanto a Globo ficou apresentando a sessão de filmes da madrugada que poderia muito bem dar lugar à F-1 sem fazer maiores traumas na grade. Depois a emissora vem reclamar da falta de audiência? Não é mole, não? Chega a ser ridículo, isso sim...

Max Verstappen: O piloto-sensação da temporada passada na F-1 mostrou sua força na Austrália, na prova inaugural da temporada 2016 da categoria. Mas mostrou também um lado decepcionante, ao reclamar insistentemente pelo rádio para que o time fizesse seu companheiro de equipe, Carlos Sainz Jr., sair de sua frente, acusando-o depois de ter estragado sua corrida. Ora bolas, o trabalho de Verstappen, como piloto, é ultrapassar o pilotos na pista, seja como for, e só porque não conseguiu passar o companheiro, começou a reclamar no rádio. Pois que passasse e fim de papo. Se não conseguiu, problema dele. A Toro Rosso não disputava nenhuma vitória ou título, e portanto, não havia nada que justificasse ceder a posição. Se estivesse mesmo mai rápido, como afirmou, e até estava, que o ultrapassasse e pronto. Ele até tentou, mas quase acabou com a corrida de ambos, ao tocar na roda traseira de Sainz Jr. e rodar. A adulação ao jovem piloto holandês parece tê-lo deixado meio cheio de si, esquecendo que ninguém tem obrigação de lhe dar passagem na pista. E claro, o público não gosta de pilotos reclamões assim. Verstappen corre o risco de queimar sua imagem rápido dessa maneira...

Declarações comprometedoras de comissários de pista da CBA: Que o automobilismo nacional não anda lá essas coisas, ninguém discute. Que a CBA atualmente pouco ou nada faz para fortalecer o esporte a motor tupiniquim, é outro consenso. Mas tudo só piora quando conversas entre dois comissários de pista que sugerem um clima de perseguição a alguns pilotos veem a público e colocam em xeque a lisura que estes profissionais deveriam ter, sugerindo que punições de caráter duvidoso foram aplicadas nestes últimos anos com o intuito deliberado de prejudicar certos pilotos, entre eles Cacá Bueno, que não engoliu a punição que o levou a ser suspenso de uma etapa no campeonato da Stock Car no ano passado, que acabou sendo determinante para a perda do título da categoria, que ele disputava. A CBA, claro, afastou ambos os profissionais, e iniciou uma investigação para apurar os fatos. Mas, alguém em seu perfeito juízo acha que isso vai dar em alguma coisa? O clima de corrupção que grassa nosso país vem de longe, e ele está em muitas esferas, especialmente na cartolagem esportiva, que já passou do tempo de ser investigada a fundo  e passada a limpo. E por mais que a CBA diga o contrário, episódios como esse só ajudam a denegrir ainda mais a imagem da entidade, que nos últimos tempos nunca foi das melhores, a exemplo do que anda acontecendo na CBF em relação ao futebol...

 



sexta-feira, 25 de março de 2016

BOAS E MÁS NOTÍCIAS



Com uma largada fulminante, as duas Ferrari assumiram a liderança do GP da Austrália e complicaram inicialmente a vida da Mercedes na primeira prova do campeonato. Mas no fim, a equipe prateada conseguiu reverter a situação.

            A Fórmula 1 deu a largada para o campeonato de 2016 na Austrália cheia de expectativas para confirmar na pista. Como seria de se esperar, houve boas e más notícias sobre o que pudemos ver no paddock do Albert Park e na corrida.
            Em primeiro lugar, as boas notícias, claro: a Ferrari realmente parece ter se aproximado bem mais da Mercedes, pelo menos em ritmo de corrida. Sua dupla de pilotos largou bem melhor que os prateados, e tinha pinta de que poderia vencer a prova inaugural do campeonato. Mas a Mercedes conseguiu e recuperar da má largada de seus pilotos, e sabendo aplicar melhor sua estratégia de pneus, venceu a corrida e ainda fez nova dobradinha, com Lewis Hamilton a secundar seu parceiro Nico Rosberg, que venceu sua 4ª corrida consecutiva, desde o GP do México do ano passado. Nas voltas finais da corrida, Sebastian Vettel deu uma certa canseira em Hamilton na luta pelo 2° lugar, e o inglês só não passou maior sufoco porque o tetracampeão alemão da Ferrari errou na curva que dá acesso à reta dos boxes na penúltima volta, garantindo o refresco que o atual campeão da categoria precisava. Olhando apenas pela linha de chegada, poderia se dizer que a Mercedes novamente vai dominar a temporada. Possui o carro mais rápido, e seus pilotos são velozes e competentes. Mas, a se repetir o que se viu no Albert Park, poderá ser o campeonato mais disputado para o time alemão desde que passou a dominar a F-1 em 2014. Escuderia e pilotos precisarão suar o macacão para fazerem valer sua supremacia na pista, com a Ferrari sempre por perto para desafiá-los e até superá-los, se acertarem na estratégia de corrida. Ainda é cedo para afirmar que isso irá acontecer, até porque a pista australiana pode não ser uma indicação clara da relação de forças entre os dois times, mas já é um alento saber que o perigo vermelho está à espreita dos prateados. E melhor ainda que Nico Rosberg tenha vencido, pois isso significa que Lewis Hamilton terá que dar duro para assumir a liderança da competição, de onde poderia ser extremamente difícil desalojá-lo. Talvez tenhamos um pouco mais de disputa dentro da esquadra alemã, com certeza. E isso será benéfico para o campeonato.
            Um ponto positivo é que a dupla da Ferrari andou forte e próxima o tempo todo. Kimi Raikkonen, contudo, precisa se livrar de alguns azares, e na Austrália, acabou sendo vítima de um incêndio no motor, obrigando-o a abandonar a corrida, quando tinha tudo para ser 4° colocado, ou quem sabe até discutir a 3ª posição com Vettel mais à frente na corrida. O time italiano ainda está atrás do alemão, mas a diferença parece plausível o suficiente para causar algumas complicações na disputa, que aliada à nova opção de os pilotos terem 3 tipos de compostos de pneus no fim de semana, podem apimentar a disputa e permitir algumas surpresas.
            Aliás, entre as novidades implantadas pela FIA à F-1 este ano, a opção dos times terem um terceiro tipo de composto para o fim de semana ampliou sobremaneira as possibilidades de se utilizarem estratégias diferenciadas na corrida, com resultados potencialmente mais inesperados. Some-se a isso o comportamento distinto dos novos tipos de compostos da Pirelli para esta temporada, e alguns times e pilotos poderão, se souberem jogar direito suas novas cartas, produzir algumas surpresas na competição mais do que bem-vindas.
            Em contrapartida, o novo formato "dança das cadeiras" adotado poucos dias antes da corrida mostrou-se um mico daqueles que é de dar vergonha à categoria. Se o Q1 até que mostrou algum agito, o Q2 já esfriou um pouco as expectativas, e o Q3 foi ridículo, com a Mercedes fazendo a primeira fila até com alguma antecedência, e seus rivais desistindo de forçarem seus carros e se conformando com as posições que já detinham. Com quase 4 minutos de treinos, ver os pilotos das duas principais equipes darem por encerrado sua disputa foi o anticlímax mais arrasador para quem esperava ver os pilotos se digladiando na pista pela pole-position, que pelas regras da classificação, naquele momento ficariam restritas apenas aos dois pilotos mais rápidos. Até o fechamento desta coluna, a F-1 declarou que para a próxima corrida volta o sistema usado até o ano passado, sem o mata-mata durante cada sessão dos Qs. O impacto negativo foi tão forte que alguns dirigentes de equipes - sim, os mesmos que haviam concordado "unanimamente" implantar o novo sistema já na Austrália, pedirem desculpas e darem o braço a torcer de que a nova regra foi um tiro no pé, e que devia ser descartada, anunciando a volta ao sistema do ano passado já a partir da etapa do Bahrein. Mas começou a circular a notícia de que o sistema novo será mantido, afirmando que ele precisa de uma "segunda chance" para mostrar realmente seu valor. Dizem que errar uma vez é humano, mas persistir no erro é burrice... E lamento dizer que a F-1 ultimamente anda propensa a tomar decisões cada vez mais burras em certos aspectos tão óbvios que até uma criança seria capaz de fazer coisa melhor... Nessas horas o "ultraprofissionalismo" da F-1 parece piada sem graça, ou no mínimo, de muito mal gosto...
            É verdade que o treino começou agitado, mas isso durou muito pouco. E quem acabou vitimizado nisso tudo foram justamente os times mais lentos, que não tinham como ajustar seus carros para melhor desempenho no pífio tempo em que puderam andar na pista. Não havia tempo para voltar ao box, reajustar o carro em alguns parâmetros, e sair de novo para pista, antes que alguns pilotos fossem "degolados" pela regra do mata-mata. Os times mais fortes, como a Mercedes, davam suas voltas e já nem precisavam mais fazer nada. E o pior de tudo é que, com o mata-mata, a pista ia ficando cada vez mais vazia, justamente o contrário do que se precisa, que é ver os carros disputando os melhores lugares do grid até os instantes finais. Com o tempo padrão, com a degola sendo feita somente após, os times menores tinham tempo igual de entrar na pista para tentarem dar o máximo para largar na melhor posição possível que pudessem. O novo sistema simplesmente "podou" esse tempo, impedindo-os de conseguirem melhorar sua performance. Além do vexame no Q3, o sistema não ajudou em nada a deixar o grid mais embaralhado: tirando Daniil Kvyat, que teve problemas, não houve praticamente surpresas na disputa das posições. Mas muita gente no paddock sentiu que, pelo sistema antigo, dava para ter tido mais disputa, e quem sabe, fazer o pessoal ficar de pé na arquibancada com os duelos por algumas posições.
              Com a F-1 precisando implantar mudanças, resolveu mexer logo e um ponto onde ninguém estava reclamando. Quando é que eles vão corrigir o que realmente precisa ser mudado? Parece uma pergunta simples, pena a resposta ser tão complicada...e cada vez parece apenas piorar...
          Outro ponto positivo foi ver que a disputa no meio do pelotão deverá ser das mais interessantes. Todo mundo parece estar ali no meio do bolo, com um desempenho melhor ou pior, que tudo indica poderá variar de pista para pista, e com a nova regra de 3 tipos de compostos para o fim de semana, deve causar um bom agito nos demais times. Teve time que mostrou muito mais velocidade do que alguns esperavam, enquanto outros andaram menos do que prometiam. Uma grata surpresa foi a performance da Toro Rosso, que andou entre os primeiros colocados no início da corrida, após uma classificação onde deixaram muita gente surpresa, obtendo tempos fortes e competitivos. Max Verstappen e Carlos Sainz Jr. só não foram melhor porque a estratégia de pneus não foi das melhores, além de terem ficado presos atrás de Valtteri Bottas na parte final da corrida, que por sua vez, também ficou preso atrás de Nico Hulkenberg. Destaque para os chiliques de Max Verstappen, que ficou irritadinho por seu parceiro Carlo Sainz não lhe dar passagem na pista. O garoto chegou no ano passado, causou boas e más impressões, mas se consolidou como um grande talento, e agora vem com esse mimimi todo? Se ele estava mais rápido, que ultrapassasse o colega de time. Não só não conseguiu fazê-lo, como ainda tocou rodas com ele e rodou, por pouco não arruinando a corrida de ambos. Se mantiver esta postura, Verstappen vai se tornar um dos pilotos mais chatos da categoria em tempo recorde.
            A Red Bull mostrou mais performance do que se imaginava, e se não conseguiu ameaçar os ponteiros, pelo menos superou todos os demais na pista, e com uma estratégia de pneus diferente, até tentou pressionar Vettel pelo 3° lugar, mas no final, Daniel Ricciardo fez um ótimo 4° lugar em casa, terminando a cerca de 25s do vencedor, quando em 2015 terminara a corrida em 6°, mas com uma volta a menos para o vencedor. Mas o time "matriz" dos energéticos já viu que seu time "B", a Toro Rosso, vai dar trabalho durante o campeonato, e pode sim andar à frente deles.
            Quem não andou o que se esperava foi a Williams. Apesar de Felipe Massa ter feito uma corrida correta, e seu time ter ido muito bem nas estratégias de pneus, ver Felipe Massa terminar cerca de 58s atrás de Nico Rosberg mostra a diferença do time de Frank Williams para a Mercedes, e uma diferença de quase 50s para a Ferrari de Vettel, que eles esperavam pelo menos andar mais próximos. Mas pior mesmo foi o brasileiro ficar mais de 25s atrás da Red Bull de Ricciardo na bandeirada, mostrando que será difícil o time inglês manter seu posto de 3ª força, mantido em Melbourne pela pontuação obtida entre Massa e Bottas.
            Quem também não andou o que prometia foi a Force India, com Nico Hulkenberg terminando em 7°, a quase 1min15s de desvantagem. Com Sérgio Perez longe da zona de pontuação, o time de Vijay Mallya parece mostrar que ainda não conseguiu mostrar em pistas de média velocidade a desenvoltura que costuma ter em pistas mais velozes. E a Sauber também mostrou que terá um ano duro pela frente: tanto Marcus Ericsson quanto Felipe Nasr não tiveram muitas chances de disputar posições na corrida australiana. Nasr chegou ao final, mas com uma volta a menos, em 17°, à frente apenas da Manor de Pascal Wehrlein, que mais uma vez, ocupou o lugar de último na classificação da corrida. A Manor não deixou de ser um time pequeno, mas seu desempenho melhorou muito, a pelo menos terminar a corrida com apenas uma volta a menos do vencedor, já é algo a se comemorar, uma vez que no ano passado, eles ficavam no mínimo a 2 voltas de distância do vencedor.
            A Renault confirmou o que se esperava: terá muito trabalho pela frente para voltar a ser um time competitivo. De positivo, Jolyon Palmer fez uma estréia sem comprometer, andando o que podia, e conseguindo manter atrás de si pilotos com equipamentos melhores, feito que a pista do Albert Park também deu uma ajuda, continuando a se mostrar um circuito de difíceis ultrapassagens, como atestou Lewis Hamilton em sua disputa com Max Verstappen no início da corrida. Com o foco em 2017, qualquer bom resultado nesta temporada será considerado lucro, mas nem por isso eles vão deixar de trabalhar duro para evoluir já este ano. Para a etapa da Espanha, está prevista a estréia de uma nova versão da unidade de potência, uma vez que a marca francesa foi a que menos usou "tokens" disponíveis para evoluir seu propulsor, e isso deve proporcionar algum incremento de performance.
Fernando Alonso e a McLaren chamaram mais atenção pelo pavoroso acidente do espanhol do que pela performance propriamente. Felizmente, Alonso saiu ileso, mas o susto foi grande.
            Enquanto isso, a McLaren confirmou que realmente está melhor do que em 2015, mas que vai ter problemas pela frente. Se por um lado eles conseguiram até se classificar de forma satisfatória no meio do grid, o ritmo de corrida infelizmente deixou a desejar, tanto que Jenson Button finalizou a corrida em 14°, a uma volta de diferença do líder, resultado similar à da última corrida do ano passado. É preciso melhorar em todo os parâmetros, e para os pilotos, os problemas estão também no chassi MP4/31, que precisará de muito trabalho de desenvolvimento. O ponto positivo é que, muito mais fiável este ano, a unidade de potência da Honda, mesmo ainda sendo a mais fraca do grid, agora permite que se possa analisar a performance do carro como um todo, e o que se viu é que o novo carro de Woking ainda está devendo muito em relação a outros carros do grid, e isso apenas no seu aspecto técnico. O ponto positivo é que o chassi é extremamente seguro, conforme se viu no assustador acidente de Fernando Alonso durante a prova, após acertar Estéban Gutierrez por trás na freada da curva Sports Center.
            E foi altamente gratificante ver o mais novo time da categoria, a Hass, obter uma bela 6ª posição com Romain Grosjean logo em sua corrida de estréia, marcando importantes pontos, e mostrando que seu longo ano de preparação foi um fator muito importante para entrar na F-1 com o pé direito, ao contrário dos outros times que fizeram sua entrada em 2010, sem uma estrutura e preparação decentes para encarar os desafios impostos pela categoria máxima do automobilismo. Se na classificação, a Hass encarou as dificuldades normais de um time estreante, largando seus pilotos na 10ª fila, à frente apenas da dupla da Manor, na corrida, Grosjean soube conduzir seu novo carro em toda a sua capacidade, e aproveitou muito bem para trocar pneus durante a interrupção da prova, evitando assim um pit stop onde perderia certamente várias posições na corrida. E, depois disso, ainda soube conservar seu equipamento para andar forte o suficiente a fim de chegar nesta honrosa posição final, tendo atrás de si vários pilotos com carros tecnicamente mais competitivos, mas que falharam em não conseguir a ultrapassagem na pista. Descontada a normal dificuldade imposta pelo circuito do Albert Park em oferecer pontos de ultrapassagem decentes, Grosjean soube manter sua posição com todos os méritos, não "trancando" nenhuma tentativa de ultrapassagem de seus perseguidores, muito pelo contrário: estes foram incapazes de fazer valer seu melhor equipamento para superar o piloto da estreante Hass. Gene Hass, contudo, mantém os pés no chão, e sabe que várias dificuldades ainda virão pela frente nesta temporada de estréia, mas com Grosjean mostrando sua categoria como fez na Austrália, certamente os obstáculos que surgirem pela frente serão encarados com competência e seriedade necessárias. E, com certeza, deverão ser capazes de aproveitar as oportunidades que surgirem para obter resultados importantes, como fizeram em Melbourne.
A nova equipe Hass estreou com o pé direito na F-1, e conseguiu um belo 6° lugar com Romain Grosjean em Melbourne.
            A corrida de estréia deu para o gasto. Não foi um espetáculo, mas também não foi exatamente a pasmaceira que se imaginava. Ferrari e Mercedes tiveram um duelo apenas razoável pela vitória, encerrado assim que Rosberg assumiu a liderança. Dali para trás, houve alguns bons duelos entre vários pilotos e escuderias, mas que poderiam ter sido muito melhores se a pista fosse mais favorável a ultrapassagens. Talvez nas próximas corridas possamos ter uma idéia melhor de como os demais times estão em relação uns aos outros. Na frente, Mercedes e Ferrari mostraram estar bem adiante de todos os outros times.
            A F-1 segue agora para as areias escaldantes do Bahrein, em Sakhir, na semana que vem, onde talvez possamos confirmar as boas impressões deixadas pela categoria na Austrália, e quem sabe, corrigir os passos errados tomados, e tentar pelo menos ir na direção realmente correta do que precisa ser discutido para melhorar o show da F-1 como esporte e entretenimento. E quem sabe possamos realmente ter esperanças de que o campeonato deste ano terá realmente mais competição e disputa, e que pelo menos possamos torcer com mais gosto do que nos últimos dois anos. A esperança é a última que morre...

quarta-feira, 23 de março de 2016

ARQUIVO PISTA & BOX - AGOSTO DE 1997 - 22.08.1997



            Voltando com um de meus antigos textos, trago hoje a coluna publicada no dia 22 de agosto de 1997. O assunto principal era a prova da Bélgica no campeonato da F-1, no belo circuito de Spa-Francorchamps. Pista das mais desafiadoras, e preferida por 9 entre 10 pilotos da categoria máxima do automobilismo, estava com o favoritismo dividido entre os pilotos da Williams, então o melhor time da categoria, e Michael Schumacher, da Ferrari, que vinha conseguindo embolar o campeonato e levava a Ferrari finalmente a disputar um título depois de vários anos. No mais, alguns tópicos rápidos comentando outros acontecimentos ocorridos naquela semana no mundo do esporte a motor. Confiram o texto, e em breve tem mais colunas antigas por aqui...


WILLIAMS OU...SCHUMACHER?

            A Fórmula 1 segue em frente. Desta vez, o palco é o célebre circuito de Spa-Francorchamps, na Bélgica. Sem sombra de dúvida o melhor e mais desafiador circuito da categoria atualmente. Depois do resultado do GP da Hungria, o campeonato está mais embolado do que nunca: Jacques Villeneuve e Michael Schumacher são os protagonistas principais da luta pelo título desta temporada. O bicampeão da Ferrari segue liderando a classificação com 3 pontos de vantagem para o canadense da Williams.
            Aqui em Spa, teoricamente, a vantagem vai para a Williams, pelo tipo de circuito. Spa é uma pista de alta velocidade, com curvas para todos os gostos. O ponto culminante é o trecho Eau Rouge-Raidillon, feito a pé embaixo no primeiro terço da pista, onde os pilotos entram em descida para logo em seguida subir a colina. Até Schumacher já admitiu que a Ferrari não será tão competitiva em Spa quanto foi nas últimas etapas. Só que este tipo de declaração do piloto alemão não deve ser levada sem desconfiança. Schumacher já disse em Magny-Cours que não esperava muito da corrida, e ele venceu na França. Pesa contra o fato de ele ter feito o mesmo comentário em Barcelona, que se confirmou na corrida, terminando apenas em 4º lugar. Mas um ponto conta a favor do alemão: Spa é uma pista que, além de exigir muito do carro, exige do piloto também. E no quesito piloto nem precisa dizer quem leva vantagem no confronto Villeneuve X Schumacher.
            Sem falar na tradicional instabilidade do clima desta região das Ardenhas, sempre pródigo em pregar peças nos pilotos e equipes, e sem aviso prévio. O céu encoberto é um aviso, mas não vale muito, pois pode até nem chover. O problema quando a chuva vem é quando e onde ela vem. Pode tanto ser uma pancada rápida, que dura alguns minutos, como demorar muito tempo, ou chuvisqueiros insistentes que molham pouco a pista e colocam em dúvida se há necessidade ou não de trocar os pneus. Como complemento, devido aos quase 7 Km de extensão do circuito, sempre pode haver o problema de a chuva atingir somente um trecho ou outro da pista, complicando ainda mais a situação.
            Tecnicamente, o circuito exige um acerto muito bem feito para proporcionar boa velocidade e apoio nas várias curvas, sem comprometer um ou outro parâmetro. O motor é um item importante aqui, pelo fato do traçado possuir subidas e descidas, exigindo boa potência dos motores. Como há muitas curvas na segunda metade da pista, a importância do motor é menor do que em Hockenhein, mas ainda é evidente. Completando o panorama, a estratégia de pista deve ser complementada por uma excelente estratégia de boxes, ainda mais se chover.
            Fazendo uma análise geral que vemos em Spa, acredito que as Williams deverão mesmo ser as favoritas aqui neste circuito. Seus carros possuem boa aerodinâmica, e um motor possante que é o melhor da F-1 atual. Talvez só a Ferrari, leia-se Michael Schumacher, pode complicar a situação dos pilotos de Frank Williams. Se bem que, a exemplo do que aconteceu na Hungria, podem surgir surpresas na pista. E, se houverem, serão muito bem vindas, principalmente se aumentarem ainda mais a disputa do campeonato.


Zaqueu Morioka tem neste fim de semana a chance de ser campeão da F-Ford 2000 americana. O palco é o circuito de Watkins Glen, que já foi o principal circuito americano a receber a F-1 até o início da década de 1980.


Aqui em Spa-Francorchamps, Ricardo Zonta defende a liderança no mundial da F-3000. Pelo ritmo demonstrado pelo piloto brasileiro nas últimas etapas, a concorrência que se prepare...


Na última etapa da F-Indy (IRL) disputada domingo passado, no New Hampshire International Speedway, em New England, deu vitória de Robbie Bill. O piloto, que ficou de fora das últimas etapas, voltou em grande estilo e venceu a prova. Para os brasileiros, o dia prometia muito: Marco Greco conquistou sua primeira pole-position na categoria, e dividiu a primeira fila com Scott Goodyear. O piloto brasileiro liderou muito bem a primeira parte da corrida até seu primeiro pit-stop. Depois que voltou à pista em 6º, acabou tendo problemas no motor e abandonou a prova. Afonso Giaffone Neto também vinha em boa posição quando bateu com o carro na curva que antecede a reta dos boxes. Mas o piloto mais azarado da corrida foi Eddie Cheever, que liderava a etapa até ficar sem combustível na antepenúltima volta da prova, cedendo a liderança para o piloto da equipe Menard. Cheever não conseguia esconder a raiva com o abandono, ao jogar longe o volante ao sair do carro. Além de Robbie Bill, subiram ao pódio Vincenzo Sospiri (2º) e Arie Luyendick (3º). Faltando apenas uma etapa da encerrar o campeonato 96/97 da F-Indy, apenas dois pilotos tem chance de disputar o título, Tony Stewart e Davey Hamilton, que na prova do último domingo ficaram fora de combate, abandonando a corrida.


Na F-CART, a prova de Road America viu a 3ª vitória consecutiva de Alessandro Zanardi, que disparou na liderança do campeonato. O resto do pódio foi todo verde-amarelo, e teria até sido todo, não fosse Zanardi. Maurício Gugelmim foi o 2º colocado, Gil de Ferran terminou em 3º, e Christian Fittipaldi finalizou em 4º lugar. A prova foi marcada por diversos acidentes, devido à pista molhada por uma chuva torrencial que caiu horas antes e atrasou a largada em quase 2 horas e meia. Destaque para a capotagem de Paul Tracy depois de bater numa barreira de pneus logo após a largada, em conseqüência de um toque com Guálter Salles, que felizmente foi só um susto. Michael Andretti e Greg Moore foram outros pilotos que se atrapalharam com o piso molhado. Arnd Meyer conseguiu a proeza de fazer seu carro voar por cima de um dos guard-rails e por pouco não atingindo algumas pessoas, após escapar da pista. E para dizer que os brasileiros também não ficaram imunes às estripulias da pista, Raul Boesel, em uma tentativa de ultrapassagem sobre André Ribeiro, acabou rodando e saindo da pista, não sem antes levar junto com ele seu compatriota. Zanardi agora lidera o campeonato com 168 pontos, seguido de Gil de Ferran, com 130.


A Tasman volta a ser equipe da Reynard, depois dos azares enfrentados com o chassi Lola neste ano. Para 1998, o pacote técnico da escuderia será Reynard/Honda/Firestone. Adrian Fernandez deverá deixar o time. O favorito a nova vaga na equipe é Tony Kanaan.


Depois de mais de 30 anos, a Ford finalmente dará adeus a seus motores V-8 na F-1. Para 1998, tanto a Stewart, como equipe oficial, que já usa motores V-10, como suas equipes clienbtes, caso da Tyrrel, terão motores V-10. Atualmente o time de Ken Tyrrel corre com motores EC V-8. Tudo indica que a F-1 será dominada inteiramente pelos motores V-10. No caso da Ford, entretanto, espera-se que a fiabilidade dos motores também melhore, e não só sua potência. Basta ver o caso da Stewart nesta temporada...

sexta-feira, 18 de março de 2016

LARGADA PARA A MOTOGP 2016


A pista de Losail, no Qatar, recebe a MotoGP para o início do campeonato de 2016.

            Começam hoje os treinos para mais uma temporada da MotoGP, no circuito de Losail, no Qatar, onde será disputada a primeira etapa do campeonato 2016, com o clima ainda sob rescaldo da polêmica envolvendo Marc Márquez, Valentino Rossi, e Jorge Lorenzo ao fim de 2015. Mas a classe rainha do motociclismo tem algumas novidades para quem curte a disputa nas duas rodas nesta temporada. Há novo regulamento técnico, que pode influir no desempenho de alguns times e pilotos, e a exemplo da F-1, passa a contar com algumas medidas para cortar um pouco os custos de competição.
            Entre as mudanças, há o fornecedor de pneus. A Bridgestone deixou a categoria, que passou a ser abastecida pela Michelin, cujos compostos até agora tem demonstrado um comportamento ligeiramente diferente dos pneus fornecidos pela marca japonesa até o ano passado. Proporcionando desempenhos diversos dos Bridgestone, os pilotos precisaram aprender a conhecer o desempenho dos novos compostos, com direito a alguns tombos tentando achar o limite dos novos compostos. Mas não é apenas o pneu em si que está diferente: o tamanho das rodas também, tendo passado das 16,5 polegadas para 17,0 polegadas. Outra novidade é que os sensores de aferição de calibragem passam a ser obrigatórios a partir deste ano.
            As motos também passaram por mudanças no novo regulamento técnico. O peso das mesmas foi reduzido em 1 Kg, passando dos 158 Kg em 2015 para 157 Kg neste ano. Todas terão de possuir um tanque de combustível de 22 litros. Mas a grande novidade mesmo é a nova central eletrônica do equipamento, que agora passa a ser única para todos as equipes da competição. Até o ano passado, cada time construtor desenvolvia e utilizava o seu próprio sistema eletrônico. A implantação das ECU padrão, fornecidas pela Magneti Marelli, já havia sido decidida em 2014, e a FIM deu tempo, e a oportunidade de todos os times construtores colaborarem na confecção do software que gerencia o sistema. A intenção da adoção da centralina padrão é baixar os custos, e permitir uma equalização do desempenho de todos os times, buscando mais equilíbrio e competitividade na categoria.
            Logicamente, nem todos conseguiram se ajustar devidamente à nova ECU. A Honda, que era contra a adoção deste recurso, foi quem aparentemente mais sofreu com sua introdução, uma vez que sua centralina própria era considerada mais avançada do que equipamento padrão atual. A marca japonesa concordou com sua introdução quando lhe foi dada a chance de contribuir, assim como os outros times, no projeto do software do sistema, mas ao que parece, serão necessários mais alguns testes para ajustar suas motos. Em contrapartida, a Yamaha parece ter se entendido perfeitamente com o novo sistema, enquanto a Ducati, que já usava a eletrônica da Magneti Marelli em seus times clientes, está bem familiarizada com a nova centralina.
            Visando igualar melhor as chances das escuderias, não há mais a categoria "aberta" na MotoGP, como ocorreu no ano passado. Ao invés disso, os times serão classificados por sua performance, com os mais bem colocados a terem algumas restrições durante o ano. Uma destas restrições, por exemplo, estabelece que Honda, Yamaha e Ducati, as equipes mais bem colocadas no ano passado, terão o desenvolvimento de seus motores congelados após a homologação, imediatamente antes de entrarem na pista para os primeiros treinos oficiais em Losail. A Aprilia e a Suzuki, com resultados bem inferiores em 2015, não terão tal restrição, podendo desenvolver seus equipamentos. Outra restrição é que os mesmos 3 times só poderão realizar 5 dias de testes particulares durante o campeonato, enquanto os outros dois times poderão testar à vontade, desde que respeitem o limite de 120 pneus por piloto ao ano. Os pilotos da Honda, Ducati e Yamaha poderão utilizar no máximo 7 motores durante todo o campeonato, enquanto Aprilia e Suzuki terão direito a 9 propulsores por piloto.
            O regulamento, contudo, permite a revogação destas concessões aos times construtores menos favorecidos se estes conseguirem performances de peso durante a competição. Dependendo dos resultados obtidos, cada um destes times ganhará pontos, e ao atingirem 6 pontos, começarão a ter as concessões revogadas, começando pela liberdade de testar à vontade, e perdendo as demais a partir da temporada seguinte.
            No que tange ao calendário da competição, continuam as 18 corridas de sempre, tendo como única alteração a saída do GP de Indianápolis, substituído pela GP da Áustria, que será disputado na pista de Zeltweg, atualmente chamada Red Bull Ring, e que está marcada para o dia 14 de agosto. A prova do Qatar, única etapa noturna do campeonato, mais uma vez abre o calendário, que continuará sendo encerrado no circuito Ricardo Tormo, em Valência, na Espanha. O país ibérico, aliás, continua tendo o maior número de provas da competição: serão 4 corridas, tendo como palco as pistas de Jerez de La Fronteira, Barcelona, Aragón, e Valência.
Campeão em 2015, Jorge Lorenzo é o homem a ser batido, e ele quer o tetracampeonato, pilotando para o time oficial da Yamaha.
            A exemplo dos últimos anos, a disputa deve seguir polarizada entre Honda e Yamaha, mas a Ducati e a Suzuki mostram que estão chegando perto, e podem incomodar em algumas etapas do ano. Campeã em 2015, a Yamaha tem na nova versão da YZR-M1 um projeto bem desenvolvido e que nos testes da pré-temporada, mostrou ser a melhor moto da competição, inclusive com um motor mais potente, para não mencionar que também não sofreu maiores problemas com os novos pneus da Michelin. Some-se a isso a adaptação rápida à nova ECU padrão, e a marca dos três diapasões tem tudo para dominar a competição. Tricampeão mundial, o espanhol Jorge Lorenzo é o homem a ser batido, por motivos mais que óbvios: Lorenzo foi o piloto com as melhores marcas da pré-temporada, e é o favorito ao título, mas não terá vida fácil. E seu maior adversário está ao seu lado no mesmo box, que disporá do mesmo equipamento que o atual campeão da categoria.
Vice-campeão no ano passado, Rossi ficou mordido pela derrota e quer vingança contra os rivais na pista. O "Doutor" promete lutar pelo título com tudo o que tem.
            Valentino Rossi, com os percalços do fim de 2015 ainda frescos na cabeça, quer ir à forra contra o que considerou uma "armação" de Marc Márquez em favor de seu companheiro de time para impedi-lo de ser campeão, e o "Doutor" está entrando na pista decidido a deixar Lorenzo comendo sua poeira. Nos testes, Rossi ficou atrás de Lorenzo, mas a diferença pode ser considerada pequena no cômputo geral de voltas completadas, o que sugere um panorama pra lá de acirrado nas disputas de pista. E atrás de ambos, defendendo mais uma vez a Honda, o bicampeão Marc Márquez pretende mostrar que o ano passado foi um ponto fora da curva, e quer mais um título. A "Formiga Atômica", entretanto, precisa aprender a se controlar mais na pista em caso de disputas desfavoráveis, pois em 2015, andou caindo além da conta para um piloto vencedor, em virtude de não engolir direito as derrotas na pista e forçar demais o ritmo em circunstâncias onde poderia ter garantido melhores resultados sendo um pouco mais comedido. E Márquez também precisará ficar ainda mais "vivo" nas divididas que travar com Valentino Rossi na pista. Não que o italiano vá jogá-lo fora da pista novamente, mas que Márquez não espere uma disputa camarada. Valentino não vai aliviar na briga por posições. E, a se confirmar a superioridade da Yamaha sobre a Honda, cujo modelo RC213V ainda precisa ser melhor trabalhado, Marc terá de ter mais autocontrole do que nunca, pois a tendência a ser novamente superado na pista pode aumentar sua ansiedade e querer continuar a tirar a diferença no braço além do que seria aceitável. Se o piloto da Honda não mantiver a cabeça no lugar, poderá vir a sofrer outros tombos tentando equilibrar a disputa a todo custo. Quanto ao público, o clima de rivalidade entre os pilotos é um chamariz a mais para a disputa, e todo mundo quer ver esta trinca de ases literalmente engolindo um ao outro na pista. Desnecessário dizer que todos eles tem suas razões para deixar os demais comendo poeira, e o público quer ver mesmo é o circo pegar fogo nesta disputa. E, no que depender de Rossi, Lorenzo e Márquez, podem apostar que vão sair faíscas mesmo em cada prova.
Marc Márquez: piloto da Honda não engoliu as derrotas na pista e andou forçando mais que o desejado em 2015, o que o levou a alguns tombos que poderia ter evitado. E ele vai enfrentar disputa feroz neste ano contra a dupla da Yamaha.
            Dani Pedrosa, mais uma vez, precisará se desdobrar se quiser ser campeão, ou lutar a fundo pelo campeonato. Dani tem ficado à sombra de Marc Márquez desde que ele chegou ao time oficial da Honda, e no ano passado, ainda ficou de fora de algumas etapas para se recuperar de uma cirurgia no braço, perdendo terreno para o parceiro. Plenamente recuperado, Pedrosa precisará mostrar resultados neste ano, a fim de convencer a Honda a mantê-lo em seu time para 2017, ou ele poderá ter de ir procurar outro lugar para competir.
            Um pouco atrás, vem a Ducati, que continua se desenvolvendo, e depois de algumas boas provas em 2015, tem como meta pelo menos voltar a vencer corridas. A marca manteve sua dupla de pilotos, e pretende chegar mais próxima da Honda e da Yamaha. A tarefa não será fácil, até porque a Suzuki mostrou uma evolução impressionante nos testes, e vai tentar brigar igualmente com a marca italiana pelo posto de 3ª força na competição. Maverick Viñalez já anda chamando a atenção dos outros times pelo desempenho da pré-temporada, onde conseguiu tempos expressivos com o novo modelo da Suzuki para a temporada 2016. Mas a fábrica japonesa ainda prefere manter o tom moderado nas expectativas, e Viñalez traçou como meta ficar dentro do Top-6 em todas as corridas do certame, o que significa que a meta é mesmo baterem-se de igual para igual com as Ducati. Assim como o duelo entre Honda e Yamaha promete ser duro, Ducati e Suzuki podem repetir a briga logo atrás. Quem sai ganhando é o público, que deve ver boas disputas em várias posições na pista..
            O grid ficou mais enxuto: teremos 21 competidores na classe rainha do motociclismo. A LCR Honda entra na pista este ano apenas com Carl Crutchlow. A equipe Forward preferiu se concentrar apenas na Moto2, enquanto os times AB e Ioda mudaram-se para o Mundial de Superbikes. Tito Rabat será o único estreante no grid nesta temporada, tendo conquistado o campeonato da Moto2 em 2014, e que agora sobe para a categoria principal, integrando a equipe Marc VDS.
            Portanto, fãs das duas rodas, podem começar a curtir o ronco das motos, com o início do campeonato da MotoGP. A disputa tem tudo para ser empolgante na pista.

CALENDÁRIO DA MOTOGP 2016

DATA
ETAPA
CIRCUITO
20.03
Grande Prêmio do Catar
Losail
03.04
Grande Prêmio da Argentina
Termas de Rio Hondo
10.04
Grande Prêmio das Américas
Austin
24.05
Grande Prêmio da Espanha
Jerez de La Fronteira
08.05
Grande Prêmio da França
Le Mans
22.05
Grande Prêmio da Itália
Mugello
05.06
Grande Prêmio da Catalunha
Barcelona
25.06
Grande Prêmio da Holanda
Assen
17.07
Grande Prêmio da Alemanha
Sachsenring
14.08
Grande Prêmio da Áustria
Zeltweg
21.08
Grande Prêmio da República Tcheca
Brno
04.09
Grande Prêmio da Inglaterra
Silverstone
11.09
Grande Prêmio de San Marino
Misano
25.09
Grande Prêmio de Aragón
Aragón
16.10
Grande Prêmio do Japão
Motegi
23.10
Grande Prêmio da Austrália
Phillip Island
30.10
Grande Prêmio da Malásia
Sepang
13.11
Grande Prêmio da Comunidade Valenciana
Valência
A Ducati ficou como 3ª força em 2015, e agora quer se aproximar, e quem sabe se intrometer na disputa entre Honda e Yamaha.

EQUIPES E PILOTOS DA MOTOGP (Categoria Principal)

EQUIPE
PILOTOS
Avintia Racing
Hector Barbera
Loris Baz
Aspar Team MotoGP
Eugene Laverty
Yonny Hernandez
Ducati Team
Andrea Dovizioso
Andrea Iannone
Estrella Galicia 0,0 Marc VDS
Jack Miller
Tito Rabat
Aprilia Racing Team Gresini
Álvaro Bautista
Stefan Bradl
Monster Yamaha Tech 3
Pol Spargaro
Bradley Smith
LCR Honda
Carl Crutchlow
Movistar Yamaha MotoGP
Valentino Rossi
Jorge Lorenzo
Team Suzuki Ecstar
Aleix Spargaro
Maverick Viñalez
OCTO Pramac Racing
Danilo Petrucci
Scott Redding
Repsol Honda Team
Dani Pedrosa
Marc Marquez
A Suzuki quer subir de produção em 2016, e conta com o talento de Maverick Viñalez para surpreender na pista, em duelo direto com as Ducati.


Começaram os treinos oficiais da Fórmula 1, dando início a mais um campeonato mundial. No momento em que esta coluna estiver sendo lida no Brasil, os treinos de sexta-feira já terão terminado, e quem sabe tenhamos uma idéia mais aproximada das forças das escuderias neste campeonato. Mas, por se tratar de um circuito com pouca familiaridade com as demais pistas do calendário, muito provavelmente apenas no Bahrein, daqui a algumas semanas, é que poderemos ter idéia mais correta de quem é quem na competição em 2016. Mas é sempre bom sentir novamente o ronco dos motores (o que sobrou deles, bem menos invasivo aos ouvidos, que me perdoem os saudosistas), acompanhar a rotina no paddock, e seguir os carros na pista. Depois da corrida de Abu Dhabi, em novembro do ano passado, estava com uma tremenda saudade desta sensação. É hora de acelerar fundo novamente, e espero que a F-1 tome jeito para corrigir suas posturas chatas, e regras imbecis que insiste em manter. Pena que o ano já comece ruim neste quesito, com esta nova regra no treino de classificação, que certamente não era o que a categoria tem de mais errado no momento. Dizem que é errando que se aprende, mas infelizmente a F-1 parece ir na contramão do ditado: é errando que se erra ainda mais...