Hoje
volto a trazer mais um antigo texto, desta vez lançado em 02 de maio de 1997, e
o assunto era a entrada de mais um membro no clube dos pilotos bicentenários da
Fórmula 1, que até aquele tempo, era bem restrita. O piloto em questão era
Gerhard Berger, que atingiu na prova de San Marino daquele ano a marca de 200
GPs disputados na categoria. O piloto austríaco faria em 1997 sua última
temporada na F-1, e as corridas seguintes seriam extremamente desgastantes para
o piloto, que passou por problemas familiares e de saúde. Outro complicador
para sua temporada era o fato de Flavio Briatore estar louco para rifar ambos
os pilotos da Benetton, insatisfeito com os resultados obtidos por Gerhard e
por Jean Alesi, esquecendo-se do fato de os carros da escuderia não serem tão
bons quanto nas temporadas de 1994 e 1995, quando o time foi campeão com
Michael Schumacher. Ao vencer pela última vez no GP da Alemanha daquele ano,
Briatore até tentou contemporizar com Berger, mas as críticas que o dirigente
lançara antes não foram esquecidas, e ao fim do ano, Gerhard deu por encerrada
sua carreira de piloto de F-1. Acumulou um total de 210 GPs disputados, com 386
pontos conquistados desde sua estréia em 1984, com 48 pódios e 10 vitórias no
total. Fiquem agora com o texto, e boa leitura...
BERGER AOS 200
O
resultado do último Grande Prêmio de San Marino não foi exatamente o que
Gerhard Berger esperava conseguir da corrida. Largando a meio do grid, o piloto
austríaco caiu para a 19ª posição e, após uma rodada na curva Acque Minerale na
4ª volta, praticamente deu adeus à corrida. Uma prova que Berger tinha boas
razões para se manter motivado e otimista: afinal, era o seu 200º Grande Prêmio
da carreira na F-1 do piloto austríaco.
Berger
acaba de em entrar para o seleto grupo de pilotos bicentenários da Fórmula 1,
ou seja, aqueles que já participaram de mais de 200 GPs. Apenas 3 pilotos,
antes de Gerhard, ultrapassaram esta marca. Riccardo Patrese é o recordista de
participações na F-1 com 256 largadas na categoria. Logo atrás de Patrese,
outro piloto italiano, Andrea de Cesaris, com 208 GPs nas costas, e a fama de
maior destruidor de carros que a categoria já viu. O terceiro colocado no
ranking de corridas disputadas é o nome de maior prestígio da lista: Nélson
Piquet, que com 204 GPs corridos, foi tricampeão mundial, obtendo um total de
23 vitórias e 24 pole-positions na F-1. Alain Prost por pouco não entrou neste
grupo bicentenário: o tetracampeão francês abandonou as pistas no fim de 1993,
após 199 provas de F-1 no currículo.
Gerhard
Berger até o fim do ano deverá ocupar o segundo lugar no ranking de
participações de GPs da F-1. Com 601 provas disputadas pela categoria desde
1950, o piloto austríaco praticamente largou em um terço de todas as corridas
da categoria realizadas até hoje. E Berger garante ter disposição e garra para
continuar por ainda várias outras temporadas, sem falar que pretende igualar o
número de participações em GPs de Riccardo Patrese. Para isso, Berger precisa
participar de pelo menos mais 3 temporadas completas, fora a deste ano. O que
incomoda é o fato de ter provavelmente de procurar outro time para competir em
1998. Flavio Briatore, diretor da Benetton, não esconde um certo
descontentamento com os atuais pilotos do time. Berger vinha tendo um bom
desempenho nas últimas provas, mas sua situação para 1998 não está garantida.
Isso
é uma pena. Pode-se dizer que hoje, atualmente, Gerhard Berger é o último
representante da geração de pilotos dos anos 1980. Gerhard estreou na F-1 em
1984 na modesta equipe ATS. Coincidentemente, o primeiro GP de Berger na F-1
foi justamente em seu país, a Áustria, disputado no circuito de Zeltweg. Berger
largou em 20º na sua corrida de estréia, terminando a prova na 12ª colocação.
Ainda em 1984, ele marcaria o seu primeiro ponto, com um 6º lugar em Monza,
durante o GP da Itália, mas por irregularidades no seu carro da ATS o seu ponto
foi cassado. Apenas em 1985, agora competindo pela Arrows/BMW, Gerhard marcou
seus primeiros pontos válidos, terminando o mundial daquele ano com apenas 3 conquistados.
Depois
de uma temporada pela Arrows, Berger entrou para a equipe Benetton,
recém-criada em 1986 a partir da antiga Toleman. Ainda naquele ano, ele obteria
sua 1ª vitória, no Grande Prêmio do México. Em 1987, Berger mudou-se para a
Ferrari, já sendo apontado então como legítimo sucessor de Niki Lauda, outro
piloto austríaco que brilhou na escuderia de Maranello. E Gerhard fez juz às
expectativas, colaborando no ressurgimento da Ferrari, que vinha de um jejum de
vitórias desde meados de 1985. Marcou sua primeira pole no GP de Portugal, e
venceu as provas do Japão e da Austrália, terminando o ano em alta.
A
temporada de 1988 foi marcada pelo domínio da equipe McLaren/Honda, mas mesmo
assim Berger se sobressaiu, marcando 1 pole e vencendo uma corrida, justamente
o GP da Itália. Já em 1989, o austríaco sofreu um violento acidente na curva
Tamburello, em Ímola. Sua Ferrari se incendiou e ele felizmente foi socorrido a
tempo, com ferimentos leves, apenas um pouco mais graves nas mãos. Ele retornou
logo, se ausentando apenas de uma corrida, e no GP de Portugal daquele ano
voltaria a vencer novamente.
De
1990 a 1992, Berger correu na McLaren, e enfrentou uma fase de baixo astral na
sua carreira, ficando na sombra de seu companheiro de equipe, Ayrton Senna. Em
1993, retornou à Ferrari, de onde mais uma vez tirou a escuderia vermelha de
seu mais longo jejum de vitórias, vencendo em Hockenhein, depois de mais de 4
anos sem uma vitória do time de Maranello. Ano passado transferiu-se para a
Benetton, seu atual time. Até agora Berger acumula em seus 200 GPs de carreira
disputados na F-1 um total de 368 pontos, 9 vitórias, 11 poles e 21 melhores
voltas.
E
mais: numa época em que os pilotos da categoria são marcados pela falta de
carisma, Berger sem dúvida ainda mantém toda a sua cordialidade e carisma. Isso
sem falar que sempre foi um piloto de ponta. Falta-lhe o essencial para brilhar
ainda mais na categoria, um pouco de sorte. Não foram poucas as ocasiões em que
abandonou corridas em posições entre os primeiros colocados devido a quebras em
seu carro.
Parabéns
pelos 200 GPs, Gerhard. E que continue firme para que possamos comemorar, daqui
a algum tempo, o seu 250º GP...
No último fim de semana, com a realização das 225 Milhas de Nazareth,
conseguiu-se quebrar dois jejuns que já estavam ficando meio incômodos para
seus detentores: a equipe Penske, depois de 20 corridas sem vencer (a última
vitória havia sido obtida por Al Unser Jr. no GP de Vancouver de 1995)
finalmente retornou ao degrau mais alto do pódio, com a vitória quase de ponta
a ponta de Paul Tracy. Para o piloto canadense, entretanto, o jejum de vitórias
era ainda maior: 29 corridas, desde o seu triunfo nas 200 Milhas de Milwaukee
de 1995, quando corria pela equipe Newmann-Hass..
Pela segunda corrida consecutiva da Indy Lights, os americanos
amargaram ver um brasileiro no topo do pódio. Em Long Beach foi Hélio
Castro Neves; agora em Nazareth foi a vez de Cristiano da Matta. A concorrência
que se prepare: ambos os pilotos garantem que só começaram a esquentar seus
motores...
A Benetton parece dar indícios de seguir os passos da Williams para
1998 em relação aos seus motores Renault, ou seja, pagar cerca de US$ 16
milhões à Mecachrome para continuar utilizando os Renault, agora no regime de
desenvolvimento autônomo. A hipótese de fornecimento dos Honda agora parece ser
a opção da TWR-Arrows para 1998.
Falando na equipe de Tom Walkinshaw, a perspectiva é de que as coisas
comecem a melhorar a partir de GP da Espanha, quando o time estreará a versão
97 do motor Yamaha V-10. Até agora, a escuderia vem competindo com o motor de
1996, com adaptações, o que tem comprometido sua potência e durabilidade. O
novo motor deve sanar estes problemas. Só que os percalços da escuderia não se
encontram apenas no motor do carro...
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