Surpreendido na largada pelas Williams, Lewis Hamilton não se afobou e deu o troco no primeiro pit stop, assumindo a dianteira da corrida para não mais perdê-la. |
O Grande Prêmio da Inglaterra,
disputado domingo passado em Silverstone, foi a melhor corrida da temporada de
F-1 deste ano, e depois de seu desfecho, tornou-se um assunto debatido à exaustão
por sites especializados, fóruns de internet e torcedores do mundo inteiro. A
Williams errou na estratégia? Devia ter feito jogo de equipe? Massa teria como
vencer a corrida? Estas foram algumas das perguntas mais debatidas por todo
mundo, além de outras.
A vitória, claro,
ficou com Lewis Hamilton, que levou a torcida britânica ao delírio com mais uma
vitória em seu país, lembrando os tempos em que Nigel Mansell incendiava os ânimos
ingleses no mesmo GP nos anos 1980 e 1990. E a Mercedes, claro, fez nova
dobradinha, com Sebastian Vettel salvando um pódio que parecia até improvável,
dado o andamento nitidamente superior dos carros de Frank Williams na prova. E
até a McLaren, mesmo com seu inferno astral persistente, conseguiu pontuar,
desta vez com Alonso, saindo do zero finalmente em seu retorno ao time inglês.
E ainda houve a chuva,
que chegou a Silverstone na sua forma mais sutil e diabólica: de mansinho,
molhando a pista devagar, e colocando a cabeça de todo mundo em parafuso para
tentar descobrir o momento certo de parar. Nessa hora, a diferença entre errar
e acertar é ínfima, e por vezes, mesmo com as decisões mais acuradas e bem
feitas, a chance de dar tudo errado é imensamente grande. Se você acerta, ganha
os méritos; se erra, lá vem as críticas. E não é de hoje que corridas com a
presença de chuva são um tormento para pilotos, engenheiros, e principalmente,
os estrategistas dos times.
Mesmo que a Williams e
Felipe Massa tivessem feito a troca dos pneus de seco para intermediários na
mesma volta que Hamilton e Vettel, o pódio seria muito difícil de ser mantido
pelo time de Frank Williams. Com déficit de downforce nas condições traiçoeiras
que a chuva deixou o circuito inglês, muito provavelmente o brasileiro
sucumbiria no duelo com Vettel pelo 3° lugar do pódio. O ritmo da Ferrari no
molhado, e ainda a habilidade do tetracampeão, fariam a diferença, como fizeram
no piso meio seco/meio molhado durante os momentos em que antecederam as trocas
de pneus. Teria sido, claro, um duelo mais vistoso para o público, sem dúvida. Vettel
abriu 11s para o piloto brasileiro na chegada, e se é verdade que quase toda
essa diferença era a vantagem que Massa tinha para o alemão da Ferrari antes da
chuva chegar, nada indica que Vettel não pudesse andar ainda mais rápido na
chuva se necessitasse. Como já tinha o 3° lugar garantido, sem conseguir
alcançar as Mercedes, quem pode dizer que a diferença aberta para Felipe era
tudo o que ele podia render?
Por outro lado, a
decisão de trocar pneus na hora ainda mais errada tinha resultados catastróficos,
como ficou demonstrado por Kimi Raikkonem, que parou cerca de 5 voltas antes da
pista ficar efetivamente molhada, e com isso detonou seus pneus intermediários
no asfalto ainda seco demais de Silverstone. Não era preciso nem esperar pela
chuva chegar: seus tempos de volta logo após sair dos boxes com os pneus já
eram mais lentos do que quem ainda mantinha os slicks. Quando a chuva veio de
fato, seus pneus já eram, e quando parou de novo para um novo jogo, já não
havia tempo para reagir.
Nico Rosberg também
poderia ter dado o pulo certeiro, mas também apostou em mais uma volta, certo
de que abriria vantagem sobre Hamilton, de quem se aproximava rapidamente no
piso levemente molhado. Mas aí a chuva despencou de vez, e como aconteceu com
todos os que permaneceram na pista, deu adeus às chances de vitória, uma vez
que Lewis não é o tipo de piloto que se intimida com a água. Decisões
precisaram ser tomadas, e nem todas foram as corretas. Situações com a presença
da chuva são ingratas: quando piloto e/ou time tomam as decisões certas, são
louvados pela sua tomada decisão, agilidade, e inteligência; quando a coisa dá
errado, chovem críticas e pauladas de todos os lados.
Alguém lembra do
Grande Prêmio da Europa de 1993, disputado em Donington Park? A corrida começou
com uma chuva fraca, que permitiu a Ayrton Senna sair de seu 4° lugar no grid
para a liderança antes mesmo de fechar a primeira volta, superando as então
imbatíveis Williams de Alain Prost e Damon Hill. Pois o drama começou quando a
chuva resolveu parar, a pista foi secando, todo mundo foi aos boxes trocar
pneus. E depois a chuva voltou novamente, agora parando, e voltando. Pilotos e
times ficaram malucos com tantas mudanças, e os boxes tiveram uma movimentação
inédita até então, com todo mundo parando a todo momento. Ao fim, Senna venceu
a corrida com 5 paradas nos boxes, e ainda teve uma passagem em que passou reto
porque seu time, a McLaren, foi pego de surpresa pelo piloto, não estando preparada
para recebê-lo. Damon Hill e Alain Prost, por sua vez, pararam 7 vezes, o que dá
uma mostra de como tentar entender o clima naquela prova foi complicado. Senna,
cuja precisão de pilotagem na chuva já era lendária, foi alçado aos céus com
sua performance, enquanto sobravam as críticas e gozações para a Williams e
seus pilotos.
Hoje, claro, os tempos
são outros. Naquela prova, os carros tiveram seus setups mudados para o clima
de chuva que tinha para o início da corrida. Domingo, em Silverstone, os carros
largaram com ajustes de pista seca, e quando a chuva veio, isso era algo que não
dava para se modificar, somente os pneus. E nessa hora, a excelência dos
chassis mais bem desenvolvidos de Mercedes e Ferrari mostraram sua
superioridade sobre os FW37 da Williams, que mostraram um bom desenvolvimento
nas últimas provas, mais ainda tem o que melhorar muito para poderem
efetivamente duelar pela vitória.
Mantido o piso seco, a
Williams certamente garantiria o pódio. Se Felipe Massa seria 2° ou 3°, fica a
dúvida. E Valtteri Bottas? Seria mesmo mais rápido a ponto de fazer melhor que
o brasileiro, e até lutar pela vitória? Em primeiro lugar, ele perdeu pontos
"pedindo" permissão ao time para ultrapassar Felipe. Piloto que quer
mostrar do que é capaz não tem de pedir esse tipo de coisa, tem é de partir
para cima na pista. A Williams, depois de também vacilar com a primeira
resposta, deu a mais correta: Bottas poderia passar, desde que fizesse uma
manobra limpa, ou seja, sem prejudicar nem ele nem Massa. Mas o finlandês não
conseguiu cumprir a ameaça e tomar a posição do brasileiro. E se ele deveria/poderia
segurar as Mercedes, andando mais lento, a fim de garantir maior dianteira de
Massa para que o brasileiro tentasse vitória? Não creio. Muito provavelmente
seria ultrapassado em pouco tempo, pois Hamilton não é piloto que ficaria
esperando muito atrás de outro na pista, ainda mais se notasse que estaria
sendo atrasado deliberadamente. Como as Williams andaram forte, surpreendendo a
Mercedes, o mais lógico era ficar ali pertinho e dar o bote na hora do pit
stop, o que de fato ocorreu, ameaça à qual a Williams deveria ter se
antecipado. Sobre a maior "velocidade" de Bottas naquele início de
corrida, ainda fico com o argumento do uso do DRS, que lhe conferia maior
velocidade na reta nos dois trechos, algo que Massa não podia usar. E a
pergunta fatal: se era assim mais veloz, porque não ultrapassou o brasileiro? Depois,
ele ficaria ainda mais para trás, e perdeu com isso as chances de justificar
sua solicitação.
E ainda tem o
comportamento dos pneus. A Williams conseguiria garantir que seus compostos
durassem até o fim da corrida com a mesma eficiência que os da Mercedes? A
maior estabilidade do modelo alemão certamente faria diferença na parte final,
permitindo que Nico Rosberg certamente atacasse para assumir a posição de Massa
e Botas, ambas ou não. A chuva apenas tornou a possibilidade uma realidade
concreta. Mas, mesmo assim, o time inglês precisa ser mais audacioso e
inteligente na pista. Mesmo que o resultado fosse o mesmo, pelo menos teria a
satisfação moral de ter feito tudo o que podia. Como não fez, cometendo poucos,
mas decisivos erros, ficará sempre a imagem de que poderia ter tido melhor
resultado se não tivesse errado.
E na F-1, onde
detalhes são cruciais, erros e acertos muitas vezes estão muito próximos, mas
ainda assim, podem mudar completamente o panorama de tudo. Agora, é torcer para
que fique a lição, e que saibam aplicá-la no próximo embate na pista.
Depois de uma pausa de duas
semanas, a Indy Racing League volta à pista neste final de semana, com a prova
no pequeno oval de Milwaukee. O circuito, localizado no Wisconsin State Fair
Park, em Milwaukee, é considerado o oval mais antigo do mundo, e uma das menores
pistas do campeonato atual, que tem o colombiano Juan Pablo Montoya, da Penske,
na liderança do campeonato. Com esta etapa, restarão 5 provas para o final da
competição, e a tendência é os postulantes ao título começarem a mostrar maior
disputa para reafirmarem suas forças. Montoya segue com 46 pontos de vantagem
para Will Power, que foi o vencedor desta etapa no ano passado, e promete
engrossar a disputa nesta reta final. Para os brasileiros, a etapa no pequeno
oval só traz boas lembranças para Tony Kanaan, que venceu esta corrida em 2006
e 2007, quando ainda corria pelo time de Michael Andretti. Já Hélio Castro
Neves nunca conseguiu vencer nesta corrida desde que estreou na Penske, no ano
2000. Aliás, pelos campeonatos da F-Indy original e da IRL, Kanaan foi o único
brasileiro a vencer em West Allis. Dos pilotos do grid atual, o maior vencedor
é Ryan Hunter-Reay, com 3 vitórias, obtidas em 2004, 2012, e 2013. A prova será
disputada em 250 voltas, e terá transmissão ao vivo apenas pelo canal pago
Bandsports no domingo.
A direção da Indycar prenuncia
que o calendário do próximo ano poderá ser mais extenso e contar com um número
maior de etapas. O atual formato, com início em março e fim em agosto, deixa a
competição muito apertada, com muitas corridas em finais de semana
consecutivos. Quando tínhamos a F-Indy original, o campeonato começava em
março, e chegava até novembro, e chegou a ter 22 provas por ano. Mark Milles,
dirigente da Indycar, entidade que comanda a categoria, acena com um campeonato
"mais longo" em 2016, mas o que deixa muitos fãs mais esperançosos é
a inclusão de algumas novas e antigas pistas. Phoenix, no Arizona, é um
circuito oval que poderia retornar ao calendário, que atualmente integra a
competição da Nascar como seu principal evento anual. Mas a cereja do bolo
seria a estréia do circuito de Elkhart Lake, em Road America, no calendário da
categoria. A pista, com 6,5
Km de extensão, era o circuito misto favorito dos
pilotos quando integrava o calendário da F-Indy original, e teve sua última
prova realizada em 2007, com vitória de Sébastien Bourdais, que competia pela
Newmann-Hass na época. Para os brasileiros, foi uma pista onde puderam mostrar
sua capacidade, com vitórias de Émerson Fittipaldi (1986, 1988, 1992),
Christian Fittipaldi (1999), Bruno Junqueira (2001 e 2003), e Cristiano da Mata
(2002). Era o circuito de maior extensão da temporada, e sempre foi considerado
a versão americana da pista de Spa-Francorchamps, não apenas pela sua grande
extensão, mas pelo belo visual de floresta que circunda boa parte da pista.
Seria realmente muito bom sua entrada no calendário da competição. Que a
direção da Indycar consiga chegar a um acordo que permita que a pista seja
palco novamente de uma corrida Indy em 2016...
A MotoGP inicia hoje os treinos
oficiais para o Grande Prêmio da Alemanha, no circuito de Sachsenring, em Chemnitz.
A pista tem 13 curvas, com 3,7
Km de extensão, e a corrida terá 30 voltas, com um
percurso total de 110,1 Km.
Valentino Rossi, depois da espetacular vitória em Assen, na Holanda, chegou à
pista germânica com a moral em alta e a liderança do campeonato, mas sabe que
não poderá se descuidar. Marc Márquez, atual bicampeão da categoria, voltou a
mostrar a boa forma, e travou um duelo acirradíssimo com o italiano pela
vitória na prova holandesa, e tem tudo para vir novamente forte neste final de
semana. Não é por estar 74 pontos atrás de Rossi que Marc vai deixar de dar
tudo de si na competição, e apesar da grande vantagem tanto de Rossi quanto de
Jorge Lorenzo, segundo colocado, basta um fim de semana infeliz para qualquer
um dos dois que tudo pode voltar a ficar embolado na classificação. E, no que
depender de Márquez, a parada vai ser dura como sempre. Basta que ele não torne
a cair da moto por seu conhecido excesso de agressividade nas disputas, como
veio ocorrendo em várias etapas da atual temporada...
A equipe Gresini/Aprilia terá
mudanças em sua composição na MotoGP a partir deste fim de semana. O italiano
Marco Melandri deixou o time, e será substituído pelo norte-irlandês Michael
Laverty, atual piloto de testes da marca. Melandri disputou as etapas iniciais
do campeonato da MotoGP até a Holanda, mas estava descontente com a posição da
Aprilia, a quem defendia no Mundial de Superbikes, onde estava competindo. E os
resultados de Melandri no campeonato até agora foram pífios, largando sempre
entre os últimos colocados e sem ter conseguido pontuar em nenhuma corrida.
Álvaro Bautista, o outro piloto do time, já tem 11 pontos no campeonato,
resultado não muito animador, já que a temporada toda da Aprilia, em parceria
com a equipe Gresini, seria para desenvolver o novo modelo de competição, com
vistas ao Mundial de 2016.
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