Neste
fim de semana a Fórmula 1 inicia a disputa de seu campeonato de 2015, então é
hora de uma matéria especial apresentando o panorama dos times que irão entrar
na pista este ano, o que esperar da competição, além de como estarão os pilotos
brasileiros, e o que de mais relevante mudou do ano passado para cá. Uma boa
leitura a todos, e que venha o sinal verde. A F-1 está de volta!
F-1 2015: QUEM VAI SER O VICE?
Time alemão da
Mercedes deve dominar novamente o campeonato, mas a disputa pelo vice deverá
ser bem acirrada.
Adriano de Avance Moreno
A Mercedes deve continuar reinando na F-1 2015, e muito possivelmente seus rivais só vão enxergar este ângulo dos carros de Lewis Hamilton e Nico Rosberg... |
A
Fórmula 1 começa no próximo final de semana, em Melbourne, na Austrália, o seu
66° Campeonato Mundial. Depois de vivenciar a supremacia da escuderia alemã
Mercedes em 2014, revivendo o mítico período de dominação das "Flechas de
Prata" dos anos 1950, a
atual equipe campeã tem tudo para continuar exercendo o mesmo domínio em 2015.
Se os rivais melhoraram seus projetos e equipamentos com vistas a mudar o
panorama que viveram na última temporada, a Mercedes tão pouco ficou parada
celebrando os louros de seu triunfo: o novo modelo W06 pouco mostrou de seu
poderio nos testes da pré-temporada, mas nos raros momentos em que foi exigido
mais a fundo, não deu margens a dúvidas: bater Lewis Hamilton e Nico Rosberg
será um desafio tremendamente difícil este ano, e sem garantias de sucesso.
Em
compensação, o duelo para ver quem será o segundo melhor time da categoria tem
tudo para ver uma batalha das mais ferozes. A Williams findou 2014 como o
melhor time depois da Mercedes, e conseguiu manter o seu desenvolvimento
melhorando o que já era bom em seu carro e corrigindo as fraquezas existentes
no projeto sem enfrentar problemas maiores, enquanto a Ferrari parece
plenamente recuperada da má temporada do ano passado para voltar a discutir os
primeiros lugares disponíveis, ao lado de uma Red Bull que mostra não ir mais
longe pela limitação ainda evidente de sua unidade de força da Renault, que
conseguiu evoluir, mas sem exaurir a diferença que a separa dos rivais. Uma
destas escuderias será agraciada com o degrau mais baixo do pódio, e se a sorte
e a maior competência o permitirem, subirem os degraus mais altos se porventura
o time da Mercedes falhar em seus prognósticos.
A Ferrari melhorou bastante e pode desafiar a Williams pelo posto de segundo melhor time da categoria em 2015. O duelo promete, e ainda tem a Red Bull à espreita para apimentar as disputas. |
Assim,
a F-1 deverá ter "grupos" de disputa no campeonato de 2015, em teoria
pelo que cada time pôde mostrar na pré-temporada. É apenas uma expectativa, não
uma regra rígida. Com a Mercedes andando sozinha na frente, o
"segundo" grupo seria formado justamente por Williams, Ferrari e Red
Bull. Atrás destas viria o "terceiro" grupo, formado pelos times da
Toro Rosso, Sauber, Force India, e Lotus. A McLaren, pelo que não conseguiu
demonstrar na pré-temporada, pode até andar atrás de todo mundo, mas só não vai
ser a última do grid porque a Marussia, que volta a usar o seu nome original,
Manor, conseguiu voltar ao grid, e vai disputar o campeonato inicialmente com o
modelo 2014 adaptado ao regulamento atual. Na melhor das hipóteses, a McLaren
pode tanto liderar o "terceiro" grupo como ser a última do
"segundo" grupo. Só teremos uma idéia mais clara nas etapas iniciais.
Assim como da mesma forma nada impede que alguns times surpreendam e andem
muito mais do que se imaginava, da mesma forma que alguns outros poderão andar
menos do que o esperado.
Uma
característica do "terceiro" grupo é que ele reúne, tirando a Toro
Rosso, times que estão com seus orçamentos bem comprometidos e cheios de
dívidas. Tanto que a Force India só conseguiu aprontar seu modelo 2015 para os
últimos dias de testes, e precisou pedir um adiantamento da FOM para concluir o
segundo monoposto, em virtude da falta de recursos que se abateu sobre a
escuderia indiana. Por sua vez, a Lotus perdeu alguns patrocinadores
importantes do ano passado para cá, e a Sauber, depois do péssimo desempenho em
2014, precisou contratar dois pilotos pagantes para fechar um orçamento
restrito para seguir competindo. Nunca os patrocinadores estiveram tão arredios
para investir na F-1, a
ponto de até mesmo a grande McLaren estar tendo dificuldades para atrair
investidores. Torna-se mais do que urgente rediscutir os enormes gastos que a
F-1 impõe a seus participantes para disputar o campeonato, ao mesmo tempo em
que a divisão dos enormes lucros precisa ser mais justa e sustentável.
Para
piorar a situação, a FOM continua a ignorar o poder de marketing da internet e
das redes sociais como canais de contato com o público fã de automobilismo,
muito mais pelo fato de o uso da rede escapar ao seu controle implacável de
direitos, para os quais, sem pagamento, nada feito, do que por ignorância
propriamente dita. A audiência das corridas vem caindo nos últimos anos, e o
público da categoria está tendo dificuldades em se renovar. E se os jovens não
sentirem atratividade pelas corridas da categoria, os mais velhos que até o
momento sustentam a maior parte de sua audiência podem em breve deixar de
contar para isso, na medida em que o tempo passa. Bernie Ecclestone continua
fiel a seus princípios, e já declarou que os jovens não tem dinheiro para
consumir a F-1 como produto, e por isso prefere velhos endinheirados que podem
comprar o que a categoria oferece por seus preços exorbitantes. O método de
ganhar cada vez mais sobre poucos, ao contrário das melhores práticas
comerciais, onde o lucro maior vem da venda cada vez maior, ganhando menos por
unidade comercializada, mas faturando na quantidade. E, no atual momento, o
equilíbrio financeiro da F-1 está desnivelado, com metade do grid tendo
dinheiro de sobra, e a outra metade despencando a ladeira no lado financeiro.
Um desnivelamento que pode ter consequências drásticas a qualquer momento.
Manter a estrutura necessária para competir na F-1 continua custando muito caro, e os patrocinadores andam arredios para gastar tanto dinheiro. |
E
como desgraça pouca é bobagem, não há união entre os times para se chegar a
soluções consensuais para toda a categoria como um todo. Ecclestone chega até a
reclamar da postura dos times de olhar apenas para o próprio umbigo, mas sempre
foi ele a fomentar a desunião das escuderias, para evitar que, juntando forças,
se tornassem fortes a ponto de colocar em xeque a autoridade da Formula One
Management - FOM, entidade que gere comercialmente a categoria, da qual
Ecclestone é o manda-chuva mor. E uma prova dos conflitos de interesse veio à
tona há semanas atrás, quando foi proposto mudar novamente o regulamento, com
introdução de novos motores muito mais potentes, além de outras mudanças, a fim
de tentar "resgatar" a popularidade da F-1, no que foi vetado pela
FIA para o ano que vem, em nome do bom senso, uma vez que mudar novamente o
regulamento da forma como era proposto iria quebrar os times em situação
financeira delicada, o que poderia ser mais prejudicial do que benéfico à
categoria. Com relação às normas técnicas atuais, o melhor é deixá-las
estáveis, e os próprios times poderão competir de forma melhor, sem
sobressaltos. E este ano tende a ser bem mais pacífico para as escuderias neste
quesito, por já saberem melhor com o que podem trabalhar.
Bicampeão, Hamilton vai querer mais títulos. E sabe que tem carro para isso. Novo duelo renhido com Nico Rosberg (abaixo) promete esquentar o clima novamente em 2015. |
Daniel Ricciardo surpreendeu no ano passado, e agora é oficialmente o "líder" da Red Bull. E quer continuar surpreendendo em 2015. |
Assim
como a luta que deve ser travada entre Williams, Ferrari e Red Bull, cujos
desempenhos na pré-temporada mostraram certo equilíbrio, o que indica que os 3
times devem se bater duramente na pista. A Ferrari tem a dupla mais forte, mas
a Williams aparente ter uma pequena vantagem de performance, enquanto na Red
Bull, se Ricciardo foi uma surpresa maior do que todos imaginavam em 2014,
ainda não dá para saber o que esperar de Daniil Kvyat. E mais atrás, o duelo
entre os times restantes também deve ser bem interessante, e se a McLaren
conseguir andar pra valer, melhores ainda as condições de vermos um duelo bem
apinhado de competidores lutando com todas as forças pelos melhores lugares nas
corridas. Só não dá para contar mesmo é com o desempenho da Manor/Marussia, que
deve continuar andando ainda mais atrás de todo mundo do que já andava.
Vejamos
agora um pouco mais do que iremos ver na F-1 em 2015:
CARROS MAIS VELOZES
Uma
das grandes chiadeiras dos fãs em 2014 foi alegar que a F-1 havia ficado
"lenta", uma vez que os carros da GP2 eram mais velozes que parte do
grid. Poucos se deram conta de que os bólidos haviam ganhado praticamente 50 Kg a mais de peso, perdido
boa parte da sustentação aerodinâmica de 2013, além de efetuar as corridas
gastando 1/3 a menos de combustível com os novos motores turbo. Esqueceram-se
também que toda grande mudança sempre se traduz em perda de performance
inicial, que costuma ser recuperada com o tempo, uma vez que os carros são
continuamente desenvolvidos pelas escuderias.
Pois
este ano eles terão menos motivos para reclamarem: os bólidos 2015, com os
desenvolvimentos feitos pelas escuderias, cujo regulamento permaneceu
praticamente estável, aliado ao desenvolvimento das unidades de potência, e aos
novos pneus mais velozes desenvolvidos pela Pirelli, demonstraram um ganho de
cerca de 2,5s em relação aos mesmos tempos obtidos na pré-temporada do ano
passado.
As
unidades de potência puderam sofrer vários aprimoramentos permitidos pelo
regulamento, e o incremento de potência, só na Mercedes, foi de 50 HPs a mais
do que a unidade rendia em 2014. Da mesma maneira, Ferrari e Renault também
puderam melhorar seus sistemas, sendo que a Ferrari conseguiu enormes
progressos corrigindo detalhes que se mostraram equivocados na temporada
passada. A Renault, apesar de seus progressos, em tese continuou atrás dos
concorrentes, a julgar pela evolução conseguida por estes. Já a Honda, por ser
estreante no campeonato, não tem um parâmetro de avaliação confiável no
momento, mas deve ser o pior conjunto motor-ERS, justamente por seu noviciado
com o novo regulamento técnico.
Novos pneus: a Pirelli pôde oferecer pneus mais velozes para este ano, sabendo o que esperar dos novos carros e motores. |
A
Pirelli em 2014 fez uma construção "conservadora" de seus pneus, por
questões de segurança, até por não ter dados sobre como se comportariam os
novos carros e suas novas unidades turbos, que por possuírem muito mais torque
que os antigos motores V-8 aspirados, provocariam um desgaste potencialmente
maior nos pneus traseiros. Depois de uma temporada inteira de experiência, a
fábrica italiana já teve todas as informações
necessárias para produzir pneus mais velozes, mantendo o grau de
durabilidade variável dentro de faixas de segurança aceitáveis. Com mais
potência, e pneus mais velozes, os carros ganharam muito mais performance, já
conseguida também pela melhoria dos projetos dos monopostos, com os times a
terem muito mais dados do comportamento de seus novos projetos com base nos
resultados do ano passado.
A
evolução da performance só não é maior ainda porque os motores este ano
precisam ser ainda mais resistentes: ao invés de disporem de 5 unidades, cada
piloto este ano só terá direito a 4 unidades de potência. Assim, com receio de
comprometer a fiabilidade do equipamento, todos os fabricantes não liberaram
todo o potencial aumento conseguido com as mudanças permitidas pelo
regulamento. Mesmo assim, os carros deverão ser bem mais rápidos.
Só
não vai dar para agradar àqueles que reclamam da falta do barulho dos antigos
motores aspirados: as unidades turbos continuam a apresentar um ruído muito
menor, com pouca diferença para o que se viu em 2014. Mas quem gosta de um boa
disputa vai ter de aprender a conviver com esse detalhe, que tem seus críticos
e defensores.
REGULAMENTO
Depois
de passar pela sua maior revolução no ano passado, com a adoção de novos
parâmetros para os carros, e a adoção das unidades híbridas de força,
combinando os novos sistemas de recuperação de energia com o retorno dos
motores turbos, as escuderias tiveram um transição suave para 2015, com
mudanças apenas pontuais. A maior delas ficou mais restrita ao bico dos
monopostos, com a FIA a baixar novas determinações impondo um padrão estético
que deixou os carros bem mais apresentáveis visualmente do que as soluções
adotadas em 2014. A
intenção da FIA foi realmente tornar os carros menos feios, no que foi um dos
motivos de maior reclamação e gozação do público no ano passado, pelos visuais
curiosos que alguns times adotaram.
Os
carros ficaram novamente mais pesados, devendo apresentar um peso mínimo de 702 Kg, sem combustível. No
ano passado, apesar do aumento de cerca de 50 Kg, os times reclamaram
devido ao incremento de peso pelo uso dos novos ERS, que limitou as
possibilidades de uso dos lastros nos bólidos para melhoria da estabilidade,
conforme a necessidade das pistas visitadas. E as unidades de potência ficaram
mais restritas: cada piloto terá direito apenas a 4 unidades na temporada, ao
invés das 5 disponíveis em 2014. Em contrapartida, a punição para quem precisar
trocar o motor não será mais largar dos boxes, mas da última posição do grid.
Menos motores estarão disponíveis para os pilotos este ano. Todas as unidades evoluíram de 2014 para 2015, mas a Renault continua atrás de Mercedes e Ferrari. |
Antes
da pré-temporada, contudo, já houve celeuma em torno da regra de homologação
dos motores para este ano, promovida por Ferrari e Renault, que se aproveitaram
de uma brecha no regulamento, e fizeram valer seu ponto de vista, da
não-obrigatoriedade de homologar as unidades de potência no dia 28 de fevereiro,
data em que isso foi feito em 2014. O regulamento da categoria não marcou
efetivamente data para isso ser feito este ano, de modo que os fabricantes
poderão evoluir seus motores durante o ano, e só depois fazer a homologação,
ficando com as unidades novamente congeladas em seu desenvolvimento. Mas isso
também beneficia a própria Mercedes, que tem o melhor conjunto de potência. A
Honda, sentindo-se prejudicada com a regra, uma vez que teria forçosamente de
homologar seu propulsor na data afirmada, protestou, assim como a McLaren, e a
FIA acabou por ceder, permitindo aos japoneses também trabalhar sua unidade
durante o campeonato. Mas o desenvolvimento é uma faca de dois gumes: o
regulamento permite a mudança de "setores" dos sistemas, denominados
"tokens", e cada modificação equivale a uma "ficha" que
pode ser usada. Estas "fichas" são em número limitado, o que
significa que quem fizer o maior número de modificações em sua unidade agora,
terá menos áreas em que poderá mexer posteriormente, nas próximas "janelas"
que serão abertas para os fabricantes poderem novamente mexer em suas unidades.
E ainda há o risco de gastar "fichas" sem que estas apresentem os
resultados esperados, o que pode significar perda de oportunidades em desenvolvimentos
futuros, pelas mudanças iniciais não terem dado resultado.
Visando
também fortalecer a identificação dos pilotos perante o público, outra mudança
implantada foi a proibição de alteração do design dos capacetes dos pilotos:
cada competidor deverá manter o seu layout durante toda a temporada,
permitindo-se apenas mudanças ocasionais nos mesmos por compromissos
promocionais. Como nos últimos tempos alguns pilotos ficaram mudando os
capacetes a toda corrida, como Sebastian Vettel, para a entidade que comanda o
automobilismo mundial, o público perdia a identificação do piloto. A medida
visa completar a adoção do número fixo para cada piloto, implantada no ano
passado, que agradou aos fãs, e também aos próprios competidores, que puderam
escolher os números que passariam a ostentar em seus carros.
E
nada de pontuação dobrada em nenhuma etapa: todas as corridas contarão pontos
igualmente. Neste ponto, o bom senso prevaleceu, o que deveria ser norma na
categoria, mas que não acontece tanto quanto deveria.
O CAMPEONATO
A
temporada 2015 volta a ter 20 corridas programadas, começando pela Austrália, e
terminando novamente em Abu Dhabi, no fim do mês de novembro. A novidade do ano
é a volta da corrida do México, que esteve presente no calendário da categoria
pela última vez em 1992. O palco será o mesmo circuito Hermanos Rodriguez, na
Cidade do México, mas com o diferencial de ter tido sua principal curva, a
Peraltada, cortada por um cotovelo em 90° que simplesmente acabou com o desafio
do trecho, que antes permitia aos carros entrarem a fundo na longa reta dos
boxes, palco principal das ultrapassagens realizadas nas corridas lá
disputadas.
O Autódromo Hermanos Rodriguez, na Cidade do México, volta a receber a F-1. Última prova no país foi em 1992. |
Apenas
em 2012 o calendário foi tão extenso, mas a exemplo do ano passado, nem tudo
está garantido. O calcanhar de Aquiles da temporada é o GP da Alemanha, que
este ano deverá ser sediado em Nurburgring, no esquema de revezamento adotado
nas últimas temporadas entre este circuito e Hockenhein. Mas a pista do
vilarejo de Nurburg está sem fundos para custear as obrigações financeiras de
sediar o GP, o que ameaça a realização da prova. Contatada para ser novamente a
sede este ano, o autódromo de Hockenhein também não possui recursos para
custear a corrida, que no ano passado, a despeito da supremacia da Mercedes, e
de ter o alemão Nico Rosberg liderando a competição na ocasião, ter tido o
menor público de que há memória, um tremendo sinal de que há algo errado com a
atratividade da categoria, por se dar em um país onde a F-1 tem tido origem dos
seus maiores investimentos, com a Mercedes, e com grande número de pilotos na
categoria, entre eles o tetracampeão Sebastian Vettel.
GP da Alemanha em risco: Nurburgring está sem dinheiro, e a situação de Hockenhein (acima) também não é muito melhor. |
Ao
retirar cada vez mais a F-1 da Europa, em busca de países que paguem sem
pestanejar suas altíssimas taxas de promoção de um GP, Bernie Ecclestone vai
minando a presença da categoria em seu principal mercado, ao mesmo tempo em que
dispensa os recursos da internet para promover melhor seu produto. E com a
expectativa de novas corridas candidatas ao calendário para 2016, como no
Azerbaijão e em Nova Jérsey, não será surpresa se mais corridas na Europa
acabarem sendo postas de lado, em nome dos lucros da FOM.
AS ESCUDERIAS
Mercedes: Novo ano de supremacia?
Novo modelo W06 do time alemão rodou toda a pré-temporada assustando tanto na fiabilidade quanto na velocidade, quando foi exigido a fundo. |
Em
Barcelona, os resultados foram ainda mais óbvios, e apenas na última sessão,
resolveram mostrar um pouco do que o novo carro era capaz, e com pneus apenas
macios, Nico Rosberg virou um temporal, deixando Felipe Massa, da Williams,
cerca de 0s7 pra trás. E pior, não usando os mesmos pneus, em condições
parecidas. E confirmado quando Lewis Hamilton também conseguiu ser mais rápido
que os rivais, equipados com os pneus ultramacios, usando o composto macio,
ainda que por diferença pequena. Isso bastou para fazer todos caírem na real.
Se nada diferente acontecer, a dupla da Mercedes vai disputar novamente sozinha
o título, e se no ano passado os rivais tiveram algumas oportunidades graças a
problemas técnicos nos carros alemães, esse ano a esperança ficou bem reduzida:
a dupla de pilotos completou nada menos do que o equivalente a 20 GPs em
quilometragem na pré-temporada, sem sofrer problemas de monta, o que dá outro
banho frio na concorrência, que ou teve problemas variados para sanar, ou que,
se não enfrentou percalços, não conseguiu mostrar velocidade potencial para
bater a escuderia alemã.
Nico Rosberg vem para brigar com tudo: alemão quer o título e nada mais. |
Há
de se esperar um Hamilton mais preparado, especialmente depois de passar vários
apertos com Rosberg no ano passado, quando perdeu um pouco o foco e acabou se
deixando abalar por estar sendo superado pelo alemão. Se mantiver a forma vista
a partir de Monza do ano passado, Lewis deve conseguir dominar Rosberg com mais
facilidade, mas que o inglês não se engane: Nico vai vir ainda mais com tudo
neste ano. A esperança da torcida é que a luta seja livre e limpa entre ambos,
pela emoção da disputa do campeonato. Para os rivais, contudo, a esperança é que
a luta seja tremenda que solte faíscas a rodo, para que possam tirar proveito
da situação...
Williams: A meta é voltar a vencer
A Williams renasceu em 2014, e agora, quer voltar a vencer corridas. Mas falta combinar com a Mercedes... |
O
time de Frank Williams renasceu em 2014 na F-1. Depois de uma performance pífia
em 2013, a
escuderia reformulou sua área técnica, contratou o experiente engenheiro Pat
Symonds e produziu seu melhor carro em mais de uma década. O modelo FW36
mostrou-se o melhor carro depois das imbatíveis Mercedes, e a escuderia só não
terminou melhor porque passou boa parte da primeira metade do campeonato
acertando os pontos que faltavam. Mas o time manteve sua curva de crescimento,
e para este ano, conseguiu não só reforçar seu orçamento, com a obtenção de
novos patrocínios além de manter os que já possuía em 2014, como o novo modelo FW37
mostrou-se muito veloz e fiável, não tendo apresentado nenhum problema
relevante na pré-temporada. Além de conseguirem manter a grande velocidade reta
do modelo - superior até à da Mercedes, os engenheiros conseguiram melhorar
áreas que eram deficientes no ano passado, como o déficit de tração e o
equilíbrio nas curvas.
Não
fosse o novo modelo da Mercedes tão superior como demonstrou em Barcelona, a
Williams poderia lutar pelo título, mas mesmo assim, a meta para este ano é
voltar ao degrau mais alto do pódio, onde esteve pela última vez em 2012, no GP
da Espanha, com Pastor Maldonado. E lutar firme pelo vice-campeonato de
construtores, a se confirmar mais um ano de domínio da Mercedes. Apesar do
otimismo, a equipe sabe que a parada vai ser dura: Ferrari e Red Bull mostraram
que estão próximas, e vão dar luta ao time de Grove pela posição logo abaixo
das Mercedes. No ano passado a Red Bull foi a vice-campeã, e a única a
conseguir vencer corridas, enquanto à Williams sobrou apenas o brilho da pole
na Áustria e vários pódios pela temporada, e o 3° lugar no campeonato. A Red
Bull deve manter sua forma, e a Ferrari mostrou que não apenas tem um carro
mais bem projetado do que o de 2014, como sua unidade de potência solucionou
vários problemas exibidos na temporada passada.
Um
ponto fraco da escuderia em 2014 precisará ser evitado este ano: a adoção de
estratégias de corrida demasiado "conservadoras", que impediram o
time de obter melhores resultados por não mostrar agilidade e perceptividade de
adequar as estratégias de prova ao momento da corrida na hipótese de algum
imprevisto ou acontecimento anormal, além de ficar mais atento às movimentações
dos rivais durante as provas. O fato de terem seguido demasiado suas
estratégias planejadas, quando o panorama da corrida mudou substancialmente,
contribuiu para a perda de posições que seriam facilmente conquistadas por seus
pilotos se o time fosse mais arrojado e decidido na hora de arriscar e mudar o
plano inicial. Espera-se que a experiência tenha servido para aprenderem o que
precisa ser feito.
O novo modelo FW37 corrigiu falhas do FW36 sem comprometer o que havia de bom. |
Em
termos de pilotos, a escuderia manteve sua dupla, e está satisfeita com eles:
Valtteri Bottas já mostrou do que é capaz, e Felipe Massa terminou 2014 em
alta, reafirmando que sua velocidade está intacta. Se os pilotos não enfrentarem
problemas alheios a seu controle, a dupla tem tudo para ir mais longe do que
foi em 2014, assim como o time, que precisa se mostrar forte já desde o início,
especialmente para encarar uma concorrência que promete vir bem mais forte do
que no ano passado. Um bom indício é que tanto Massa quanto Bottas gostaram do
que viram no FW37, o que dá esperanças de conseguirem mesmo produzirem bem mais
do que mostraram no ano passado.
Red Bull: Ser a melhor oponente da concorrência
A Red Bull sabe que vai ser difícil bater a Mercedes, mas nem por isso vai deixar de lutar. Em 2014, foram vice-campeões e os únicos a vencer além do time alemão. |
Depois
de 4 anos de campeonatos vencidos, a Red Bull perdeu sua invencibilidade em
2014 para a Mercedes, mas não perdeu o rebolado. Depois de uma pré-temporada
pífia, a escuderia deu a volta por cima, e conseguiu ser o único time a vencer
corridas além da escuderia alemã, o que não é pouco. Daniel Ricciardo, a nova
estrela do time, deu um baile no tetracampeão Sebastian Vettel, a ponto deste
resolver fazer as malas e ir para a Ferrari, claramente incomodado com a
situação de ser batido pelo jovem australiano. O time foi vice-campeão, e com a
certeza de que 2015 seria outra história. Só faltou combinar com os alemães.
E,
pelo que se viu nesta pré-temporada, vai continuar sendo muito difícil
destronar os carros de Brackley. A unidade de potência da Renault está muito
melhor do que em 2014, mas levando-se em consideração as evoluções alcançadas
pelas rivais Mercedes e Ferrari, a Renault ainda continua devendo performance,
e só deve ganhar mesmo é da novata Honda. E o modelo 2015 da escuderia é o
último carro produzida inteiramente sob a responsabilidade de Adrian Newey, que
passou a ser apenas um "consultor" da escuderia austríaca,
descontente com as restrições do regulamento da categoria. E o próprio Newey já
admitiu que a Mercedes continua muito à frente de todos, Red Bull inclusa. Para
complicar, a concorrência está mais acirrada para se ver quem irá ocupar o
posto de melhor segundo time. A Williams manteve sua força vista ao final de
2014, e a Ferrari pode estar firme na briga. A pré-temporada deste ano foi
muito menos problemática do que a do ano passado, mas o novo modelo não parece
ainda capaz de suplantar as deficiências da unidade de potência da Renault, e
ainda apresentou vários problemas em alguns dias, o que não impediu que alguns
tempos expressivos fossem obtidos com o uso de pneus mais macios, o que em tese
permite algum otimismo, pois em 2014, mesmo com todos os problemas nos testes,
onde mal conseguiram andar, quanto mais marcar tempos competitivos, mesmo
usando os pneus mais velozes, e mesmo assim a escuderia surpreendeu na
Austrália, terminando em 2° lugar com Ricciardo antes deste ser desclassificado
por irregularidades no fluxômetro de combustível. Vale lembrar que este ano o
time conseguiu andar quase o triplo do que fez nos testes do ano passado, o que
permite manter a esperança de que a escuderia dos energéticos novamente seja
capaz de surpreender e colocar-se novamente como o principal oponente da
Mercedes na competição, ainda que sem muitas hipóteses de vencer um confronto
direto sem que os prateados alemães enfrentem algum problema. E, sem Newey
presente 100% na fábrica, mas apenas dando consultoria, fica a dúvida se o
corpo técnico terá a capacidade de manter a evolução do monoposto com a mesma
eficiência dos últimos anos.
A Red Bull quer voltar a andar na frente de todos, mas a Mercedes não vai deixar barato. |
Daniel
Ricciardo está pronto para liderar o time efetivamente, depois de superar
Vettel no ano passado com impressionante desempenho e mantendo sempre o bom
humor, e terá o jovem russo Daniil Kvyat como companheiro. Daniil perdeu a
disputa na Toro Rosso ano passado, superado por Jean-Éric Vergne, que mesmo
assim acabou preterido na escuderia por Helmut Marko. Agora, o russo vai ser
cobrado ainda mais, por correr no time principal. Resta saber se vai estar à
altura do desafio.
Ferrari: Voltando aos eixos
Depois
de disputar sua pior temporada em mais de duas décadas no ano passado, a
escuderia passou por um verdadeiro terremoto: mudou de direção duas vezes,
dispensou Fernando Alonso e boa parte dos responsáveis pela área técnica, e
promoveu inúmeras mudanças na organização. Nem Luca de Montezemolo escapou,
sendo demitido depois de praticamente uma vida inteira dedicada ao time, ou
quase, o que dá uma mostra de como os baixos resultados impactaram. E a
escuderia começa 2015 objetivando uma lenta mas positiva escalada de volta ao
topo da F-1.
O
novo modelo SF15T, o primeiro modelo inteiramente desenvolvido por James
Allison, já deu mostras de ser muito superior ao do ano passado, e conseguiu
fazer até Kimi Raikkonem voltar a sorrir e se manter entusiasmado com as
reações do carro, muito mais positivas do que o modelo 2014, com o qual não se
entendeu durante toda a temporada. A unidade de potência, reformulada, corrigiu
os principais pontos falhos demonstrados na última temporada, melhorando em
todos os aspectos, e ajudando a aumentar o nível de performance de maneira
consistente.
O novo carro SF15T é tão melhor que o de 2014 que até Kimi Raikkonem anda empolgado, e para quem conhece o "Homem de Gelo", sabe que ele não se anima à toa... |
E
a escuderia agora conta com o tetracampeão Sebastian Vettel, que tem a missão
de levar o time italiano de volta ao topo. Com sua simpatia e personalidade, o
piloto alemão já fez o time esquecer Fernando Alonso, que depois de 5
temporadas e apenas três vice-campeonatos, deu adeus a Maranello de forma a não
deixar saudades. O ambiente interno, diga-se de passagem, ficou bem mais fresco
e arejado sem o clima centralizador que o asturiano gostava de impor para obter
seus melhores resultados, e isso ajudou nos trabalhos da pré-temporada.
O
novo carro mostrou velocidade e fiabilidade, mas na comparação direta com a
Mercedes, ainda estão muito atrás, e pelos tempos obtidos, a esquadra de
Maranello vai brigar para ser a segunda força do campeonato com Williams e Red
Bull. No quesito piloto, a Ferrari possui a dupla mais forte, com dois campeões
mundiais, que sabem o que precisa ser feito. A parada, contudo, vai ser dura, e
no momento, a Williams parece encontrar-se ligeiramente acima do time italiano
em performance. Nada que muito trabalho e determinação não sejam capazes de
resolver.
A
direção da Ferrari agora está a cargo de Sergio Marchione, e tem Maurizio
Arrivabene como chefe de equipe. Arrivabene, aliás, já admitiu estar ainda
aprendendo como conduzir a escuderia, e já andou tendo algumas atitudes até
inéditas quando se leva em conta o tradicional histórico arrogante da postura
das chefias de Maranello ao longo de sua história. A meta para este ano é
conseguir pelo menos duas vitórias, objetivos até modestos perto da ambição que
o time tem de voltar a ser o principal protagonista da competição, mas
igualmente desafiadores levando-se em conta a provável supremacia da Mercedes.
O foco é na paciência para se atingir os objetivos sem produzirem percalços
desnecessários pelo meio do caminho. A simplicidade e até humildade
demonstradas na pré-temporada sugerem um bom início neste rumo. Resta saber se
o bom clima se manterá se os resultados ficarem abaixo até mesmo das mais
modestas expectativas. E pelo seu histórico, Maranello não costuma ter a
paciência necessária para resolver a situação da melhor maneira, começando logo
a entrar em crises que dificilmente passam sem produzirem estragos na
escuderia.
Sauber: A meta é pontuar bem, mas o time já se enroscou antes de entrar
na pista
A Sauber espera poder se recuperar este ano, mas já arrumou uma bela encrenca fora da pista... |
O
time suíço é outra escuderia que viveu um período negro em 2014 e que agora
tenta se recuperar. Pela primeira vez em sua história na F-1, o time de Peter
Sauber não conseguiu marcar um único ponto, e a falta de resultados debilitou
as finanças ao ponto de serem necessárias a contratação de um dupla de pilotos
com vasto patrocínio para 2015. Marcus Ericson e Felipe Nasr foram os que
melhor aparato financeiro apresentaram, e é com eles que o time espera pelo
menos voltar a pontuar com regularidade este ano. O novo modelo C34 mostrou
fiabilidade e rapidez, que aliados à reformulada unidade de potência da
Ferrari, fez o carro ganhar muito mais performance, a ponto de ter obtido bons
tempos nos testes usando os pneus mais velozes. E apresentou excelente
confiabilidade, sendo o time que mais andou nos testes depois da Mercedes,
conseguindo efetuar várias simulações de corridas sem enfrentarem maiores
problemas.
Mas
a parada continua difícil. Os concorrentes também melhoraram, e as primeiras
colocações, tudo indica, deverão ficar com os times da Williams, Ferrari e Red
Bull, com as Mercedes disparando na ponta. Como apenas os 10 primeiros
colocados marcam pontos, a Sauber vai enfrentar a briga direta com Force India,
Toro Rosso, e Lotus pelas últimas posições pontuáveis, sem deixar de esquecer
que a McLaren também deve dificultar a vida para o time suíço. Por essa razão,
todo o otimismo demonstrado nos testes é relativizado pela escuderia e por seus
pilotos, que sabem que, mesmo com a grande melhora obtida, o desafio permanece
grande.
As
finanças do time, porém, continuam sem folga, e a falta de fundos pode
comprometer, a exemplo de Lotus e Force India, a qualidade de desenvolvimento
do modelo 2015, o que faria o time perder terreno na luta por melhores
resultados. E a situação continua complicada neste quesito: fora os patrocínios
trazidos pela nova dupla de pilotos, a escuderia praticamente não tem nenhum
apoio vistoso na carenagem dos carros, o que significa que o dinheiro pode vir
a faltar novamente a qualquer momento, se não surgir nenhum apoio em breve. Até
porque o recém divulgado apoio da empresa Silanna como principal patrocinadora
não garante as verbas na quantidade necessária que a escuderia precisa.
Só
que o time suíço já arrumou uma tremenda encrenca antes mesmo de entrar na
pista nesta sexta-feira. O piloto holandês Giedo Van Der Garde entrou com uma
ação contra a escuderia na justiça australiana, alegando ter um contrato
firmado onde o time prometia que ele seria um de seus titulares nesta
temporada. Giedo foi piloto reserva do time na temporada passada, quando este
contrato foi firmado. Só que a Sauber, com as finanças em pandarecos, contratou
Felipe Nasr e Marcus Ericson, para levantar as finanças do time e permitir
disputar o campeonato. O holandês foi avisado disso em novembro do ano passado,
mas só nos últimos dias começou a fazer barulho sobre o assunto, e entrou com
um processo na Justiça australiana, e a Suprema Corte do Estado de Vitória,
onde fica Melbourne, acabou dando ganho de causa ao piloto, que poderá correr
no lugar de um dos pilotos até então anunciados como titulares. Como esta
matéria foi fechada logo após a notícia do piloto ter ganho a disputa judicial,
ainda não há informações sobre o que a Sauber irá fazer a respeito no fim de
semana. Van Der Garde garante, contudo, que está pronto para correr, e que não
está se importando se Felipe ou Marcus vão perder o lugar. Um belo modo de
começar a temporada.
Lotus: Retomar o protagonismo perdido
A Lotus manteve a sua dupla de pilotos e trocou seus propulsores Renault pelos Mercedes. Em compensação, perdeu mais alguns patrocinadores, ficando com o orçamento mais apertado do que já estava. |
A
Lotus teve uma temporada complicada em 2014. O time, afundado em dívidas,
perdeu Kimi Raikkonem, sua grande estrela, com a qual havia vencido corridas em
2012 e 2013, e obtido bons resultados nestas duas temporadas. Mas não foi só
isso: seu principal nome na área técnica, James Allison, fora contratado a peso
de ouro pela Ferrari, além de perder também seu chefe de equipe, Eric Bouiller,
para a McLaren. A tudo isto some-se o fato de o time, assim como todos os
demais que usavam motores Renault, enfrentarem diversos problemas com a unidade
de potência francesa. Os desfalques sofridos na área técnica resultou no que
todos esperavam: o modelo E22 foi um fracasso, e a escuderia, que havia
terminado entre as melhores do campeonato, passou a se arrastar nas pistas em
2014. Com altas dívidas, a solução foi contratar o venezuelano Pastor
Maldonado, que trouxe seus petrodólares da PDVSA, como solução para ajudar a
pagar as dívidas.
O
time manteve Romain Grossjean, e contava então com a velocidade de Maldonado,
para se manter no mesmo nível. Mas a péssima performance do modelo 2014 fez o
time despencar pelas tabelas, e pontuar passou a ser uma vitória. Era preciso
reencontrar o caminho para voltar a crescer, e a escuderia, apesar das
dificuldades financeiras, foi adiante: trocou os motores Renault pelos
Mercedes, e tratou de manter a coesão técnica dos profissionais de que
dispunha. A dupla de pilotos foi mantida, mas na transição da temporada do ano
passado para esta, a escuderia voltou a sofrer baixas, perdendo parte dos
patrocinadores que possuía, o que ajudou a deixar a escuderia, cuja situação
financeira já não era boa, ainda mais complicada.
O
ponto positivo é que o novo modelo E23 aparenta ser bem nascido, tendo obtido
bons tempos na pré-temporada, mas mesmo assim, o time ainda não terá condições
de repetir as belas performances de 2012 e 2013, mesmo com o incremento que o
motor Mercedes é capaz de oferecer. A escuderia vai ter de suar para marcar
pontos regularmente, devendo lutar com Sauber, Force India, e Toro Rosso, que
demonstram estar em patamar bem similar ao do time de Enstone. Mas nem por isso
o time vai desistir de buscar ser novamente protagonista na categoria, mas a
parada deve ser difícil. O orçamento da escuderia continua apertado, e a falta
de recursos pode comprometer o desenvolvimento do novo modelo conforme a
temporada avança. O único consolo é que esse drama também afeta alguns
adversários, então, a intenção é pelo menos ser o que menos vai perder. A dupla
de pilotos, se não se envolver em confusões, é veloz, e sabe tirar a velocidade
que o carro pode oferecer. A esperança é conseguir impressionar o melhor
possível no início do ano para tentar capitalizar novos patrocínios e assim ir
sanando as dívidas e mantendo o nível de investimento no desenvolvimento do
carro.
Toro Rosso: A força da juventude
A Toro Rosso vem com a dupla mais jovem do grid. Time foi um dos que mais andaram na pré-temporada, para dar quilometragem a seus garotos. |
A
equipe satélite da Red Bull tem a dupla de pilotos mais jovem do grid. O
destaque é Max Verstappen, de apenas 17 anos, que deve entrar para a história
como o piloto mais jovem a pilotar na F-1. Max fez alguns treinos livres no ano
passado, e até que foi bem, mostrando velocidade e prudência na hora de
acelerar. Mas eram treinos livres, com menos ou nenhuma pressão. Agora vai ser
diferente, o jovem holandês vai ter de mostrar a que veio, até porque Helmut
Marko, coordenador do programa de apoio da Red Bull a pilotos no automobilismo
tem uma paciência extremamente curta. Um pouco mais experiente, com 20 anos, Carlos
Sainz Jr. também vai sentir a pressão na hora de acelerar, e a escuderia vai
ter de aprender a ser paciente com sua nova dupla, do jeito que puder. O que
ajuda é o bom desempenho obtido na pré-temporada, onde a escuderia foi a
terceira colocada no quesito quilometragem, o que demonstra que o modelo STR10
tem boa fiabilidade. Com maiores investimentos feitos pela matriz, a tendência
é que a Toro Rosso não perca tanto no desenvolvimento do seu bólido ao longo do
campeonato para as demais escuderias. O novo motor Renault também deu trabalho
para o time, mas que a exemplo do ocorrido no ano passado, conseguiu sanar
melhor os percalços e conseguiu acumular mais voltas do que a escuderia
principal, um item bastante valioso na preparação do carro e dos pilotos, que
rodaram juntos mais de 5,5 mil quilômetros nos testes realizados em Jerez de La
Fronteira e Barcelona, com um equilíbrio razoável de quilometragem entre ambos.
Max Verstappen deu indicações de que pode eclipsar o companheiro espanhol,
tendo cometido poucos erros nos testes, ao contrário de Carlos Sainz Jr. Mas
testes são testes, e tudo pode mudar de situação quando a parada for para
valer.
Max Verstappen e Carlos Sainz Jr. são a dupla mais jovem de um time no grid, com 17 e 20 anos, respectivamente. Toro Rosso aposta nos novatos. |
Já
se sabe que a briga pelas posições pontuáveis vai ser brava a meio do grid, e a
intenção da Toro Rosso é liderar essa turma. Neste estágio de início do
campeonato o time italiano parece estar com alguma vantagem em relação aos
adversários mais diretos, e se isso se confirmar, é bom que aproveite ao máximo
as oportunidades, antes que os rivais comecem a reagir.
Force India: Orçamento na corda bamba
O novo modelo VJM08 só ficou pronto para os últimos três dias de testes, mas pelo menos mostrou ser bem produzido. Mas a falta de recursos pode minar o seu desenvolvimento. |
Tendo
conseguido aprontar o seu modelo 2015 apenas para os últimos 3 dias de testes
da pré-temporada, a Force India conseguiu pelo menos mostrar que o novo VJM08 é
um carro que nasceu bem concebido. Mostrou velocidade e fiabilidade, o que o
credencia a estar na liderança do terceiro grupo do grid. O motor continua
sendo o Mercedes, e manteve a dupla do ano passado, que mostra estar bem
entrosada com a escuderia, e sabe o que tem de fazer. O problema é que nunca o
time esteve com as finanças tão combalidas como agora. Nos últimos anos, apesar
do orçamento nunca ser muito amplo, Vijay Mallya sempre conseguiu manter o time
de pé, sem dívidas de monta que pudessem comprometer sua estabilidade. Para
evitar comprometer a saúde do time, o ritmo de desenvolvimento dos carros
sempre era sacrificado no segundo semestre, o que fazia com que perdessem
terreno para outros times mais provisionados financeiramente. Dessa vez, porém,
a crise bateu forte no ano passado, a ponto da escuderia não conseguir fugir
dos custos cada vez mais altos, e a ter de pedir ajuda a Bernie Ecclestone para
receber um adiantamento de sua cota na FOM para conseguir completar o segundo
carro já para a estréia na Austrália, o que dá uma dimensão do aperto que se
instalou na escuderia.
Isso
ficou evidente na demora da conclusão do novo carro, segundo consta, por falta
de peças fornecidas por empresas que estavam sem receber pelos serviços, e
certamente ajudou a comprometer o desenvolvimento ideal do modelo 2015. O time
ainda faltou à primeira sessão de testes, em Jerez de La Fronteira, e disputou
a segunda sessão coletiva, em Barcelona, com o modelo de 2014 adaptado a
componentes do novo carro, o que certamente não permitiu um trabalho totalmente
ideal. Se pudesse ter treinado com o carro novo desde o início dos testes,
certamente teria um potencial de performance muito maior. A escuderia vai ter
de torcer para dar tudo certo nestas primeiras corridas, uma vez que, com o
orçamento praticamente na corda bamba, vai sofrer como nunca para desenvolver o
modelo 2015 a
contento, e tem de aproveitar a boa performance do novo modelo antes que os
times concorrentes possam evoluir seus carros e passar à frente.
McLaren: Um enorme ponto de interrogação
A parceria McLaren/Honda não começou bem o ano: carro e unidade de potência apresentaram problemas e mais problemas, sem conseguir aferir o potencial do novo conjunto adequadamente. |
Quando
a McLaren anunciou, ainda em 2013, que iria renovar sua parceria com a Honda,
deixando de usar os motores da Mercedes, todo mundo ficou empolgado. Afinal,
não apenas a fabricante nipônica voltaria à F-1, como todo mundo se lembrava do
domínio imposto pelas unidades turbo da marca nos anos 1980. E o retorno se
daria no segundo ano do retorno dos propulsores turbo na categoria. Logo, os
mais entusiasmados começaram a visualizar uma McLaren novamente vencedora, como
em 1988. A
realidade, porém, tem sido muito diferente até o presente momento no time
inglês, que fez sua pior pré-temporada de que há memória.
Depois
de ficar praticamente sem vencer nos últimos dois anos, mesmo contando com o
melhor motor da categoria, o Mercedes, a McLaren promoveu uma mudança radical
em seu grupo técnico, com a contratação de novos profissionais e a dispensa de
muitos outros. Para coordernar o projeto do novo MP4/30, o time arregimentou
Peter Prodromou, que foi um dos principais auxiliares de Adrian Newey na Red
Bull. O objetivo era riscar o passado recente e começar tudo novo para 2015.
Nessa toada, o novo modelo 2015 do time inglês é bem diferente dos modelos de
2013 e 2014, que relegaram o time a posições intermediárias no campeonato,
tendo como melhor resultado o pódio na Austrália no início de 2014. E,
conhecendo a capacidade técnica dos japoneses, ninguém esperava resultados
ruins, mesmo sabendo que o desafio, a princípio, seria complicado.
Só
não imaginavam que seria tão complicado como está sendo. Os problemas na
verdade começaram no ano passado, quando o cronograma da Honda sofreu grandes
atrasos, a tal ponto que, quando colocaram o carro para andar em Abu Dhabi,
após o fechamento do campeonato, em um modelo MP4/29 adaptado, o carro
praticamente nem saiu do lugar. Surgiram problemas de todo tipo na unidade
nipônica, naturais para um projeto dessa complexidade, como são as novas
unidades de potência híbridas, com os sistemas do ERS, mais o motor turbo V-6.
Tudo estaria solucionado para a pré-temporada, diziam. Bem, a pré-temporada
veio, já se foi, e a McLaren quase não conseguiu andar, tendo enfrentado
problemas em todos os dias de testes, e só conseguindo andar efetivamente em
dois deles, um com Fernando Alonso, que deu quase 60 voltas, e outro com Jenson
Button, que rodou 101 voltas em um dos dias e teve resultados mais produtivos.
O grosso dos problemas tem surgido na unidade de potência nipônica, que ainda
não consegue se entender direito com os sistemas de recuperação de energia, a
ponto de a McLaren substituir um dos sistemas, o MGU-K, fabricado pela Honda,
pelo seu próprio, usado no ano passado. Só que o carro também tem apresentado
problemas, ainda que em menor escala, o que também complicou o trabalho
programado para a pré-temporada.
O
que se constata é que o MP4/30 pode ter realmente bom potencial, nos poucos
momentos em que foi mais exigido tendo demonstrado velocidade satisfatória, mas
sem conseguir testar tanto velocidade como durabilidade a fundo, as provas
iniciais da temporada terão de servir para se descobrir quais são as reais
capacidades do carro, isso se ele aguentar a corrida inteira, claro. Quanto à unidade
de potência nipônica, não dá para mensurar em qual patamar estaria
teoricamente, em caso de tudo funcionar direito, mas todos apostam que, com
trabalho e afinco, a Honda pode até surpreender, embora seja complicado dizer
até onde podem chegar. O regulamento limita o desenvolvimento do motor, e mesmo
tendo conseguido o direito de aprimorar a unidade até homologá-la devidamente,
caso o déficit de performance seja grande, somente em 2016 poderá ser
solucionado mais a contento.
Mas
a McLaren tem outros problemas além da falta de fiabilidade tanto do carro
quanto do motor. Fernando Alonso sofreu um acidente estranho na primeira sessão
de testes em Barcelona, e até o fechamento desta matéria, a FIA ainda estava
estudando o ocorrido, uma vez que a McLaren afirmou que o acidente foi motivado
por um vento lateral que teria desequilibrado o carro. Só que Alonso foi levado
para o hospital e ficou 3 dias internado, sendo depois liberado, mas dispensado
dos últimos dias de testes de Barcelona, e até da prova inicial do campeonato,
na Austrália, por recomendação médica, por ter sofrido uma concussão. A
pergunta que não quer calar surgiu pela estranheza do acidente, cuja dinâmica
sugere que o espanhol ficou momentaneamente inconsciente dentro do carro, vindo
a sair da pista e atingir o muro do circuito. A teoria do vendo não colou
porque Sebastian Vettel estava logo atrás de Alonso na pista e nem viu sinal do
tal vendo, não tendo sofrido nenhuma instabilidade em seu carro que indicasse
tal coisa. Fala-se que o Alonso poderia ter sofrido um choque dentro do
cockpit, de uma descarga que teria saído do ERS. O time negou e manteve a
justificativa do vendo, mas ainda não se sabe exatamente o que houve.
Novo motor turbo da Honda está longe de apresentar a mesma performance de quando dominava a F-1 nos anos 1980. |
Seja
qual for a verdade, a McLaren começa o campeonato sem Alonso, que só alinhará
na segunda corrida, na Malásia. Jenson Button terá a companhia de Kevin
Magnussem na Austrália. O dinamarquês foi titular do time em 2014, e com a
contratação de Alonso, foi rebaixado a piloto reserva e de testes. Outro
problema que o time tem é a falta de patrocínios para a temporada, com o carro
praticamente na maioria de sua carenagem. Ron Dennis diz que dinheiro não é
problema, e de fato, a Honda está investindo alto na sua parceria. Mas não
deixa de ser um sinal preocupante quando um time grande da F-1 fica dois anos
sem conseguir um leque de patrocinadores à altura de sua história na categoria,
que apesar de tudo, não teve anos completamente desastrosos nos últimos tempos,
e mesmo quando ficou sem vencer nos anos 1990, durante três temporadas, nunca
ficou sem ostentar seus vários patrocinadores. A única certeza é que a McLaren
está bem servida de pilotos para a temporada: Fernando Alonso, bicampeão
mundial, é considerado o piloto mais completo do grid, e Jenson Button, campeão
em 2009, tem grande experiência e sabe conservar muito bem seu equipamento, e
mostrou no ano passado que ainda pode render muito na categoria. Mas o time vai
ter um ano de muito trabalho, e sem saber exatamente o que poderá conquistar
neste ano de retomada de sua parceria com a Honda, que tantas glórias lhes deu
entre 1988 e 1992. é esperar para ver até onde conseguem ir, e quanto tempo
conseguem ficar firmes na pista antes que o carro quebre.
Todos
no time tentam se espelhar no que aconteceu com a Red Bull na pré-temporada de
2014, quando mal conseguiu andar, e depois até surpreendeu logo de cara em
Melbourne. Resta esperar para ver se conseguem repetir o feito do time
austríaco.
Manor/Marussia: Isso ainda existe?
E a Manor/Marussia vai conseguir andar em 2015...mas será que vai conseguir ser veloz para alinhar no grid? |
Sim,
acreditem, existe. E vai estar presente no grid já na Austrália. Depois de
ficar de fora das últimas etapas do campeonato do ano passado por falta de
dinheiro, tudo o que restava era esperar a escuderia decretar oficialmente sua
falência. Mas, a exemplo da Caterham, parece que o pequeno time teimava em tentar
continuar viva na competição. Com uma vaquinha virtual, a Caterham conseguiu
disputar a etapa final da competição, em Abu Dhabi, mas as tratativas para
tentar disputar o certame deste ano não deram certo, e o time iniciou a
liquidação de todos os seus bens, que foram a leilão para pagar as dívidas
pendentes. Da mesma forma, a Marussia se desfez de vários bens, inclusive sua
sede na Inglaterra, que foi adquirida por Gene Hass para ser a sua sede
européia quando estrear na F-1 no ano que vem, o que deu a indicar que a
Marussia estava mesmo fora da jogada.
Ou
não? Mas no início desse ano, começaram os rumores de que o time, agora de
volta ao seu nome original, Manor, iria disputar o campeonato. Mas como,
perguntam os mais céticos? Afinal, haviam vendido a sede, e o dinheiro havia
secado antes mesmo de terminar a temporada passada. Quem iria bancar a
escuderia, e mais importante, como iriam construir o carro? As respostas
começaram a surgir neste mês de fevereiro. O time foi assumido por Stephen
Fitzpatrick, um empresário do ramo de energia na Inglaterra, que começou as
negociações ainda no ano passado. Ele ofereceu garantias para um acordo de
renegociação das dívidas da escuderia, o que foi aceito pelos credores, que
conseguiu sair da administração judicial em que se encontrava, e tentar colocar
a casa em ordem, tanto quanto possível, o que parece ter conseguido, uma vez
que o carro de 2015 já está sendo construído. A Ferrari confirmou que ainda
mantém o seu contrato para fornecimento de motores, e o time agora corre contra
o tempo para finalizar o novo bólido.
A
escuderia vai iniciar a competição com o carro do ano passado, devidamente
adaptado às novas regras técnicas deste ano. Inicialmente, o time teve sua
intenção vetada pelo Grupo de Estratégia da F-1, pela Force India, mas tomou
providências para sanar as pendências levantadas, e a FIA confirmou a inscrição
do time. Mas não dá para esperar muito da escuderia, que deve salvar a McLaren,
em caso de algum desastre técnico, de figurar nas últimas posições. O time vai
correr com um modelo de competitividade limitada, que no ano passado só podia
competir a série com a Caterham, e lembrando que os modelos atuais das outras
escuderias estão bem mais velozes do que em 2014, a Manor/Marussia vai
apenas figurar no grid.
A
confirmação da permanência do time foi saudado por outros times, e a própria
F-1 também sai ganhando, pois terá 20 carros no grid, quando a expectativa era
ter 18, ou até menos, devido às dificuldades financeiras que rondam a categoria
na obtenção de patrocínios. Ferrari, Williams, e Red Bull manifestaram seu
apoio ao time, e a Williams até ofereceu alguma ajuda, caso a escuderia
precisasse de auxílio, no que pudesse ser útil. Agora, é esperar pra ver como o
time irá se sair na pista. Talvez o carro 2015, que deve estrear apenas na
Espanha, dê algum alento de competitividade, mas não se pode esperar por nenhum
milagre, coisa tremendamente rara na categoria máxima do automobilismo.
EQUIPES E PILOTOS DA FÓRMULA 1 2015:
EQUIPE
|
MODELO
|
MOTOR
|
PILOTOS (N°s)
|
Mercedes
|
W06
|
Mercedes-Benz V-6
Turbo PU106A Hybrid
|
Lewis Hamilton (44)
Nico Rosberg (6)
|
Red Bull
|
RB11
|
Renault Energy F1-2014 V-6 Turbo
|
Daniel Ricciardo
(3)
Daniil Kvyat (26)
|
Williams
|
FW37
|
Mercedes-Benz V-6
Turbo PU106A Hybrid
|
Felipe Massa (19)
Valtteri Bottas
(77)
|
Ferrari
|
SF15T
|
Ferrari V-6 Turbo
Hybrid
|
Sebastian Vettel
(5)
Kimmi Raikkonen (7)
|
Lotus
|
E23
|
Mercedes-Benz V-6
Turbo PU106A Hybrid
|
Pastor Maldonado
(13)
Romain Grosjean (8)
|
Toro Rosso
|
STR10
|
Renault Energy F1-2014 V-6 Turbo
|
Max Verstappen (33)
Carlos Sainz Jr. (55)
|
McLaren
|
MP4/30
|
Honda V-6 RA615H
Hybrid
|
Fernando Alonso
(14)
Jenson Button (22)
|
Sauber
|
C34
|
Ferrari V-6 Turbo
Hybrid
|
Felipe Nasr (12)
Marcus Ericsson (9)
Giedo Van Der Garde
(?)
|
Force India
|
VJM08
|
Mercedes-Benz V-6
Turbo PU106A Hybrid
|
Nico Hulkenberg
(27)
Sérgio Pérez (11)
|
Manor/Marrusia
|
MR03B
|
Ferrari V-6 Turbo
Hybrid
|
Will Stevens (28)
Roberto Merhi (98)
|
CALENDÁRIO DA FÓRMULA 1 2015:
Temporada de 2015 deverá ter 20 corridas. Nas provas na Europa, os times exibem seus motor homes no paddock dos circuitos. |
DATA
|
CORRIDA
|
CIRCUITO
|
15.03
|
Grande Prêmio da Austrália
|
Melbourne
|
29.03
|
Grande Prêmio da Malásia
|
Kuala Lumpur
|
12.04
|
Grande Prêmio da China
|
Shanghai
|
19.04
|
Grande Prêmio do Bahrein
|
Sakhir
|
11.05
|
Grande Prêmio da Espanha
|
Barcelona
|
24.05
|
Grande Prêmio de Mônaco
|
Monte Carlo
|
07.06
|
Grande Prêmio do Canadá
|
Montreal
|
21.06
|
Grande Prêmio da Áustria
|
Zeltweg
|
05.07
|
Grande Prêmio da Inglaterra
|
Silverstone
|
19.07
|
Grande Prêmio da Alemanha
|
Nurburgring
|
26.07
|
Grande Prêmio da Hungria
|
Budapeste
|
23.08
|
Grande Prêmio da Bélgica
|
Spa-Francorchamps
|
06.09
|
Grande Prêmio da Itália
|
Monza
|
20.09
|
Grande Prêmio de Cingapura
|
Marina Bay
|
27.09
|
Grande Prêmio do Japão
|
Suzuka
|
11.10
|
Grande Prêmio da Rússia
|
Sochi
|
25.10
|
Grande Prêmio dos Estados Unidos
|
Austin
|
01.11
|
Grande Prêmio do México
|
Cidade do México
|
15.11
|
Grande Prêmio do Brasil
|
Interlagos
|
29.11
|
Grande Prêmio de Abu Dhabi
|
Yas Marina
|
O BRASIL NA F-1 2015
Felipe Massa vai para seu segundo ano na Williams esperando superar Valtteri Bottas. |
Teremos
dois pilotos na categoria máxima do automobilismo este ano. Felipe Massa segue
na Williams, e tem tudo para fazer uma boa temporada. Seu time terminou o ano
passado como a segunda força do grid, perdendo apenas para a Mercedes, e tem
tudo para iniciar este ano da mesma forma. Massa, entretanto, precisa fazer uma
primeira metade de campeonato melhor, pois nos últimos anos, tem perdido muitas
chances de resultados logo nas primeiras corridas da temporada. No ano passado,
Felipe teve vários percalços em diversas corridas, e quando conseguiu
finalmente subir ao pódio, já era na despedida da fase européia, em Monza.
Felipe terá de acelerar tudo o que pode e mais um pouco para reverter essa
tendência de maus resultados no início de campeonato, pois vai continuar tendo
um companheiro de equipe tremendamente rápido no time, o finlandês Valtteri
Bottas, que fez excelente temporada no ano passado, deixando o brasileiro a ver
navios em muitos GPs. Felipe equilibrou a luta na pista apenas no fim do ano,
mas a diferença de pontos para Bottas já era enorme.
O
ponto positivo é que o novo carro da Williams é bom, mas isso só aumenta a
pressão por melhores resultados. Bater a Mercedes vai ser difícil, mas a briga
pelo 3° lugar no pódio promete ser brava, e Massa terá de se aplicar para
garantir para si este resultado, e estar no lugar certo, no momento certo, para
faturar com algum problema dos rivais. A Williams quer voltar a vencer, e a
possibilidade disso se concretizar esse ano é enorme, se os rivais da Mercedes
tiverem problemas. Todos já acreditam que Bottas será um futuro campeão do
mundo, e até apostam que, se a Williams voltar a vencer, será com o finlandês.
Cabe a Felipe mostrar que está mais vivo do que nunca, e confirmar que não pode
ser descartado nessa possibilidade. Felipe está confiante no trabalho do seu
time, e melhor de tudo, está feliz e tranquilo como há muito não se via na F-1,
mostrando que o ambiente mais calmo e menos estressante da equipe inglesa em
relação ao que vivia na Ferrari fizeram-lhe muito bem. E tranquilidade é tudo
de que Massa precisa para acelerar como nunca.
Felipe Nasr vai estrear enfim como piloto titular na Sauber, mas sabe que terá um ano difícil pela frente. Isso se não ficar a pé depois da cumbuca em que o time suíço se meteu. |
Nosso
outro representante no grid será Felipe Nasr, que no ano passado foi piloto de
testes da Williams, e este ano conseguiu vaga de titular na equipe Sauber,
graças a seu pacote de patrocínios. O time suíço andou bem na pré-temporada, o
que sinaliza uma temporada bem mais otimista do que a do ano passado, quando o
time ficou sem conseguir marcar pontos. Mas pontuar continuará sendo uma batalha
este ano. A concorrência está bem preparada, e se os lugares da frente vão ser
disputados por muitos times, no meio do pelotão para trás a disputa também
promete ser forte, e Nasr vai ter de mostrar a que veio, ainda mais porque tem
como colega de time o sueco Marcus Ericson, que não é grande coisa como piloto,
o que torna obrigatório Felipe andar à sua frente. Felizmente, Nasr, apesar do
otimismo dos trabalhos da pré-temporada, está sabendo manter os pés no chão, e
não faz promessas para a temporada: ele sabe que pontuar regularmente é o
melhor a que pode aspirar, e é com esse objetivo que ele tem de fazer o seu
trabalho para 2015. Só que a posição de Nasr está ameaçada: quando esta matéria
foi fechada, o piloto holandês Giedo Van Der Garde havia acabado de ganhar uma
disputa judicial movida na Justiça australiana, dando a ele direito de ser
piloto titular da Sauber com base em um contrato firmado no ano passado
garantindo ao belga tal posição. Como então temos 3 pilotos para apenas 2
lugares, alguém vai "sobrar", e o brasileiro corre o risco de ver sua
estréia ameaçada, ou até mesmo o seu lugar no time, dependendo do que ocorrer e
de como a Sauber vai se posicionar nesta questão. Até o fechamento desta
matéria ainda não havia maiores detalhes de como o time irá proceder.
Dependendo do enguiço, Felipe pode acabar entrando pelo cano nesta situação,
caso seja o "sacrificado". Será preciso esperar para ver o que
acontece.
Infelizmente
para os fãs, a Globo continuará mantendo o novo esquema de transmissão que
adotou durante a temporada passada: vai transmitir todas as corridas, mas os
treinos de classificação continuarão restritos somente ao Q3, com a disputa da
pole-position. Os canais do SporTV continuarão mostrando os treinos livres das
sextas-feiras, e transmitindo o treino de classificação aos sábados na íntegra,
e ao vivo. Nos domingos, a transmissão das corridas será feita em horários
alternativos à exibição ao vivo, que continuará na TV aberta da Globo.
Lamentavelmente, se a emissora alega que a audiência está diminuindo, a culpa é
dela própria, que nunca soube fidelizar o público fã de automobilismo, e
mostrando ter perdido uma boa oportunidade quando passou a transmitir mais cedo
no domingo antes da corrida, ficando apenas com passeios pelo grid, ao invés de
investir em matérias diferenciadas que explorassem melhor o universo da F-1 e
chamassem mais a atenção dos fãs, frequentes ou momentâneos.
E,
com relação à transmissão das corridas ao vivo, as provas dos Estados Unidos e
do Canadá, se trombarem com o futebol, irão dançar, sem a menor cerimônia. E
este ano isso também irá afetar outra prova: a do México, que retorna ao
calendário, e poderá sofrer do mesmo problema, uma vez que é transmitida à
tarde aqui. Mas, para a Globo, mesmo o pior jogo do campeonato, que nenhuma
importância tenha, vai servir de motivo para jogar a F-1 para escanteio
novamente.
E
mesmo nos canais do SporTV, não investe o que deveria para melhorar a cobertura
da F-1. A
pré-temporada foi acompanhada apenas no básico, sem se aprofundar nas mudanças
dos times e sem fazer um balanço mais acurado dos acontecimentos. E nem se fala
mais do programa Linha de Chegada, que antigamente era uma excelente mesa
redonda comandada por Reginaldo Leme, que depois virou um programa de
entrevistas que, embora bem-vindo, acabou com o formato mesa redonda que usava
até então, e sobrando um programa de apenas meia hora aos fins de semana com o
nome de Linha de Chegada "Na pista", com um resumo dos acontecimentos
da semana. Para uma emissora que tem um canal aberto e três canais esportivos
pagos, é praticamente nada. Depois, ainda vem reclamar da queda da audiência...
Felipe Massa encontrou na Williams uma paz que nunca teve na Ferrari. |
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