Nico Rosberg não conseguiu esconder o incômodo de estar sendo superado por Lewis Hamilton e acabou acusando o rival de "andar lento" na pista estragar sua corrida. Acabou virando motivo de piada... |
Depois do Grande Prêmio
da China, a Fórmula 1 chegou a Sakhir, no Oriente Médio, onde neste domingo será
disputado o Grande Prêmio do Bahrein, ainda repercutindo as queixas de Nico
Rosberg na coletiva pós-GP de Shanghai, quando o piloto alemão acusou seu
companheiro da Mercedes, Lewis Hamilton, vencedor da etapa chinesa, de ter
andado mais lento de propósito para prejudicá-lo na corrida, permitindo a
aproximação de Sebastian Vettel. Foi uma acusação totalmente sem noção, ao que
Hamilton respondeu de forma curta e direta, ao dizer que não tinha obrigação de
se preocupar com a corrida de ninguém além dele mesmo, e que se ele estava
assim tão lento, Nico que o ultrapassasse, afinal.
Em que pese a Mercedes
e o piloto terem afirmado que isso já foi discutido internamente e que é apenas
passado, a verdade é que Rosberg continua afirmando que não insinuou nada além
de ter relatado fatos, contra os quais ninguém pode questionar. Será? Se
Hamilton estava mesmo assim tão lento, então porque Nico não partiu para o
ataque e tentou uma ultrapassagem? Até onde sabemos, a disputa na Mercedes na
pista é liberada, desde que os pilotos não se toquem e acabem arruinando suas
corridas. Aliás, foi aqui mesmo em Sakhir que, no ano passado, ambos deram um
show na luta pela vitória da prova barenita de deixar o pessoal de pé na
arquibancada, com os dois pilotos sempre próximos na pista, e chegando a trocar
posições na disputa pela liderança da e vitória da corrida, que acabou ficando
com Lewis Hamilton.
A reclamação de
Rosberg soou tão patética e esfarrapada que é difícil acreditar que ele, um
piloto reconhecidamente muito inteligente, tenha dado tal declaração. Por outro
lado, depois do renhido campeonato disputado por ambos em 2014, com o domínio
da Mercedes deixando apenas entre ele e Hamilton a disputa pelo título, todo
mundo já fazia contas esperando para ver em que ponto da temporada deste ano o
clima na Mercedes iria novamente pegar fogo, depois dos testes da pré-temporada
indicando um domínio potencial do time alemão até maior do que o visto no ano
passado. Pelo visto, começou mais cedo do que todo mundo imaginava, e justo com
Nico.
Em 2014, o alemão
venceu a primeira corrida com o abandono de Hamilton. Mas o inglês encaixou a
seguir 4 vitórias consecutivas, assumindo a liderança da competição após a
prova da Espanha. Em Mônaco, uma escapa de pista "suspeita" de
Rosberg deflagrou uma reclamação de Hamilton, que com a bandeira amarela no
local, teve de reduzir o ritmo, ficando impossibilitado de arrebatar a pole-position,
o que conta muito numa corrida nas estreitas ruas do Principado. E deu vitória
de Rosberg, com o alemão fazendo valer a pole conquistada. Foi o suficiente
para Lewis acusar o parceiro de rodar de propósito para provocar a bandeira
amarela. Verdade ou não, Hamilton acusou o golpe, pois nas etapas seguintes,
acabou sendo superado pelo piloto alemão, que mantendo a cabeça fria e focada
na pista, parecia ter mais autocontrole e precisão do que o campeão de 2008,
que já tinha dado inúmeros exemplos em outras ocasiões de que perdia o rebolado
com alguma facilidade, se não estivesse com a cabeça no lugar. Até a prova da
Espanha, parecia firme a imagem de que com Hamilton na pista, Rosberg teria de
se contentar em ficar atrás do inglês, considerado um talento nato,
reconhecimento que Rosberg nunca teve desde que estreou na F-1, mesmo sendo
considerado um bom piloto.
Foi preciso que Nico
desse um passo em falso para as rédeas do campeonato, que pareciam se dirigir
para ele, voltarem a ser comandadas por Hamilton. Foi o famoso toque na Bélgica,
onde Hamilton acabou por ter o pneu furado e sua corrida completamente arruinada,
e Rosberg tendo de efetuar uma troca de seu bico devido ao toque que dera no
parceiro. Poderia ter sido uma manobra acidental, não fosse Nico afirmar que não
aliviara o pé para provar um ponto de vista. nem é preciso dizer que o ambiente
na Mercedes ferveu naqueles dias. Nico Rosberg até então vinha fazendo um campeonato
irretocável, surpreendendo a todos por mostrar-se mais do que à altura de
encarar Lewis Hamilton. Já não era considerado "zebra", mas o
favorito ao título. A atitude da Bélgica "queimou" a imagem
cuidadosamente lapidada pelo filho de Keke Rosberg, que a partir dali, embora
continuasse andando sempre próximo de Lewis, e até à sua frente, viu o parceiro
encaixar 5 vitórias consecutivas, com Nico vencendo apenas no Brasil, e adiando
a decisão do título para Abu Dhabi, onde teve problemas no carro, e ficou fora
de combate. Ainda assim, deu um exemplo de profissionalismo indo até o fim da corrida
com o carro apresentando performance fraca, para fechar o ano com respeito aos
mecânicos e ao time pelo excelente carro que tivera no campeonato, e prometendo
se preparar como nunca para o desafio deste ano. Apesar de ter sido derrotado
na disputa pelo título, encerrou o ano de cabeça erguida, sem ter o que
lamentar, tirando o episódio da Bélgica.
Análise de dados, inúmeras
horas no simulador, e até treino para controlar melhor a respiração, foram
alguns dos expedientes que Nico usou para aprimorar seu condicionamento e
preparo para a nova temporada. Que a Mercedes deveria continuar sendo a grande
força da categoria, todos já esperavam, a dúvida seria o quanto a concorrência
conseguiria se aproximar dos carros prateados. Na pré-temporada, e em
Melbourne, parecia que as Mercedes deitariam e rolariam com facilidade até
maior do que em 2014, e que seria questão de tempo Lewis e Nico dispararem na
frente, e apostar em qual corrida conseguiriam faturar mais um título para a
esuderia. Mas na Malásia, a Ferrari surpreendeu o time alemão, e na China,
embora sem ameaçar de forma efetiva, esteve quase sempre nos calcanhares,
mostrando que qualquer vacilo da escuderia campeã do mundo será prontamente
aproveitado pela turma da Maranello. Em outras palavras, a concorrência
aproximou-se o suficiente para dar alguns sustos, o que certamente obrigará a
Mercedes a se empenhar mais para aproveitar o seu potencial, que ainda é
superior aos dos demais concorrentes.
Só que, por incrível
que pareça, Nico Rosberg vem tendo até aqui uma performance aquém do que seria
de se esperar em 2015. Para alguém que no ano passado andou praticamente no
mesmo ritmo de Hamilton e até mais rápido em várias provas, neste ano é o atual
bicampeão quem vem dando as cartas, chegando a dominar o parceiro de equipe até
mesmo no quesito onde Rosberg mais aproveitava para tentar desestabilizar Lewis
no ano passado, os treinos de classificação para a pole-position. Tivemos 3
poles de Hamilton, contra nenhuma de Nico, e até aqui, duas vitórias do inglês,
e uma de Sebastian Vettel, da Ferrari. Hamilton lidera o campeonato, com 68
pontos, enquanto Nico é o 3° colocado, com 51 pontos. Sim, TERCEIRO colocado,
atrás de Sebastian Vettel, com 55 pontos nas 3 corridas disputadas até aqui. E
já acumulando 17 pontos de desvantagem para Hamilton.
Na primeira prova, na
Austrália, Nico ficou praticamente 0s6 atrás de Lewis na disputa da pole. Na Malásia,
foi quase 0s5 de desvantagem. Era muita diferença. Mas na China, Nico perdeu a
pole por apenas 0s042, diferença que fazia crer que o piloto alemão voltaria a
dar o seu melhor e entraria firme na luta pela vitória. Só que em nenhum
momento isso se confirmou. Hamilton largou na pole e lá ficou praticamente até
a bandeirada. Se os carros da Mercedes andaram um pouco abaixo do seu limite,
para preservar os pneus ante o susto dado pela Ferrari na corrida anterior, de
fato nada impediria Nico de quebrar o script, partir para o tudo ou nada, e tentar
assumir a liderança e vencer. Mas nada disso aconteceu. Na verdade, a prova
chinesa foi tão monótona entre os líderes, que boa parte da transmissão da TV
acabou focando no pelotão intermediário, onde de fato ocorreram algumas boas
disputas, enquanto nada de relevante acontecia na frente. Era consenso entre
muitos jornalistas e comentaristas que Nico estava devendo uma melhor
performance, mas infelizmente o próprio piloto acabou de queimar totalmente sua
credibilidade com a acusação esdrúxula na coletiva de imprensa. Bastou isso
para muitos classificarem o filho de Keke como segundo piloto assumido na
Mercedes.
De fato, para alguém
que prometeu uma revanche depois da derrota de 2014, e afirmando ter feito uma
preparação como nunca antes para a disputa do campeonato, Rosberg está sendo
mesmo uma decepção. É verdade que o piloto anda em um momento familiar
complicado, com sua esposa enfrentando uma gravidez complicada, que inclusive já
motivou até internação hospitalar. Isso bastaria para deixar qualquer um desconcentrado
e até perdido na preocupação com o bem-estar de sua mulher, mas foi justamente
em saber se manter mais concentrado e focado que Rosberg mostrou-se um adversário
à altura para Hamilton em 2014. Se ele já partiu para o ataque, tentando minar
o companheiro psicologicamente, o tiro saiu completamente pela culatra. E pior é
o mal-estar que já causa dentro da Mercedes, em um momento onde o time, ainda
favorito declarado, está mantendo os pés um pouco mais no chão para não ser surpreendido
como ocorreu em Sepang. E num momento desses, é necessário serenidade e união
de todos na escuderia, e não pega bem um dos pilotos ficar acusando o parceiro,
especialmente com o argumento pífio que ele apresentou.
Rosberg agora está em
uma encruzilhada: ou deixa as acusações de lado, se concentra na pista e pilota
o que sabe, ou vai perder muito mais do que a luta pelo título. O alemão tem
contrato renovado com o time, mas atitudes como a de Shanghai podem fazer Toto
Wolf e Niki Lauda repensarem se é conveniente continuar com o piloto. E
deslizes de Rosberg na pista podem trazer prejuízos ao piloto e à equipe, com a
Ferrari pronta para colher quaisquer frutos de desavença e/ou percalços
enfrentados pelo time campeão de 2014. Mas Rosberg tem plenas chances de se
recuperar, ainda estamos no início do campeonato, e hoje começam os treinos da
4ª etapa da competição, com 15 corridas ainda pela frente depois que
encerrarmos a prova barenita. E no ano passado, Hamilton chegou a ficar
praticamente 30 pontos atrás na classificação em relação a Rosberg, e conseguiu
se recuperar, não desistindo nunca de lutar.
É o que Nico precisa
fazer. Voltar a ficar focado na pista, dar o seu melhor, e manter a cabeça
fria. Ainda tem muito chão pela frente, e no ano passado, se o alemão virou o
jogo em um momento onde parecia remetido para a sombra de Lewis no time, nada
impede que ele consiga repetir o feito nesta temporada. E com a concorrência
dando alguns sustos, como em Sepang, o alemão precisará mais do que nunca
mostrar força, para dissuadir os adversários de que ele pode ser vencido facilmente.
Um ponto, porém, pode
atrapalhar Rosberg nesse objetivo: ele parece ter sido um dos pilotos que mais
sentiram a falta de comunicação com os boxes no quesito de receber informação técnica
dos carros para efetuar ajustes nas configurações a fim de maximizar o
desempenho, uma vez que a FIA proibiu as conversas que passavam informações de
ajuda na pilotagem, sob o argumento de deixar o controle com o piloto, e não
com o time, já que os engenheiros do box ditavam todos os comandos de ajustes
para os pilotos. E neste ano o piloto já andou solicitando informações que o
engenheiro simplesmente não podia fornecer, para não infringir o regulamento de
proibição do uso do rádio para este tipo de informação, o que denota que ele
parece ainda estar se ressentindo da falta deste tipo de conhecimento. É um
ponto onde ele precisa melhorar, sob o risco de se tornar um ponto fraco que
possa ser explorado amplamente pelos concorrentes, especialmente por Hamilton,
que não parece ter sentido este tipo de problema. E há ainda o fato de que o
inglês, pelo seu estilo de pilotagem, conseguir ser mais econômico no consumo
de combustível do que Nico. A diferença a favor de Lewis não é muita, mas é
mais um ponto de desvantagem que Rosberg precisará trabalhar para conseguir
bater o companheiro de equipe.
O próprio Rosberg
prometeu que a partir de agora dará sua resposta na pista. Pois então,
aguardemos para conferir, começando pelos treinos oficiais de hoje nas areias
barenitas...
A Honda prometeu liberar mais potência
de seu motor para utilização pela McLaren, após ver o progresso feito na
corrida da China, domingo passado, quando tanto Jenson Button quanto Fernando
Alonso conseguiram terminar a corrida. De fato, o time de Woking conseguiu
finalizar a prova de Shanghai com pouco mais de uma volta de desvantagem para o
vencedor, mesmo levando em consideração a intervenção do Safety Car nas voltas
finais pelo carro parado de Max Verstappen na reta dos boxes. Na Austrália,
Button cruzou a linha de chegada com mais de 2 voltas de desvantagem para o
vencedor. Aos poucos, a Honda parece estar encontrando os defeitos na sua
unidade de potência, e encontrando o caminho para minimizar o déficit de potência
e confiabilidade para os concorrentes. O ritmo de corrida do MP4/30 começa a
parecer um pouco mais promissor, com a dupla de pilotos do time a disputarem
posições com carros melhor colocados no momento. Mas ainda tem muito chão pela
frente, e o primeiro passo é conseguir pelo menos chegar à zona de pontuação, o
que parece ainda esta muito longe de ser atingido pelo time. Mas convém lembrar
que além da corrida do Bahrein beste fim de semana, onde os carros já deverão
ter um pouco mais de potência disponível, o grosso do desenvolvimento deverá
vir mesmo a partir da etapa seguinte, em Barcelona, quando os todas as
escuderias, já de volta à Europa, preparam grandes pacotes de modificações para
seus monopostos, e vale dizer que a McLaren já prometendo avanços reais mesmo apenas
a partir da etapa espanhola. Por enquanto, a performance da escuderia inglesa
até aqui tem sido simplesmente medíocre.
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