sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

DE VOLTA À PISTA


Sebastian Vettel, ao volante da nova Ferrari SF16-H conseguiu o melhor tempo na primeira semana de testes em Barcelona, e o time italiano liderou 3 dos 4 dias. Mas tanto equipe quanto pilotos sabem que a Mercedes ainda será difícil de ser batida.

            Depois de mais de dois meses e meio, a F-1 voltou a acelerar fundo na pista esta semana, com a primeira metade da pré-temporada para o campeonato de 2016, que este ano será de ridículos 8 dias de testes. E, nesta semana, já se foi metade do tempo que os times terão para preparar seus carros para a temporada. Por isso mesmo, alguns times aproveitaram para andar tudo o que tiveram direito em Barcelona, onde todos permanecem, já que semana que vem os carros voltam à pista aqui de novo para os últimos 4 dias de testes, antes de tudo ser embarcado para a Austrália, para a primeira etapa do Mundial, dia 20 de março.
            De início, foi bom ver os novos bólidos apresentados pelas escuderias. Deu para ver detalhes interessantes nos carros, nos momentos em que os mecânicos não escondiam tudo o que podiam dos olhares dos jornalistas, tentando manter seus segredos sob sigilo o máximo possível. Com o regulamento técnico inalterado, a maioria dos times optou por evoluir seus carros, ao invés de promover mudanças radicais em seus novos bólidos. Em alguns casos, é preciso comparar as fotos dos novos carros com os modelos de 2015 para verificar onde as escuderias promoveram mudanças. Em outros casos, como foi o da Ferrari, com direito a nova pintura, o novo modelo SF16-H mostrou suas diferenças de forma bem mais nítida.
            Apenas a Sauber não esteve presente com seu novo modelo 2016 em Barcelona. O novo carro só fica pronto nos próximos dias, e isso já significa uma perda do aproveitamento da escassa pré-temporada de testes. Ruim para Felipe Nasr e Marcus Ericsson, que provavelmente terão de se desdobrar para conseguir bons resultados este ano. A disputa, pelo menos no meio do pelotão, tem tudo para ser embolada. E há bons indícios para se esperar boa briga neste setor.
            Mesmo sabendo que teste é teste, e corrida é corrida, e levando em conta que muitas vezes os tempos da pré-temporada não podem ser levados a ferro e fogo, deu para comprovar alguns fatos nestes primeiros 4 dias de trabalhos na pista. A temporada, como todos esperam, deve assistir a um embate entre Mercedes e Ferrari. Todos os demais times vem depois. A esquadra de Maranello terminou sua primeira bateria de testes com o melhor tempo da semana, com Sebastian Vettel, e o tetracampeão alemão foi o mais rápido no 1° e 2° dia. Já Kimi Raikkonem apenas ontem andou mais a fundo, terminando o 4° e último dia na frente. Usando os novos compostos da Pirelli, entre eles o novo ultramacio, Vettel conseguiu virar 1min22s810 na terça-feira, e foi praticamente 2s mais rápido que a pole nesta pista no GP do ano passado. Se levarmos em conta que a temperatura esteve amena a semana inteira, devemos presumir que os carros serão capazes de andar ainda mais rápido à frente, e ainda as escuderias poderão exigir seus novos modelos mais a fundo, evoluindo seu acerto e desenvolvimento. Tanto Vettel quanto Raikkonem elogiaram o comportamento e o desempenho do novo SF16-H, afirmando que o novo carro já é melhor do que o modelo de 2015. Isso é um fator positivo, pois a Ferrari parece ter produzido novamente um excelente carro, e se coloca efetivamente como real desafiadora da Mercedes. E disputa contra a toda-poderosa escuderia germânica é tudo o que os torcedores mais querem para tentar trazer alento à F-1.
            O problema é qual será sua real capacidade de enfrentar o time alemão. A Mercedes em nenhum momento figurou entre os carros mais velozes propriamente, com exceção do primeiro dia, mas foi outro ponto que deixou a concorrência assustada na pista da Catalunha: a fiabilidade e constância dos tempos obtidos tanto por Nico Rosberg quanto por Lewis Hamilton, que rodaram impressionantes 675 voltas, praticamente 10 GPs da Espanha, durante os 4 dias, e sem que o novo modelo W07 apresentasse o menor sinal de problemas mecânicos ou de qualquer outra natureza. E durante toda a semana, todo o time da Mercedes esbanjava tranquilidade e calmaria. Um presságio de mau agouro para os rivais. Em nenhum momento seus pilotos foram para a pista em busca de voltas rápidas, efetuando sempre long runs, sequências de voltas com tanque cheio e variações de ajustes aqui e ali. Se o W07 será o carro a ser batido novamente, parece ser apenas questão de tempo para se comprovar. A única dúvida será o quanto ele será veloz, algo que provavelmente só seu corpo técnico saiba responder.
A Mercedes não fez os melhores tempos, mas seu novo modelo W07 rodou o equivalente a 10 GPs sem apresentar um defeito sequer, e sem forçar o ritmo. Deve vir chumbo grosso por aí em cima dos concorrentes...
            Pelo seu lado, a Ferrari acumulou 353 voltas na pista, mas apesar dos bons tempos marcados em voltas rápidas, o time italiano teve alguns percalços com Kimi Raikkonem, quando o carro apresentou alguns problemas técnicos. Nada grave, e prontamente solucionado, mas que roubaram ao time italiano algum tempo que poderia ter sido melhor aproveitado. Mesmo assim, seus pilotos conseguiram angariar também bons long runs, mostrando que o bólido italiano também tem um excelente grau de confiabilidade. Se a Ferrari também estiver escondendo muito bem o jogo do potencial do novo SF16-H, poderemos ver um bom embate entre os italianos e os alemães. Talvez na semana que vem tenhamos uma idéia mais clara de qual o real potencial de velocidade de cara bólido, ou no mais tardar apenas em Melbourne, ou na segunda etapa da temporada, em Sakhir, no Bahrein.
            Se é consenso de que Mercedes e Ferrari estão à frente na lista de favoritos, no restante do grid a situação é bem mais complicada de se prever, o que não deixa de ser bom. Red Bull, Williams e Force India tem tudo para fazerem uma briga de foice pela posição de 3ª força no campeonato. O time dos energéticos apresentou um monoposto que conseguiu impressionar em alguns momentos pela velocidade alcançada, e se considerarmos que o motor Renault, agora com preparação da Ilmor para o time austríaco, ainda não está rendendo o que eles esperam, pode-se esperar um incremento de performance que dará a Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat a chance de apresentarem bons resultados. O chassi RB12, produzido com ajuda de Adrian Newey, mostrou equilíbrio e o melhor de tudo, fiabilidade, conseguindo rodar tanto quanto a Ferrari durante os 4 dias, ou seja, 330 voltas na pista. E Daniel Ricciardo apresentou ritmos constantes e firmes durante seus long runs, indício altamente positivo, se levarmos em conta os infortúnios enfrentados pelo time austríaco nas duas últimas pré-temporadas. Se a base do novo chassi corresponder ao potencial, só mesmo a unidade de potência irá segurar a evolução do time de Dietrich Mateschitz, porque recursos para desenvolver o chassi não faltarão, e mesmo com um bom orçamento para desenvolver o motor de forma independente, há limites para o que poderá ser implementado, por força do regulamento.
            Pelo seu lado, a Force India não andou tanto quanto o time dos energéticos. Acumulou apenas 294 voltas, e contou com seus pilotos titulares, Nico Hulkenberg e Sérgio Perez, por apenas um dia cada um, tendo treinado os outros dois dias com Alfonso Celis. Mas o time de Vaijay Mallya não deixou de impressionar quando Hulkenberg foi o mais veloz na quarta-feira, com um tempo apenas 0s3 mais lento que a marca obtida por Vettel no dia anterior. É cedo para afirmar que a Force India será a 3ª força no campeonato, mas tem tudo para embolar a disputa neste terreno com a Red Bull e a Williams, pelo menos no início do campeonato. O problema maior da escuderia será o desenvolvimento efetivo do novo modelo VJM09: enquanto o time tiver orçamento para investir em sua melhoria, a Force India poderá ter a chance de fazer sua melhor temporada desde que estreou na F-1.
O novo modelo RB12 tem tudo para ser um excelente carro. E se o motor colaborar, os rivais que se cuidem...
            Pelo seu lado, a Williams mostrou um certo conservadorismo talvez até exagerado no seu novo modelo FW38, muito similar ao do ano passado. Em nenhum momento o time de Frank Williams procurou andar entre os primeiros, acumulando muita quilometragem, rodando 356 voltas com Felipe Massa e Valtteri Bottas nos 4 dias. Ambos os pilotos, porém, elogiaram bastante o comportamento do carro, mas já anteviram, pelo que os adversários mostraram, que a luta para o time se manter como 3ª força será bem mais árdua este ano, e o próprio Felipe Massa já adiantou que Red Bull e Force India provavelmente darão trabalho. Competir com Ferrari e a própria Mercedes já parecem metas difíceis de se alcançar.
            Um pouco mais atrás, vamos encontrar a Toro Rosso, a Renault, McLaren, e a estreante Hass. O time "B" dos energéticos começou a se entender com a unidade de potência da Ferrari, que diga-se de passagem, é a do ano passado. Como o time competia com a unidade da Renault, toda a parte traseira precisou ser revista para acomodar o propulsor italiano, que em tese pode oferecer mais performance do que a unidade francesa atual. Com cerca de 412 voltas completadas, a Toro Rosso foi o time que mais andou depois da Mercedes, e apesar de alguns percalços técnicos, o novo modelo STR11 conseguiu apresentar boa fiabilidade e consistência em sua performance, que deverá evoluir assim que todos tiverem melhor conhecimento das potencialidades do motor Ferrari, e conseguirem desenvolver melhor o monoposto. Assim como a maioria dos times que testaram na pista catalã, o objetivo da escuderia foi conhecer melhor seu novo carro, antes de colocar sua velocidade efetivamente à prova.
            Enquanto isso, a Renault procurou verificar tanto quanto possível o seu novo modelo RS16, nascido ainda sob o nome Lotus. Como a fábrica francesa concluiu a reaquisição do time apenas em dezembro, o projeto do carro acabou prejudicado em seu desenvolvimento, que deveria ter começado bem antes. O atraso também significou mudanças radicais na traseira do bólido, pela troca de propulsores, dos Mercedes para os Renault. Como a fábrica francesa já foca o campeonato de 2017, este ano deverá ser de transição, o que não significa que a escuderia vai se contentar em ter um desempenho pífio no campeonato. E a pré-temporada já está mostrando as dificuldades da empreitada: o time francês foi um dos que menos andou na semana, tendo sempre apresentado problemas variados no carro que consumiram bom tempo de pista. Só nesta quinta-feira é que Kevin Magnussem conseguiu andar num ritmo mais forte, terminando em 2° lugar, e mesmo assim, com um tempo quase 2s mais lento que a Ferrari de Kimi Raikkonem, mesmo estando com pneus mais lentos. Mas o foco em consertar os problemas apresentados pelo novo carro foi sendo sentido gradativamente, de modo que na quarta-feira, Magnussem conseguiu dar 111 voltas, e a quilometragem foi valiosa para a escuderia.
            A McLaren até conseguiu ter um início mais decente nesta pré-temporada, pelo menos nos dois primeiros dias. Jenson Button e Fernando Alonso conseguiram dar mais de 200 voltas, e se os tempos não foram exatamente empolgantes, deixou todo mundo na equipe animado com a possibilidade de fazer bem mais do que em 2015. Até Fernando Alonso se entusiasmou, dando a entender que o potencial do novo carro é certamente bom, e que a unidade de potência da Honda, se não está no nível desejado, pelo menos avançou significativamente. Mas se tudo correu de forma até dentro do script na segunda e na terça, quarta e quinta a história foi diferente: Button ainda conseguiu dar cerca de 50 voltas, mas o time se viu às voltas com problemas mecânicos no carro, e nesta quinta-feira, foi ainda pior, com Alonso praticamente nem conseguindo treinar, dando apenas 3 giros na pista e ficando o resto do tempo nos boxes, enquanto os mecânicos consertavam novos problemas que surgiram. Mais comedido, Eric Bouiller preferiu não fazer expectativas sobre o real potencial do time de Woking para esta temporada. Depois do ano desastroso de 2015, um pouco de prudência vem bem a calhar, mas é desejo de todos que a escuderia consiga se reerguer, não apenas por ser a McLaren, mas também pela Honda, que terá um ano decisivo para apagar a má impressão deixada no ano passado, quando não conseguiu mostrar uma unidade de força decente, perdendo feio em todos os parâmetros possíveis de comparação. Nesta semana, Yasuhisa Arai, que comandava o projeto da fábrica nipônica na F-1, acabou dispensado, e certamente o ano de 2015 pesou na decisão da Honda. Agora, é preciso redobrar esforços para evitar um novo vexame em 2016.
O novo conjunto McLaren MP4/31 Honda até que começou bem os testes em Barcelona, mas problemas não demoraram a surgir no carro. Mas pior do que 2015 esta temporada não poderá ser...ou pode?
            O time estreante da temporada, a Hass, começou mostrando serviço, e embora tenha sido a escuderia a rodar menos que todas na pista de Barcelona, mostrou um carro bem construído, e com potencial para fazer bonito no bloco intermediário. Mesmo assim, o noviciado se fez sentir quando Romain Grosjean por pouco não sofreu um acidente feio quando seu carro perdeu a asa traseira no primeiro dia de testes, na segunda-feira. A escuderia tratou de reforçar a peça, e pelo menos não sofreu nenhum outro incidente similar no restante dos dias. E Grosjean até conseguiu mostrar um pouco da velocidade do bólido do time norte-americano, ao fechar a quarta-feira com o 2° melhor tempo, ainda que na casa de 1min25s8. O ano de preparação de 2015 mostra que Gene Hass iniciará sua trajetória na F-1 com o pé direito, e quem sabe, com direito a brilhar na temporada de estréia na categoria, dependendo de como conseguir evoluir e desenvolver seu carro, que conta com boa parte dos sistemas fornecidos pela Ferrari, inclusive a unidade de potência.
            Ainda é cedo para dizer onde Sauber e Manor estarão. Esta última, agora com uso da unidade de força da Mercedes, e contando com assistência técnica dos alemães em alguns setores, conseguiram fazer o novo carro rodar 5s mais rápido em Barcelona do que em 2015. Uma evolução notável, mas que precisa ser relativizada pelo fato de que no ano passado o time correu com o modelo 2014 apenas adaptado, e ainda com o problemático motor Ferrari do ano anterior, que não tinha a mesma eficiência da unidade 2015. Mas com a perspectiva de desenvolvimento do carro, a Manor já se sente no direito de sonhar a, pelo menos, não ser candidata certa à última fila do grid. Se irá além disso, vai depender de como os concorrentes se comportarão. Assim como a Sauber ainda precisará mostrar onde poderá se colocar este ano. Sem ter o novo carro pronto para esta semana, o time suíço testou os sistemas do novo monoposto no carro de 2015, o que não dá uma idéia certa de qual será o incremento de performance que o novo carro poderá oferecer. Mas como o orçamento pelos lados de Hinwill continua apertado, é bom que eles consigam acerta com o novo carro logo de cara, para poderem capitalizar no início da temporada, antes que fiquem novamente para trás pela impossibilidade de conseguirem desenvolvê-lo a contento, como aconteceu em 2015, quando o modelo C34 só foi receber atualizações dignas do nome na parte final da temporada, e que mesmo assim não deram os resultados esperados.
            Mais do que nunca, será preciso esperar para ver os resultados da segunda sessão coletiva de testes, na semana que vem, para termos uma idéia mais precisa, ou menos equivocada, do que o times poderão apresentar nesta temporada da F-1. A única certeza mesmo é que Mercedes e Ferrari deverão comandar o pelotão, com alguma vantagem para o time alemão, que alguns estimam que pode ser de até 1s por volta, baseada em algumas observações do que se viu em Barcelona nesta semana. Seria um balde de água fria nas expectativas de todos que esperam um campeonato mais equilibrado se isso se confirmar. No restante do grid, poderemos ter algumas boas disputas e até equilíbrio de forças, mas mesmo que isso venha a acontecer, não irá compensar totalmente a falta de disputa que poderá ocorrer na dianteira das provas. Será que a F-1 resiste a mais um ano de possível domínio da Mercedes?
            Eu diria que resiste, se tomasse algumas atitudes que ajudariam a categoria a ser menos careta, menos arrogante, e menos prepotente, , ajudaria muito, mas infelizmente as decisões que andam tomando para tentar revigorar sua imagem até o momento me parecem mais furadas que pneu estourado...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - JANEIRO/FEVEREIRO DE 2016



            Já estamos no final do mês de fevereiro, e logo terão se passado dois meses de 2016. Os principais campeonatos estão para começar em março, mas estes primeiros meses do ano não ficaram isentos de alguns acontecimentos, inclusive com a pré-temporada da F-1 tendo ligado seus motores nesta semana. E como é de praxe, é hora de voltar à Cotação Automobilística, fazendo a tradicional avaliação do panorama do mundo do esporte a motor nestes meses de janeiro e fevereiro, no velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Portanto, uma boa leitura para todos...



EM ALTA:

Stéphane Peterhansel: O piloto francês venceu mais uma edição do rali Dakar, e chegou ao seu 12° triunfo no mais famoso rali do mundo. A batalha de Peterhansel foi facilitada pelos problemas que acometeram seus companheiros de competição na prova, Sébastien Loeb e Carlos Sainz, mas as provas off-road não são medidas apenas pela velocidade, mas também pela capacidade, ou sorte, de evitar se meter em confusões ou sofrer infortúnios, e Stéphane conseguiu chegar ao fim da competição, sempre com uma tocada firme e controlando a diferença para potenciais adversários inesperados, depois que Loeb e Sainz ficaram impossibilitados de lhe dar combate. E Peterhansel avisa que em 2017 vai querer vencer de novo. Seu currículo de títulos no Dakar é de impor respeito, e isso não pode ser subestimado...

Sébastien Ogier: O atual tricampeão do Mundial de Rali já iniciou a batalha pelo 4° título, e para desespero dos rivais, ele não pretende dar colher de chá para a concorrência. O piloto da Volkswagen já tem duas vitórias nas duas etapas disputadas até aqui em 2016, e podem apostar que ele não vai se contentar apenas com isso. Ogier lidera a competição com 56 pontos, com uma vantagem de 23 pontos sobre Andreas Mikkelsen, o vice-líder. Pelo visto, novidades na competição, só em 2017, e olhe lá...

Sébastien Buemi: O piloto suíço da equipe e.dams não venceu a etapa de Buenos Aires da F-E, mas deu o seu recado: vai ser difícil segurá-lo na luta rumo ao título da categoria nesta temporada. Buemi largou em último no e-prix da capital argentina, por problemas na classificação, mas na prova partiu para cima de todo mundo, e só não venceu a corrida porque encontrou um inspirado Sam Bird no seu caminho, que venceu a corrida portenha e ajudou a tornar o campeonato um pouco mais equilibrado, impedindo uma disparada maior do piloto suíço. Ainda tem muito chão pela frente, é verdade, mas pelo andar da situação, ou os concorrentes melhoram, ou Buemi é capaz de vencer o certame até com alguma antecedência. Por enquanto, isso não dá pinta exata de acontecer, mas as chances estão aumentando nesta direção...

Pipo Derani: O piloto brasileiro estreou com o pé direito no acelerador no automobilismo dos Estados Unidos, e venceu com categoria uma das mais famosas corridas das Américas, as 24 Horas de Daytona, pilotando um protótipo LMP2 da equipe Tequila Patrón. Derani assumiu a liderança da prova logo no início, e mostrou um ritmo forte e sem cometer erros, e após as trocas com seus companheiros de equipe, coube a brasileiro conduzir o carro na fase final da prova, recebendo a bandeirada com uma pilotagem segura e firme. Antes com sonho de chegar à F-1, Derani é mais um piloto brasileiro que deu uma guinada em sua carreira, procurando lugares mais acessíveis de competir. E as provas de endurance mostram que Pipo já achou o seu lugar ao sol na competição.

Brasileiros nas 24 Horas de Daytona: Se os torcedores nacionais ainda sonham com uma vitória tupiniquim na mais famosa corrida de endurance do mundo, as 24 Horas de Le Mans, pelo menos do lado de cá do Atlântico, eles podem ficar mal acostumados. O triunfo de Pipo Derani nas 24 Horas de Daytona, obtido no final do mês de janeiro deste ano, foi o 3° triunfo consecutivo de times com pilotos brasileiros ao volante na tradicional prova de endurance disputada em Daytona. Em 2014, Christian Fittipaldi venceu a corrida pela segunda vez, repetindo o feito de 2004; em 2015, foi a vez de Tony Kanaan triunfar na corrida. E olha que em 2012, Oswaldo Negri Jr. chegou em primeiro lugar. E ainda temos de ressalvar que os brasileiros fizeram dobradinha em Daytona este ano na categoria protótipos, com Rubens Barrichello a ficar em 2° lugar com o time do qual participou. Apesar da crise que se abate sobre o automobilismo nacional, nossos profissionais da velocidade, antigos e novos, continuam mostrando seu talento mundo afora, com mais êxito em alguns lugares do que em outros, mas sempre mostrando que ainda temos o que mostrar no mundo do esporte a motor.



NA MESMA:

Lucas Di Grassi: O piloto da equipe Audi ABT segue firme na vice-liderança do campeonato da F-E, e conseguiu mais um pódio na etapa de Buenos Aires, tendo marcado pontos em todas as corridas até agora, e subindo sempre ao pódio. Mas Lucas não se ilude, e sabe que vencer Sébastien Buemi e a equipe e.dams vai ser uma parada dura, como comprovou a etapa da capital argentina, onde não conseguiu segurar sua posição quando sofreu o ataque de Buemi. O 3° lugar foi o pior resultado do brasileiro até agora no atual campeonato, e o receio é de que os concorrentes comecem a dar trabalho, se a Audi ABT não melhorar o seu desempenho. Graças à regularidade e constância, Lucas ainda está bem próximo de Buemi na pontuação, mas nada garante que o suíço não escape nas próximas provas.

Críticas à F-1: Bastou a pré-temporada começar para Bernie Ecclestone voltar a dar declarações que chamam a atenção por seu conteúdo. O chefão da FOM disse em letras garrafais esta semana que a F-1 está pior do que nunca, e que ele não pagaria para ir a um autódromo assistir a uma corrida da categoria. Ainda é um pouco cedo para dizer que a F-1 este ano vai ser ruim, mas se Bernie acha que o ingresso para ir a um autódromo assistir às corridas não vale a pena, que tal ele baixar então as taxas exorbitantes que sempre anda cobrando para quem quer sediar um GP? Se ele diz que não levaria sua família para assistir a uma corrida, pode-se inferir duas observações: as corridas são ruins, e se são ruins, o ingresso não vale a pena, e é caro demais. Taxas mais acessíveis talvez resultassem em ingressos mais baratos, e quem sabe, mesmo com corridas ruins, os autódromos enchessem mais, o que pelo menos ajudaria a minimizar um pouco a sensação de crise da categoria. Mas alguém aqui acha que ele vai cobrar menos...? Imagina só...

Renault, equipe e motor: A Renault está de volta como time oficial na F-1, mas a temporada de 2016 deverá ser tão complicada como foram a performance de suas unidades de potência nos últimos dois anos. No caso dos motores, existe a chance de as mudanças promovidas nos propulsores resultarem em um aumento de performance, mas no ano passado todo mundo também achava isso. Para a Red Bull, a esperança é que a preparação terceirizada encomendada a Mario Illen, da Ilmor Engineering, possa contornar parte do déficit de performance exibido no ano passado. Já com relação ao time de F-1, o novo modelo R16 terá muito trabalho pela frente para se tornar competitivo, já que foi concebido inicialmente para usar o motor da Mercedes, quando o time ainda era a Lotus em 2015, pra não mencionar que o desenvolvimento já não foi feito adequadamente devido à crise financeira pela qual a escuderia passava. E, pelo que mostrou até agora nos primeiros testes da pré-temporada, apesar de alguns brilhos ocasionais, é de esperar que os franceses vão ter um ano de muito trabalho mesmo. Mas, claro, eles já visam 2017, portanto, é bom não ficar com altas expectativas deles este ano. Pelo menos com relação ao time de F-1...

Visual dos carros da F-1: Mantido o atual regulamento técnico, os novos bólidos 2016 da categoria não apresentam grandes inovações visuais em relação a seus antecessores. Alguns carros, como o da Williams, inclusive, dão a sensação de nem terem sido mexidos, dada a semelhança com o modelo 2015. É preciso um olhar atento para identificar as mudanças em alguns modelos, enquanto em outros, como a Ferrari, as diferenças são mais perceptíveis, em que pese a nova pintura adotada pelo time italiano este ano ser bem diferente da de 2015, o que ajudou a relevar os pontos novos do bólido rosso. E, quem torcia o nariz para aqueles bicos com "narizes" ou protuberâncias, eles continuam presentes em vários modelos. Quem sabe em 2017, com mudanças no regulamento técnico que estão sendo definidas, os carros fiquem mais "bonitos"...

Tentando achar soluções para a crise da F-1: Não é de hoje que falam que a categoria máxima do automobilismo anda chata e precisa reencontrar o seu rumo. O problema é o que fazer para achar esse rumo, ainda mais quando o que se propõe é tornar um pouco mais complicado do que já é a categoria. Assim, não é de admirar que tenha surgido a proposta do novo modo de treino de classificação nestes últimos dias, com uma espécie de mata-mata cronometrado a partir de certo momento do Q1, Q2, e Q3. Se de um lado forçaria os times a mandarem logo seus pilotos para a pista, por outro deixa mais complexo e difícil de entender para o público a sistemática que vai ditar a exclusão dos mais lentos, além de poder produzir alguns disparates que poderiam ser contraproducentes para o seu real propósito. Mas enquanto isso, nada de simplificar regras imbecis que a categoria anda seguindo, além de mudar a postura arrogante e de queixo empinado com que a F-1 encara tudo e todos à sua volta. Não basta ter vontade de mudar, é preciso saber o que precisa ser mudado, e na opinião de muitos, o treino de classificação atualmente não é um dos problemas pelos quais a F-1 anda perdendo sua atratividade...



EM BAIXA:

Pastor Maldonado: O piloto venezuelano ficou a pé na F-1. Sem o patrocínio da PDVSA, que enfrenta grave crise administrativa, além dos baixos preços do petróleo no mercado mundial, a equipe Renault não pensou duas vezes em dispensar os serviços de Pastor e confirmar em seu lugar o jovem Kevin Magnussem, ex-McLaren. Infelizmente, o histórico de confusões de Maldonado pesaram mais do que seus dotes de velocidade, para não mencionar que a F-1 anda cada vez mais sedenta de patrocínios trazidos por pilotos.

Nelsinho Piquet: O campeão da F-E continua com seu calvário na segunda temporada da categoria, onde seu time, a China Racing, continua tentando achar o rumo para recuperar sua competitividade. Infelizmente, apesar de uma performance mais animadora nos treinos de classificação da prova de Buenos Aires, o resultado na corrida não foi dos melhores, e Piquet ficou novamente fora dos pontos, enquanto seu companheiro de equipe Oliver Turvey se saiu um pouco melhor e marcou mais alguns pontos, já chegando a 10, enquanto Nelsinho por enquanto tem apenas 4. A temporada tem tudo para continuar complicada para o brasileiro...

Yasuhisa Arai: O chefe do projeto da Honda na F-1 em 2015 foi dispensado pela direção da fábrica japonesa, que tenta dar a volta por cima na competição na temporada deste ano, com uma versão completamente revisada de sua unidade de potência junto ao novo chassi MP4/31 da McLaren. Arai e Ron Dennis tiveram alguns bate-bocas na temporada passada, com o chefão do time inglês tentando oferecer alternativas para melhorar mais rapidamente o desenvolvimento da unidade de força nipônica, no que sempre foram recusadas por Arai. Por mais que os japoneses tenham orgulho de sua disciplina e paciência, não há como negar que os resultados obtidos ficaram abaixo de qualquer expectativa, até mesmo para o famoso padrão de paciência oriental.

Pré-temporada "diet" da F-1: Se o pessoal já chiava do reduzido número de dias de testes que a F-1 vem tendo em suas pré-temporadas desde 2009, este ano está sendo ainda pior: serão apenas 8 dias de carros na pista, ao invés dos 12 utilizados no ano passado. E sem variar de pista: tudo será feito na pista de Barcelona, onde os times terão duas sessões de 4 dias, para acertar seus carros, antes de embalar tudo e partir para a Austrália, onde o campeonato começa dentro de um mês. E, se o tempo é curto, acho ridículo ainda manterem a regra de colocar apenas um carro de cara time na pista. Os times preferem isso, mas dado o tempo exíguo da pré-temporada, ter os dois carros rodando na pista ao mesmo tempo deveria ser mais produtivo e permitir um aproveitamento melhor da pré-temporada. Saudade dos velhos tempos, quando não existiam essas firulas na categoria...

Estados Unidos no calendário da MotoGP: Os EUA tiveram, em tempos recentes, nada menos do que 3 corridas no calendário da MotoGP. Os circuitos que sediavam as etapas eram Laguna Seca, na Califórnia; Austin, no Texas; e Indianápolis, em Indiana. Bem, Laguna Seca caiu fora há pouco tempo atrás, e para o calendário deste ano, foi a vez da corrida disputada no traçado misto de Indianápolis ser rifado da competição. Em seu lugar entrou o GP da Áustria, a ser disputado no Red Bull Ring, em Zeltweg. Com isso, os Estados Unidos agora tem apenas a etapa de Austin no calendário deste ano da classe rainha do motociclismo, a ser disputada no Circuito das Américas, marcada para o dia 10 de abril.

 



sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

GRID FECHADO NA F-1 2016


Com os pilotos da Manor confirmados, a F-1 fecha seu grid para a temporada 2016, com 22 pilotos e 11 equipes.

            A Fórmula 1 fechou sua lista de competidores esta semana. O último lugar disponível, na equipe Manor, foi preenchido pelo piloto Rio Haryanto, da Indonésia, que alinhará no pior time da categoria, ao lado de Pascal Wehrlein. Teremos 11 escuderias, com 22 pilotos competindo, marcando uma tímida recuperação no grid da F-1, que em 2015 teve apenas 10 times e 20 pilotos competindo, após o fechamento da Caterham. Na verdade, por pouco a Marussia também não bateu as botas, sendo salva por um destes mecenas endinheirados que gostam de arriscar a sorte no mundo do esporte a motor. No caso da Marussia, que agora volta a usar o seu nome original, Manor, é o bilionário Stephen Fitzpatrick, que deve proporcionar ao pequeno time sua melhor temporada na categoria até agora em termos de potencial, já que o time usará motores da Mercedes, e seu corpo técnico ganhou o reforço de vários profissionais com passagem em outras escuderias, como Pat Fry, ex-McLaren.
            A grosso modo, o grid da F-1 mudou muito pouco da temporada passada para cá. A mudança dos pilotos da Manor não é nenhuma surpresa, em virtude de o time ser o menor do grid e precisar do aporte de patrocínio trazido pelos pretendentes a pilotos. Além da estréia na categoria de seus dois titulares, o único novato na atual temporada é o inglês Jolyon Palmer, filho do ex-piloto Jonathan Palmer, que enfim terá sua chance na renascida Renault, ex-Lotus, que antes...era a Renault. O time francês, sediado em Enstone, na Inglaterra, também terá o retorno de Kevin Magnussem, que deixou a McLaren procurando lugares mais palpáveis para poder competir, uma vez que suas esperanças na escuderia de Ron Dennis ficaram remotas. A mudança da "Lotus" para Renault também trouxe a única baixa do grid em 2016 em relação a 2015, tirando o pilotos da Manor: a saída de Pastor Maldonado da F-1. Sem os petrodólares da PDVSA, em crise após anos de administração irresponsável por parte do regime chavista que governa a Venezuela, não restou outra alternativa à estatal terminar o seu patrocínio na categoria máxima do automobilismo. E com isso, o que muitos profetizavam se cumpriu: sem dinheiro por trás, Maldonado infelizmente não conseguiu cativar seu time de 2015 a mantê-lo para o atual campeonato.
            E a boa notícia da temporada é a estréia da equipe Hass, dos Estados Unidos, que passou o ano de 2015 preparando-se cuidadosamente para ingressar na F-1, e depois de algumas especulações, optou-se por uma dupla de pilotos com relativa quilometragem para conduzir seus carros nesta temporada de estréia. Romain Grossjean e Esteban Gutiérrez serão os titulares. Grosjean mostrou na Lotus nos últimos tempos que conseguiu evoluir e é um nome bem considerado para liderar o time nas pistas, e Gutiérrez, mesmo tendo feito uma temporada apenas razoável com a Sauber há pouco tempo atrás, acertou ao se tornar piloto de testes da Ferrari, que como fornecedora da unidade de potência do time de Gene Hass, conseguiu alocá-lo no novo time, onde terá nova chance de mostrar o que sabe.
            Nos demais times, praticamente não houve mudanças. A campeoníssima Mercedes segue com sua atual dupla, o tricampeão Lewis Hamilton, e Nico Rosberg, no que promete ser a última temporada da dupla junta na escuderia alemã, por bem ou por mal. Se Hamilton faturar mais um título, Rosberg deve sair, procurando um lugar que lhe dê condições de ser campeão. Mas, caso Rosberg acabe vencendo e conquistando o título, muito provavelmente deverá sair também, uma vez que Hamilton tem contrato para 2017, a menos que o inglês pule fora, o que seria loucura no atual momento de domínio da equipe na categoria. Se no ano passado Hamilton deixou Nico na sobra, as provas finais do campeonato, quando o título já estava decidido a favor do inglês, mostraram a volta de um Rosberg inspirado que, se manter-se firme nesta temporada, tem tudo para complicar a vida de Lewis na Mercedes, e fazer o relacionamento entre ambos ir para o vinagre mais uma vez.
            A Ferrari deu aquela que poderá ser a última chance de Kimi Raikkonem voltar a brilhar na F-1. No ano passado, o finlandês foi superado com relativa facilidade por Sebastian Vettel, da mesma maneira como acontecia com Fernando Alonso um ano antes. Como o time italiano praticamente se reconstruiu em 2015, as cobranças foram mais amenas, mas nesta temporada, a mensagem já foi dada: a direção da escuderia tem obrigação de lugar a fundo pelo título, e quem não se empenhar poderá pegar o boné e ir para casa. Depois de duas temporadas fulgurantes na Lotus, Kimi ainda não conseguiu se reencontrar a fundo no time italiano, onde foi o último campeão pela marca, em 2007, praticamente 10 anos atrás. Mais uma temporada abaixo do que todos sabem que o finlandês é capaz de produzir, e Raikkonem deve se aposentar definitivamente ao fim deste ano. Quando a Vettel, o tetracampeão renasceu no ano passado, conduzindo o time italiano à posição de maior adversário da Mercedes, e foi o único a vencer fora a dupla prateada. E ele certamente virá com muito mais apetite para esta temporada.
            A Williams também manteve sua dupla de pilotos. Felipe Massa vai para aquela que deverá ser sua última temporada na escuderia, e se isso acontecer, muito provavelmente também na F-1, já que seu cacife no momento não desperta interesse por outros times. Mas isso não significa que o brasileiro seja carta fora do baralho na opção de renovação da escuderia inglesa. Valtteri Bottas já andou ensaiando a vontade de competir por outro time mais forte, e só não teria saído para a Ferrari porque o time preferiu renovar com Raikkonem. Assim, a única opção plausível foi permanecer onde está. Bottas mostrou um grande desempenho em 2014, mas no ano passado, não conseguiu produzir na mesma proporção, em que pese o carro da Williams, apesar de competitivo, ter estagnado na parte final da temporada, e isso pode ter reduzido o apelo de seu nome no mercado de pilotos. Quanto a Massa, ele se sente bem no time, e se conseguir fazer um bom campeonato, é muito provável que siga no time em 2017: já está entrosado no esquema, sabe como tudo funciona em Grove, e não causa indisposição no time.
            Pelo lado da Red Bull, a dupla Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat mostrou o que pode produzir em 2015. Se o australiano é mais do que capaz de conduzir a escuderia ao retorno às vitórias, uma nova temporada com Kvyat mais experiente e maduro num time de ponta deve fazer com que o russo possa render mais do que no ano passado, quando cometeu alguns erros crassos em algumas provas onde poderia ter obtido alguns bons resultados. Em outras palavras, a cobrança será maior, mas que ninguém pense que Ricciardo também não será cobrado, se resultados não aparecerem. Afinal, a Toro Rosso está bem ali ao lado no grid, e contando com a revelação do ano passado, o holandês Max Verstappen, que mesmo muito jovem, já chegou impondo respeito, e o pé direito no acelerador, visando vôos bem mais altos do que muitos esperam. Carlos Sainz Jr. que se cuide se não render este ano, pois a fila de substitutos na Red Bull anda e Helmut Marko, coordenador do programa de pilotos da companhia, costuma rifar aqueles que não rendem como se descartasse uma latinha do energético do time em uma lixeira qualquer.
            A Force India segue com a dupla Sérgio Perez e Nico Hulkenberg. Nico, depois de vencer as 24 Horas de Le Mans competindo pelo time oficial da Porsche, era fortemente cotado a ir para a categoria endurance, mas optou por permanecer no time de F-1. Seu objetivo continua sendo atrair a atenção de alguma escuderia mais estruturada que lhe dê a chance de disputar vitórias e o título, e com a provável saída de Raikkonem da Ferrari ao fim do ano, caso Maranello decida dispensar o finlandês, Hulkenberg é um dos muitos pilotos do grid que visam essa vaga. Mas para isso ele precisará superar o seu companheiro de time, o mexicano Sérgio Perez, que fez uma boa temporada em 2015, e certamente vai querer continuar andando à frente do companheiro de time nesta temporada.
            Do mesmo modo, a Sauber terá novamente Felipe Nasr e Marcus Ericsson conduzindo seu novo modelo C35, e no ano passado, o piloto brasileiro conseguiu se impor com relativa facilidade sobre seu parceiro sueco, mas a determinado momento da temporada, Ericsson conseguiu bagunçar um pouco a situação de Felipe, mostrando que pode mostrar mais resultados do que sua pontuação no ano passado sugere. Indo para sua segunda temporada, Nasr sabe que em 2017 deverá tentar um time mais competitivo, e para isso é preciso mostrar serviço logo de cara. No ano passado o brasileiro soube aproveitar a maioria das oportunidades que surgiram para conseguir resultados que seu carro normalmente não lhe permitia, e isso precisará ser ainda mais bem feito neste ano, se quiser realmente ter a chance de sonhar com uma vaga em um time melhor.
            Pelo seu lado, a McLaren continua tendo uma das duplas mais fortes do grid, e sendo o único time a contar, além da Ferrari, com dois campeões de F-1. Fernando Alonso e Jenson Button querem esquecer o ano pífio de 2015, e reerguer o time inglês nesta temporada, além de suas carreiras na categoria. Muito provavelmente Button possa se aposentar ao fim da temporada, e se o ano for novamente abaixo da crítica, há quem diga que até Alonso pode pular fora para 2017, com um boato de que poderia até retornar... à Renault, de onde saiu em 2009. Mas enquanto isso, se o novo MP4/31 e a revisada feita na unidade de potência da Honda garantirem mais competitividade e fiabilidade, tanto Alonso quanto Button terão chance de mostrar porque foram campeões do mundo na F-1.
            E assim temos os 22 competidores que lutarão pelo título da F-1 nesta temporada. Bom, isso é força de expressão, porque a rigor mesmo, se 4 deles duelarem pelo título, talvez seja até bom demais para a categoria, que nos últimos dois anos teve de assistir ao duelo particular dos pilotos da Mercedes. Torço, assim como muitos, que a disputa este ano seja bem melhor do que a do ano passado. E pelo bem da F-1, tomara que seja...


A Ferrari mostra hoje o seu novo bólido para a temporada 2016, e onde estarão depositadas as grandes esperanças de desafiar a Mercedes pelo título do campeonato. Em fotos divulgadas nos últimos dias, vislumbrou-se que o novo bólido deverá ter a faixa branca que caracterizou o monopostos de Maranello durante parte dos anos 1970, e que foi utilizado pela última vez nos anos 1990. Pelo menos na apresentação, a Ferrari sai na frente dos demais times, exceção à Renault, que só mostrarão seus carros na semana que vem, durante a primeira sessão coletiva da pré-temporada, em Barcelona, onde todos irão testar de segunda a quinta-feira. Não há como segurar a expectativa para ver como deverão ser os novos bólidos da temporada, sensação que entra ano, sai ano, sempre deixa todo mundo empolgado para ver o que os engenheiros e projetistas conseguirão apresentar. Já foi muito mais interessante há anos atrás, quando os carros tinha mais personalidade, e o regulamento não era tão chato e restritivo como é hoje, mas mesmo assim, sempre aguardo com ansiosidade a apresentação de um novo modelo.


Recebi esta semana o convite para comparecer ao lançamento da mais nova edição do livro AUTOMOTOR ESPORTE, versão 2015/2016, o anuário produzido por Reginaldo Leme e sua equipe, com a cobertura das competições automobilísticas do ano de 2015, e que vai para sua 24ª edição, tendo sido lançado inicialmente cobrindo a temporada automobilística de 1992. De lá para cá, o livro só cresceu, agregando cada vez mais categorias e ficando cada vez mais grosso, com excelente qualidade gráfica, e sempre com belos textos e excelentes fotos dos mais diversos campeonatos do mundo do esporte a motor. O lançamento será feito na Livraria da Vila, no 2° andar do Shopping JK, situado à Avenida Juscelino Kubitschek, 2041, São Paulo, capital, nesta próxima terça-feira, dia 23, a partir das 19 horas, com direito a sessão de autógrafos do Reginaldo, na companhia de parte do time de produção do livro. Quem puder aparecer, compareça para prestigiar o lançamento desta nova edição. Tenho a maioria dos anuários lançados até hoje desde 1993, e só posso dizer que valem a pena para quem curte o mundo das competições do esporte a motor. E, mais uma vez, meus cumprimentos a Reginaldo Leme e toda a sua equipe e colaboradores na criação deste livro.


A Formula-E apresentou essa semana a alternativa de circuito para a prova de Berlin, que deverá ser realizada em 21 de maio deste ano. Com o aeroporto de Tempelhof sendo usado para abrigar refugiados da Síria e Oriente Médio, não há como manter a disputa da prova no mesmo local do ano passado. O novo traçado proposto tem cerca de 2 km de extensão, composto por 11 curvas com 4 trechos de reta, na região do distrito de Friedrichshain, na antiga Berlin Oriental, passando pela Strausberger Platz e Alexanderplatz. O novo circuito proposto ainda precisa ser aprovado pela Prefeitura de Berlin, mas tem um traçado interessante, com várias curvas em grampo, em que pese a reduzida extensão, e deve proporcionar bons pegas entre os pilotos, que já ficaram empolgados com a proposta da nova pista para a capital alemã.
Novo traçado para a F-E para a prova de Berlin. Prova será disputada em maio.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

ARQUIVO PISTA & BOX - AGOSTO DE 1997 - 15.08.1997



            Hoje venho com mais um de meus antigos textos, e este foi publicado no dia 15 de agosto de 1997. No assunto principal, o italiano Alessandro Zanardi rumava para o seu primeiro título na F-CART, pilotando para a Chip Ganassi, time que havia sido campeão do ano anterior com Jimmy Vasser. Zanardi, que estreara no certame na temporada de 1996, havia se tornado a nova estrela da competição, e o homem a ser batido. Mas, enquanto esteve em ação, em 1997 e 1998, Alessandro não deu chances aos rivais na pista, conquistando um bicampeonato com todos os méritos. Pena que seu retorno à F-1 em 1999 tenha sido uma das maiores decepções do mundo do esporte a motor, e quando tentava reerguer sua carreira na F-CART em 2001, tenha sofrido aquele pavoroso acidente em Rockingham, na Inglaterra, onde perdeu as duas pernas e por pouco não perdeu a vida. Mas Zanardi recuperou-se, aprendeu a conviver com sua nova condição física, e mostrou a fibra que o levou a ser um grande campeão. Nas notas rápidas, menção para a quase vitória de Damon Hill no Grande Prêmio da Hungria, disputado no fim de semana anterior, que só não se concretizou porque seu Arrows/Yamaha começou a apresentar problemas hidráulicos a duas voltas do final, e acabou perdendo um triunfo que seria histórico para Jacques Villeneuve, da Williams. Boa leitura a todos, e em breve tem mais textos antigos por aqui...


ZANARDI RUMO AO TÍTULO

            Encerrada mais uma etapa do campeonato 97 da F-CART, fica a dúvida: Quem será capaz de deter Alessandro Zanardi? Faltando apenas 4 etapas para encerrar o certame deste ano, ninguém parece capaz de brecar a arrancada do piloto italiano da equipe Chip Ganassi, que ao volante de seu Reynard 971 Honda turbo, averbou em Mid-Ohio no último domingo a sua 4ª vitória no atual campeonato.
            Estreante na categoria no ano passado, Zanardi foi o “rokkie” do ano, e teve o melhor desempenho da história recente da categoria, sendo 3º colocado final do campeonato, com 3 vitórias. Só perde para Nigel Mansell, que em 1993 foi campeão da categoria em seu ano de estréia, com 5 vitórias a bordo de um Lola/Ford da equipe Newmann-Hass. Este ano, Zanardi começou a temporada como um dos favoritos, ao lado do atual campeão e companheiro de equipe, Jimmy Vasser.
            Mas a concorrência encrencou a situação no início do ano, sem falar que Chip Ganassi, com seu estilo meio ditatorial de dirigir a equipe, acabou complicando a situação de seus pilotos ao utilizar estratégias de corrida equivocadas em algumas etapas. Zanardi ainda venceu em Long Beach e deu um show em Surfer’s Paradise, só não vencendo devido a toques de rodas com Paul Tracy, quando ambos acabaram batendo seus carros de leve e abrindo caminho para a vitória de Scott Pruett.
            Depois, a concorrência parecia ter tomado conta da situação. Paul Tracy iniciou uma série de 3 vitórias consecutivas a partir de Nazareth, sendo apontado como o virtual campeão do ano. Greg Moore também venceu em Milwaukee e Detroit, deixando o italiano da Chip Ganassi ainda mais para trás. Michael Andretti ajudava a engrossar o bloco dos desafiadores do time Ganassi.
            Com tanto potencial em uma categoria competitiva, Zanardi deu um basta na prova de Cleveland. O próprio dono da escuderia, Chip Ganassi, resolveu deixar as coisas correrem de maneira mais racional, e parou de opinar contra os pressupostos plausíveis de corrida. E o piloto italiano venceu em grande estilo, mesmo sofrendo uma penalização. Zanardi tomou a ponta de Gil de Ferran nas últimas voltas, depois de uma recuperação espetacular.
            A partir daí, o italiano voltou com tudo: foi 2º em Toronto, venceu a US500 e em Mid-Ohio também, alcançando 148 pontos no campeonato. Paul Tracy segue em 2º, com 121 pontos. Gil de Ferran mantém a 3ª posição, com 116 pontos. Faltando 4 etapas, com um total de 88 pontos em jogo, ainda é bem possível reverter esta situação, mas do jeito que a concorrência anda, me atrevo a dizer que Alessandro Zanardi vai ser o campeão de 97 da F-CART, e com todos os méritos. E a categoria reúne-se novamente neste fim de semana, em Elkhart Lake. Novamente, Zanardi é o franco favorito para vencer a corrida, onde largou na pole em 96 e terminou na 4ª posição. Gil de Ferran aparece novamente como o piloto mais indicado para desafiar o poderio do italiano e de sua equipe. Se não houver percalços como o de Mid-Ohio ou os do ano passado, Gil poderá dar uma sobrevida ao campeonato, mas fico na dúvida se ele vai conseguir brecar o avanço de Zanardi, que tem o melhor equipamento da temporada.
            Como todo piloto que se preze, Gil diz que a disputa ainda está em aberto, e que tudo pode mudar. A declaração é correta, pois um piloto de fibra nunca deve admitir que a disputa já está encerrada antes do tempo, ainda mais em uma categoria tão equilibrada e competitiva como a F-CART, mas receio que a parada seja mesmo muito difícil de ser revertida, e que seja questão de tempo Zanardi faturar o título do campeonato de 97.


Por muito pouco o Grande Prêmio da Hungria de F-1 domingo passado não apresentou a maior zebra da história recente da categoria. Pilotando o seu Arrows/Yamaha, Damon Hill foi a grande estrela da corrida, dominando a prova totalmente desde o início, quando partiu para cima de Michael Schumacher e foi o único piloto a conseguir ultrapassar o piloto alemão em plena reta dos boxes. Hill só não venceu porque nas últimas voltas ficou sem câmbio e acelerador, deixando a vitória de presente para Jacques Villeneuve, da Williams. Hill mostrou uma performance digna de campeão, como se ainda estivesse guiando o carro da Williams. Foi o maior show da categoria desde a monumental vitória de Ayrton Senna no GP da Europa de 1993, em Donington Park. Só para ilustrar a performance de Hill, ele chegou a ter 35s de vantagem para o segundo colocado em determinado momento da corrida, que era justamente Villeneuve. Frank Williams viu seu piloto ficar com a vitória na Hungria, mas fico pensando o que teria acontecido com o velho contrutor se Hill tivesse vencido a prova ao volante do carro da Arrows, que no início do campeonato, em Melbourne, quase nem permitiu a seus pilotos alinharem no grid de largada.


Zaqueu Morioka assumiu a liderança do campeonato americano de F-Ford 2000 ao vencer a 10ª etapa do certame no fim de semana passado, em Mid-Ohio. Zaqueu venceu a corrida assumindo a liderança no finalzinho da prova, com uma ousada ultrapassagem sobre Matt Sielsky. Zaqueu Morioka agora lidera com 20 pontos de vantagem sobre Budy Rice, 2º colocado no campeonato. Faltando 2 etapas para encerrar a temporada, o brasileiro é o favorito para conquistar o título da categoria.


Pilotos brasileiros preparam-se para subir para as categorias principais do automobilismo mundial. Na Indy Lights, Tony Kanaan fará testes com o carro da Tasman após o encerramento do mundial da F-CART, com vistas a fazer uma possível dupla com André Ribeiro em 98 na equipe Tasman da F-CART. Enquanto isso, esta semana Ricardo Zonta começou uma série de testes com a Jordan no circuito de Silverstone. Os testes de Zonta, entretanto, não significam que o piloto brasileiro correrá pela equipe de Eddie Jordan na F-1. Mas é claro que, se Zonta mostrar do que é capaz, pode conseguir chegar lá mais rápido.


As coisas andam tão ruins na equipe Minardi de F-1 que chamar o carro da escuderia de “equipamento sem garantia” não é força de expressão. Tarso Marques admite que já não sabe mais o que pode quebrar a seguir em seu carro. Na Alemanha, o carro quebrou na hora do arranque da largada e Tarso abandonou a prova ali mesmo; já na Hungria, no treino livre de sábado, a suspensão traseira do carro do brasileiro quebrou em uma das curvas de alta do circuito e o piloto bateu forte contra o muro de proteção, ficando todo dolorido e até um pouco tonto, tanto que ele nem conseguiu andar direito na corrida, no dia seguinte. Até agora, Tarso não se machucou, mas vai saber o que pode acontecer na próxima quebra...


Novo possível rumo de Damon Hill para 98: ele fica na TWR-Arrows, se a equipe conseguir os motores Renault da Mecachrome. Na chefia dos projetos está John Barnard, e os pneus Bridgestone são excelentes. Já que aparentemente não falta dinheiro à equipe, não há desculpas para não arranjar o único item que falta, que é um motor possante, para o próximo Mundial. E a Mecachrome já avisa que pretende fornecer motores a no máximo 3 escuderias. A Williams já está garantida. A Benetton ainda não se decidiu. A TWR-Arrows pode ser a 3ª equipe...