quarta-feira, 11 de março de 2015

ESPECIAL FÓRMULA 1 2015



            Neste fim de semana a Fórmula 1 inicia a disputa de seu campeonato de 2015, então é hora de uma matéria especial apresentando o panorama dos times que irão entrar na pista este ano, o que esperar da competição, além de como estarão os pilotos brasileiros, e o que de mais relevante mudou do ano passado para cá. Uma boa leitura a todos, e que venha o sinal verde. A F-1 está de volta!



F-1 2015: QUEM VAI SER O VICE?

Time alemão da Mercedes deve dominar novamente o campeonato, mas a disputa pelo vice deverá ser bem acirrada.

Adriano de Avance Moreno

A Mercedes deve continuar reinando na F-1 2015, e muito possivelmente seus rivais só vão enxergar este ângulo dos carros de Lewis Hamilton e Nico Rosberg...
            A Fórmula 1 começa no próximo final de semana, em Melbourne, na Austrália, o seu 66° Campeonato Mundial. Depois de vivenciar a supremacia da escuderia alemã Mercedes em 2014, revivendo o mítico período de dominação das "Flechas de Prata" dos anos 1950, a atual equipe campeã tem tudo para continuar exercendo o mesmo domínio em 2015. Se os rivais melhoraram seus projetos e equipamentos com vistas a mudar o panorama que viveram na última temporada, a Mercedes tão pouco ficou parada celebrando os louros de seu triunfo: o novo modelo W06 pouco mostrou de seu poderio nos testes da pré-temporada, mas nos raros momentos em que foi exigido mais a fundo, não deu margens a dúvidas: bater Lewis Hamilton e Nico Rosberg será um desafio tremendamente difícil este ano, e sem garantias de sucesso.
            Em compensação, o duelo para ver quem será o segundo melhor time da categoria tem tudo para ver uma batalha das mais ferozes. A Williams findou 2014 como o melhor time depois da Mercedes, e conseguiu manter o seu desenvolvimento melhorando o que já era bom em seu carro e corrigindo as fraquezas existentes no projeto sem enfrentar problemas maiores, enquanto a Ferrari parece plenamente recuperada da má temporada do ano passado para voltar a discutir os primeiros lugares disponíveis, ao lado de uma Red Bull que mostra não ir mais longe pela limitação ainda evidente de sua unidade de força da Renault, que conseguiu evoluir, mas sem exaurir a diferença que a separa dos rivais. Uma destas escuderias será agraciada com o degrau mais baixo do pódio, e se a sorte e a maior competência o permitirem, subirem os degraus mais altos se porventura o time da Mercedes falhar em seus prognósticos.
A Ferrari melhorou bastante e pode desafiar a Williams pelo posto de segundo melhor time da categoria em 2015. O duelo promete, e ainda tem a Red Bull à espreita para apimentar as disputas.
            Assim, a F-1 deverá ter "grupos" de disputa no campeonato de 2015, em teoria pelo que cada time pôde mostrar na pré-temporada. É apenas uma expectativa, não uma regra rígida. Com a Mercedes andando sozinha na frente, o "segundo" grupo seria formado justamente por Williams, Ferrari e Red Bull. Atrás destas viria o "terceiro" grupo, formado pelos times da Toro Rosso, Sauber, Force India, e Lotus. A McLaren, pelo que não conseguiu demonstrar na pré-temporada, pode até andar atrás de todo mundo, mas só não vai ser a última do grid porque a Marussia, que volta a usar o seu nome original, Manor, conseguiu voltar ao grid, e vai disputar o campeonato inicialmente com o modelo 2014 adaptado ao regulamento atual. Na melhor das hipóteses, a McLaren pode tanto liderar o "terceiro" grupo como ser a última do "segundo" grupo. Só teremos uma idéia mais clara nas etapas iniciais. Assim como da mesma forma nada impede que alguns times surpreendam e andem muito mais do que se imaginava, da mesma forma que alguns outros poderão andar menos do que o esperado.
            Uma característica do "terceiro" grupo é que ele reúne, tirando a Toro Rosso, times que estão com seus orçamentos bem comprometidos e cheios de dívidas. Tanto que a Force India só conseguiu aprontar seu modelo 2015 para os últimos dias de testes, e precisou pedir um adiantamento da FOM para concluir o segundo monoposto, em virtude da falta de recursos que se abateu sobre a escuderia indiana. Por sua vez, a Lotus perdeu alguns patrocinadores importantes do ano passado para cá, e a Sauber, depois do péssimo desempenho em 2014, precisou contratar dois pilotos pagantes para fechar um orçamento restrito para seguir competindo. Nunca os patrocinadores estiveram tão arredios para investir na F-1, a ponto de até mesmo a grande McLaren estar tendo dificuldades para atrair investidores. Torna-se mais do que urgente rediscutir os enormes gastos que a F-1 impõe a seus participantes para disputar o campeonato, ao mesmo tempo em que a divisão dos enormes lucros precisa ser mais justa e sustentável.
            Para piorar a situação, a FOM continua a ignorar o poder de marketing da internet e das redes sociais como canais de contato com o público fã de automobilismo, muito mais pelo fato de o uso da rede escapar ao seu controle implacável de direitos, para os quais, sem pagamento, nada feito, do que por ignorância propriamente dita. A audiência das corridas vem caindo nos últimos anos, e o público da categoria está tendo dificuldades em se renovar. E se os jovens não sentirem atratividade pelas corridas da categoria, os mais velhos que até o momento sustentam a maior parte de sua audiência podem em breve deixar de contar para isso, na medida em que o tempo passa. Bernie Ecclestone continua fiel a seus princípios, e já declarou que os jovens não tem dinheiro para consumir a F-1 como produto, e por isso prefere velhos endinheirados que podem comprar o que a categoria oferece por seus preços exorbitantes. O método de ganhar cada vez mais sobre poucos, ao contrário das melhores práticas comerciais, onde o lucro maior vem da venda cada vez maior, ganhando menos por unidade comercializada, mas faturando na quantidade. E, no atual momento, o equilíbrio financeiro da F-1 está desnivelado, com metade do grid tendo dinheiro de sobra, e a outra metade despencando a ladeira no lado financeiro. Um desnivelamento que pode ter consequências drásticas a qualquer momento.
Manter a estrutura necessária para competir na F-1 continua custando muito caro, e os patrocinadores andam arredios para gastar tanto dinheiro.
            E como desgraça pouca é bobagem, não há união entre os times para se chegar a soluções consensuais para toda a categoria como um todo. Ecclestone chega até a reclamar da postura dos times de olhar apenas para o próprio umbigo, mas sempre foi ele a fomentar a desunião das escuderias, para evitar que, juntando forças, se tornassem fortes a ponto de colocar em xeque a autoridade da Formula One Management - FOM, entidade que gere comercialmente a categoria, da qual Ecclestone é o manda-chuva mor. E uma prova dos conflitos de interesse veio à tona há semanas atrás, quando foi proposto mudar novamente o regulamento, com introdução de novos motores muito mais potentes, além de outras mudanças, a fim de tentar "resgatar" a popularidade da F-1, no que foi vetado pela FIA para o ano que vem, em nome do bom senso, uma vez que mudar novamente o regulamento da forma como era proposto iria quebrar os times em situação financeira delicada, o que poderia ser mais prejudicial do que benéfico à categoria. Com relação às normas técnicas atuais, o melhor é deixá-las estáveis, e os próprios times poderão competir de forma melhor, sem sobressaltos. E este ano tende a ser bem mais pacífico para as escuderias neste quesito, por já saberem melhor com o que podem trabalhar.
Bicampeão, Hamilton vai querer mais títulos. E sabe que tem carro para isso. Novo duelo renhido com Nico Rosberg (abaixo) promete esquentar o clima novamente em 2015.
 
Daniel Ricciardo surpreendeu no ano passado, e agora é oficialmente o "líder" da Red Bull. E quer continuar surpreendendo em 2015.
          
Um ponto positivo é que devermos ter condições de assistir a muitas brigas e disputas na pista. A Mercedes, aproveitando seu momento de domínio, deve manter sua política de liberar sua dupla de pilotos para competir a fundo, desde que eles não batam um no outro. No ano passado isso salvou o campeonato de ser monótono, e proporcionou bons pegas entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg, com o inglês se sagrando bicampeão. Este ano, Rosberg já disse que não aceitará de forma alguma nova derrota. E alguém acha que Hamilton vai aceitar ficar parado? O desafio está lançado.
            Assim como a luta que deve ser travada entre Williams, Ferrari e Red Bull, cujos desempenhos na pré-temporada mostraram certo equilíbrio, o que indica que os 3 times devem se bater duramente na pista. A Ferrari tem a dupla mais forte, mas a Williams aparente ter uma pequena vantagem de performance, enquanto na Red Bull, se Ricciardo foi uma surpresa maior do que todos imaginavam em 2014, ainda não dá para saber o que esperar de Daniil Kvyat. E mais atrás, o duelo entre os times restantes também deve ser bem interessante, e se a McLaren conseguir andar pra valer, melhores ainda as condições de vermos um duelo bem apinhado de competidores lutando com todas as forças pelos melhores lugares nas corridas. Só não dá para contar mesmo é com o desempenho da Manor/Marussia, que deve continuar andando ainda mais atrás de todo mundo do que já andava.
            Vejamos agora um pouco mais do que iremos ver na F-1 em 2015:

CARROS MAIS VELOZES

            Uma das grandes chiadeiras dos fãs em 2014 foi alegar que a F-1 havia ficado "lenta", uma vez que os carros da GP2 eram mais velozes que parte do grid. Poucos se deram conta de que os bólidos haviam ganhado praticamente 50 Kg a mais de peso, perdido boa parte da sustentação aerodinâmica de 2013, além de efetuar as corridas gastando 1/3 a menos de combustível com os novos motores turbo. Esqueceram-se também que toda grande mudança sempre se traduz em perda de performance inicial, que costuma ser recuperada com o tempo, uma vez que os carros são continuamente desenvolvidos pelas escuderias.
            Pois este ano eles terão menos motivos para reclamarem: os bólidos 2015, com os desenvolvimentos feitos pelas escuderias, cujo regulamento permaneceu praticamente estável, aliado ao desenvolvimento das unidades de potência, e aos novos pneus mais velozes desenvolvidos pela Pirelli, demonstraram um ganho de cerca de 2,5s em relação aos mesmos tempos obtidos na pré-temporada do ano passado.
            As unidades de potência puderam sofrer vários aprimoramentos permitidos pelo regulamento, e o incremento de potência, só na Mercedes, foi de 50 HPs a mais do que a unidade rendia em 2014. Da mesma maneira, Ferrari e Renault também puderam melhorar seus sistemas, sendo que a Ferrari conseguiu enormes progressos corrigindo detalhes que se mostraram equivocados na temporada passada. A Renault, apesar de seus progressos, em tese continuou atrás dos concorrentes, a julgar pela evolução conseguida por estes. Já a Honda, por ser estreante no campeonato, não tem um parâmetro de avaliação confiável no momento, mas deve ser o pior conjunto motor-ERS, justamente por seu noviciado com o novo regulamento técnico.
Novos pneus: a Pirelli pôde oferecer pneus mais velozes para este ano, sabendo o que esperar dos novos carros e motores.
            A Pirelli em 2014 fez uma construção "conservadora" de seus pneus, por questões de segurança, até por não ter dados sobre como se comportariam os novos carros e suas novas unidades turbos, que por possuírem muito mais torque que os antigos motores V-8 aspirados, provocariam um desgaste potencialmente maior nos pneus traseiros. Depois de uma temporada inteira de experiência, a fábrica italiana já teve todas as informações  necessárias para produzir pneus mais velozes, mantendo o grau de durabilidade variável dentro de faixas de segurança aceitáveis. Com mais potência, e pneus mais velozes, os carros ganharam muito mais performance, já conseguida também pela melhoria dos projetos dos monopostos, com os times a terem muito mais dados do comportamento de seus novos projetos com base nos resultados do ano passado.
            A evolução da performance só não é maior ainda porque os motores este ano precisam ser ainda mais resistentes: ao invés de disporem de 5 unidades, cada piloto este ano só terá direito a 4 unidades de potência. Assim, com receio de comprometer a fiabilidade do equipamento, todos os fabricantes não liberaram todo o potencial aumento conseguido com as mudanças permitidas pelo regulamento. Mesmo assim, os carros deverão ser bem mais rápidos.
            Só não vai dar para agradar àqueles que reclamam da falta do barulho dos antigos motores aspirados: as unidades turbos continuam a apresentar um ruído muito menor, com pouca diferença para o que se viu em 2014. Mas quem gosta de um boa disputa vai ter de aprender a conviver com esse detalhe, que tem seus críticos e defensores.

REGULAMENTO

            Depois de passar pela sua maior revolução no ano passado, com a adoção de novos parâmetros para os carros, e a adoção das unidades híbridas de força, combinando os novos sistemas de recuperação de energia com o retorno dos motores turbos, as escuderias tiveram um transição suave para 2015, com mudanças apenas pontuais. A maior delas ficou mais restrita ao bico dos monopostos, com a FIA a baixar novas determinações impondo um padrão estético que deixou os carros bem mais apresentáveis visualmente do que as soluções adotadas em 2014. A intenção da FIA foi realmente tornar os carros menos feios, no que foi um dos motivos de maior reclamação e gozação do público no ano passado, pelos visuais curiosos que alguns times adotaram.
            Os carros ficaram novamente mais pesados, devendo apresentar um peso mínimo de 702 Kg, sem combustível. No ano passado, apesar do aumento de cerca de 50 Kg, os times reclamaram devido ao incremento de peso pelo uso dos novos ERS, que limitou as possibilidades de uso dos lastros nos bólidos para melhoria da estabilidade, conforme a necessidade das pistas visitadas. E as unidades de potência ficaram mais restritas: cada piloto terá direito apenas a 4 unidades na temporada, ao invés das 5 disponíveis em 2014. Em contrapartida, a punição para quem precisar trocar o motor não será mais largar dos boxes, mas da última posição do grid.
Menos motores estarão disponíveis para os pilotos este ano. Todas as unidades evoluíram de 2014 para 2015, mas a Renault continua atrás de Mercedes e Ferrari.
            Antes da pré-temporada, contudo, já houve celeuma em torno da regra de homologação dos motores para este ano, promovida por Ferrari e Renault, que se aproveitaram de uma brecha no regulamento, e fizeram valer seu ponto de vista, da não-obrigatoriedade de homologar as unidades de potência no dia 28 de fevereiro, data em que isso foi feito em 2014. O regulamento da categoria não marcou efetivamente data para isso ser feito este ano, de modo que os fabricantes poderão evoluir seus motores durante o ano, e só depois fazer a homologação, ficando com as unidades novamente congeladas em seu desenvolvimento. Mas isso também beneficia a própria Mercedes, que tem o melhor conjunto de potência. A Honda, sentindo-se prejudicada com a regra, uma vez que teria forçosamente de homologar seu propulsor na data afirmada, protestou, assim como a McLaren, e a FIA acabou por ceder, permitindo aos japoneses também trabalhar sua unidade durante o campeonato. Mas o desenvolvimento é uma faca de dois gumes: o regulamento permite a mudança de "setores" dos sistemas, denominados "tokens", e cada modificação equivale a uma "ficha" que pode ser usada. Estas "fichas" são em número limitado, o que significa que quem fizer o maior número de modificações em sua unidade agora, terá menos áreas em que poderá mexer posteriormente, nas próximas "janelas" que serão abertas para os fabricantes poderem novamente mexer em suas unidades. E ainda há o risco de gastar "fichas" sem que estas apresentem os resultados esperados, o que pode significar perda de oportunidades em desenvolvimentos futuros, pelas mudanças iniciais não terem dado resultado.
            Visando também fortalecer a identificação dos pilotos perante o público, outra mudança implantada foi a proibição de alteração do design dos capacetes dos pilotos: cada competidor deverá manter o seu layout durante toda a temporada, permitindo-se apenas mudanças ocasionais nos mesmos por compromissos promocionais. Como nos últimos tempos alguns pilotos ficaram mudando os capacetes a toda corrida, como Sebastian Vettel, para a entidade que comanda o automobilismo mundial, o público perdia a identificação do piloto. A medida visa completar a adoção do número fixo para cada piloto, implantada no ano passado, que agradou aos fãs, e também aos próprios competidores, que puderam escolher os números que passariam a ostentar em seus carros.
            E nada de pontuação dobrada em nenhuma etapa: todas as corridas contarão pontos igualmente. Neste ponto, o bom senso prevaleceu, o que deveria ser norma na categoria, mas que não acontece tanto quanto deveria.


O CAMPEONATO

            A temporada 2015 volta a ter 20 corridas programadas, começando pela Austrália, e terminando novamente em Abu Dhabi, no fim do mês de novembro. A novidade do ano é a volta da corrida do México, que esteve presente no calendário da categoria pela última vez em 1992. O palco será o mesmo circuito Hermanos Rodriguez, na Cidade do México, mas com o diferencial de ter tido sua principal curva, a Peraltada, cortada por um cotovelo em 90° que simplesmente acabou com o desafio do trecho, que antes permitia aos carros entrarem a fundo na longa reta dos boxes, palco principal das ultrapassagens realizadas nas corridas lá disputadas.
O Autódromo Hermanos Rodriguez, na Cidade do México, volta a receber a F-1. Última prova no país foi em 1992.
            Apenas em 2012 o calendário foi tão extenso, mas a exemplo do ano passado, nem tudo está garantido. O calcanhar de Aquiles da temporada é o GP da Alemanha, que este ano deverá ser sediado em Nurburgring, no esquema de revezamento adotado nas últimas temporadas entre este circuito e Hockenhein. Mas a pista do vilarejo de Nurburg está sem fundos para custear as obrigações financeiras de sediar o GP, o que ameaça a realização da prova. Contatada para ser novamente a sede este ano, o autódromo de Hockenhein também não possui recursos para custear a corrida, que no ano passado, a despeito da supremacia da Mercedes, e de ter o alemão Nico Rosberg liderando a competição na ocasião, ter tido o menor público de que há memória, um tremendo sinal de que há algo errado com a atratividade da categoria, por se dar em um país onde a F-1 tem tido origem dos seus maiores investimentos, com a Mercedes, e com grande número de pilotos na categoria, entre eles o tetracampeão Sebastian Vettel.
GP da Alemanha em risco: Nurburgring está sem dinheiro, e a situação de Hockenhein (acima) também não é muito melhor.
            Ao retirar cada vez mais a F-1 da Europa, em busca de países que paguem sem pestanejar suas altíssimas taxas de promoção de um GP, Bernie Ecclestone vai minando a presença da categoria em seu principal mercado, ao mesmo tempo em que dispensa os recursos da internet para promover melhor seu produto. E com a expectativa de novas corridas candidatas ao calendário para 2016, como no Azerbaijão e em Nova Jérsey, não será surpresa se mais corridas na Europa acabarem sendo postas de lado, em nome dos lucros da FOM.

AS ESCUDERIAS

 Mercedes: Novo ano de supremacia?

Novo modelo W06 do time alemão rodou toda a pré-temporada assustando tanto na fiabilidade quanto na velocidade, quando foi exigido a fundo.
            Desde o primeiro dia de testes da pré-temporada, já se imaginava que a Mercedes, atual campeã da F-1, iria ter outro ano de domínio. As evoluções promovidas na unidade de potência alemã já evidenciavam que o novo V-6 iria dispor de mais potência e confiabilidade do que em 2014, e ficava a esperança do time não conseguir produzir um modelo tão eficiente quanto o do ano passado, a fim de dar esperança de um campeonato mais disputado este ano. A esperança foi logo perdida com os primeiros resultados vistos ainda em Jerez. Não foi pela velocidade bruta, mas pela constância e fiabilidade que o novo chassi W06 mostrava em suas longas sessões de voltas. Enquanto os outros times pareciam querer mostrar quem era mais veloz com os pneus mais moles, Nico Rosberg e Lewis Hamilton andavam longas sessões e faziam simulação de corrida com tempos extremamente regulares e utilizando os pneus mais duros, e sem sofrer praticamente nenhum percalço ou problema técnico.
            Em Barcelona, os resultados foram ainda mais óbvios, e apenas na última sessão, resolveram mostrar um pouco do que o novo carro era capaz, e com pneus apenas macios, Nico Rosberg virou um temporal, deixando Felipe Massa, da Williams, cerca de 0s7 pra trás. E pior, não usando os mesmos pneus, em condições parecidas. E confirmado quando Lewis Hamilton também conseguiu ser mais rápido que os rivais, equipados com os pneus ultramacios, usando o composto macio, ainda que por diferença pequena. Isso bastou para fazer todos caírem na real. Se nada diferente acontecer, a dupla da Mercedes vai disputar novamente sozinha o título, e se no ano passado os rivais tiveram algumas oportunidades graças a problemas técnicos nos carros alemães, esse ano a esperança ficou bem reduzida: a dupla de pilotos completou nada menos do que o equivalente a 20 GPs em quilometragem na pré-temporada, sem sofrer problemas de monta, o que dá outro banho frio na concorrência, que ou teve problemas variados para sanar, ou que, se não enfrentou percalços, não conseguiu mostrar velocidade potencial para bater a escuderia alemã.
 
Nico Rosberg vem para brigar com tudo: alemão quer o título e nada mais.
          
Resta saber como vai se dar neste ano a disputa interna entre sua dupla de pilotos. No ano passado, Nico Rosberg conseguiu se mostrar à altura de Lewis Hamilton e em certo momento parecia caminhar firme para o título, mas pisou na bola com sua atitude belicosa em Spa-Francorchamps e acabou ficando na sombra do parceiro no restante da temporada, reagindo eficazmente apenas na etapa do Brasil. Hamilton, agora bicampeão, deve vir ainda mais forte, pois certamente vai querer o tricampeonato. Resta saber se o inglês vai estar plenamente equilibrado no fator emocional, já que se separou novamente de sua namorada, o que em ocasiões anteriores sempre o fez perder a concentração nas corridas. Mas há uma diferença: agora foi Hamilton quem encerrou o relacionamento, e não Nicole Scherzinger, que o fez nas outras ocasiões.
            Há de se esperar um Hamilton mais preparado, especialmente depois de passar vários apertos com Rosberg no ano passado, quando perdeu um pouco o foco e acabou se deixando abalar por estar sendo superado pelo alemão. Se mantiver a forma vista a partir de Monza do ano passado, Lewis deve conseguir dominar Rosberg com mais facilidade, mas que o inglês não se engane: Nico vai vir ainda mais com tudo neste ano. A esperança da torcida é que a luta seja livre e limpa entre ambos, pela emoção da disputa do campeonato. Para os rivais, contudo, a esperança é que a luta seja tremenda que solte faíscas a rodo, para que possam tirar proveito da situação...

Williams: A meta é voltar a vencer

A Williams renasceu em 2014, e agora, quer voltar a vencer corridas. Mas falta combinar com a Mercedes...
            O time de Frank Williams renasceu em 2014 na F-1. Depois de uma performance pífia em 2013, a escuderia reformulou sua área técnica, contratou o experiente engenheiro Pat Symonds e produziu seu melhor carro em mais de uma década. O modelo FW36 mostrou-se o melhor carro depois das imbatíveis Mercedes, e a escuderia só não terminou melhor porque passou boa parte da primeira metade do campeonato acertando os pontos que faltavam. Mas o time manteve sua curva de crescimento, e para este ano, conseguiu não só reforçar seu orçamento, com a obtenção de novos patrocínios além de manter os que já possuía em 2014, como o novo modelo FW37 mostrou-se muito veloz e fiável, não tendo apresentado nenhum problema relevante na pré-temporada. Além de conseguirem manter a grande velocidade reta do modelo - superior até à da Mercedes, os engenheiros conseguiram melhorar áreas que eram deficientes no ano passado, como o déficit de tração e o equilíbrio nas curvas.
            Não fosse o novo modelo da Mercedes tão superior como demonstrou em Barcelona, a Williams poderia lutar pelo título, mas mesmo assim, a meta para este ano é voltar ao degrau mais alto do pódio, onde esteve pela última vez em 2012, no GP da Espanha, com Pastor Maldonado. E lutar firme pelo vice-campeonato de construtores, a se confirmar mais um ano de domínio da Mercedes. Apesar do otimismo, a equipe sabe que a parada vai ser dura: Ferrari e Red Bull mostraram que estão próximas, e vão dar luta ao time de Grove pela posição logo abaixo das Mercedes. No ano passado a Red Bull foi a vice-campeã, e a única a conseguir vencer corridas, enquanto à Williams sobrou apenas o brilho da pole na Áustria e vários pódios pela temporada, e o 3° lugar no campeonato. A Red Bull deve manter sua forma, e a Ferrari mostrou que não apenas tem um carro mais bem projetado do que o de 2014, como sua unidade de potência solucionou vários problemas exibidos na temporada passada.
            Um ponto fraco da escuderia em 2014 precisará ser evitado este ano: a adoção de estratégias de corrida demasiado "conservadoras", que impediram o time de obter melhores resultados por não mostrar agilidade e perceptividade de adequar as estratégias de prova ao momento da corrida na hipótese de algum imprevisto ou acontecimento anormal, além de ficar mais atento às movimentações dos rivais durante as provas. O fato de terem seguido demasiado suas estratégias planejadas, quando o panorama da corrida mudou substancialmente, contribuiu para a perda de posições que seriam facilmente conquistadas por seus pilotos se o time fosse mais arrojado e decidido na hora de arriscar e mudar o plano inicial. Espera-se que a experiência tenha servido para aprenderem o que precisa ser feito.
O novo modelo FW37 corrigiu falhas do FW36 sem comprometer o que havia de bom.
            Em termos de pilotos, a escuderia manteve sua dupla, e está satisfeita com eles: Valtteri Bottas já mostrou do que é capaz, e Felipe Massa terminou 2014 em alta, reafirmando que sua velocidade está intacta. Se os pilotos não enfrentarem problemas alheios a seu controle, a dupla tem tudo para ir mais longe do que foi em 2014, assim como o time, que precisa se mostrar forte já desde o início, especialmente para encarar uma concorrência que promete vir bem mais forte do que no ano passado. Um bom indício é que tanto Massa quanto Bottas gostaram do que viram no FW37, o que dá esperanças de conseguirem mesmo produzirem bem mais do que mostraram no ano passado.

Red Bull: Ser a melhor oponente da concorrência

A Red Bull sabe que vai ser difícil bater a Mercedes, mas nem por isso vai deixar de lutar. Em 2014, foram vice-campeões e os únicos a vencer além do time alemão.
            Depois de 4 anos de campeonatos vencidos, a Red Bull perdeu sua invencibilidade em 2014 para a Mercedes, mas não perdeu o rebolado. Depois de uma pré-temporada pífia, a escuderia deu a volta por cima, e conseguiu ser o único time a vencer corridas além da escuderia alemã, o que não é pouco. Daniel Ricciardo, a nova estrela do time, deu um baile no tetracampeão Sebastian Vettel, a ponto deste resolver fazer as malas e ir para a Ferrari, claramente incomodado com a situação de ser batido pelo jovem australiano. O time foi vice-campeão, e com a certeza de que 2015 seria outra história. Só faltou combinar com os alemães.
            E, pelo que se viu nesta pré-temporada, vai continuar sendo muito difícil destronar os carros de Brackley. A unidade de potência da Renault está muito melhor do que em 2014, mas levando-se em consideração as evoluções alcançadas pelas rivais Mercedes e Ferrari, a Renault ainda continua devendo performance, e só deve ganhar mesmo é da novata Honda. E o modelo 2015 da escuderia é o último carro produzida inteiramente sob a responsabilidade de Adrian Newey, que passou a ser apenas um "consultor" da escuderia austríaca, descontente com as restrições do regulamento da categoria. E o próprio Newey já admitiu que a Mercedes continua muito à frente de todos, Red Bull inclusa. Para complicar, a concorrência está mais acirrada para se ver quem irá ocupar o posto de melhor segundo time. A Williams manteve sua força vista ao final de 2014, e a Ferrari pode estar firme na briga. A pré-temporada deste ano foi muito menos problemática do que a do ano passado, mas o novo modelo não parece ainda capaz de suplantar as deficiências da unidade de potência da Renault, e ainda apresentou vários problemas em alguns dias, o que não impediu que alguns tempos expressivos fossem obtidos com o uso de pneus mais macios, o que em tese permite algum otimismo, pois em 2014, mesmo com todos os problemas nos testes, onde mal conseguiram andar, quanto mais marcar tempos competitivos, mesmo usando os pneus mais velozes, e mesmo assim a escuderia surpreendeu na Austrália, terminando em 2° lugar com Ricciardo antes deste ser desclassificado por irregularidades no fluxômetro de combustível. Vale lembrar que este ano o time conseguiu andar quase o triplo do que fez nos testes do ano passado, o que permite manter a esperança de que a escuderia dos energéticos novamente seja capaz de surpreender e colocar-se novamente como o principal oponente da Mercedes na competição, ainda que sem muitas hipóteses de vencer um confronto direto sem que os prateados alemães enfrentem algum problema. E, sem Newey presente 100% na fábrica, mas apenas dando consultoria, fica a dúvida se o corpo técnico terá a capacidade de manter a evolução do monoposto com a mesma eficiência dos últimos anos.
A Red Bull quer voltar a andar na frente de todos, mas a Mercedes não vai deixar barato.
            Daniel Ricciardo está pronto para liderar o time efetivamente, depois de superar Vettel no ano passado com impressionante desempenho e mantendo sempre o bom humor, e terá o jovem russo Daniil Kvyat como companheiro. Daniil perdeu a disputa na Toro Rosso ano passado, superado por Jean-Éric Vergne, que mesmo assim acabou preterido na escuderia por Helmut Marko. Agora, o russo vai ser cobrado ainda mais, por correr no time principal. Resta saber se vai estar à altura do desafio.

Ferrari: Voltando aos eixos

Depois de uma temporada desastrada em 2014, o time de Maranello inicia a temporada completamente renovado. Além de novo carro e de nova e revisada unidade de potência, o time agora tem Sebastian Vettel.
            Depois de disputar sua pior temporada em mais de duas décadas no ano passado, a escuderia passou por um verdadeiro terremoto: mudou de direção duas vezes, dispensou Fernando Alonso e boa parte dos responsáveis pela área técnica, e promoveu inúmeras mudanças na organização. Nem Luca de Montezemolo escapou, sendo demitido depois de praticamente uma vida inteira dedicada ao time, ou quase, o que dá uma mostra de como os baixos resultados impactaram. E a escuderia começa 2015 objetivando uma lenta mas positiva escalada de volta ao topo da F-1.
            O novo modelo SF15T, o primeiro modelo inteiramente desenvolvido por James Allison, já deu mostras de ser muito superior ao do ano passado, e conseguiu fazer até Kimi Raikkonem voltar a sorrir e se manter entusiasmado com as reações do carro, muito mais positivas do que o modelo 2014, com o qual não se entendeu durante toda a temporada. A unidade de potência, reformulada, corrigiu os principais pontos falhos demonstrados na última temporada, melhorando em todos os aspectos, e ajudando a aumentar o nível de performance de maneira consistente.
O novo carro SF15T é tão melhor que o de 2014 que até Kimi Raikkonem anda empolgado, e para quem conhece o "Homem de Gelo", sabe que ele não se anima à toa...
            E a escuderia agora conta com o tetracampeão Sebastian Vettel, que tem a missão de levar o time italiano de volta ao topo. Com sua simpatia e personalidade, o piloto alemão já fez o time esquecer Fernando Alonso, que depois de 5 temporadas e apenas três vice-campeonatos, deu adeus a Maranello de forma a não deixar saudades. O ambiente interno, diga-se de passagem, ficou bem mais fresco e arejado sem o clima centralizador que o asturiano gostava de impor para obter seus melhores resultados, e isso ajudou nos trabalhos da pré-temporada.
            O novo carro mostrou velocidade e fiabilidade, mas na comparação direta com a Mercedes, ainda estão muito atrás, e pelos tempos obtidos, a esquadra de Maranello vai brigar para ser a segunda força do campeonato com Williams e Red Bull. No quesito piloto, a Ferrari possui a dupla mais forte, com dois campeões mundiais, que sabem o que precisa ser feito. A parada, contudo, vai ser dura, e no momento, a Williams parece encontrar-se ligeiramente acima do time italiano em performance. Nada que muito trabalho e determinação não sejam capazes de resolver.
            A direção da Ferrari agora está a cargo de Sergio Marchione, e tem Maurizio Arrivabene como chefe de equipe. Arrivabene, aliás, já admitiu estar ainda aprendendo como conduzir a escuderia, e já andou tendo algumas atitudes até inéditas quando se leva em conta o tradicional histórico arrogante da postura das chefias de Maranello ao longo de sua história. A meta para este ano é conseguir pelo menos duas vitórias, objetivos até modestos perto da ambição que o time tem de voltar a ser o principal protagonista da competição, mas igualmente desafiadores levando-se em conta a provável supremacia da Mercedes. O foco é na paciência para se atingir os objetivos sem produzirem percalços desnecessários pelo meio do caminho. A simplicidade e até humildade demonstradas na pré-temporada sugerem um bom início neste rumo. Resta saber se o bom clima se manterá se os resultados ficarem abaixo até mesmo das mais modestas expectativas. E pelo seu histórico, Maranello não costuma ter a paciência necessária para resolver a situação da melhor maneira, começando logo a entrar em crises que dificilmente passam sem produzirem estragos na escuderia.

Sauber: A meta é pontuar bem, mas o time já se enroscou antes de entrar na pista

A Sauber espera poder se recuperar este ano, mas já arrumou uma bela encrenca fora da pista...
            O time suíço é outra escuderia que viveu um período negro em 2014 e que agora tenta se recuperar. Pela primeira vez em sua história na F-1, o time de Peter Sauber não conseguiu marcar um único ponto, e a falta de resultados debilitou as finanças ao ponto de serem necessárias a contratação de um dupla de pilotos com vasto patrocínio para 2015. Marcus Ericson e Felipe Nasr foram os que melhor aparato financeiro apresentaram, e é com eles que o time espera pelo menos voltar a pontuar com regularidade este ano. O novo modelo C34 mostrou fiabilidade e rapidez, que aliados à reformulada unidade de potência da Ferrari, fez o carro ganhar muito mais performance, a ponto de ter obtido bons tempos nos testes usando os pneus mais velozes. E apresentou excelente confiabilidade, sendo o time que mais andou nos testes depois da Mercedes, conseguindo efetuar várias simulações de corridas sem enfrentarem maiores problemas.
            Mas a parada continua difícil. Os concorrentes também melhoraram, e as primeiras colocações, tudo indica, deverão ficar com os times da Williams, Ferrari e Red Bull, com as Mercedes disparando na ponta. Como apenas os 10 primeiros colocados marcam pontos, a Sauber vai enfrentar a briga direta com Force India, Toro Rosso, e Lotus pelas últimas posições pontuáveis, sem deixar de esquecer que a McLaren também deve dificultar a vida para o time suíço. Por essa razão, todo o otimismo demonstrado nos testes é relativizado pela escuderia e por seus pilotos, que sabem que, mesmo com a grande melhora obtida, o desafio permanece grande.
            As finanças do time, porém, continuam sem folga, e a falta de fundos pode comprometer, a exemplo de Lotus e Force India, a qualidade de desenvolvimento do modelo 2015, o que faria o time perder terreno na luta por melhores resultados. E a situação continua complicada neste quesito: fora os patrocínios trazidos pela nova dupla de pilotos, a escuderia praticamente não tem nenhum apoio vistoso na carenagem dos carros, o que significa que o dinheiro pode vir a faltar novamente a qualquer momento, se não surgir nenhum apoio em breve. Até porque o recém divulgado apoio da empresa Silanna como principal patrocinadora não garante as verbas na quantidade necessária que a escuderia precisa.
            Só que o time suíço já arrumou uma tremenda encrenca antes mesmo de entrar na pista nesta sexta-feira. O piloto holandês Giedo Van Der Garde entrou com uma ação contra a escuderia na justiça australiana, alegando ter um contrato firmado onde o time prometia que ele seria um de seus titulares nesta temporada. Giedo foi piloto reserva do time na temporada passada, quando este contrato foi firmado. Só que a Sauber, com as finanças em pandarecos, contratou Felipe Nasr e Marcus Ericson, para levantar as finanças do time e permitir disputar o campeonato. O holandês foi avisado disso em novembro do ano passado, mas só nos últimos dias começou a fazer barulho sobre o assunto, e entrou com um processo na Justiça australiana, e a Suprema Corte do Estado de Vitória, onde fica Melbourne, acabou dando ganho de causa ao piloto, que poderá correr no lugar de um dos pilotos até então anunciados como titulares. Como esta matéria foi fechada logo após a notícia do piloto ter ganho a disputa judicial, ainda não há informações sobre o que a Sauber irá fazer a respeito no fim de semana. Van Der Garde garante, contudo, que está pronto para correr, e que não está se importando se Felipe ou Marcus vão perder o lugar. Um belo modo de começar a temporada.

Lotus: Retomar o protagonismo perdido

A Lotus manteve a sua dupla de pilotos e trocou seus propulsores Renault pelos Mercedes. Em compensação, perdeu mais alguns patrocinadores, ficando com o orçamento mais apertado do que já estava.
            A Lotus teve uma temporada complicada em 2014. O time, afundado em dívidas, perdeu Kimi Raikkonem, sua grande estrela, com a qual havia vencido corridas em 2012 e 2013, e obtido bons resultados nestas duas temporadas. Mas não foi só isso: seu principal nome na área técnica, James Allison, fora contratado a peso de ouro pela Ferrari, além de perder também seu chefe de equipe, Eric Bouiller, para a McLaren. A tudo isto some-se o fato de o time, assim como todos os demais que usavam motores Renault, enfrentarem diversos problemas com a unidade de potência francesa. Os desfalques sofridos na área técnica resultou no que todos esperavam: o modelo E22 foi um fracasso, e a escuderia, que havia terminado entre as melhores do campeonato, passou a se arrastar nas pistas em 2014. Com altas dívidas, a solução foi contratar o venezuelano Pastor Maldonado, que trouxe seus petrodólares da PDVSA, como solução para ajudar a pagar as dívidas.
            O time manteve Romain Grossjean, e contava então com a velocidade de Maldonado, para se manter no mesmo nível. Mas a péssima performance do modelo 2014 fez o time despencar pelas tabelas, e pontuar passou a ser uma vitória. Era preciso reencontrar o caminho para voltar a crescer, e a escuderia, apesar das dificuldades financeiras, foi adiante: trocou os motores Renault pelos Mercedes, e tratou de manter a coesão técnica dos profissionais de que dispunha. A dupla de pilotos foi mantida, mas na transição da temporada do ano passado para esta, a escuderia voltou a sofrer baixas, perdendo parte dos patrocinadores que possuía, o que ajudou a deixar a escuderia, cuja situação financeira já não era boa, ainda mais complicada.
            O ponto positivo é que o novo modelo E23 aparenta ser bem nascido, tendo obtido bons tempos na pré-temporada, mas mesmo assim, o time ainda não terá condições de repetir as belas performances de 2012 e 2013, mesmo com o incremento que o motor Mercedes é capaz de oferecer. A escuderia vai ter de suar para marcar pontos regularmente, devendo lutar com Sauber, Force India, e Toro Rosso, que demonstram estar em patamar bem similar ao do time de Enstone. Mas nem por isso o time vai desistir de buscar ser novamente protagonista na categoria, mas a parada deve ser difícil. O orçamento da escuderia continua apertado, e a falta de recursos pode comprometer o desenvolvimento do novo modelo conforme a temporada avança. O único consolo é que esse drama também afeta alguns adversários, então, a intenção é pelo menos ser o que menos vai perder. A dupla de pilotos, se não se envolver em confusões, é veloz, e sabe tirar a velocidade que o carro pode oferecer. A esperança é conseguir impressionar o melhor possível no início do ano para tentar capitalizar novos patrocínios e assim ir sanando as dívidas e mantendo o nível de investimento no desenvolvimento do carro.

Toro Rosso: A força da juventude

A Toro Rosso vem com a dupla mais jovem do grid. Time foi um dos que mais andaram na pré-temporada, para dar quilometragem a seus garotos.
            A equipe satélite da Red Bull tem a dupla de pilotos mais jovem do grid. O destaque é Max Verstappen, de apenas 17 anos, que deve entrar para a história como o piloto mais jovem a pilotar na F-1. Max fez alguns treinos livres no ano passado, e até que foi bem, mostrando velocidade e prudência na hora de acelerar. Mas eram treinos livres, com menos ou nenhuma pressão. Agora vai ser diferente, o jovem holandês vai ter de mostrar a que veio, até porque Helmut Marko, coordenador do programa de apoio da Red Bull a pilotos no automobilismo tem uma paciência extremamente curta. Um pouco mais experiente, com 20 anos, Carlos Sainz Jr. também vai sentir a pressão na hora de acelerar, e a escuderia vai ter de aprender a ser paciente com sua nova dupla, do jeito que puder. O que ajuda é o bom desempenho obtido na pré-temporada, onde a escuderia foi a terceira colocada no quesito quilometragem, o que demonstra que o modelo STR10 tem boa fiabilidade. Com maiores investimentos feitos pela matriz, a tendência é que a Toro Rosso não perca tanto no desenvolvimento do seu bólido ao longo do campeonato para as demais escuderias. O novo motor Renault também deu trabalho para o time, mas que a exemplo do ocorrido no ano passado, conseguiu sanar melhor os percalços e conseguiu acumular mais voltas do que a escuderia principal, um item bastante valioso na preparação do carro e dos pilotos, que rodaram juntos mais de 5,5 mil quilômetros nos testes realizados em Jerez de La Fronteira e Barcelona, com um equilíbrio razoável de quilometragem entre ambos. Max Verstappen deu indicações de que pode eclipsar o companheiro espanhol, tendo cometido poucos erros nos testes, ao contrário de Carlos Sainz Jr. Mas testes são testes, e tudo pode mudar de situação quando a parada for para valer.
Max Verstappen e Carlos Sainz Jr. são a dupla mais jovem de um time no grid, com 17 e 20 anos, respectivamente. Toro Rosso aposta nos novatos.
            Já se sabe que a briga pelas posições pontuáveis vai ser brava a meio do grid, e a intenção da Toro Rosso é liderar essa turma. Neste estágio de início do campeonato o time italiano parece estar com alguma vantagem em relação aos adversários mais diretos, e se isso se confirmar, é bom que aproveite ao máximo as oportunidades, antes que os rivais comecem a reagir.

Force India: Orçamento na corda bamba

O novo modelo VJM08 só ficou pronto para os últimos três dias de testes, mas pelo menos mostrou ser bem produzido. Mas a falta de recursos pode minar o seu desenvolvimento.
            Tendo conseguido aprontar o seu modelo 2015 apenas para os últimos 3 dias de testes da pré-temporada, a Force India conseguiu pelo menos mostrar que o novo VJM08 é um carro que nasceu bem concebido. Mostrou velocidade e fiabilidade, o que o credencia a estar na liderança do terceiro grupo do grid. O motor continua sendo o Mercedes, e manteve a dupla do ano passado, que mostra estar bem entrosada com a escuderia, e sabe o que tem de fazer. O problema é que nunca o time esteve com as finanças tão combalidas como agora. Nos últimos anos, apesar do orçamento nunca ser muito amplo, Vijay Mallya sempre conseguiu manter o time de pé, sem dívidas de monta que pudessem comprometer sua estabilidade. Para evitar comprometer a saúde do time, o ritmo de desenvolvimento dos carros sempre era sacrificado no segundo semestre, o que fazia com que perdessem terreno para outros times mais provisionados financeiramente. Dessa vez, porém, a crise bateu forte no ano passado, a ponto da escuderia não conseguir fugir dos custos cada vez mais altos, e a ter de pedir ajuda a Bernie Ecclestone para receber um adiantamento de sua cota na FOM para conseguir completar o segundo carro já para a estréia na Austrália, o que dá uma dimensão do aperto que se instalou na escuderia.
            Isso ficou evidente na demora da conclusão do novo carro, segundo consta, por falta de peças fornecidas por empresas que estavam sem receber pelos serviços, e certamente ajudou a comprometer o desenvolvimento ideal do modelo 2015. O time ainda faltou à primeira sessão de testes, em Jerez de La Fronteira, e disputou a segunda sessão coletiva, em Barcelona, com o modelo de 2014 adaptado a componentes do novo carro, o que certamente não permitiu um trabalho totalmente ideal. Se pudesse ter treinado com o carro novo desde o início dos testes, certamente teria um potencial de performance muito maior. A escuderia vai ter de torcer para dar tudo certo nestas primeiras corridas, uma vez que, com o orçamento praticamente na corda bamba, vai sofrer como nunca para desenvolver o modelo 2015 a contento, e tem de aproveitar a boa performance do novo modelo antes que os times concorrentes possam evoluir seus carros e passar à frente.

McLaren: Um enorme ponto de interrogação

A parceria McLaren/Honda não começou bem o ano: carro e unidade de potência apresentaram problemas e mais problemas, sem conseguir aferir o potencial do novo conjunto adequadamente.
            Quando a McLaren anunciou, ainda em 2013, que iria renovar sua parceria com a Honda, deixando de usar os motores da Mercedes, todo mundo ficou empolgado. Afinal, não apenas a fabricante nipônica voltaria à F-1, como todo mundo se lembrava do domínio imposto pelas unidades turbo da marca nos anos 1980. E o retorno se daria no segundo ano do retorno dos propulsores turbo na categoria. Logo, os mais entusiasmados começaram a visualizar uma McLaren novamente vencedora, como em 1988. A realidade, porém, tem sido muito diferente até o presente momento no time inglês, que fez sua pior pré-temporada de que há memória.
            Depois de ficar praticamente sem vencer nos últimos dois anos, mesmo contando com o melhor motor da categoria, o Mercedes, a McLaren promoveu uma mudança radical em seu grupo técnico, com a contratação de novos profissionais e a dispensa de muitos outros. Para coordernar o projeto do novo MP4/30, o time arregimentou Peter Prodromou, que foi um dos principais auxiliares de Adrian Newey na Red Bull. O objetivo era riscar o passado recente e começar tudo novo para 2015. Nessa toada, o novo modelo 2015 do time inglês é bem diferente dos modelos de 2013 e 2014, que relegaram o time a posições intermediárias no campeonato, tendo como melhor resultado o pódio na Austrália no início de 2014. E, conhecendo a capacidade técnica dos japoneses, ninguém esperava resultados ruins, mesmo sabendo que o desafio, a princípio, seria complicado.
            Só não imaginavam que seria tão complicado como está sendo. Os problemas na verdade começaram no ano passado, quando o cronograma da Honda sofreu grandes atrasos, a tal ponto que, quando colocaram o carro para andar em Abu Dhabi, após o fechamento do campeonato, em um modelo MP4/29 adaptado, o carro praticamente nem saiu do lugar. Surgiram problemas de todo tipo na unidade nipônica, naturais para um projeto dessa complexidade, como são as novas unidades de potência híbridas, com os sistemas do ERS, mais o motor turbo V-6. Tudo estaria solucionado para a pré-temporada, diziam. Bem, a pré-temporada veio, já se foi, e a McLaren quase não conseguiu andar, tendo enfrentado problemas em todos os dias de testes, e só conseguindo andar efetivamente em dois deles, um com Fernando Alonso, que deu quase 60 voltas, e outro com Jenson Button, que rodou 101 voltas em um dos dias e teve resultados mais produtivos. O grosso dos problemas tem surgido na unidade de potência nipônica, que ainda não consegue se entender direito com os sistemas de recuperação de energia, a ponto de a McLaren substituir um dos sistemas, o MGU-K, fabricado pela Honda, pelo seu próprio, usado no ano passado. Só que o carro também tem apresentado problemas, ainda que em menor escala, o que também complicou o trabalho programado para a pré-temporada.
            O que se constata é que o MP4/30 pode ter realmente bom potencial, nos poucos momentos em que foi mais exigido tendo demonstrado velocidade satisfatória, mas sem conseguir testar tanto velocidade como durabilidade a fundo, as provas iniciais da temporada terão de servir para se descobrir quais são as reais capacidades do carro, isso se ele aguentar a corrida inteira, claro. Quanto à unidade de potência nipônica, não dá para mensurar em qual patamar estaria teoricamente, em caso de tudo funcionar direito, mas todos apostam que, com trabalho e afinco, a Honda pode até surpreender, embora seja complicado dizer até onde podem chegar. O regulamento limita o desenvolvimento do motor, e mesmo tendo conseguido o direito de aprimorar a unidade até homologá-la devidamente, caso o déficit de performance seja grande, somente em 2016 poderá ser solucionado mais a contento.
Fernando Alonso: Espanhol sofreu um acidente até agora mal explicado, e ficou fora dos últimos testes e da primeira corrida, na Austrália. Vai ser um ano duro para o bicampeão, que ainda por cima pode ver seu ex-time, a Ferrari, andando muito melhor do que imaginava...
            Mas a McLaren tem outros problemas além da falta de fiabilidade tanto do carro quanto do motor. Fernando Alonso sofreu um acidente estranho na primeira sessão de testes em Barcelona, e até o fechamento desta matéria, a FIA ainda estava estudando o ocorrido, uma vez que a McLaren afirmou que o acidente foi motivado por um vento lateral que teria desequilibrado o carro. Só que Alonso foi levado para o hospital e ficou 3 dias internado, sendo depois liberado, mas dispensado dos últimos dias de testes de Barcelona, e até da prova inicial do campeonato, na Austrália, por recomendação médica, por ter sofrido uma concussão. A pergunta que não quer calar surgiu pela estranheza do acidente, cuja dinâmica sugere que o espanhol ficou momentaneamente inconsciente dentro do carro, vindo a sair da pista e atingir o muro do circuito. A teoria do vendo não colou porque Sebastian Vettel estava logo atrás de Alonso na pista e nem viu sinal do tal vendo, não tendo sofrido nenhuma instabilidade em seu carro que indicasse tal coisa. Fala-se que o Alonso poderia ter sofrido um choque dentro do cockpit, de uma descarga que teria saído do ERS. O time negou e manteve a justificativa do vendo, mas ainda não se sabe exatamente o que houve.
Novo motor turbo da Honda está longe de apresentar a mesma performance de quando dominava a F-1 nos anos 1980.
            Seja qual for a verdade, a McLaren começa o campeonato sem Alonso, que só alinhará na segunda corrida, na Malásia. Jenson Button terá a companhia de Kevin Magnussem na Austrália. O dinamarquês foi titular do time em 2014, e com a contratação de Alonso, foi rebaixado a piloto reserva e de testes. Outro problema que o time tem é a falta de patrocínios para a temporada, com o carro praticamente na maioria de sua carenagem. Ron Dennis diz que dinheiro não é problema, e de fato, a Honda está investindo alto na sua parceria. Mas não deixa de ser um sinal preocupante quando um time grande da F-1 fica dois anos sem conseguir um leque de patrocinadores à altura de sua história na categoria, que apesar de tudo, não teve anos completamente desastrosos nos últimos tempos, e mesmo quando ficou sem vencer nos anos 1990, durante três temporadas, nunca ficou sem ostentar seus vários patrocinadores. A única certeza é que a McLaren está bem servida de pilotos para a temporada: Fernando Alonso, bicampeão mundial, é considerado o piloto mais completo do grid, e Jenson Button, campeão em 2009, tem grande experiência e sabe conservar muito bem seu equipamento, e mostrou no ano passado que ainda pode render muito na categoria. Mas o time vai ter um ano de muito trabalho, e sem saber exatamente o que poderá conquistar neste ano de retomada de sua parceria com a Honda, que tantas glórias lhes deu entre 1988 e 1992. é esperar para ver até onde conseguem ir, e quanto tempo conseguem ficar firmes na pista antes que o carro quebre.
            Todos no time tentam se espelhar no que aconteceu com a Red Bull na pré-temporada de 2014, quando mal conseguiu andar, e depois até surpreendeu logo de cara em Melbourne. Resta esperar para ver se conseguem repetir o feito do time austríaco.

Manor/Marussia: Isso ainda existe?

E a Manor/Marussia vai conseguir andar em 2015...mas será que vai conseguir ser veloz para alinhar no grid?
            Sim, acreditem, existe. E vai estar presente no grid já na Austrália. Depois de ficar de fora das últimas etapas do campeonato do ano passado por falta de dinheiro, tudo o que restava era esperar a escuderia decretar oficialmente sua falência. Mas, a exemplo da Caterham, parece que o pequeno time teimava em tentar continuar viva na competição. Com uma vaquinha virtual, a Caterham conseguiu disputar a etapa final da competição, em Abu Dhabi, mas as tratativas para tentar disputar o certame deste ano não deram certo, e o time iniciou a liquidação de todos os seus bens, que foram a leilão para pagar as dívidas pendentes. Da mesma forma, a Marussia se desfez de vários bens, inclusive sua sede na Inglaterra, que foi adquirida por Gene Hass para ser a sua sede européia quando estrear na F-1 no ano que vem, o que deu a indicar que a Marussia estava mesmo fora da jogada.
            Ou não? Mas no início desse ano, começaram os rumores de que o time, agora de volta ao seu nome original, Manor, iria disputar o campeonato. Mas como, perguntam os mais céticos? Afinal, haviam vendido a sede, e o dinheiro havia secado antes mesmo de terminar a temporada passada. Quem iria bancar a escuderia, e mais importante, como iriam construir o carro? As respostas começaram a surgir neste mês de fevereiro. O time foi assumido por Stephen Fitzpatrick, um empresário do ramo de energia na Inglaterra, que começou as negociações ainda no ano passado. Ele ofereceu garantias para um acordo de renegociação das dívidas da escuderia, o que foi aceito pelos credores, que conseguiu sair da administração judicial em que se encontrava, e tentar colocar a casa em ordem, tanto quanto possível, o que parece ter conseguido, uma vez que o carro de 2015 já está sendo construído. A Ferrari confirmou que ainda mantém o seu contrato para fornecimento de motores, e o time agora corre contra o tempo para finalizar o novo bólido.
            A escuderia vai iniciar a competição com o carro do ano passado, devidamente adaptado às novas regras técnicas deste ano. Inicialmente, o time teve sua intenção vetada pelo Grupo de Estratégia da F-1, pela Force India, mas tomou providências para sanar as pendências levantadas, e a FIA confirmou a inscrição do time. Mas não dá para esperar muito da escuderia, que deve salvar a McLaren, em caso de algum desastre técnico, de figurar nas últimas posições. O time vai correr com um modelo de competitividade limitada, que no ano passado só podia competir a série com a Caterham, e lembrando que os modelos atuais das outras escuderias estão bem mais velozes do que em 2014, a Manor/Marussia vai apenas figurar no grid.
            A confirmação da permanência do time foi saudado por outros times, e a própria F-1 também sai ganhando, pois terá 20 carros no grid, quando a expectativa era ter 18, ou até menos, devido às dificuldades financeiras que rondam a categoria na obtenção de patrocínios. Ferrari, Williams, e Red Bull manifestaram seu apoio ao time, e a Williams até ofereceu alguma ajuda, caso a escuderia precisasse de auxílio, no que pudesse ser útil. Agora, é esperar pra ver como o time irá se sair na pista. Talvez o carro 2015, que deve estrear apenas na Espanha, dê algum alento de competitividade, mas não se pode esperar por nenhum milagre, coisa tremendamente rara na categoria máxima do automobilismo.

EQUIPES E PILOTOS DA FÓRMULA 1 2015:

EQUIPE
MODELO
MOTOR
PILOTOS (N°s)
Mercedes
W06
Mercedes-Benz V-6 Turbo PU106A Hybrid
Lewis Hamilton (44)
Nico Rosberg (6)
Red Bull
RB11
Renault Energy F1-2014 V-6 Turbo
Daniel Ricciardo (3)
Daniil Kvyat (26)
Williams
FW37
Mercedes-Benz V-6 Turbo PU106A Hybrid
Felipe Massa (19)
Valtteri Bottas (77)
Ferrari
SF15T
Ferrari V-6 Turbo Hybrid
Sebastian Vettel (5)
Kimmi Raikkonen (7)
Lotus
E23
Mercedes-Benz V-6 Turbo PU106A Hybrid
Pastor Maldonado (13)
Romain Grosjean (8)
Toro Rosso
STR10
Renault Energy F1-2014 V-6 Turbo
Max Verstappen (33)
Carlos Sainz Jr. (55)
McLaren
MP4/30
Honda V-6 RA615H Hybrid
Fernando Alonso (14)
Jenson Button (22)
Sauber
C34
Ferrari V-6 Turbo Hybrid
Felipe Nasr (12)
Marcus Ericsson (9)
Giedo Van Der Garde (?)
Force India
VJM08
Mercedes-Benz V-6 Turbo PU106A Hybrid
Nico Hulkenberg (27)
Sérgio Pérez (11)
Manor/Marrusia
MR03B
Ferrari V-6 Turbo Hybrid
Will Stevens (28)
Roberto Merhi (98)

CALENDÁRIO DA FÓRMULA 1 2015:

Temporada de 2015 deverá ter 20 corridas. Nas provas na Europa, os times exibem seus motor homes no paddock dos circuitos.
DATA
CORRIDA
CIRCUITO
15.03
Grande Prêmio da Austrália
Melbourne
29.03
Grande Prêmio da Malásia
Kuala Lumpur
12.04
Grande Prêmio da China
Shanghai
19.04
Grande Prêmio do Bahrein
Sakhir
11.05
Grande Prêmio da Espanha
Barcelona
24.05
Grande Prêmio de Mônaco
Monte Carlo
07.06
Grande Prêmio do Canadá
Montreal
21.06
Grande Prêmio da Áustria
Zeltweg
05.07
Grande Prêmio da Inglaterra
Silverstone
19.07
Grande Prêmio da Alemanha
Nurburgring
26.07
Grande Prêmio da Hungria
Budapeste
23.08
Grande Prêmio da Bélgica
Spa-Francorchamps
06.09
Grande Prêmio da Itália
Monza
20.09
Grande Prêmio de Cingapura
Marina Bay
27.09
Grande Prêmio do Japão
Suzuka
11.10
Grande Prêmio da Rússia
Sochi
25.10
Grande Prêmio dos Estados Unidos
Austin
01.11
Grande Prêmio do México
Cidade do México
15.11
Grande Prêmio do Brasil
Interlagos
29.11
Grande Prêmio de Abu Dhabi
Yas Marina

O BRASIL NA F-1 2015

Felipe Massa vai para seu segundo ano na Williams esperando superar Valtteri Bottas.
            Teremos dois pilotos na categoria máxima do automobilismo este ano. Felipe Massa segue na Williams, e tem tudo para fazer uma boa temporada. Seu time terminou o ano passado como a segunda força do grid, perdendo apenas para a Mercedes, e tem tudo para iniciar este ano da mesma forma. Massa, entretanto, precisa fazer uma primeira metade de campeonato melhor, pois nos últimos anos, tem perdido muitas chances de resultados logo nas primeiras corridas da temporada. No ano passado, Felipe teve vários percalços em diversas corridas, e quando conseguiu finalmente subir ao pódio, já era na despedida da fase européia, em Monza. Felipe terá de acelerar tudo o que pode e mais um pouco para reverter essa tendência de maus resultados no início de campeonato, pois vai continuar tendo um companheiro de equipe tremendamente rápido no time, o finlandês Valtteri Bottas, que fez excelente temporada no ano passado, deixando o brasileiro a ver navios em muitos GPs. Felipe equilibrou a luta na pista apenas no fim do ano, mas a diferença de pontos para Bottas já era enorme.
            O ponto positivo é que o novo carro da Williams é bom, mas isso só aumenta a pressão por melhores resultados. Bater a Mercedes vai ser difícil, mas a briga pelo 3° lugar no pódio promete ser brava, e Massa terá de se aplicar para garantir para si este resultado, e estar no lugar certo, no momento certo, para faturar com algum problema dos rivais. A Williams quer voltar a vencer, e a possibilidade disso se concretizar esse ano é enorme, se os rivais da Mercedes tiverem problemas. Todos já acreditam que Bottas será um futuro campeão do mundo, e até apostam que, se a Williams voltar a vencer, será com o finlandês. Cabe a Felipe mostrar que está mais vivo do que nunca, e confirmar que não pode ser descartado nessa possibilidade. Felipe está confiante no trabalho do seu time, e melhor de tudo, está feliz e tranquilo como há muito não se via na F-1, mostrando que o ambiente mais calmo e menos estressante da equipe inglesa em relação ao que vivia na Ferrari fizeram-lhe muito bem. E tranquilidade é tudo de que Massa precisa para acelerar como nunca.
Felipe Nasr vai estrear enfim como piloto titular na Sauber, mas sabe que terá um ano difícil pela frente. Isso se não ficar a pé depois da cumbuca em que o time suíço se meteu.
            Nosso outro representante no grid será Felipe Nasr, que no ano passado foi piloto de testes da Williams, e este ano conseguiu vaga de titular na equipe Sauber, graças a seu pacote de patrocínios. O time suíço andou bem na pré-temporada, o que sinaliza uma temporada bem mais otimista do que a do ano passado, quando o time ficou sem conseguir marcar pontos. Mas pontuar continuará sendo uma batalha este ano. A concorrência está bem preparada, e se os lugares da frente vão ser disputados por muitos times, no meio do pelotão para trás a disputa também promete ser forte, e Nasr vai ter de mostrar a que veio, ainda mais porque tem como colega de time o sueco Marcus Ericson, que não é grande coisa como piloto, o que torna obrigatório Felipe andar à sua frente. Felizmente, Nasr, apesar do otimismo dos trabalhos da pré-temporada, está sabendo manter os pés no chão, e não faz promessas para a temporada: ele sabe que pontuar regularmente é o melhor a que pode aspirar, e é com esse objetivo que ele tem de fazer o seu trabalho para 2015. Só que a posição de Nasr está ameaçada: quando esta matéria foi fechada, o piloto holandês Giedo Van Der Garde havia acabado de ganhar uma disputa judicial movida na Justiça australiana, dando a ele direito de ser piloto titular da Sauber com base em um contrato firmado no ano passado garantindo ao belga tal posição. Como então temos 3 pilotos para apenas 2 lugares, alguém vai "sobrar", e o brasileiro corre o risco de ver sua estréia ameaçada, ou até mesmo o seu lugar no time, dependendo do que ocorrer e de como a Sauber vai se posicionar nesta questão. Até o fechamento desta matéria ainda não havia maiores detalhes de como o time irá proceder. Dependendo do enguiço, Felipe pode acabar entrando pelo cano nesta situação, caso seja o "sacrificado". Será preciso esperar para ver o que acontece.
            Infelizmente para os fãs, a Globo continuará mantendo o novo esquema de transmissão que adotou durante a temporada passada: vai transmitir todas as corridas, mas os treinos de classificação continuarão restritos somente ao Q3, com a disputa da pole-position. Os canais do SporTV continuarão mostrando os treinos livres das sextas-feiras, e transmitindo o treino de classificação aos sábados na íntegra, e ao vivo. Nos domingos, a transmissão das corridas será feita em horários alternativos à exibição ao vivo, que continuará na TV aberta da Globo. Lamentavelmente, se a emissora alega que a audiência está diminuindo, a culpa é dela própria, que nunca soube fidelizar o público fã de automobilismo, e mostrando ter perdido uma boa oportunidade quando passou a transmitir mais cedo no domingo antes da corrida, ficando apenas com passeios pelo grid, ao invés de investir em matérias diferenciadas que explorassem melhor o universo da F-1 e chamassem mais a atenção dos fãs, frequentes ou momentâneos.
            E, com relação à transmissão das corridas ao vivo, as provas dos Estados Unidos e do Canadá, se trombarem com o futebol, irão dançar, sem a menor cerimônia. E este ano isso também irá afetar outra prova: a do México, que retorna ao calendário, e poderá sofrer do mesmo problema, uma vez que é transmitida à tarde aqui. Mas, para a Globo, mesmo o pior jogo do campeonato, que nenhuma importância tenha, vai servir de motivo para jogar a F-1 para escanteio novamente.
            E mesmo nos canais do SporTV, não investe o que deveria para melhorar a cobertura da F-1. A pré-temporada foi acompanhada apenas no básico, sem se aprofundar nas mudanças dos times e sem fazer um balanço mais acurado dos acontecimentos. E nem se fala mais do programa Linha de Chegada, que antigamente era uma excelente mesa redonda comandada por Reginaldo Leme, que depois virou um programa de entrevistas que, embora bem-vindo, acabou com o formato mesa redonda que usava até então, e sobrando um programa de apenas meia hora aos fins de semana com o nome de Linha de Chegada "Na pista", com um resumo dos acontecimentos da semana. Para uma emissora que tem um canal aberto e três canais esportivos pagos, é praticamente nada. Depois, ainda vem reclamar da queda da audiência...
Felipe Massa encontrou na Williams uma paz que nunca teve na Ferrari.

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