quarta-feira, 22 de abril de 2015

ARQUIVO PISTA & BOX - MAIO DE 1997 - 02.05.1997



            Hoje volto a trazer mais um antigo texto, desta vez lançado em 02 de maio de 1997, e o assunto era a entrada de mais um membro no clube dos pilotos bicentenários da Fórmula 1, que até aquele tempo, era bem restrita. O piloto em questão era Gerhard Berger, que atingiu na prova de San Marino daquele ano a marca de 200 GPs disputados na categoria. O piloto austríaco faria em 1997 sua última temporada na F-1, e as corridas seguintes seriam extremamente desgastantes para o piloto, que passou por problemas familiares e de saúde. Outro complicador para sua temporada era o fato de Flavio Briatore estar louco para rifar ambos os pilotos da Benetton, insatisfeito com os resultados obtidos por Gerhard e por Jean Alesi, esquecendo-se do fato de os carros da escuderia não serem tão bons quanto nas temporadas de 1994 e 1995, quando o time foi campeão com Michael Schumacher. Ao vencer pela última vez no GP da Alemanha daquele ano, Briatore até tentou contemporizar com Berger, mas as críticas que o dirigente lançara antes não foram esquecidas, e ao fim do ano, Gerhard deu por encerrada sua carreira de piloto de F-1. Acumulou um total de 210 GPs disputados, com 386 pontos conquistados desde sua estréia em 1984, com 48 pódios e 10 vitórias no total. Fiquem agora com o texto, e boa leitura...


BERGER AOS 200

            O resultado do último Grande Prêmio de San Marino não foi exatamente o que Gerhard Berger esperava conseguir da corrida. Largando a meio do grid, o piloto austríaco caiu para a 19ª posição e, após uma rodada na curva Acque Minerale na 4ª volta, praticamente deu adeus à corrida. Uma prova que Berger tinha boas razões para se manter motivado e otimista: afinal, era o seu 200º Grande Prêmio da carreira na F-1 do piloto austríaco.
            Berger acaba de em entrar para o seleto grupo de pilotos bicentenários da Fórmula 1, ou seja, aqueles que já participaram de mais de 200 GPs. Apenas 3 pilotos, antes de Gerhard, ultrapassaram esta marca. Riccardo Patrese é o recordista de participações na F-1 com 256 largadas na categoria. Logo atrás de Patrese, outro piloto italiano, Andrea de Cesaris, com 208 GPs nas costas, e a fama de maior destruidor de carros que a categoria já viu. O terceiro colocado no ranking de corridas disputadas é o nome de maior prestígio da lista: Nélson Piquet, que com 204 GPs corridos, foi tricampeão mundial, obtendo um total de 23 vitórias e 24 pole-positions na F-1. Alain Prost por pouco não entrou neste grupo bicentenário: o tetracampeão francês abandonou as pistas no fim de 1993, após 199 provas de F-1 no currículo.
            Gerhard Berger até o fim do ano deverá ocupar o segundo lugar no ranking de participações de GPs da F-1. Com 601 provas disputadas pela categoria desde 1950, o piloto austríaco praticamente largou em um terço de todas as corridas da categoria realizadas até hoje. E Berger garante ter disposição e garra para continuar por ainda várias outras temporadas, sem falar que pretende igualar o número de participações em GPs de Riccardo Patrese. Para isso, Berger precisa participar de pelo menos mais 3 temporadas completas, fora a deste ano. O que incomoda é o fato de ter provavelmente de procurar outro time para competir em 1998. Flavio Briatore, diretor da Benetton, não esconde um certo descontentamento com os atuais pilotos do time. Berger vinha tendo um bom desempenho nas últimas provas, mas sua situação para 1998 não está garantida.
            Isso é uma pena. Pode-se dizer que hoje, atualmente, Gerhard Berger é o último representante da geração de pilotos dos anos 1980. Gerhard estreou na F-1 em 1984 na modesta equipe ATS. Coincidentemente, o primeiro GP de Berger na F-1 foi justamente em seu país, a Áustria, disputado no circuito de Zeltweg. Berger largou em 20º na sua corrida de estréia, terminando a prova na 12ª colocação. Ainda em 1984, ele marcaria o seu primeiro ponto, com um 6º lugar em Monza, durante o GP da Itália, mas por irregularidades no seu carro da ATS o seu ponto foi cassado. Apenas em 1985, agora competindo pela Arrows/BMW, Gerhard marcou seus primeiros pontos válidos, terminando o mundial daquele ano com apenas 3 conquistados.
            Depois de uma temporada pela Arrows, Berger entrou para a equipe Benetton, recém-criada em 1986 a partir da antiga Toleman. Ainda naquele ano, ele obteria sua 1ª vitória, no Grande Prêmio do México. Em 1987, Berger mudou-se para a Ferrari, já sendo apontado então como legítimo sucessor de Niki Lauda, outro piloto austríaco que brilhou na escuderia de Maranello. E Gerhard fez juz às expectativas, colaborando no ressurgimento da Ferrari, que vinha de um jejum de vitórias desde meados de 1985. Marcou sua primeira pole no GP de Portugal, e venceu as provas do Japão e da Austrália, terminando o ano em alta.
            A temporada de 1988 foi marcada pelo domínio da equipe McLaren/Honda, mas mesmo assim Berger se sobressaiu, marcando 1 pole e vencendo uma corrida, justamente o GP da Itália. Já em 1989, o austríaco sofreu um violento acidente na curva Tamburello, em Ímola. Sua Ferrari se incendiou e ele felizmente foi socorrido a tempo, com ferimentos leves, apenas um pouco mais graves nas mãos. Ele retornou logo, se ausentando apenas de uma corrida, e no GP de Portugal daquele ano voltaria a vencer novamente.
            De 1990 a 1992, Berger correu na McLaren, e enfrentou uma fase de baixo astral na sua carreira, ficando na sombra de seu companheiro de equipe, Ayrton Senna. Em 1993, retornou à Ferrari, de onde mais uma vez tirou a escuderia vermelha de seu mais longo jejum de vitórias, vencendo em Hockenhein, depois de mais de 4 anos sem uma vitória do time de Maranello. Ano passado transferiu-se para a Benetton, seu atual time. Até agora Berger acumula em seus 200 GPs de carreira disputados na F-1 um total de 368 pontos, 9 vitórias, 11 poles e 21 melhores voltas.
            E mais: numa época em que os pilotos da categoria são marcados pela falta de carisma, Berger sem dúvida ainda mantém toda a sua cordialidade e carisma. Isso sem falar que sempre foi um piloto de ponta. Falta-lhe o essencial para brilhar ainda mais na categoria, um pouco de sorte. Não foram poucas as ocasiões em que abandonou corridas em posições entre os primeiros colocados devido a quebras em seu carro.
            Parabéns pelos 200 GPs, Gerhard. E que continue firme para que possamos comemorar, daqui a algum tempo, o seu 250º GP...


No último fim de semana, com a realização das 225 Milhas de Nazareth, conseguiu-se quebrar dois jejuns que já estavam ficando meio incômodos para seus detentores: a equipe Penske, depois de 20 corridas sem vencer (a última vitória havia sido obtida por Al Unser Jr. no GP de Vancouver de 1995) finalmente retornou ao degrau mais alto do pódio, com a vitória quase de ponta a ponta de Paul Tracy. Para o piloto canadense, entretanto, o jejum de vitórias era ainda maior: 29 corridas, desde o seu triunfo nas 200 Milhas de Milwaukee de 1995, quando corria pela equipe Newmann-Hass..


Pela segunda corrida consecutiva da Indy Lights, os americanos amargaram ver um brasileiro no topo do pódio. Em Long Beach foi Hélio Castro Neves; agora em Nazareth foi a vez de Cristiano da Matta. A concorrência que se prepare: ambos os pilotos garantem que só começaram a esquentar seus motores...


A Benetton parece dar indícios de seguir os passos da Williams para 1998 em relação aos seus motores Renault, ou seja, pagar cerca de US$ 16 milhões à Mecachrome para continuar utilizando os Renault, agora no regime de desenvolvimento autônomo. A hipótese de fornecimento dos Honda agora parece ser a opção da TWR-Arrows para 1998.


Falando na equipe de Tom Walkinshaw, a perspectiva é de que as coisas comecem a melhorar a partir de GP da Espanha, quando o time estreará a versão 97 do motor Yamaha V-10. Até agora, a escuderia vem competindo com o motor de 1996, com adaptações, o que tem comprometido sua potência e durabilidade. O novo motor deve sanar estes problemas. Só que os percalços da escuderia não se encontram apenas no motor do carro...

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