quarta-feira, 18 de março de 2015

ESPECIAL MOTOGP 2015



            Na próxima semana a MotoGP inicia seu campeonato de 2015. Curtam agora um pequeno texto sobre o que esperar do mundial deste ano na principal categoria das duas rodas, que promete ser bem mais disputado do que o do ano passado...



MOTOGP 2015

Bicampeão em 2013 e 2014, Marc Márquez vai em busca do tricampeonato, mas a concorrência promete ser mais acirrada nesta temporada

Adriano de Avance Moreno

A MotoGP prepara-se para acelerar fundo em 2015: Losail, no Catar, abre o campeonato.

            Depois de conquistar os títulos da categoria rainha do motociclismo nas duas últimas temporadas, o espanhol prodígio da MotoGP, Marc Márquez, tem planos bem definidos para a temporada deste ano: ser novamente campeão e conquistar o tricampeonato. A seu favor, tem o excelente equipamento do time de fábrica da Honda, cujo modelo 2015, RC213V, ainda é tido como o melhor equipamento da competição, fora o seu talento e determinação, que o tornam um adversário extremamente combativo e forte. No ano passado, as 13 vitórias de Marc na competição sugerem que ele nadou de braçada rumo ao título, mas na verdade, boa parte de suas vitórias não foram exatamente folgadas, com os concorrentes a estarem muito perto e dando combate à "Formiga Atômica". Os concorrentes bem que tentaram, mas não conseguiram colocar em Márquez toda a pressão que esperavam. Sobrou para os demais apenas 5 vitórias no certame, 4 delas para a dupla da rival Yamaha, Jorge Lorenzo e Valentino Rossi, que conquistaram 2 vitórias cada um. Dani Pedrosa, completamente à sombra do parceiro vencedor, ficou com apenas uma vitória isolada, e nem conseguiu disputar o vice-campeonato, honra que ficou restrita à dupla Lorenzo/Rossi.
            Para este ano, o panorama inicial é similar. Márquez ainda é o nome a ser batido, e mais uma vez, espera-se que Pedrosa dê combate para merecer a moto que pilota, do contrário, nunca chegará a ser campeão. E a principal oposição, todos concordam, deve vir da dupla da Yamaha, Lorenzo e Rossi, que estão afinados e fizeram bons tempos na pré-temporada, dando a entender que o novo modelo da moto YZR-M1, agora equipado com câmbio similar ao já utilizado pela rival Honda, está com um desempenho mais próximo, o que promete dar uma tremenda dor de cabeça para o atual bicampeão e Pedrosa. Rossi deu a volta por cima em 2014, conquistando o vice-campeonato, e Lorenzo admitiu seu início de temporada fraco, mas se recuperando para disputar com o parceiro o vice-título da competição, uma vez que Márquez não deu chances aos rivais.
O duelo Honda X Yamaha promete voltar com tudo.
            E tanto Lorenzo quanto Rossi estão a fim de destronar o atual bicampeão, e se a moto de seu time corresponder, eles deverão partir para cima mesmo. Ambos querem aumentar sua coleção de títulos. E querer é poder. Claro, falta combinar com a Honda, e principalmente com Marc Márquez, que desde que estreou na MotoGP ganhou fama de piloto endiabrado no bom sentido, e ele não faz questão de enjoar de continuar ganhando, portanto, os rivais que se segurem e partam para o ataque.
            E os treinos da pré-temporada, encerrados na pista de Losail, mostraram que pode vir surpresa por aí no campeonato. Pelo menos no circuito que abre a temporada 2015 da competição, quem andou dando sustos foi a Ducati, com sua nova moto GP15, que inclusive fechou o último dia de testes válido na liderança, com Andrea Dovizioso, e tendo o companheiro Andrea Iannone logo atrás na 3ª posição, com menos de 0s2 de desvantagem. Entre a dupla ficou o atual bicampeão Márquez, e depois deste trio veio a dupla da Yamaha, mas a mais de 0s5 de desvantagem para Dovizioso. Ainda é cedo para afirmar que a marca italiana vai recuperar sua força na competição, afinal, treino é treino, e corrida é corrida. No encerramento dos testes na Malásia, contudo, a Ducati já veio exibindo uma performance melhor, ainda que tenha dado o grande susto mesmo na última sessão coletiva, no Catar. Mas, para a categoria, significa muito haver outro time com pretensão de disputar a fundo a taça do campeonato, uma vez que nos últimos anos a disputa tem sido polarizada apenas entre os times oficiais da Honda e da Yamaha, com suas respectivas duplas de pilotos, enquanto todos os demais tiveram que se contentar com as sobras da disputa. Aliás, a Ducati foi justamente a última marca a vencer na categoria fora do binômio Honda/Yamaha, em 2010, com Casey Stoner, que defendia a equipe naquela temporada, tendo terminado a competição em 4° lugar, com 3 vitórias. Em 2007, foi a mesma Ducati, com Stoner, que conquistou o último título na competição. Desde então, todos os campeões da MotoGP foram dos times de fábrica da Honda e da Yamaha.
            Fica a dúvida se a Ducati vai mesmo conseguir se meter no meio do esperado duelo entre Honda e Yamaha. No ano passado, justamente Andrea Dovizioso foi o melhor do "resto" do grid, terminando a competição na 5ª colocação, com 185 pontos. Márquez foi campeão com 362 pontos. Valentino Rossi foi vice-campeão com 295 pontos, enquanto Jorge Lorenzo fez 283. Dani Pedrosa foi o último colocado do quarteto, com 239 pontos, sem de fato ter sido incomodado por Dovizioso no campeonato, o que dá uma amostra de como Honda e Yamaha se encontravam acima dos concorrentes. Tudo indica que essa diferença será bem menor este ano, se não se tornar até inexistente. E tudo o que o público quer ver é mais disputas na pista. Livio Suppo, chefe da equipe Honda de fábrica, foi sucinto ao dizer que ainda é cedo para dizer se a Ducati será capaz de oferecer forte luta pelo título. Por sua vez, Massimo Meregalli, diretor da equipe oficial da Yamaha, afirmou: “Eles impressionaram todos porque foram rápidos, mas também muito consistentes; para mim fizeram mesmo um grande trabalho.” Em outras palavras, tanto Honda quanto Yamaha já estão de sobreaviso sobre possíveis surpresas que a Ducati tentará aprontar.
O novo modelo GP15 da Ducati promete levar o time a incomodar as favoritas Honda e Yamaha, mas eles não querem ficar apenas em incomodar, mas sim em superar. Será que vão conseguir?
            O grid está um pouco mais cheio na MotoGP este ano. Se em 2014 a competição iniciou-se com 23 pilotos, este ano a disputa começa com 25 competidores. Yamaha e Honda mantiveram suas duplas de pilotos, assim como a AB Motoracing continua com seu piloto Karel Abraham. Andrea Iannone havia deixado a Pramac para ingressar na Ducati, sendo o seu lugar ocupado pelo piloto Danilo Petrucci. Os times da AB Motoracing, Estrella Galicia 0,0 Marc VDS, e Octo IodaRacing Team alinharão com apenas um piloto este ano, enquanto todos os demais times terão dois pilotos.
            Entre as novidades do campeonato deste ano estão o retorno de duas marcas que estavam ausentes da categoria há algum tempo. Uma delas é a Aprilia, que não participava do certame desde 2004, e que para esta temporada, fez uma parceria com a equipe Gresini. A idéia original da fábrica era retornar apenas no próximo ano, com a entrada de um novo regulamento técnico, mas a direção optou por antecipar os esforços para este ano, a fim de ganhar maior intimidade com a competição. Para tanto, o modelo RS-GP que Álvaro Bautista e Marco Melandri conduzirão este ano servirá de base para o desenvolvimento da moto protótipo de 2016. Apesar do histórico da Aprilia, que já conquistou nada menos do que 18 títulos de construtores nas 3 categorias da MotoGP, e um total de 274 vitórias no cômputo de todas elas, tanto a marca quanto o time da Gresini sabem que a temporada deste ano promete ser difícil. A equipe encerrou a pré-temporada ocupando os últimos lugares na tabela de tempos em Doha, no último final de semana, e durante os testes efetuados antes na Malásia, os resultados foram apenas um pouco melhores, mas sem que a dupla de pilotos pudesse mostrar potencial firme para disputar posições dentro do Top10 sem depender de problemas dos concorrentes. "Vai ser um ano de desenvolvimento, então não podemos traçar nenhuma meta", declarou Bautista, ciente do desafio que terá pela frente, mas ao mesmo tempo empolgado com o objetivo de tornar o time uma força em 2016.
Associada à equipe Gresini, a Aprilia retorna à MotoGP.
            Quem também está de volta é a Suzuki, depois de três anos de ausência. A marca nipônica retorna com time próprio, ao contrário da Aprilia, e tendo como pilotos a dupla Aleix Spargaro e Maverick Viñalez, que pilotarão os modelos GSX-RR. Nos treinos da pré-temporada, ambos os pilotos ocuparam posições intermediárias, mas existe potencial para crescimento durante a temporada. Quanto eles podem evoluir, só se verá durante o desenrolar da competição. A meta é voltar aos tempos de glória, mas mesmo em seus últimos anos de participação na categoria rainha do motociclismo, a Suzuki foi mera coadjuvante, vendo as rivais Honda e Yamaha desfrutarem da posição de protagonistas dos campeonatos. O último resultado de nota da marca foi em 2007, quando o piloto australiano Cris Vermeulen, competindo pela Suzuki, terminou a competição em 6° lugar, tendo obtido a última vitória da fábrica japonesa na categoria, no GP da frança, em Le Mans. O último título então, já vai longe: é da temporada de 2000, quando o estadunidense Kenny Roberts Jr. foi campeão pela equipe. Há muito a se recuperar na Suzuki na MotoGP.
A Suzuki está de volta, e não quer ser coadjuvante das rivais Honda e Yamaha. Time não vence um campeonato na categoria desde o ano 2000.
            Com relação ao calendário da competição, nenhuma novidade este ano. Teremos as mesmas 18 etapas vistas em 2014, praticamente nos mesmos finais de semana. Começando no dia 29 deste mês, na pista de Losail, no Catar, que abre a temporada, e finalizando no dia 08 de novembro, com a prova de Valência, no circuito Ricardo Tormo. A Espanha, aliás, segue com o maior número de provas, 4 etapas: Jerez, Barcelona, Aragón, e Valência. Os Estados Unidos sediam duas etapas, em Austin e Indianápolis, assim como a Itália também tem duas corridas em seu país: Mugello, e Misano, sendo que esta última pista na verdade sedia o GP de San Marino, pequeno principado encravado no meio do território italiano, que até meados da década passada também tinha um GP na F-1, disputado no tradicional circuito de Ímola, também em território italiano. E a Argentina continua sendo o único país da América do Sul a sediar uma etapa da competição, e depois dos rolos envolvendo o governo do Distrito Federal com o autódromo de Brasília, nota-se que a Dorna fez muito bem em não confiar nas autoridades de nossa capital federal, ao não confirmar as tratativas para o Brasil receber novamente uma etapa da competição. A última vez que nosso país recebeu a MotoGP foi em 2004, quando a corrida foi disputada no autódromo de Jacarepaguá, antes que o mesmo fosse descaracterizado pela cartolagem do COB e seus sonhos megalomaníacos de fazer justo ali o centro de esportes dos Jogos Panamericanos e das Olimpíadas do ano que vem, acabando por destruir completamente o autódromo carioca, com total conivências das autoridades locais e das confederações do esporte a motor nacional, para prejuízo dos fãs das corridas.
            Em futuro próximo, a Finlândia tem interesse em receber uma etapa da categoria, tendo um circuito sendo construído próximo à cidade de Iitti, que terá o nome de Kymi Ring. O GP da Inglaterra pode mudar de sede no futuro, com um projeto de construção de uma nova pista no País de Gales começando a ser discutida no condado de Blaenau Gwent, com o objetivo de sediar a etapa britânica da competição. Mas tanto essa mudança quanto a inclusão da Finlândia ainda estão bem distantes, por enquanto.
            Por enquanto, então, vamos à disputa do Mundial de 2015 da MotoGP. E que vença o melhor.
Bicampeão, a meta de Márquez em 2015 é a mais óbvia possível: ele quer o tricampeonato. Resta saber quem vai conseguir impedi-lo...

CALENDÁRIO DO CAMPEONATO 2015

DATA
ETAPA
CIRCUITO
29.03
Grande Prêmio do Catar
Losail
12.04
Grande Prêmio das Américas
Austin
19.04
Grande Prêmio da Argentina
Termas de Rio Hondo
03.05
Grande Prêmio da Espanha
Jerez de La Fronteira
17.05
Grande Prêmio da França
Le Mans
31.05
Grande Prêmio da Itália
Mugello
14.06
Grande Prêmio da Catalunha
Barcelona
27.06
Grande Prêmio da Holanda
Assen
12.07
Grande Prêmio da Alemanha
Sachsenring
09.08
Grande Prêmio de Indianápolis
Indianápolis
16.08
Grande Prêmio da República Tcheca
Brno
30.08
Grande Prêmio da Inglaterra
Silverstone
13.09
Grande Prêmio de San Marino
Misano
27.09
Grande Prêmio de Aragón
Aragón
11.10
Grande Prêmio do Japão
Motegi
18.10
Grande Prêmio da Austrália
Phillip Island
25.10
Grande Prêmio da Malásia
Sepang
08.11
Grande Prêmio da Comunidade Valenciana
Valência
Abram alas: o "Doutor" vem aí. Valentino Rossi foi vice-campeão em 2014, e quer muito mais do que isso...

EQUIPES E PILOTOS DA MOTOGP (Categoria Principal)

EQUIPE
PILOTOS
Avintia Racing
Hector Barbera
Mike Di Meglio
AB Motoracing
Karel Abraham
Drive M7 Aspar
Eugene Laverty
Nicky Hayden
Ducati Team
Andrea Dovizioso
Andrea Iannone
Estrella Galicia 0,0 Marc VDS
Scott Redding
Aprilia Racing Team Gresini
Álvaro Bautista
Marco Melandri
Monster Yamaha Tech 3
Pol Spargaro
Bradley Smith
CWM LCR Honda
Jack Miller
Carl Crutchlow
Movistar Yamaha MotoGP
Valentino Rossi
Jorge Lorenzo
Octo IodaRacing Team
Alex De Angelis
Team Suzuki Ecstar
Aleix Spargaro
Maverick Viñalez
Pramac Racing
Danilo Petrucci
Yonny Hernandez
Repsol Honda Team
Dani Pedrosa
Marc Marquez
Athinà Forward Racing
Stefan Bradl
Loriz Baz

NO BRASIL

            Sem termos novamente um representante na categoria, resta aos brasileiros acompanhar as provas da categoria nos canais do SporTV, na TV por assinatura, que pelo menos vai transmitir toda a temporada, como tem feito nos últimos anos. E, a julgar pelo que a Globo resolveu inventar na transmissão do Grande Prêmio da Austrália de F-1 domingo passado, melhor ficar mesmo com as transmissões do canal fechado, que pelo menos tem mantido a sobriedade e uma qualidade maior de informações aos fãs da motovelocidade.
Jorge Lorenzo foi 3° colocado no ano passado e não gostou nem um pouco. O espanhol também quer ser tricampeão...

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