Na
próxima semana a MotoGP inicia seu campeonato de 2015. Curtam agora um pequeno
texto sobre o que esperar do mundial deste ano na principal categoria das duas
rodas, que promete ser bem mais disputado do que o do ano passado...
MOTOGP 2015
Bicampeão em 2013 e 2014, Marc
Márquez vai em busca do tricampeonato, mas a concorrência promete ser mais
acirrada nesta temporada
Adriano de Avance Moreno
A MotoGP prepara-se para acelerar fundo em 2015: Losail, no Catar, abre o campeonato. |
Depois
de conquistar os títulos da categoria rainha do motociclismo nas duas últimas
temporadas, o espanhol prodígio da MotoGP, Marc Márquez, tem planos bem
definidos para a temporada deste ano: ser novamente campeão e conquistar o
tricampeonato. A seu favor, tem o excelente equipamento do time de fábrica da
Honda, cujo modelo 2015, RC213V, ainda é tido como o melhor equipamento da
competição, fora o seu talento e determinação, que o tornam um adversário
extremamente combativo e forte. No ano passado, as 13 vitórias de Marc na
competição sugerem que ele nadou de braçada rumo ao título, mas na verdade, boa
parte de suas vitórias não foram exatamente folgadas, com os concorrentes a
estarem muito perto e dando combate à "Formiga Atômica". Os
concorrentes bem que tentaram, mas não conseguiram colocar em Márquez toda a
pressão que esperavam. Sobrou para os demais apenas 5 vitórias no certame, 4
delas para a dupla da rival Yamaha, Jorge Lorenzo e Valentino Rossi, que
conquistaram 2 vitórias cada um. Dani Pedrosa, completamente à sombra do
parceiro vencedor, ficou com apenas uma vitória isolada, e nem conseguiu
disputar o vice-campeonato, honra que ficou restrita à dupla Lorenzo/Rossi.
Para
este ano, o panorama inicial é similar. Márquez ainda é o nome a ser batido, e
mais uma vez, espera-se que Pedrosa dê combate para merecer a moto que pilota,
do contrário, nunca chegará a ser campeão. E a principal oposição, todos
concordam, deve vir da dupla da Yamaha, Lorenzo e Rossi, que estão afinados e
fizeram bons tempos na pré-temporada, dando a entender que o novo modelo da
moto YZR-M1, agora equipado com câmbio similar ao já utilizado pela rival
Honda, está com um desempenho mais próximo, o que promete dar uma tremenda dor
de cabeça para o atual bicampeão e Pedrosa. Rossi deu a volta por cima em 2014,
conquistando o vice-campeonato, e Lorenzo admitiu seu início de temporada
fraco, mas se recuperando para disputar com o parceiro o vice-título da
competição, uma vez que Márquez não deu chances aos rivais.
O duelo Honda X Yamaha promete voltar com tudo. |
E
tanto Lorenzo quanto Rossi estão a fim de destronar o atual bicampeão, e se a
moto de seu time corresponder, eles deverão partir para cima mesmo. Ambos
querem aumentar sua coleção de títulos. E querer é poder. Claro, falta combinar
com a Honda, e principalmente com Marc Márquez, que desde que estreou na MotoGP
ganhou fama de piloto endiabrado no bom sentido, e ele não faz questão de
enjoar de continuar ganhando, portanto, os rivais que se segurem e partam para
o ataque.
E
os treinos da pré-temporada, encerrados na pista de Losail, mostraram que pode
vir surpresa por aí no campeonato. Pelo menos no circuito que abre a temporada
2015 da competição, quem andou dando sustos foi a Ducati, com sua nova moto
GP15, que inclusive fechou o último dia de testes válido na liderança, com
Andrea Dovizioso, e tendo o companheiro Andrea Iannone logo atrás na 3ª
posição, com menos de 0s2 de desvantagem. Entre a dupla ficou o atual bicampeão
Márquez, e depois deste trio veio a dupla da Yamaha, mas a mais de 0s5 de
desvantagem para Dovizioso. Ainda é cedo para afirmar que a marca italiana vai
recuperar sua força na competição, afinal, treino é treino, e corrida é
corrida. No encerramento dos testes na Malásia, contudo, a Ducati já veio
exibindo uma performance melhor, ainda que tenha dado o grande susto mesmo na
última sessão coletiva, no Catar. Mas, para a categoria, significa muito haver
outro time com pretensão de disputar a fundo a taça do campeonato, uma vez que
nos últimos anos a disputa tem sido polarizada apenas entre os times oficiais
da Honda e da Yamaha, com suas respectivas duplas de pilotos, enquanto todos os
demais tiveram que se contentar com as sobras da disputa. Aliás, a Ducati foi
justamente a última marca a vencer na categoria fora do binômio Honda/Yamaha,
em 2010, com Casey Stoner, que defendia a equipe naquela temporada, tendo
terminado a competição em 4° lugar, com 3 vitórias. Em 2007, foi a mesma
Ducati, com Stoner, que conquistou o último título na competição. Desde então,
todos os campeões da MotoGP foram dos times de fábrica da Honda e da Yamaha.
Fica
a dúvida se a Ducati vai mesmo conseguir se meter no meio do esperado duelo
entre Honda e Yamaha. No ano passado, justamente Andrea Dovizioso foi o melhor
do "resto" do grid, terminando a competição na 5ª colocação, com 185
pontos. Márquez foi campeão com 362 pontos. Valentino Rossi foi vice-campeão
com 295 pontos, enquanto Jorge Lorenzo fez 283. Dani Pedrosa foi o último
colocado do quarteto, com 239 pontos, sem de fato ter sido incomodado por
Dovizioso no campeonato, o que dá uma amostra de como Honda e Yamaha se
encontravam acima dos concorrentes. Tudo indica que essa diferença será bem
menor este ano, se não se tornar até inexistente. E tudo o que o público quer
ver é mais disputas na pista. Livio Suppo, chefe da equipe Honda de fábrica,
foi sucinto ao dizer que ainda é cedo para dizer se a Ducati será capaz de oferecer
forte luta pelo título. Por sua vez, Massimo Meregalli, diretor da equipe
oficial da Yamaha, afirmou: “Eles impressionaram todos porque foram rápidos,
mas também muito consistentes; para mim fizeram mesmo um grande trabalho.” Em
outras palavras, tanto Honda quanto Yamaha já estão de sobreaviso sobre
possíveis surpresas que a Ducati tentará aprontar.
O novo modelo GP15 da Ducati promete levar o time a incomodar as favoritas Honda e Yamaha, mas eles não querem ficar apenas em incomodar, mas sim em superar. Será que vão conseguir? |
O
grid está um pouco mais cheio na MotoGP este ano. Se em 2014 a competição iniciou-se
com 23 pilotos, este ano a disputa começa com 25 competidores. Yamaha e Honda
mantiveram suas duplas de pilotos, assim como a AB Motoracing continua com seu
piloto Karel Abraham. Andrea Iannone havia deixado a Pramac para ingressar na
Ducati, sendo o seu lugar ocupado pelo piloto Danilo Petrucci. Os times da AB
Motoracing, Estrella Galicia 0,0 Marc VDS, e Octo IodaRacing Team alinharão com
apenas um piloto este ano, enquanto todos os demais times terão dois pilotos.
Entre
as novidades do campeonato deste ano estão o retorno de duas marcas que estavam
ausentes da categoria há algum tempo. Uma delas é a Aprilia, que não
participava do certame desde 2004, e que para esta temporada, fez uma parceria
com a equipe Gresini. A idéia original da fábrica era retornar apenas no
próximo ano, com a entrada de um novo regulamento técnico, mas a direção optou
por antecipar os esforços para este ano, a fim de ganhar maior intimidade com a
competição. Para tanto, o modelo RS-GP que Álvaro Bautista e Marco Melandri
conduzirão este ano servirá de base para o desenvolvimento da moto protótipo de
2016. Apesar do histórico da Aprilia, que já conquistou nada menos do que 18
títulos de construtores nas 3 categorias da MotoGP, e um total de 274 vitórias
no cômputo de todas elas, tanto a marca quanto o time da Gresini sabem que a
temporada deste ano promete ser difícil. A equipe encerrou a pré-temporada
ocupando os últimos lugares na tabela de tempos em Doha, no último final de
semana, e durante os testes efetuados antes na Malásia, os resultados foram
apenas um pouco melhores, mas sem que a dupla de pilotos pudesse mostrar
potencial firme para disputar posições dentro do Top10 sem depender de
problemas dos concorrentes. "Vai ser um ano de desenvolvimento, então não
podemos traçar nenhuma meta", declarou Bautista, ciente do desafio que
terá pela frente, mas ao mesmo tempo empolgado com o objetivo de tornar o time
uma força em 2016.
Associada à equipe Gresini, a Aprilia retorna à MotoGP. |
Quem
também está de volta é a Suzuki, depois de três anos de ausência. A marca
nipônica retorna com time próprio, ao contrário da Aprilia, e tendo como
pilotos a dupla Aleix Spargaro e Maverick Viñalez, que pilotarão os modelos
GSX-RR. Nos treinos da pré-temporada, ambos os pilotos ocuparam posições
intermediárias, mas existe potencial para crescimento durante a temporada.
Quanto eles podem evoluir, só se verá durante o desenrolar da competição. A
meta é voltar aos tempos de glória, mas mesmo em seus últimos anos de
participação na categoria rainha do motociclismo, a Suzuki foi mera
coadjuvante, vendo as rivais Honda e Yamaha desfrutarem da posição de
protagonistas dos campeonatos. O último resultado de nota da marca foi em 2007,
quando o piloto australiano Cris Vermeulen, competindo pela Suzuki, terminou a
competição em 6° lugar, tendo obtido a última vitória da fábrica japonesa na
categoria, no GP da frança, em Le Mans. O último título então, já vai longe: é
da temporada de 2000, quando o estadunidense Kenny Roberts Jr. foi campeão pela
equipe. Há muito a se recuperar na Suzuki na MotoGP.
A Suzuki está de volta, e não quer ser coadjuvante das rivais Honda e Yamaha. Time não vence um campeonato na categoria desde o ano 2000. |
Com
relação ao calendário da competição, nenhuma novidade este ano. Teremos as
mesmas 18 etapas vistas em 2014, praticamente nos mesmos finais de semana.
Começando no dia 29 deste mês, na pista de Losail, no Catar, que abre a
temporada, e finalizando no dia 08 de novembro, com a prova de Valência, no
circuito Ricardo Tormo. A Espanha, aliás, segue com o maior número de provas, 4
etapas: Jerez, Barcelona, Aragón, e Valência. Os Estados Unidos sediam duas
etapas, em Austin e Indianápolis, assim como a Itália também tem duas corridas
em seu país: Mugello, e Misano, sendo que esta última pista na verdade sedia o
GP de San Marino, pequeno principado encravado no meio do território italiano,
que até meados da década passada também tinha um GP na F-1, disputado no
tradicional circuito de Ímola, também em território italiano. E a Argentina continua
sendo o único país da América do Sul a sediar uma etapa da competição, e depois
dos rolos envolvendo o governo do Distrito Federal com o autódromo de Brasília,
nota-se que a Dorna fez muito bem em não confiar nas autoridades de nossa
capital federal, ao não confirmar as tratativas para o Brasil receber novamente
uma etapa da competição. A última vez que nosso país recebeu a MotoGP foi em
2004, quando a corrida foi disputada no autódromo de Jacarepaguá, antes que o
mesmo fosse descaracterizado pela cartolagem do COB e seus sonhos
megalomaníacos de fazer justo ali o centro de esportes dos Jogos Panamericanos
e das Olimpíadas do ano que vem, acabando por destruir completamente o
autódromo carioca, com total conivências das autoridades locais e das confederações
do esporte a motor nacional, para prejuízo dos fãs das corridas.
Em
futuro próximo, a Finlândia tem interesse em receber uma etapa da categoria,
tendo um circuito sendo construído próximo à cidade de Iitti, que terá o nome
de Kymi Ring. O GP da Inglaterra pode mudar de sede no futuro, com um projeto
de construção de uma nova pista no País de Gales começando a ser discutida no
condado de Blaenau Gwent, com o objetivo de sediar a etapa britânica da
competição. Mas tanto essa mudança quanto a inclusão da Finlândia ainda estão
bem distantes, por enquanto.
Por
enquanto, então, vamos à disputa do Mundial de 2015 da MotoGP. E que vença o
melhor.
Bicampeão, a meta de Márquez em 2015 é a mais óbvia possível: ele quer o tricampeonato. Resta saber quem vai conseguir impedi-lo... |
CALENDÁRIO DO CAMPEONATO 2015
DATA
|
ETAPA
|
CIRCUITO
|
29.03
|
Grande Prêmio do Catar
|
Losail
|
12.04
|
Grande Prêmio das Américas
|
Austin
|
19.04
|
Grande Prêmio da Argentina
|
Termas de Rio Hondo
|
03.05
|
Grande Prêmio da Espanha
|
Jerez de La Fronteira
|
17.05
|
Grande Prêmio da França
|
Le Mans
|
31.05
|
Grande Prêmio da Itália
|
Mugello
|
14.06
|
Grande Prêmio da Catalunha
|
Barcelona
|
27.06
|
Grande Prêmio da Holanda
|
Assen
|
12.07
|
Grande Prêmio da Alemanha
|
Sachsenring
|
09.08
|
Grande Prêmio de Indianápolis
|
Indianápolis
|
16.08
|
Grande Prêmio da República
Tcheca
|
Brno
|
30.08
|
Grande Prêmio da Inglaterra
|
Silverstone
|
13.09
|
Grande Prêmio de San Marino
|
Misano
|
27.09
|
Grande Prêmio de Aragón
|
Aragón
|
11.10
|
Grande Prêmio do Japão
|
Motegi
|
18.10
|
Grande Prêmio da Austrália
|
Phillip Island
|
25.10
|
Grande Prêmio da Malásia
|
Sepang
|
08.11
|
Grande Prêmio da Comunidade
Valenciana
|
Valência
|
Abram alas: o "Doutor" vem aí. Valentino Rossi foi vice-campeão em 2014, e quer muito mais do que isso... |
EQUIPES E PILOTOS DA MOTOGP (Categoria Principal)
EQUIPE
|
PILOTOS
|
Avintia Racing
|
Hector Barbera
Mike Di Meglio
|
AB Motoracing
|
Karel Abraham
|
Drive M7 Aspar
|
Eugene Laverty
Nicky Hayden
|
Ducati Team
|
Andrea Dovizioso
Andrea Iannone
|
Estrella Galicia 0,0 Marc VDS
|
Scott Redding
|
Aprilia Racing Team Gresini
|
Álvaro Bautista
Marco Melandri
|
Monster Yamaha Tech 3
|
Pol Spargaro
Bradley Smith
|
CWM LCR Honda
|
Jack Miller
Carl Crutchlow
|
Movistar Yamaha MotoGP
|
Valentino Rossi
Jorge Lorenzo
|
Octo IodaRacing Team
|
Alex De Angelis
|
Team Suzuki Ecstar
|
Aleix Spargaro
Maverick Viñalez
|
Pramac Racing
|
Danilo Petrucci
Yonny Hernandez
|
Repsol Honda Team
|
Dani Pedrosa
Marc Marquez
|
Athinà Forward Racing
|
Stefan Bradl
Loriz Baz
|
NO BRASIL
Sem
termos novamente um representante na categoria, resta aos brasileiros acompanhar
as provas da categoria nos canais do SporTV, na TV por assinatura, que pelo
menos vai transmitir toda a temporada, como tem feito nos últimos anos. E, a
julgar pelo que a Globo resolveu inventar na transmissão do Grande Prêmio da
Austrália de F-1 domingo passado, melhor ficar mesmo com as transmissões do
canal fechado, que pelo menos tem mantido a sobriedade e uma qualidade maior de
informações aos fãs da motovelocidade.
Jorge Lorenzo foi 3° colocado no ano passado e não gostou nem um pouco. O espanhol também quer ser tricampeão... |
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