sexta-feira, 10 de julho de 2015

ERROS E ACERTOS



Surpreendido na largada pelas Williams, Lewis Hamilton não se afobou e deu o troco no primeiro pit stop, assumindo a dianteira da corrida para não mais perdê-la.

            O Grande Prêmio da Inglaterra, disputado domingo passado em Silverstone, foi a melhor corrida da temporada de F-1 deste ano, e depois de seu desfecho, tornou-se um assunto debatido à exaustão por sites especializados, fóruns de internet e torcedores do mundo inteiro. A Williams errou na estratégia? Devia ter feito jogo de equipe? Massa teria como vencer a corrida? Estas foram algumas das perguntas mais debatidas por todo mundo, além de outras.
            A vitória, claro, ficou com Lewis Hamilton, que levou a torcida britânica ao delírio com mais uma vitória em seu país, lembrando os tempos em que Nigel Mansell incendiava os ânimos ingleses no mesmo GP nos anos 1980 e 1990. E a Mercedes, claro, fez nova dobradinha, com Sebastian Vettel salvando um pódio que parecia até improvável, dado o andamento nitidamente superior dos carros de Frank Williams na prova. E até a McLaren, mesmo com seu inferno astral persistente, conseguiu pontuar, desta vez com Alonso, saindo do zero finalmente em seu retorno ao time inglês.
            E ainda houve a chuva, que chegou a Silverstone na sua forma mais sutil e diabólica: de mansinho, molhando a pista devagar, e colocando a cabeça de todo mundo em parafuso para tentar descobrir o momento certo de parar. Nessa hora, a diferença entre errar e acertar é ínfima, e por vezes, mesmo com as decisões mais acuradas e bem feitas, a chance de dar tudo errado é imensamente grande. Se você acerta, ganha os méritos; se erra, lá vem as críticas. E não é de hoje que corridas com a presença de chuva são um tormento para pilotos, engenheiros, e principalmente, os estrategistas dos times.
            Mesmo que a Williams e Felipe Massa tivessem feito a troca dos pneus de seco para intermediários na mesma volta que Hamilton e Vettel, o pódio seria muito difícil de ser mantido pelo time de Frank Williams. Com déficit de downforce nas condições traiçoeiras que a chuva deixou o circuito inglês, muito provavelmente o brasileiro sucumbiria no duelo com Vettel pelo 3° lugar do pódio. O ritmo da Ferrari no molhado, e ainda a habilidade do tetracampeão, fariam a diferença, como fizeram no piso meio seco/meio molhado durante os momentos em que antecederam as trocas de pneus. Teria sido, claro, um duelo mais vistoso para o público, sem dúvida. Vettel abriu 11s para o piloto brasileiro na chegada, e se é verdade que quase toda essa diferença era a vantagem que Massa tinha para o alemão da Ferrari antes da chuva chegar, nada indica que Vettel não pudesse andar ainda mais rápido na chuva se necessitasse. Como já tinha o 3° lugar garantido, sem conseguir alcançar as Mercedes, quem pode dizer que a diferença aberta para Felipe era tudo o que ele podia render?
            Por outro lado, a decisão de trocar pneus na hora ainda mais errada tinha resultados catastróficos, como ficou demonstrado por Kimi Raikkonem, que parou cerca de 5 voltas antes da pista ficar efetivamente molhada, e com isso detonou seus pneus intermediários no asfalto ainda seco demais de Silverstone. Não era preciso nem esperar pela chuva chegar: seus tempos de volta logo após sair dos boxes com os pneus já eram mais lentos do que quem ainda mantinha os slicks. Quando a chuva veio de fato, seus pneus já eram, e quando parou de novo para um novo jogo, já não havia tempo para reagir.
            Nico Rosberg também poderia ter dado o pulo certeiro, mas também apostou em mais uma volta, certo de que abriria vantagem sobre Hamilton, de quem se aproximava rapidamente no piso levemente molhado. Mas aí a chuva despencou de vez, e como aconteceu com todos os que permaneceram na pista, deu adeus às chances de vitória, uma vez que Lewis não é o tipo de piloto que se intimida com a água. Decisões precisaram ser tomadas, e nem todas foram as corretas. Situações com a presença da chuva são ingratas: quando piloto e/ou time tomam as decisões certas, são louvados pela sua tomada decisão, agilidade, e inteligência; quando a coisa dá errado, chovem críticas e pauladas de todos os lados.
            Alguém lembra do Grande Prêmio da Europa de 1993, disputado em Donington Park? A corrida começou com uma chuva fraca, que permitiu a Ayrton Senna sair de seu 4° lugar no grid para a liderança antes mesmo de fechar a primeira volta, superando as então imbatíveis Williams de Alain Prost e Damon Hill. Pois o drama começou quando a chuva resolveu parar, a pista foi secando, todo mundo foi aos boxes trocar pneus. E depois a chuva voltou novamente, agora parando, e voltando. Pilotos e times ficaram malucos com tantas mudanças, e os boxes tiveram uma movimentação inédita até então, com todo mundo parando a todo momento. Ao fim, Senna venceu a corrida com 5 paradas nos boxes, e ainda teve uma passagem em que passou reto porque seu time, a McLaren, foi pego de surpresa pelo piloto, não estando preparada para recebê-lo. Damon Hill e Alain Prost, por sua vez, pararam 7 vezes, o que dá uma mostra de como tentar entender o clima naquela prova foi complicado. Senna, cuja precisão de pilotagem na chuva já era lendária, foi alçado aos céus com sua performance, enquanto sobravam as críticas e gozações para a Williams e seus pilotos.
            Hoje, claro, os tempos são outros. Naquela prova, os carros tiveram seus setups mudados para o clima de chuva que tinha para o início da corrida. Domingo, em Silverstone, os carros largaram com ajustes de pista seca, e quando a chuva veio, isso era algo que não dava para se modificar, somente os pneus. E nessa hora, a excelência dos chassis mais bem desenvolvidos de Mercedes e Ferrari mostraram sua superioridade sobre os FW37 da Williams, que mostraram um bom desenvolvimento nas últimas provas, mais ainda tem o que melhorar muito para poderem efetivamente duelar pela vitória.
Além de Lewis Hamilton parar nos momentos certos, a Mercedes ainda foi mais eficiente nos boxes que a Williams, gastando em média 1s a menos em cada parada durante a troca de pneus. E Hamilton não desperdiçou a vantagem...
            Mantido o piso seco, a Williams certamente garantiria o pódio. Se Felipe Massa seria 2° ou 3°, fica a dúvida. E Valtteri Bottas? Seria mesmo mais rápido a ponto de fazer melhor que o brasileiro, e até lutar pela vitória? Em primeiro lugar, ele perdeu pontos "pedindo" permissão ao time para ultrapassar Felipe. Piloto que quer mostrar do que é capaz não tem de pedir esse tipo de coisa, tem é de partir para cima na pista. A Williams, depois de também vacilar com a primeira resposta, deu a mais correta: Bottas poderia passar, desde que fizesse uma manobra limpa, ou seja, sem prejudicar nem ele nem Massa. Mas o finlandês não conseguiu cumprir a ameaça e tomar a posição do brasileiro. E se ele deveria/poderia segurar as Mercedes, andando mais lento, a fim de garantir maior dianteira de Massa para que o brasileiro tentasse vitória? Não creio. Muito provavelmente seria ultrapassado em pouco tempo, pois Hamilton não é piloto que ficaria esperando muito atrás de outro na pista, ainda mais se notasse que estaria sendo atrasado deliberadamente. Como as Williams andaram forte, surpreendendo a Mercedes, o mais lógico era ficar ali pertinho e dar o bote na hora do pit stop, o que de fato ocorreu, ameaça à qual a Williams deveria ter se antecipado. Sobre a maior "velocidade" de Bottas naquele início de corrida, ainda fico com o argumento do uso do DRS, que lhe conferia maior velocidade na reta nos dois trechos, algo que Massa não podia usar. E a pergunta fatal: se era assim mais veloz, porque não ultrapassou o brasileiro? Depois, ele ficaria ainda mais para trás, e perdeu com isso as chances de justificar sua solicitação.
            E ainda tem o comportamento dos pneus. A Williams conseguiria garantir que seus compostos durassem até o fim da corrida com a mesma eficiência que os da Mercedes? A maior estabilidade do modelo alemão certamente faria diferença na parte final, permitindo que Nico Rosberg certamente atacasse para assumir a posição de Massa e Botas, ambas ou não. A chuva apenas tornou a possibilidade uma realidade concreta. Mas, mesmo assim, o time inglês precisa ser mais audacioso e inteligente na pista. Mesmo que o resultado fosse o mesmo, pelo menos teria a satisfação moral de ter feito tudo o que podia. Como não fez, cometendo poucos, mas decisivos erros, ficará sempre a imagem de que poderia ter tido melhor resultado se não tivesse errado.
            E na F-1, onde detalhes são cruciais, erros e acertos muitas vezes estão muito próximos, mas ainda assim, podem mudar completamente o panorama de tudo. Agora, é torcer para que fique a lição, e que saibam aplicá-la no próximo embate na pista.


Depois de uma pausa de duas semanas, a Indy Racing League volta à pista neste final de semana, com a prova no pequeno oval de Milwaukee. O circuito, localizado no Wisconsin State Fair Park, em Milwaukee, é considerado o oval mais antigo do mundo, e uma das menores pistas do campeonato atual, que tem o colombiano Juan Pablo Montoya, da Penske, na liderança do campeonato. Com esta etapa, restarão 5 provas para o final da competição, e a tendência é os postulantes ao título começarem a mostrar maior disputa para reafirmarem suas forças. Montoya segue com 46 pontos de vantagem para Will Power, que foi o vencedor desta etapa no ano passado, e promete engrossar a disputa nesta reta final. Para os brasileiros, a etapa no pequeno oval só traz boas lembranças para Tony Kanaan, que venceu esta corrida em 2006 e 2007, quando ainda corria pelo time de Michael Andretti. Já Hélio Castro Neves nunca conseguiu vencer nesta corrida desde que estreou na Penske, no ano 2000. Aliás, pelos campeonatos da F-Indy original e da IRL, Kanaan foi o único brasileiro a vencer em West Allis. Dos pilotos do grid atual, o maior vencedor é Ryan Hunter-Reay, com 3 vitórias, obtidas em 2004, 2012, e 2013. A prova será disputada em 250 voltas, e terá transmissão ao vivo apenas pelo canal pago Bandsports no domingo.


A direção da Indycar prenuncia que o calendário do próximo ano poderá ser mais extenso e contar com um número maior de etapas. O atual formato, com início em março e fim em agosto, deixa a competição muito apertada, com muitas corridas em finais de semana consecutivos. Quando tínhamos a F-Indy original, o campeonato começava em março, e chegava até novembro, e chegou a ter 22 provas por ano. Mark Milles, dirigente da Indycar, entidade que comanda a categoria, acena com um campeonato "mais longo" em 2016, mas o que deixa muitos fãs mais esperançosos é a inclusão de algumas novas e antigas pistas. Phoenix, no Arizona, é um circuito oval que poderia retornar ao calendário, que atualmente integra a competição da Nascar como seu principal evento anual. Mas a cereja do bolo seria a estréia do circuito de Elkhart Lake, em Road America, no calendário da categoria. A pista, com 6,5 Km de extensão, era o circuito misto favorito dos pilotos quando integrava o calendário da F-Indy original, e teve sua última prova realizada em 2007, com vitória de Sébastien Bourdais, que competia pela Newmann-Hass na época. Para os brasileiros, foi uma pista onde puderam mostrar sua capacidade, com vitórias de Émerson Fittipaldi (1986, 1988, 1992), Christian Fittipaldi (1999), Bruno Junqueira (2001 e 2003), e Cristiano da Mata (2002). Era o circuito de maior extensão da temporada, e sempre foi considerado a versão americana da pista de Spa-Francorchamps, não apenas pela sua grande extensão, mas pelo belo visual de floresta que circunda boa parte da pista. Seria realmente muito bom sua entrada no calendário da competição. Que a direção da Indycar consiga chegar a um acordo que permita que a pista seja palco novamente de uma corrida Indy em 2016...


A MotoGP inicia hoje os treinos oficiais para o Grande Prêmio da Alemanha, no circuito de Sachsenring, em Chemnitz. A pista tem 13 curvas, com 3,7 Km de extensão, e a corrida terá 30 voltas, com um percurso total de 110,1 Km. Valentino Rossi, depois da espetacular vitória em Assen, na Holanda, chegou à pista germânica com a moral em alta e a liderança do campeonato, mas sabe que não poderá se descuidar. Marc Márquez, atual bicampeão da categoria, voltou a mostrar a boa forma, e travou um duelo acirradíssimo com o italiano pela vitória na prova holandesa, e tem tudo para vir novamente forte neste final de semana. Não é por estar 74 pontos atrás de Rossi que Marc vai deixar de dar tudo de si na competição, e apesar da grande vantagem tanto de Rossi quanto de Jorge Lorenzo, segundo colocado, basta um fim de semana infeliz para qualquer um dos dois que tudo pode voltar a ficar embolado na classificação. E, no que depender de Márquez, a parada vai ser dura como sempre. Basta que ele não torne a cair da moto por seu conhecido excesso de agressividade nas disputas, como veio ocorrendo em várias etapas da atual temporada...


A equipe Gresini/Aprilia terá mudanças em sua composição na MotoGP a partir deste fim de semana. O italiano Marco Melandri deixou o time, e será substituído pelo norte-irlandês Michael Laverty, atual piloto de testes da marca. Melandri disputou as etapas iniciais do campeonato da MotoGP até a Holanda, mas estava descontente com a posição da Aprilia, a quem defendia no Mundial de Superbikes, onde estava competindo. E os resultados de Melandri no campeonato até agora foram pífios, largando sempre entre os últimos colocados e sem ter conseguido pontuar em nenhuma corrida. Álvaro Bautista, o outro piloto do time, já tem 11 pontos no campeonato, resultado não muito animador, já que a temporada toda da Aprilia, em parceria com a equipe Gresini, seria para desenvolver o novo modelo de competição, com vistas ao Mundial de 2016.

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